VÁ E VEJA (1985) - FILM REVIEW
Bielorrússia, 1943. O jovem camponês Florya (Aleksei Kravchenko) é cooptado por um despreparado grupo de guerrilheiros antinazistas. Em confronto com os alemães, o garoto é deixado para trás e decide retornar ao seu vilarejo. Chegando lá depara-se com o desolador cenário de um massacre. Perturbado, ele passa a vagar sem rumo, presenciando cenas cada vez mais fortes.
Contexto Histórico
Muitos são os fatores contribuíram para que Hitler se decidisse por invadir a União Soviética (URSS). Era-lhe difícil precisar quanto tempo os soviéticos se manteriam fora do conflito, mas ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, eles se envolveriam. Assim, decidiu tomar a iniciativa, atacando antes. Mas Hitler subestimou o potencial soviético e, de certa forma, sua opinião sobre a capacidade de resistência do Exército Vermelho era compartilhada pelos observadores ocidentais.
Em 1937, Stalin havia expurgado todo alto-comando das Forças Armadas, 65% dos oficiais desapareceram nos campos de concentração ou pelos fuzilamentos. A fragilidade do potencial soviético foi testada na guerra conta a pequena Finlândia, em que os russos padeceram severas perdas para submeter os fineses. Inegavelmente, o peso maior devia-se ao antagonismo de ambos os sistemas políticos. Hitler, afinal, era o campeão do anticomunismo e esperava apoio mundial para a cruzada contra bolchevismo. O pacto germano-soviético fora apenas um interlúdio tático para consolidar seu domínio no Ocidente e desta forma poder jogar todo o peso do poderio alemão contra URSS. Stalin recebeu vários avisos da iminente invasão.
Tanto o serviço secreto britânico como o departamento de estado norte-americano alertaram-no com suficiente antecipação. Um espião soviético que atuava na Embaixada Alemã em Tóquio enviou mensagem indicando a data exata em que os exércitos alemães atacariam. Nada disso convenceu Stalin. Ele acreditava que não passavam de manobras para envolvê-los numa guerra contra a poderosa Alemanha. Ordenou, inclusive, que os exércitos soviéticos se afastassem da fronteira alemã para evitar qualquer tipo de provocação. Assim, não é de espantar que fossem pegos de surpresa quando a invasão se iniciou.
Muitos são os fatores contribuíram para que Hitler se decidisse por invadir a União Soviética (URSS). Era-lhe difícil precisar quanto tempo os soviéticos se manteriam fora do conflito, mas ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, eles se envolveriam. Assim, decidiu tomar a iniciativa, atacando antes. Mas Hitler subestimou o potencial soviético e, de certa forma, sua opinião sobre a capacidade de resistência do Exército Vermelho era compartilhada pelos observadores ocidentais.
Em 1937, Stalin havia expurgado todo alto-comando das Forças Armadas, 65% dos oficiais desapareceram nos campos de concentração ou pelos fuzilamentos. A fragilidade do potencial soviético foi testada na guerra conta a pequena Finlândia, em que os russos padeceram severas perdas para submeter os fineses. Inegavelmente, o peso maior devia-se ao antagonismo de ambos os sistemas políticos. Hitler, afinal, era o campeão do anticomunismo e esperava apoio mundial para a cruzada contra bolchevismo. O pacto germano-soviético fora apenas um interlúdio tático para consolidar seu domínio no Ocidente e desta forma poder jogar todo o peso do poderio alemão contra URSS. Stalin recebeu vários avisos da iminente invasão.
Tanto o serviço secreto britânico como o departamento de estado norte-americano alertaram-no com suficiente antecipação. Um espião soviético que atuava na Embaixada Alemã em Tóquio enviou mensagem indicando a data exata em que os exércitos alemães atacariam. Nada disso convenceu Stalin. Ele acreditava que não passavam de manobras para envolvê-los numa guerra contra a poderosa Alemanha. Ordenou, inclusive, que os exércitos soviéticos se afastassem da fronteira alemã para evitar qualquer tipo de provocação. Assim, não é de espantar que fossem pegos de surpresa quando a invasão se iniciou.
A base do roteiro foi determinada pelo livro de Aless' Adamóvitch, intitulado "Novela de Khatyn". Cabe ressaltar que Khatyn era o nome de um vilarejo bielorusso, com cerca de 150 habitantes. A aldeia foi totalmente destruída pelos nazistas e seus habitantes queimados vivos.
O filme de Elem Klimov parece ter sido feito como um texto que surge de uma única frase. Na produção em questão, uma cena. Cena esta que está na capa de quase todas as edições que vi do filme, desde o cinema ao vhs, passando pelo dvd e bluray.
O diretor parece não querer contar exatamente uma história. Mas mostrar o horror diante daquele fato que mudou a vida de quem vivenciou. A reflexão sobre ele é quase desnecessária, pois o que realmente deve ser extraído são os efeitos causados. Dentro do próprio filme, as palavras vão perdendo sua vez justamente porque a imagem fala por si.
O próprio Klimov joga na tela memórias de sua juventude, tornando o filme mais pessoal e consequentemente, mais forte por ser real. É um relato contundente sobre o ataque nazista à URSS. O diretor, que fez apenas 5 filmes, sendo este o último, realizou um espetáculo impressionante e emocionante, que quando visto não pode ser esquecido.
E ele atinge o ápice com a cena citada acima. Crua, dura, brutal, desconcertante, desorientadora. A cena acompanha o garoto, vendo o horror ao seu redor acontecendo, contrastando com a paz no início do filme, quando brincavam na praia. O garoto simplesmente surta naquele meio desesperador, desesperançoso e cruel. A cena é tão forte, que causa a sensação que ele vai perder os sentidos em algum momento. Corpos arrastados para lá e para cá, muitos incendiados (enquanto nazistas aplaudem), e muitos outros momentos chocantes para uma criança assistir, sempre impotente, torna a cena uma das mais marcantes da história do cinema mundial.
O protagonista (que arrasa, mesmo com muitos overacting a lá Al Pacino, eles são extremamente necessários) enfrenta uma jornada e sai dela transformado. Porém, ele leva o telespectador consigo, tornando-nos testemunhas destes momentos. Isto não torna nossa experiência fácil.
Para tornar esta experiência mais realista possível, Klimov conseguiu vestimentas usadas pelos nazistas, munição de verdade !! e foi para as locações reais. Usou "planos sequência " para proporcionar maior realismo (e menos tempo para respirar !!!). Detalhe: estes planos envolvem muitos figurantes. Centenas. Tudo isto para estarmos bem no meio do horror da guerra, de forma mais realista possível. Não há espaço para corpos destroçados como em Soldado Ryan. O horror surge do medo, do surto psicológico, do desespero de ver entes queridos ou desconhecidos sendo mortos de forma cruel. O próprio Spielberg usou um recurso no início do ataque da Normandia parecido com o do filme: quando uma bomba explode ao lado de Florya, ele passa a ouvir um zumbido alto e insistente, que abafa quase completamente os sons do ambiente. O recurso é usado para enfatizar a desorientação.
Alexei Kravchenko (que atua até hoje) arrasa. Parece envelhecido, hipnotizado, destroçado. Daquelas interpretações como o Coringa de Heath Ledger: única na carreira.
Uma obra prima do cinema, que se você ainda não viu, vá e veja.
Detalhe: como sugere uma cena específica do filme, ele seria chamado "Kill Hitler". Mas foi felizmente descartado, colocando um título mais condizente com os fatos descritos na produção.