ODISSEIA (2016) - FILM REVIEW
1948. Jacques Cousteau, sua mulher e dois filhos vivem em alto mar, no grande navio Calypso. Mas Cousteau quer algo além da aventura. Graças à sua invenção de um escafandro autônomo que permite respirar debaixo d’água, ele descobre um novo mundo. Obstinado em suas descobertas, não percebe que afasta a família de si. Seu filho o alerta para as consequências do seu trabalho, e desse conflito nascerá uma cumplicidade capaz de salvar o planeta.
Nascido em 11 de Junho no ano de 1910, em Saint André de Cubzac na França, Jacques Cousteau se graduou na academia naval da França em 1933 e logo devem ter percebido que Cousteau não seria um simples oficial, apesar de não ser nenhum cientista formado as suas invenções já faziam sucesso. Em 1936 ele sofre um grave acidente automobilístico, quase fatal no qual quebrou os dois braços. Nesta época ele foi obrigado a renunciar, deixando de lado os planos de se tornar um piloto da Marinha. Durante a sua recuperação, Cousteau descobriu o mergulho autônomo. A fascinação pelo esporte era tanta que junto com o amigo Émile Gagnan, ele realizou seu sonho, criando o equipamento de mergulho autônomo, que veio substituir os escafandros. A paixão de Cousteau pelo mar e pela vida marinha era tão grande que logo ele foi convidado a participar das explorações submarinas pelo exército da marinha francesa.
Servindo ao exército durante a época da segunda guerra mundial ele ainda chegou a ser condecorado por seus serviços de espionagem já que era o inventor de várias ferramentas para os oceanógrafos. Foi durante o período de guerra que Cousteau começou o trabalho de filmagens subaquáticas, trabalho que continuou mesmo depois que a Guerra acabou, tornando-se líder no Grupo de Pesquisas da Marinha Francesa. O primeiro navio de Cousteau foi o Calypso. Uma embarcação concedida pela marinha britânica. Várias reformas e alterações foram feitas para transformar o Calypso em um navio apto para expedições e pesquisas oceanográficas.
Ele ganhou reconhecimento internacional com a publicação do livro “O Mundo Silencioso” em 1953, o primeiro de muitos. Dois anos depois ele adaptou o livro para um documentário que ganhou a Palma de Ouro em 1956, no Festival Internacional de Cannes e o Prêmio da Academia em 1957, um dos três Oscars que seus filmes ganharam. Aposentado da Marinha em 1956 com o título de capitão, Cousteau foi trabalhar como diretor do Instituto e Museu Oceanográfico de Mônaco.Em 1965, ele criou uma casa submarina e pela primeira vez na história seis pessoas vivem por um mês a cem metros de profundidade.
Cousteau produziu e atuou em muitos programas de televisão, incluindo a série americana “O Mundo Submarino de Jacques Cousteau”. Ele consquistou ainda o Oscar em 1956 com o documentário “O mundo silencioso”, filmado no Mediterrâneo e no Mar Vermelho. No total, foram quatro longas-metragens e setenta documentários para a televisão.
A partir dai Cousteau popularizou o estudo da vida marinha através de inúmeros livros, filmes e programas de televisão que ilustram as suas investigações submarinas e com toda preocupação da preservação e consciência ecológica. Seu trabalho foi se expandindo, ele fundou inúmeras organizações de marketing, produção, engenharia e pesquisa, e toda essa estrutura foi depois incorporada ao Grupo Cousteau que nasceu em 1973. Um ano depois ele formou a Cousteau Society, um grupo ambientalista sem fins lucrativos dedicado à conservação marinha.
O seu último livro “Man, the Octopus, and the Orchid”, que foi publicado postumamente. Em 8 de janeiro de 1996, no porto de Cingapura o Calypso vai a pique, imediatamente Cousteau lançou uma campanha para construir o Calypso II com previsão para ser lançado ao mar em 1998, mas Cousteau nunca chegou a ver isto, pois em 25 de Junho de 1997, Paris, Jacques-Yves Cousteau faleceu.
“A Odisseia”, novo filme de Jérôme Salle, estreia nesta quinta-feira, 22 de Março. Vencedor de vários prêmios de televisão e cinema, entre eles a Palma de Ouro e o Oscar, o oceanógrafo, escritor e documentarista francês Jacques Cousteau terá sua história contada agora nos cinemas. Com Lambert Wilson (Matrix; Homens e Deuses) no papel do comandante, dos 37 aos 70 anos, Salle reproduz os momentos mais icônicos da vida de Cousteau, seja chefiando expedições pelos mares e experimentando suas invenções ou mostrando seu lado mais controverso, que despertou paixões e ódio ao longo da sua trajetória.
Rodado durante cinco meses e com o orçamento de mais de 20 milhões de Euros, o longa traz belas imagens, desde o ambiente gelado da Antártida até a interação com tubarões das Bahamas. “Foi um pouco arriscado. Nunca ninguém tinha rodado em alguns dos locais onde rodamos. Filmar na Antártida é como filmar na lua”, disse o diretor, em entrevista à France TV. Enquanto norte-americanos e russos brigavam pela conquista do espaço, Cousteau convencia a França a mergulhar no profundo e misterioso universo dos oceanos.
A vida privada de Cousteau está no centro da trama. O oceanógrafo tem dois filhos com Simone, interpretada no longa por Audrey Tautou (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain). O mais novo deles, Philippe Cousteau, vivido por Pierre Niney (Frantz; Yves Saint Laurent), é seu cúmplice e algoz. Ao mesmo tempo que eles têm em comum o amor pelo mundo subaquático, os objetivos e métodos para a construção e realização do trabalho divergem, fazendo com que os conflitos sejam constantes.
Philippe era o principal crítico do pai quando o assunto girava em torno do financiamento para seu trabalho. O conflito geracional entre os dois reflete a gênese da consciência ambiental e da preocupação com sustentabilidade, questões centrais do final do século XX.
Os fãs do Capitão Cousteau - que acompanharam suas expedições na TV brasileira através dos programas exibidos pela Rede Globo, Rede Manchete e TV Educativa - e mesmo quem ainda não conhecem sua trajetória fascinante, pode encontrar aqui todos os elementos que compõem esta jornada.