SUBMERSÃO (2017) - FILM REVIEW
SUBMERSÃO é uma história de amor que nos leva a dois mundos extremamente diferente de nossos dois protagonistas. Danielle Flinders (Alicia Vikander) e James More (James McAvoy). Eles se encontram por acaso em um remoto hotel na Normandia, onde ambos se preparam para uma perigosa missão. Eles se apaixonam quase contra sua vontade, mas logo reconhecem um ao outro como o amor de suas vidas. Quando eles têm de se separar, descobrimos que James trabalha para o Serviço Secreto Britânico. Ele está envolvido em uma missão na Somália para caçar uma fonte de terroristas suicidas se infiltrando na Europa. Danielle ‘Danny’ Flinders é um bio-matemático trabalhando em um projeto nas profundezas do mar para provar sua teoria sobre a origem da vida no planeta. Logo, ficam em mundos muito opostos, James é feito refém dos terroristas e não tem como contatar Danny, e ela tem de ir ao fundo do mar em um submergível, sem mesmo saber se James está vivo...
SOBRE A PRODUÇÃO
A direção desse thriller romântico é de Wim Wenders (O Sal da Terra, Asas do Desejo), que é baseado no romance Submersão, de J.M. Legard, com um roteiro de Erin Dignam (The Last Face). SUBMERSÃO é estrelado por James McAvoy (X-Men: Dark Phoenix, X-Men: Apocalipse, O Último Rei da Escócia, Desejo e Reparação) e pela vencedora do Oscar Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa, Ex Machina: Instinto Artificial). Cameron Lamb produziu o longa, junto de Wim Wenders e Uwe Kiefer para a Neue Road Movies na Alemanha, Jean-Baptiste Baptiste Babin para o Backup Studio na França e Juan Gordon para a Morena FIlms na Espanha.
Uma complicada história que abrange algumas das preocupações mais profundas da vida, Submersão é baseado no romance de J.M. Ledgard. Um jornalista que cobriu a sociedade e a política através da África para a revista The Economist, Ledgard se inspirou em suas experiências vivendo e trabalhando na Somália.
“Eu estava muito interessando na nossa falta de perspectiva do planeta em que vivemos”, ele diz. “É muito maior do que achamos que é, muito mais complicado do que pensamos. E ao mesmo tempo é muito mais duro e desafiador. Sempre fui obcecado pelos oceanos, e a ideia de que claramente existe muito mais vida no oceano do que na superfície, particularmente a vida microscópica das bactérias, vírus e algas em uma profundidade muito grande. Essa quantidade de vida pesa mais do que todo o resto da vida no planeta e é mais antiga, mais resistente e mais forte. E, não importa o que aconteça com os humanos, essa vida vai continuar em frente. Claro que sabemos agora que evoluímos a partir do fundo do oceano, onde a vida começou, no fundo do oceano.
“Naquela época da minha vida estava na África”, ele continua. “Estava noticiando muito sobre terrorismo e passando muito tempo com homens da Al-Qaeda que provavelmente não conseguiria conhecer hoje, se quisesse manter minha cabeça no lugar. Então a história é baseada nessas duas experiências”.
Ledgard criou um romance altamente intrincado, onde três mundos distintos se envolvem. “O romance tem três frentes”, ele diz. “Uma se passa na África, e é sobre um espião britânico que é sequestrado por um grupo jihadista. A segunda frente é sobre uma professora do Imperial College, de Londres, que é uma bio-matemática, o que significa que ela estuda o volume de vida microscópica nos oceanos. E a terceira frente é o encontro desses dois personagens em um hotel na França, e forma a parte central da história. Eles vivem uma paixão avassaladora. Então, é sobre ciência, crenças e amor”.
O envolvente tema do romance e o estilo incrível de Ledgard renderam ao autor um crescente exército de fãs. Um deles é o produtor Cameron Lamb. “Não pude resistir ao material, era tão poético”, ele diz. “Tentei encontrar desculpas para não mergulhar nesse mundo porque é muito complexo de estruturar como um filme e tem tantas localidades através do mundo, mas eu não conseguia deixar de lado, ficava lembrando dele e eu queria ver o romance como um filme. Então encontrei Jonathan Ledgard e mostrei minha visão do material como um filme, então compartilhei o livro com a roteirista Erin Dignam, com quem queria trabalhar a alguns anos. Ela teve a mesma reação que eu – ela se apaixonou pelo romance – e ali soube que ela era a pessoa certa para escrever o roteiro”.
Cameron Lamb foi atraído para o romance por suas muitas camadas e seu maduro approach aos seus temas interligados, complexos e desafiadores. “Jonathan Ledgard sempre diz que é um romance geopolítico por que é sobre o planeta terra, de onde viemos, do fundo do oceano. E também é sobre onde estamos agora, em termos de guerras, fome, superpopulação, muitas coisas. Então é sobre o passado e se teremos um futuro. Mas também é um romance”, ele adiciona.
Dignam começou um intrincado processo de desmontar a narrativa e reconstruí-la. O roteiro final é totalmente diferente do livro, que é uma grande narrativa com pouco diálogo. Quando Cameron Lamb começou a pensar nos diretores capazes de trazer o projeto à realidade, pensou imediatamente em um diretor que tinha o talento e a visão para fazer jus à história: Win Wenders.
Tendo discutido a decisão com Ledgard, Lamb enviou o romance a Wenders, e, depois de alguns dias, o diretor respondeu que estava interessado. Um ano depois, Lamb enviou a Wenders o primeiro roteiro e então ela embarcou no projeto e começou a trabalhar no roteiro final que seria entregue aos atores. Wenders se impressionou com a persistência de Lamb. “Cameron me apresentou ao livro de Jonathan e disse que estava determinado a transformá-lo em um filme”, diz o diretor. “Li o romance e percebi que era algo grande. Nunca tinha lido nada igual e eu não sabia como transformar em um filme, mas isso sempre é um bom sinal, porque não saber como fazer algo é uma boa razão para tentar fazê-lo”.
Wenders foi atraído pelo livro por duas razões, ele diz. “O material é autêntico e é de um escritor que teve a experiência da qual ele escreveu sobre, quando estava trabalhando na África, Somália e Al-Shabaab. E também abrange o extenso conhecimento que ele obteve sobre as profundezas do mar e porque é tão importante para nós pesquisarmos o que está acontecendo no fundo do mar, e que pode ser a solução para o futuro do nosso planeta”.
Wenders estava impressionado com o trabalho que Dignam fez trazendo os dois personagens principais à vida, e estruturando a história. “Os dois personagens vieram mais ainda à vida no roteiro. Esse ‘engenheiro das águas’ James More realmente tocou a mim, e o jovem professor Danny Flinders também me interessou. Achei que sua descoberta mútua que estavam apaixonados um pelo outro e que tinham tamanho compromisso com causas tão diferentes pareceu muito contemporâneo”.
“O que Erin fez de maneira incrível foi picotar o tempo e as cenas, o que é incrivelmente difícil de se fazer”, continua Wenders. “E então ela dividiu esses dois mundos juntos. Então quando James está em um deserto na Somália tendo suas experiências com os jihadistas, Danny está em um navio no oceano ao norte, preparando-se para mergulhar até as profundezas do oceano. E acho que isso é que faz esse roteiro tão poderoso”.
Nesse ponto, Ledgard soube que seu romance estava em boas mãos. Wenders e Dignam estavam trabalhando em conjunto no roteiro para capturar a essência do romance e Cameron tinha feito uma parceria com o Backup Studio, de Paris, para trabalhar na produção e no financiamento do filme. Jean Baptiste Babin, da Backup, diz que “o filme era Europeu no fundo. Se baseia, claro no fato de que o romance original é britânico e, obviamente, em Wim ser alemão, mas mais importante, é o significado e a mensagem também. E a complexidade do filme, suas locações diferentes, universos e camadas, as muitas diferentes emoções com que o filme tenta engajar a audiência, sempre vão levar a um processo de produção desafiador. A única maneira de fazer um filme que não quebraria a promessa do romance e enfraquecer as ambições de Wim e Dignam, seria ter a colaboração de vários produtores, e foi quando chamamos a Morena, com Juan Gordon na Espanha”.
“Se formos falar, isso junta toda a história”, continua Ledgard, “é uma história planetária. É sobre quem somos nesse planeta, agora mesmo. Aonde pertencemos? O que somos? De onde viemos? Onde estamos indo? Wim mostrou durante sua carreira que essa é a sensibilidade que ele tem”.
O ELENCO
Com uma história tão desafiadora revolvendo em volta de dois personagens tão complexos, era crucial encontrar dois atores que, não somente teriam de ter química na tela quanto ter a sensibilidade intelectual para fazer justiça ao enredo.
James McAvoy e Alicia Vikander interpretam os papéis principais, o engenheiro de águas James More, que é feito refém por terroristas na Somália, e Danny Flinders, uma biomatemática fazendo uma perigosa pesquisa no fundo do oceano.
Cameron Lamb diz: “Sempre tive James McAvoy em mente, mesmo quando eu estava lendo o livro e estava somente pensando em transformá-lo em um filme. Wim Wenders tinha mesma opinião. Então, assim que o material estava pronto, enviamos para James. E entregamos para Alicia ao mesmo tempo. Em uma semana tivemos uma reunião com Wim, Alicia e James em Londres. E a partir daí começamos a seguir em frente”.
“James McAvoy é um dos maiores atores de sua geração, e demonstrou isso em diversos filmes”, diz Wenders. “Eu vi O Último Rei da Escócia quando saiu, e foi um dos meus filmes favoritos, então eu sabia que ele tinha o que precisava. Ele interpretou uma grande gama de personagens, mas ainda assim ele é um ator que pode entregar algo muito pessoal e próximo de seu coração.
“E Alicia era muito como eu tinha imaginado o personagem”, continua o diretor. “ela é muito carismática, linda, brilhante, tem quase que uma alquimia com a câmera. Ela teve de fazer muita pesquisa para se preparar. Danny Flinders tem só 28 anos, mas existem muitos jovens dessa idade que tem muita responsabilidade em seus ambientes de trabalho, seja trabalhando em uma posição sênior no Google ou como cientista, então Alicia, que tem essa idade, é alguém com quem a geração mais jovem consegue se identificar, e ela trouxe uma maravilhosa e determinada presença para o papel. Ela é perfeita por sua dedicação, por seu brilhantismo e extrema motivação, e está disposta a ir até o fim com suas missões, a despeito dos riscos envolvidos. Em Alicia e James, eu tinha dois atores que realmente queriam ser esses personagens”.
David Atlan-Jackson adiciona: “Alicia e James bem cedo no processo se tornaram Danny e James em nossas mentes. Ambos tinham a complexidade e modernidade que esses dois personagens incorporavam e precisavam. Duas almas presas em um ambiente muito perigoso e isolado. E sabíamos que podíamos trazer esses personagens à vida e interagir e, mais importante, fazê-los críveis, e concretar esse incrivelmente forte e amigável relacionamento”.
Cameron Lamb concorda: “James e Alicia ensaiaram pouco antes de filmar suas poucas cenas juntos na Normandia, porque seus personagens são separados por tanto tempo no filme. Aquela localidade era tão linda e romântica e eles tinham tanta química desde o minuto que começaram a trabalhar juntos. Era exatamente o que esperávamos e foi interessante ver seus papéis se desenvolver juntos. Realmente vimos sua jornada nascer bem na nossa frente enquanto os personagens se apaixonavam”.
Foi a sofisticação refinada do roteiro que atraiu James McAvoy para o projeto. “Achei que era uma história linda e poética, e um approach realmente sofisticado e adulto para um filme que é uma história de amor, e sobre a ideia do que é amor”, diz o ator. “É um thriller romântico, e o tema de tudo se conectar, eu achei esplêndido. Quando li o roteiro, depois encontrei Wim Wenders. Foi um encontro rápido, onde praticamente só eu falei, porque ele é famoso por ser um homem calado. Pensei ‘não vou conseguir esse trabalho, que mal’. Então pedi desculpas e quando estava saindo disse a ele que eu adoraria fazer o filme, mas se ele não me quisesse, tudo bem, mas realmente esperava que ele quisesse que eu fizesse o filme. Mas realmente achei que não ia conseguir esse trabalho, então foi uma imensa surpresa quando eles me ligaram dizendo que eu consegui o trabalho.
McAvoy estava empolgadíssimo. Ser parte desse filme era uma chance de explorar algumas das preocupações mais profundas da vida. “Todos os personagens chave da história – Danny, meu personagem, os terroristas – todos estão tão fortemente conectados com suas crenças que estavam preparados para morrer por elas. E nossos personagens foram confrontados com a possibilidade de nosso trabalho realmente resultar na nossa morte. Então era muito importante que meu personagem acreditasse em Deus, que acreditasse em seu país, que ele acreditasse em sua missão, seu propósito. E aí o amor aparece e fica bem difícil para aquele rapaz estar preparado para morrer”.
Para J.M. Ledgard, McAvoy foi uma revelação. “Sempre achei que James era cheio de si, e cheio de energia como uma pilha Duracell”, diz o escritor. “Vi James More, o personagem, sendo um pouco mais arredio. Mas James me convenceu em sua performance – para começar, ele é um cara muito legal, divertido, e também é um ótimo ator”.
Alicia Vikander interpreta o papel de Danielle Flinders. Como McAvoy, ela foi conquistada pelo approach maduro do roteiro ao amor e às relações humanas. “O roteiro de Eric Dignam é muito especial porque é como entrar em um novo mundo. Foi a melhor história de romance adulto que já li, porque tem coragem de ser desafiadora, intelectual, atual e mostra como as pessoas se encontram na vida real. Permite às pessoas falar, discutir, se apaixonar pelo outro quase tão fortemente quanto desafiam o outro a se apaixonar também.
“Li o livro depois de ler o roteiro”, ela continua. “Foi muito interessante comparar o livro com o roteiro, pelo qual me apaixonei loucamente. Estava impressionada com a quantidade de trabalho que ela teve para pegar uma história sobre religião, política, ciência e sobretudo uma história de amor do elevado e filosófico mundo do romance que gira pelo espaço e tempo. Para Erin, conseguir capturar o sentimento que é quase como um sonho do livro e transformar em algo mais concreto é extraordinário. Achei que era algo muito, muito diferente de qualquer coisa que já tivesse lido, e, sabendo que Wim Wenders iria dirigir e Benoit Debie iria filmar e com James McAvoy como James More, me pareceu uma maravilhosa chance ser convidada a fazer parte disso”.
Vikander vê em sua personagem uma mulher de extremo comprometimento seja com seu trabalho ou com o homem pelo qual ela se apaixonou. “Eu admiro a paixão de Danielle. Ela acredita na ciência e, mesmo ela sendo uma matemática com uma mente prática, amo como ela adota um método científico para encontrar respostas para as grandes questões sobre como e porque estamos nesse planeta”.
A maneira com que a narrativa romântica foi tratada foi um sopro de ar fresco para Vikander. “Normalmente em histórias de amor no cinema, duas pessoas irão se encontrar, sentir-se atraídas uma pela outra e se apaixonar. O que amo nesse filme é que duas pessoas se sentem atraídas por suas completas diferenças. Eles têm o mesmo tanto de paixão pelas coisas que fazem, e tem grande prazer de desafiar o outro. É como jogar uma ideia a alguém que é inteligente o suficiente para entender e pode adaptar ao seu próprio campo de conhecimento”.
Vikander estava empolgada pela oportunidade de trabalhar com James McAvoy. “Eu o vi em Desejo e Reparação anos atrás e acho que vi a maioria dos filmes dele”, diz a atriz. “Ele é um ator versátil e brilhante. E ele também é muito engraçado, me divirto com ele. Ter um relacionamento tão relaxado com alguém com quem se está fazendo uma história de amor tão grande, complexa e épica faz tudo muito mais fácil”.
Trabalhar com Wim Wenders foi outra razão pela qual ela ficou feliz de estar envolvida. “Wim foi uma grande parte da minha introdução ao cinema quando eu era mais jovem”, diz Vikander. “Trabalhar com um dos mais brilhantes do cinema, um dos meus ídolos, era irresistível. Wim é impetuoso, tem coragem de explorar e se forçar com suas imagens, com suas histórias, e ele não tem medo de encontrar novas maneiras de contar uma história. Me senti segura em suas mãos, que, como um ator, te ajuda a se soltar e dá coragem de ir adiante”.
A técnica de direção de Wenders também agrada a James McAvoy. “Wim não estipula como fazer a cena, mas ele diz como a cena deve ser”, diz o ator. “Como você chega lá acontece naturalmente, mas, se não está acontecendo, ele é mais específico na direção. Ele faz com que os atores façam o que ele quer, mas ele nunca dirá o que ele quer que eles façam. Ele prefere fazer outra tomada e rezar para que o ator faça o que ele está esperando. E, quando ele consegue, ele parece uma criança dentro do corpo de um homem de 70 anos, pulando para cima e para baixo. É adorável ver isso acontecer!”.
McAvoy também ficou impressionado com quão colaborativos e flexíveis o diretor Wenders e a roteirista Erin Dignam estava dispostos a ser. “Erin escreveu um roteiro incrível”, diz McAvoy. “E ela é uma escritora muito confiante, então ela deixa você mexer nas coisas as vezes, o que é bom. E Wim gosta disso. Não entenda errado, eles percebem na hora quando os atores vão longe demais ou na direção errada, mas mais é mais, e menos nunca é mais. Estávamos definitivamente confortáveis com nossos personagens para espontaneamente tentar outras coisas no set. Estava confortável interpretando James. Achava que ele era como eu, com uma boa dose de Wim também.
Vikander também gostou da liberdade que Wenders dava aos atores. “Wim é como a maior parte dos bons diretores, que não fazem muitos comentários, mas te dizem os mais poderosos”, ela explica. “Quando você volta atrás no que fez, você percebe que eles te deram liberdade experimentar e encontrar o papel você mesma – eles te colocam no caminho para ver para onde está indo. Wim é inteligente, observa então te faz um pequeno comentário”.
Grande parte do filme lida com a jihad islâmica. Quando James More é sequestrado, ele é jogado em um mundo onde a crença religiosa domina tudo, assim como a crença cientifica domina tudo no mundo da mulher que ele ama, Danielle. Retratar os jihadistas se mostrou desafiador para os produtores. “Eu achei que a única maneira que podíamos mostrar os jihadistas seria olhar para eles como pessoas, e como pessoas que acreditavam em algo”, disse Wim Enders. “Mesmo que essa crença fosse algo do qual não pudesse compartilhar, achei que era interessante que os levássemos a sério. Não existe diálogo com eles agora no mundo real – o único diálogo é tentar bombardeá-los para fora desse mundo – mas eu percebi que se uma pessoa como nosso personagem James entra em contato com eles e realmente os conhece, ele gostaria de saber mais sobre eles e o que está por trás deles”.
Interpretando os principais papéis nas cenas passadas na Somália, estão o ator francês Reda Kateb, como o terrorista suicida Saif, o britânico Alexander Siddig como Dr. Shadid e o somali Hakeemshady Mohamed, como Air Yusuf Al-Afghani.
“Saif é um personagem extremista, um terrorista suicida cujo colete-bomba não explodiu, portanto é considerado um santo, mas na realidade ele é um maníaco”, diz Wenders. “Nós o encontramos em Reda Kateb. Reda é um ótimo ator, e ele realmente incorporou esse homem, de uma maneira amedrontadora! As vezes, durante as filmagens com ele, pensava estar feliz de não encontrar com ele no meio da noite em qualquer lugar! A primeira vez que o vi foi no filme francês O Profeta, no qual ele também interpretou um cara assustador, e eu tinha trabalhado com ele antes, então eu sabia que ele podia fazer o filme. Mas ele também é um cara com uma boa alma. Alexander Siddig interpreta um doutor que trabalha com os terroristas que também é um jihadista comprometido, mas ao mesmo tempo é um médico, então é um personagem muito dividido. Alexander é um fantástico ator que capturou essa complexidade”.
“Tivemos a chance de trabalhar com Reda em alguns filmes muito diferentes no passado”, diz Atlan-Jackson, “e estávamos convencidos que ele seria ótimo para o papel. Reda é um ótimo ator porque ele embarca com a mesma energia e paixão nos projetos, não importando o tamanho ou o tema, se é um diretor de primeira viagem ou Katheryn Bigelow, porque oferecem a ele a chance de retratar algo diferente todas as vezes”.
Hakeemshady Mohamed, que cresceu em Mogadíscio, capital da Somália, antes de fugir para o Quênia, a partir de onde conseguiu asilo nos EUA, foi muito útil provendo autenticidade para as cenas na Somália, como Wenders explica: “Mohamed Hakeemshady – ou Shady, como eu o chamo – foi de uma ajuda fantástica. Ele foi capaz de ensinar a todos os extras como falar árabe corretamente com o distinto sotaque somali. E sabia tanto do mundo que estávamos descrevendo, em termos de vestimenta, de costumes e comportamento porque ele tinha visto de tudo. Então foi de ótima ajuda. E não sei como teríamos feito certas cenas sem a ajuda de Shady”.
James McAvoy também se impressionou com o talento dos atores com quem contracenou. “Reda e Hakeem foram ambos incríveis. A presença de Reda é tão forte e ele tem tamanha malevolência misturada com uma coisa simpática, e Hakeem tem experiência em primeira mão com esse mundo e esse tipo de fundamentalismo militante. E o conhecimento dele não tinha preço, não só para Wim e para mim, mas para todos os outros atores, vários descendentes de somalis, mas não estiveram lá desde muito pequenos e nunca aprenderam ou mesmo esqueceram os costumes locais. Hakeem foi um dos recursos mais úteis. E tem um talento que vai até o osso ao interpretar, não é nem um pouco falso. Foi ótimo trabalhar com os dois”.
Para esse papel, Hakeemshady Mohamed percebeu que seus medos iniciais logo se dissiparam. Antes das filmagens começarem, ele foi encorajado a construir um background para seu personagem, por conta de sua vivência na Somália. “Somália é era um país destruído, com pobreza e sem sistema de educação”, ele explica. “Se você vive nesse ambiente, ou você se torna uma vítima ou se torna um dos bandidos armados com AK-47. Minha família não queria isso para mim, então tive sorte de escapar. Me pediram para criar a história de Amir Yusef e como ele se envolveu com os jihadistas, para que pudessem entender seu personagem. Erin foi muito humilde de receber minhas opiniões”.
“No começo das filmagens, eu tinha medo de Wim”, ele continua. “Eu pensava – ‘OK, esse é um diretor dos grandes. O que eu vou falar? O que ele vai fazer?’ Mas me senti em boas mãos. Ele foi muito aberto comigo, sempre me pedindo conselhos sobre o personagem”.
OS LOCAIS
Com o elenco escolhido, SUBMERSÃO começou seu desafiante cronograma de filmagens em março de 2016, em diversos – e difíceis – locais ao redor do mundo, incluindo Toulon, Brest e a costa da Normandia, na França, também na Espanha, Alemanha, Jibuti e Ilhas Féroe. As filmagens em estúdio foram feitas em Berlim e Madri.
A equipe de produção inclui o diretor de fotografia Benoît Debie, designer de produção Thierry Flamand, o editor Toni Froschhammer, figurinista Bina Daigeler e o compositor Fernando Velazquez.
As exigências das filmagens requisitaram uma equipe preparada para lidar com extremos. “Filmar em locais tão diversos e com condições tão extremas, precisávamos de um diretor de fotografia, e um bem destemido”, diz Wim Wenders. “E essa pessoa é Denoît Debie, com quem já tinha trabalhado antes em dois filmes. Ele é o Sr. Aventureiro S.A., e assumiu grandes riscos em alguns filmes nos quais trabalhou, incluindo os grandes de Gaspar Noé – e Benoît era o homem certo para isso”.
Jean-Baptiste Babin concorda: “Trabalhamos no passado com Benoit, em condições difíceis na Tailândia, bem no meio da floresta, e ele conseguiu cenas lindas e inovadoras, do nada. Não tivemos dúvida que Benoit era o homem certo para esse filme”.
Brest é aonde o Instituto Frances de Pesquisa e Exploração do Oceano (Ifremer) está baseado. A Ifremer aparece no filme como o instituto para o qual Danny Flinders trabalha. Na vida real, o time dependeu muito no instituto de pesquisas na Europa, sendo a única companhia que faz esse tipo de trabalho que Danny faz no filme”, diz Wim Wenders. “Eles nos permitiram usar seu barco, o Atalante, para nossas cenas no mar e nos deram acesso ao submersível, o Náutilo, para nossa pesquisa. Tivemos que recriar o Náutilo, que é um submarino amarelo e parece um pouco como aquele na capa do disco dos Beatles, no estúdio em Babelsberg, em Berlim.
“Uma das minhas coisas favoritas no filme foi poder mostrar ciência, e os cientistas em si, os cientistas de verdade”, continua Wenders. “Tivemos sorte de contar com a Ifremer e eles estavam tão excitados e empolgados de poderem compartilhar o trabalho e mostrar o mundo deles para uma audiência maior”.
Alicia Vikander se encontrou com os cientistas em Brest antes de começarem os ensaios. “Eles nos ajudaram durante todas as filmagens”, ela diz. “Cheguei lá com diversas perguntas e estava muito nervosa porque minha preocupação era não entender nada. Mas eles ajudaram muito. Antes de ir, eu estava impressionada com o nível de paixão que Danny tem pelo seu trabalho. Eu entendo, por que existem coisas na minha vida que me tomaram totalmente e que posso falar sobre por horas e horas. Quando encontrei os cientistas, fui apresentada não só a uma profissão, mas a um mundo de ciência que achei incrível e sobre o qual nada sabia. É como ficção científica, mas de verdade!”.
Um dos principais locais de filmagens – onde Danny e James se apaixonam – é na Normandia. “O romance descreve esse incrivelmente maravilhoso esconderijo na costa do Atlântico, onde Danny e James se encontram”, reconta Wenders. “Sabia que o filme inteiro dependia em encontrar esse lugar absolutamente mágico, e procuramos por toda a Europa. Da costa da Galícia na Espanha, até a França, depois até a Bélgica e Holanda, até mesmo Noruega. Procuramos na Irlanda e Escócia também, até termos visto todos os hotéis com vista para o Atlântico. Mas ainda não tínhamos encontrado o que estávamos procurando. Até que um dia nosso designer de produção Thierry Flamand nos disse, de maneira até tímida, ‘Conheço uma casa na costa da Normandia, construída por volta de 1900. É inteiramente decorada com arte, e foi construída como um local inter-religioso. Tem um parque maravilhoso próximo do oceano...” Ele nem tinha terminado a descrição e já tínhamos reservado passagens em um voo para conhecer imediatamente. E, assim que passamos pelo portão pela primeira vez, sabíamos que tínhamos encontrado o lugar único com o qual estávamos sonhando”.
As cenas na África tinham que ser tão autênticas quanto as cenas do mundo científico. Jibuti, um país desértico, de formações vulcânicas e montanhas áridas, serviu como Somália. “Na verdade, precisávamos ter filmado na Somália para parecer que estávamos lá”, diz Wim Wenders. “Obviamente era muito desafiador irmos para a Somália, dadas as atuais circunstâncias. Visitamos Jibuti duas vezes, e o país se mostrou o certo. Era um local realmente cru, e um dos locais mais remotos do mundo, então foi um desafio ir para lá. Mas as pessoas lá são sinceras, humildes e reais, e capturamos o que acredito ser único.
Um filme que entra por mundos desconhecidos, sejam políticos ou geográficos, quanto explorando uma história de paixão entre duas almas tão determinadas, SUBMERSÃO vai, espera Wenders, prover razão para se pensar. “O que espero é que em uma tarde chuvosa em Bristol, ou Detroit, ou onde quer que você esteja, você saia do cinema, e sua perspectiva do planeta, e de seus próprios hábitos, tenha mudado um pouco. Você percebe como o mundo é grande, como é variado, mas como é frágil”.
James McAvoy concorda: “As plateias se sentirão tocadas por uma belíssima história de amor, e elas ficarão desesperadas pelos personagens, mas acho que eles vão se surpreender por quão educacional é o filme – sobre o que está acontecendo no nosso mundo tanto no âmbito geopolítico quanto no perigo físico que o mundo está correndo. Isso não parece uma história de amor, mas é – é sobre o amor pela sua missão, o amor pela crença, o amor pelo planeta, o amor entre os personagens, amor por Deus, é amor por todas essas coisas”.