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O PASSADO NÃO PERDOA...UMA RÁPIDA REFLEXÃO SOBRE 5 WESTERNS CLÁSSICOS


O título do post se refere a dois westerns. Passado não perdoa é nome de uma obra prima de John Huston, lançada em 1960 sobre a família Zachary, comandada por Ben (Burt Lancaster) e sua mãe (Lillian Gish), além dos outros três filhos, dois meninos e Rachel (Audrey Hepburn), que é adotada. Quando um dos índios da tribo Kiowa diz que a menina é na verdade uma índia e exige que ela se junte a eles, os Zachary e os Kiowa entram em guerra, até que Rachel finalmente escolha em que lado quer ficar. 
O título original é The Unforgiven, que remete ao clássico de Clint Eastwood, que conta a história de Bill Munny (Clint Eastwood), um pistoleiro aposentado que volta ativa quando lhe oferecem 1000 dólares para matar os homens que cortaram o rosto de uma prostituta. Neste serviço dois outros pistoleiros o acompanham e eles precisam se confrontar com um inglês (Richard Harris), que também deseja a recompensa e um xerife (Gene Hackman), que não deseja tumulto em sua cidade.
Ambos os filmes mostram pistoleiros defendendo suas famílias, seja por convicção, seja por necessidades. O primeiro lida com uma situação que é complicada até hoje: adoção. Afinal, a pessoa adotada se torna propriedade? A produção quebra barreiras ao mostrar esta situação, assim como o premiado "Os imperdoáveis" quebra, ao mostrar um pistoleiro decadente, traçando um paralelo com a decadência do velho oeste. O que nos leva a outro Western, Pistola do mal, com Glenn Ford, de 1968. O filme conta a história de Lorn Warfield, que ao regressar para casa, descobre que a esposa e filhas foram raptadas por Apaches. Decidido a salvá-las, Lorn encontra um aliado em Owen Forbes, o homem que já se tinha aproximado sentimentalmente à esposa de Lorn. 
No final dos anos 60 e início dos 70, foi um período de transição do western no cinema. Veio um tempo de faroestes amargos, com destaque para a violência gráfica e pistoleiros decadentes. Mas do ponto de vista dos amantes do "velho" oeste, o Western entrou em decadência. 

Mas independente de que como cada período é visto, a história do cinema se conecta, sempre havendo diálogo entre passado e presente.  Pistola do mal fala de um pistoleiro que tem um objetivo, um passado, mas não quer fazer mal a ninguém durante o processo, e como sabemos, isto não será possível. Da mesma forma, o pistoleiro William Munny. Seu passado negro era deixado sob um véu de porcos e lama, como se fosse possível encobri-lo, mas  no primeiro momento que a oportunidade surge, a máscara cai. 

Tanto Ford, quanto Eastwood vivem personagens trágicos, tristes, em um mundo decadente, ambos demonstrando suas imperícias atuais em prol de um objetivo inalcançável: a paz. Mas este objetivo não é possível, pois o passado não perdoa...

Do outro lado do vértice, está Nevada Smith. Mcqueen enfrenta situação parecida com o personagem de Glenn Ford, porém mais violenta...O filme conta a história de  Sam Sand (Gene Evans) e sua mulher, uma índia, que são torturados e mortos por três pistoleiros, acreditando que Sam escondia boa quantidade de ouro. O filho do casal, Max Sand (Steve McQueen), ficou tão chocado ao ver os corpos dos pais que decidiu que não queria que ninguém mais os visse assim, queimando a casa com os corpos dentro. Max decide se vingar custe o que custar, mas não sabe atirar e nem mesmo escrever e ler. Além disto não sabe o nome dos assassinos, que ele viu apenas uma vez, por um breve momento.
E assim como o primeiro filme deste texto, o preconceito também é o tema de Audazes e Malditos, clássico de John Ford . O filme é sobre um soldado negro, membro de uma divisão da Cavalaria que combate índios apaches, injustamente acusado do assassinato de um comandante e do atentado contra o pudor da filha dele. Certo de que não terá direito a um julgamento justo, decide fugir, mas um tenente o captura e, convencido de sua inocência, resolve defendê-lo no julgamento Marcial.
Impetuosidade da juventude vs a Cautela do experiente.

Neste ringue se cruzam os personagem citados. De um lado, idealistas, certos que podem fazer justiça com as próprias mãos ou vencer o preconceito através da lei. De outro,  pistoleiros tentando fugir do seu passado, promovendo uma falsa paz interior. Podemos dizer que, no contexto dos filmes, ambos perdem. São derrotados pelo preconceito, pela desonra, pela injustiça e pelo passado, que como dito acima, não perdoa.

Quanto aos filmes....

O passado não perdoa foi o único filme de faroeste feito por Audrey Hepburn.  Aliás, ela  sofreu um sério acidente no set de filmagens, sendo lançada por um cavalo enquanto gravava a cena. Ela estava grávida e teve que passar seis semanas no hospital até se recuperar. Quando voltou a filmar ela usava uma cinta para esconder a barriga e seu guarda-roupa teve que ser redesenhado. Infelizmente, ela sofreu um aborto espotâneo alguns meses depois. John Huston culpou a si mesmo pelo acidente e disse ter odiado o filme, mas Hepburn nunca se sentiu dessa maneira e não tinha nenhuma mágoa com o diretor.

Antes das filmagens começarem, o diretor John Huston e o ator Burt Lancaster levaram a atriz Lillian Gish para o deserto para ensiná-la a atirar. No entanto, os dois foram surpreendidos ao descobrir que ela sabia atirar com maior precisão e mais rápido do que eles. Gish ja havia aprendido isso durante a filmagem de outro filme, e ao longo dos anos foi desenvolvendo suas habilidades.


O diretor John Huston queria tratar das relações interrraciais a época, mas a o estúdio vetou qualquer ideia nesse sentido, alegando que o filme não atingiria sucesso comercial como um gênero de ação/aventura.

Já "Os Imperdoáveis", o roteiro ficou rodando de mão em mão em Hollywood durante 20 anos, à espera de alguém que resolvesse filmá-lo. O texto, inclusive, já tinha passado antes pelas mãos de Gene Hackman que tinha rejeitado a ideia, mas acabou mais tarde convencido a fazer parte do projeto encabelado por Clint Eastwood. Foram necessários alguns anos para que Clint Eastwood aprovasse o roteiro final. O roteirista David Webb Peoples cita Taxi Driver de Martin Scorsese como uma de suas influências. Uma das pequenas mudanças realizadas no roteiro original foi a retirada da narração na abertura, devidamente substituída por um texto.

Após ler o roteiro, Gene Hackman recusou o papel do xerife Little Bill Daggett, apenas voltando atrás devido insistência de Clint Eastwood, que fazia questão em tê-lo no papel. Clint Eastwood orientou Gene Hackman para que baseasse seu personagem Little Bill Daggett no chefe de polícia Daryl Gates, de Los Angeles. O ator Richard Harris estava assistindo O Estranho Sem Nome (1973), dirigido e roteirizado por Clint Eastwood, na televisão quando o próprio ligou para ele e ofereceu o papel de English Bob.


As cenas de chuvas são todas artificiais porque o lugar estava passando por um grande período de estiagem. Por outro lado, a cena com a neve foi uma surpresa para a produção e não estava no roteiro. A cidade cenográfica levou dois meses para ser construída, tempo considerado curto no meio cinematográfico. Durante o período da construção, o coordenador de dublês usou o tempo para trabalhar com os atores nos treinamentos das cenas e respectivas coreografias. O filme foi rodado em 39 dias, quatro a menos do que o previsto.

Nos créditos finais, quando aparece a mensagem "Dedicated to Sergio and Don", Eastwood presta homenagem aos seus mentores: os cineastas Sergio Leone e Don Siegel.

A mãe de Clint Eastwood fez uma ponta no filme e penou por causa de uma roupa pesada que seu personagem usava ao entrar no trem. O pior de tudo foi que a cena acabou sendo suprimida no corte final porque o diretor alegou que o filme estava muito grande e muita coisa precisou ser cortada. O pedido de desculpas veio durante a cerimônia do Oscar em seu discurso da conquista do prêmio.


Nevada Smith é um dos filmes populares de Steve Mcqueen. O nome Nevada Smith serviu de inspiração para a criação do nome Indiana Jones. É uma espécie de prólogo de Os Insaciáveis(1964). Nele, o personagem, interpretado por Alan Ladd, é um homem maduro. Refilmado para a TV americana em 1975, como Nevada Smith.

O romancista Harold Robbins foi o maior vendedor de livros dos anos 60 e 70, tendo atingido a incrível cifra de 750 milhões de exemplares vendidos no mundo todo. Um dos romances de maior sucesso de Robbins foi “The Carpetbaggers”, nome original do filme de 64 citado acima.

Completando, Pistola do mal, dirigido por Jerry Thorpe, que se especializou na tv, dirigindo filmes e séries, sendo que apenas dois dos 44 trabalhos foram de cinema. Este e "Missão Secreta em Veneza" , dois anos antes. E "Audazes e malditos", um filmaço dirigido pelo lendário John Ford, mas que por um motivo ou por outro, foi menos celebrado que os filmes mais famosos do diretor. Mas pérolas como estas sempre podem ser redescobertas em home video.

Os 5 filmes foram lançados (ou relançados ) pela Classicline. Não dá para perder né?


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