LIFE: UM RETRATO DE JAMES DEAN (2015) - POR RUBENS EWALD FILHO
Life: Um Retrato de James Dean (Life)
EUA, 15. 111 min. Direção de Anton Corbijn. Com Robert Pattinson, Dane DeHaan, Peter Lucas, Joel Edgerton, Bem Kingsley.
É boa surpresa este modesto drama biográfico sobre o astro James Dean (1931-1955), um caso raro de um ator que morreu aos 24 anos, num desastre com uma Porsche que não guiava (há certa semelhança com o caso mais recente com Paul Walker, 1973-13). Dean foi um fenômeno porque ao falecer tinha apenas um filme estreado (Vidas Amargas que lhe deu indicação ao Oscar), ainda estreariam Juventude Transviada e Assim Caminha a Humanidade (outra indicação, morreu dias depois de encerrar a gravação). Com certeza seu estúdio a Warner criou uma campanha publicitária enorme com medo do fracasso daqueles filmes, mas isso resultou numa lenda e mitologia que persiste até hoje.
Na verdade, houve vários filmes biográficos, desde 76 (A Vida de James Dean, com Stephen McHattie, que não fez carreira), Live Fast Die Young, com Casper Van Dien, 97, outro com James Franco, 2001, num total de 28! Nada mal para alguém que faleceu há tanto tempo. Nenhum deles porém foi tão respeitoso e poético quanto este aqui, escrito por um certo australiano Luke Davies, que fez Candy. E na direção outro diretor que deve ser apaixonado pela figura lendária de Dean: Anton Corbijn que se revelou no também biográfico Control , 07 A Vida de Ian Curtis, e os rebuscados Um Homem Misterioso com George Clooney, 10, e O Homem Mais Procurado, 12.
Ele deve ser admirador fiel do ator porque em momento nenhum toca em assuntos que poderiam ser polêmicos. Há anos que já se sabe que Dean era bissexual, sim teve caso com a atriz italiana Pier Angeli como o filme mostra, mas no começo de carreira teve uma ligação com um agente que lhe conseguiu pontas em vários filmes (na época, isso passou despercebido, mas hoje já foram revelados). Aliás papeis nada marcantes. Depois desistiu dele e foi para Nova York onde cursou o Actor´s Studio e fez sucesso em teleteatros ate ser descoberto por Elia Kazan. Eu entrevistei o lendário diretor e ele me disse que se arrependia de tê-lo lançado como astro porque Dean teve uma influência negativa na juventude no mundo! O filme também contém a interpretação do ator Dane de Haan, conhecido por outros trabalhos (Versos de um Crime, O Espetacular Homem Aranha, Poder sem Limites). Enquanto na tela ela era exagerado, careteiro, por vezes irritante, nesta versão parece discreto, sincero, falando baixo e muito sensível. Ou seja, não é o Dean que vocês vão ver na sua trilogia.
O curioso, porém já que o diretor gosta dos protagonistas, consegue interpretações muito delicadas de ambos, inclusive de Pattinson, que deixa de ser vampiro e tem a interpretação mais convincente de sua carreira. O filme se fixa na figura real de um jovem fotógrafo na revista lendária Life, que tirou fotos que se tornaram clássicas do então promissor ator, chegando a fotografar também sua família no interior de Indiana (nada de casinho entre eles ao menos no filme). Se esta pode não ser a verdadeira história de Dean, pelo menos resultou num filme ainda que lento, que presta um tributo surpreendente do ator. Chega mesmo a emocionar. E sem dúvida, diferente, numa época onde se cultua o sensacionalismo, ele construiu aqui uma sensível homenagem a uma lenda do cinema.