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A LENDA DE TARZAN (2016) - CRÍTICA POR RUBENS EWALD FILHO


A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan)

EUA, 2016. 110 min. Direção de David Yates. Roteiro de Craig Brewer. Com Alexander Skasgard, Margot Robbie, Christoph Waltz, Samuel L. Jackson, Djimon Honsou.


Quem diria que este novo e recente Tarzan é uma boa surpresa, possivelmente o melhor filme de toda a série. Eu deveria ter tido mais fé, considerando que o diretor David Yates fez um bom trabalho com os 4 capítulos finais da série Harry Potter e soube fazer um filme de aventuras inteligente, moderno, lembrando um pouco o recente Mowgli, o Menino Lobo só que menos juvenil e fantasioso, sem trair os mitos originais (não tem Cheeta mas estão lá os gorilas, o estouro de boiadas, originalmente de elefantes, agora dos mais variados animais. Além de belezas naturais principalmente da África, no Gabão). Na verdade, nos últimos anos a figura de Tarzan, o rei da Selva, criado por Edgar Rice Burroughs (1875-1950) tem parecido ultrapassado e fora de moda, uma incongruência nestes tempos de viagens espaciais. E até outra obra do autor John Carter, Entre Dois Mundos, 12, foi um imenso fracasso. O IMDB registra 94 títulos com o personagem, sendo o anterior de 1999, o desenho animado de Disney, e o mais reconhecido o Greystoke, a Lenda de Tarzan, o Rei da Selva, 84, de Hugh Hudson, que além de ter sido o mais próximo do livro original também foi a base para a atual adaptação (Christopher Lambert que fez o papel tem até certa semelhança com o ator atual, o filho de Stellan Skasgaard, o Alexander que havia ficado famoso pelas cenas de sangue e nudez da serie True Blood!). Talvez o pior tenha sido Tarzan, o Filho das Selvas, 81 feito por John Derek para exibir a nudez de sua mulher Bo Derek. O primeiro foi de 1918, com Elmo Lincoln, e obviamente o mais famoso foi Johnny Weissmuller (1904-84), campeão Olímpico de natação, que estrelou a série na MGM e depois RKO (de Tarzan, o Filho das Selvas, 32, até Tarzan e as Sereias, 48), para depois assumir o papel de Jim das Selvas.Foi seguido por outros intérpretes populares, Lex Barker, Gordon Scott, Jock Mahoney, Mike Henry (que rodou no Brasil), Ron Ely ( o primeiro na TV), e os australianos Travis Fimmell e Kellan Lutz.

Isto é, por mais lendário que seja, é difícil fazer algo de novo que tenha algum impacto com o personagem. No caso, a maior qualificação do ator sueco é seu corpo moldado e sua altura acima da média (ainda bem que não chamaram como pretendiam o horrível Henry Cavill, o baixinho Tom Hardy, ou o estranho Charlie Hunnam). Emma Stone ou Jessica Chastain iam fazer Jane, mas por sorte escolheram a belíssima e eficiente estrela de O Lobo de Wall Street (Margot Robbie ) e também australiana.

Se Alexander não é exatamente carismático tem uma cara de sincero e corre que nem louco numa série de aventuras interessantes. A história parte de Greystoke (ou seja, ele é um nobre britânico que deseja ajudar seus amigos na África, inclusive os gorilas, sendo que a melhor frase do filme é quando ele quer se vingar de um bandido que matou um animal, explicando raivoso: “ela é minha mãe!”). O interessante da trama, porém, é que ao que eu saiba é a primeira vez onde se culpa e critica abertamente uma potÊncia estrangeira, no caso o rei da Bélgica, que ao conquistar o chamado Congo Belga, mataria milhões de pessoas e também animais com incrível ferocidade. E quem esta a seu serviço é Leon Rom, o vilão favorito do momento Christoph Waltz (com toda malevolência ele está até discreto). E embora difícil de acreditar na verdade de seu personagem quem ajuda bastante no filme com o habitual senso de humor é Samuel L. Jackson, que faz um americano que vem ajudar Tarzan.

Enfim, a crítica está repleta de História em respeito a um dos ídolos de minha infância e pelo prazer de vê-lo respeitado num filme tecnicamente primoroso de pura aventura e que não ofende nem os africanos nem o espectador.


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