ALEXANDER GRAHAM BELL - DA HISTÓRIA PARA O CINEMA
O criador e a criatura
Alexander Graham Bell, filho de Eliza Grace Symonds e Alexander Melville Bell, nasceu em 3 de março de 1847, em Edimburgo (Escócia). Sua mãe era surda desde a adolescência, e seu pai era especialista em problemas auditivos e instrutor de deficientes auditivos. A família era tradicionalmente conhecida por treinar pessoas com deficiência auditiva e trabalhar com a correção da fala. Alexander era o filho do meio dos três filhos do casal.
Ele e seus irmãos construíram uma réplica do aparelho fonador, que continha palato, dentes, lábios e cordas vocais. Isto quando tinha 14 anos !!! Mais tarde, entrou na universidade de Edimburgo. Posteriormente estudou na universidade de Londres e de Würzburg (Alemanha). Trabalhava como assistente de seu pai em Londres, quando seus irmãos faleceram, vítimas de tuberculose. Temendo a doença, seu pai resolveu sair da Inglaterra com a família em 1870. O destino escolhido foi à cidade de Ontário, no Canadá. Alexander Graham Bell tinha então 23 anos. Alexander Graham Bell mudou-se para os Estados Unidos da América um ano depois.
No dia 14 de fevereiro de 1876, entregou o pedido de patente de seu invento, o telefone, ao escritório responsável pelas patentes. Nesse mesmo ano apresentou sua invenção em uma exposição na Filadélfia, de onde a mesma foi lançada ao mundo. Em 11 de julho de 1877, Graham Bell casou-se com Mabel, ex-aluna em sua escola para surdos (havia ficado surda aos 5 anos). Em 1879, após fechar a recém lançada American Bell Telephone Company, fundou um laboratório no Canadá, onde continuaram suas experiências.
Em 1880, Bell é homenageado pela Academia Francesa com o Prêmio Volta. Em 1882 naturaliza-se cidadão norte-americano. No ano seguinte idealiza a revista Science. Em 1885, adquire terras na Nova Escócia, onde constrói uma casa de campo. Em 1898, sucede o sogro na presidência da National Geographic Society, transformando a antiga revista em uma publicação popular. Em 1882, a Universidade de Würzburg, na Alemanha, lhe concede o grau de Doutor Honoris Causa. Em 1902, a Sociedade Real das Artes de Londres, lhe concede a medalha Albert. Em 1896, recebeu o Grau de Doutor em Filosofia da Faculdade de Illinois.
Em 1915, era inaugurada a primeira linha telefônica transcontinental norte-americana, ligando Nova York a São Francisco. Convidado para a inauguração, Bell consegue levar para a outra extremidade da linha, seu assistente Thomas Watson, que há muitos anos ouvira pela primeira vez a transmissão de voz pelo telefone.
O medo da criatura comer o criador
Quando Bell disse as primeiras palavras a seu assistente em seu telefone experimental – “Sr. Watson, venha aqui. Quero vê-lo” -, em 10 de março de 1876, esse resultado era fruto de uma década de estudos sobre a voz humana.
O telefone foi uma sensação imediata e tornou seu criador famoso e rico. Apesar disso, ele achava que toda a atenção despertada pelo aparelho causava danos à sua reputação por ofuscar o resto do seu trabalho.
O interesse por esse campo de pesquisa foi resultado de circunstâncias familiares. Sua mãe começou a perder a audição quando ele tinha 12 anos, o que o motivou a estudar acústica. Ainda jovem, ele chegou a desenvolver uma técnica para falar com sua mãe, com tons modulados, pronunciados diretamente em sua testa, o que permitia que ela ainda o ouvisse (com o som se propagando como vibrações através do crânio, mecanismo usado hoje em aparelhos de amplificação da audição).
A invenção apoteótica de Bell nasceria dos esforços para criar um telégrafo capaz de emitir múltiplos sinais simultaneamente. O escocês pensou em usar tons diferentes para codificar as mensagens.Foram dois anos “martelando” até chegar a um sistema que fosse prático. Àquela altura, o problema do telégrafo já havia sido solucionado por Thomas Edison, e Bell se concentrou em transmitir a voz humana. Uma vez estabelecido o telefone, Bell tentou vender a patente à Western Union, mas ouviu deles que o aparelho era apenas um brinquedo inútil.
Enquanto o dinheiro entrava, os processos de disputa da patente não paravam. Houve 587 processos judiciais nos Estados Unidos, num período de 18 anos, contestando sua primazia. O que talvez explique o horror do inventor à sua criação. “Um amigo de Bell revelou que ele odiava telefones”, diz Margret Winzer, pesquisadora da Universidade de Lethbridge, no Canadá. “Uma vez, o amigo pediu para usar o telefone, ao que Bell respondeu: `Há um telefone na casa, mas eu mantenho essa chatice o mais longe daqui que consigo.”
Com uma abordagem sistemática e, por vezes, exaustiva de cada tema estudado, Bell também é responsável por outras invenções importantes, como o detector de metais. Além disso, teve um papel relevante na aeronáutica ao participar do processo que levou ao aperfeiçoamento do aeroplano. Em 1907, ele fundou a Associação de Experimento Aéreo (AEA), que ajudou a difundir a aviação nos Estados Unidos. Também foi um dos fundadores da revista científica americana Science, hoje um dos periódicos mais influentes do planeta.
Entretanto, nem tudo foram flores na carreira do inventor. Ele foi um forte defensor da eugenia e tinha especial preocupação com a questão da surdez. Considerando que, em casos congênitos, parecia haver um fator de hereditariedade forte, Bell sugeriu que casais de surdos não deveriam ter filhos.
Em 1921, ele foi o presidente honorário do Segundo Congresso Internacional de Eugenia, realizado com o apoio do Museu Americano de História Natural, em Nova York. Na época, algumas organizações defendiam a esterilização compulsória de pessoas consideradas, como Bell as chamava, “uma variedade defeituosa da raça humana”. Em alguns estados americanos, essas leis chegaram a ser implementadas e serviram de modelo para o que seria adotado na Alemanha nazista.
Alexander Graham Bell, além de inventar (e patentear) o telefone, teve em seu nome mais 17 patentes, e outras 12 em conjunto com alguns colaboradores. Morreu aos 75 anos, no dia 2 de agosto de 1922, na cidade de Beinn Bhreagh, no Canadá.
O filme
Na década de 1870, um homem chamado Alexandre Graham Bell (Don Ameche) se apaixona por uma jovem que sofria de deficiência auditiva. Ele decide criar um aparelho que telegrafasse a voz humana para ajudá-la. Seu invento leva à criação do telefone, e Graham entra em uma batalha judicial pela patente do aparelho que revolucionou o mundo.
Tanto Watson quanto Bell, toda vez que se animam com uma ideia ou fato feliz, imitam uma dança de guerra nativa americana e emitem sons com a boca à maneira dos índios. Na vida real, havia a Reserva Mohawk das Seis Nações, próxima de Brantford, Ontário no Canadá, local onde Alexander Bell viveu. Ele recebera o título honorário de Grande Chefe em 1870 por seu trabalho de transformar a linguagem Mohawk numa linguagem por sinais e, de fato, fazia a dança indígena quando estava contente.