VIDRO (2019) - FILM REVIEW
Shyamalan bancou o gênio com uma pérola chamada Sexto Sentido. No filme, O psicólogo infantil Malcolm Crowe (Bruce Willis) abraça com dedicação o caso de Cole Sear (Haley Joel Osment). O garoto, de 8 anos, tem dificuldades de entrosamento no colégio e vive paralisado de medo. Malcolm, por sua vez, busca se recuperar de um trauma sofrido anos antes, quando um de seus pacientes se suicidou na sua frente.
Nos Estados Unidos, o filme liderou o ranking semanal de público durante 6 semanas, sendo ainda a 2ª maior bilheteria de 1999 nos EUA, perdendo apenas para Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça-fantasma. No Brasil, o filme foi líder absoluto de público, tendo liderado o ranking semanal por mais de 2 meses e levando aos cinemas mais de 4 milhões de pessoas, tornando-se o filme que mais expectadores teve em 1999.
Recebeu 6 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Haley Joel Osment), Melhor Atriz Coadjuvante (Toni Collette), Melhor Roteiro Original e Melhor Montagem. Ganhou 2 indicações ao Globo de Ouro: Melhor Ator Coadjuvante (Haley Joel Osment) e Melhor Roteiro.
672 milhões de dólares na bilheteria foi um cartão de visitas perfeito para a genialidade do diretor indiano.
Seu filme a seguir, Corpo fechado, é uma nova obra prima, com novo final surpreendente, marcando o diretor definitivamente. De quebra, mais uma grande interpretação de Bruce Willis, e uma história que dá uma visão até então inédita da "realidade" dos heróis e vilões no nosso planeta.
Na produção, um espantoso desastre de trem choca os Estados Unidos. Todos os passageiros morrem, com exceção de David Dunn (Bruce Willis), que sai completamente ileso, para espanto dos médicos e de si mesmo. Buscando explicações sobre o ocorrido, ele encontra Elijah Price (Samuel L. Jackson), um estranho que apresenta uma explicação bizarra para o fato.
A intenção de M. Night Shyamalan era que Corpo Fechado fosse o primeiro filme de uma trilogia. Entretanto, o desempenho apenas regular nas bilheterias americanas, onde arrecadou US$ 95 milhões, impossibilitou que o projeto seguisse adiante. Seguiram dois sucessos de público e crítica: Sinais e A vila. O primeiro se tornou a maior bilheteria da carreira de Mel Gibson, o que não é pouca coisa. Porém, uma sequência fraca de filmes veio a seguir: Dama da água, Fim dos tempos, O último mestre do ar, Depois da Terra. A recepção ruim da crítica e do público parece ter colocado um ponto final nas pretensões do diretor de dar sequência à trilogia.
Mas ai veio "A visita", um filme que foge bastante do que o diretor fez até então, reativando as expectativas do público no seu trabalho. Eis que surge a seguir Fragmentado. No filme, Kevin (James McAvoy) possui mais 23 personalidades distintas e consegue alterná-las quimicamente em seu organismo apenas com a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três adolescentes que encontra em um estacionamento. Vivendo em cativeiro, elas passam a conhecer as diferentes facetas de Kevin e precisam encontrar algum meio de escapar.
James McAvoy arrasa em sua interpretação. Muitos alardearam uma indicação ao Oscar de melhor ator. Exagero? Nem um pouco. James McAvoy quebrou sua mão durante a produção do filme, mas preferiu não contar a ninguém sobre o incidente. Ele ficou dois dias com a mão quebrada antes de ir para o hospital.
Mas além de ser um filmaço, uma surpresa ao final nos deixa de queixo caído: era um filme de origem...de mais um vilão de Corpo fechado. O mundo veio abaixo com a aparição de David Dunn. O terceiro filme, que antes era sonho do diretor, virou necessidade do público.
O filme chegou aos nossos cinemas cercado de expectativas, e Shyamalan mais uma vez cumpre, com um filme redondo, porém bem diferente do que se poderia imaginar. Na trama, acompanhamos Dunn em sua perseguição aos criminosos da cidade. E desta fez acompanhado do seu filho, já crescido (Spencer Treat Clark, o mesmo ator do primeiro filme). Eles formam um time, ele sempre auxiliando o pai de sua bat caverna. Porém, num momento, como esperado, Dunn encontra uma das personalidades de Kevin.
E o que caminha para um filme de gato e rato, tem aqui sua primeira reviravolta: ambos terminam presos numa clínica psiquiátrica, onde o filme se passará. Ali, encontram Elijah (Samuel Jackson), que formarão o corpo da história, junto com a misteriosa Dra. Ellie (Sarah Paulson).
Estes 4 movem a história em direção a mais um final surpreendente, daqueles que só o diretor consegue. Na verdade, queremos ser enganados por ele. É quase um dos grandes prazeres dos seus filmes. Porém o filme funciona de forma anti-climática, quase como se acontecesse um jogo de Xadrez apenas no bate papo. Sem as jogadas ou mesmo tabuleiro.
A trilha é um espetáculo à parte. Mudando totalmente do que foi mostrado em Corpo fechado, aqui o autor é o mesmo de Fragmentado: West Dylan Thordson. Ela entoa horror e suspense pelos corredores do hospital. Se McAvoy merecia um Oscar em Fragmentado, eu não sei. Mas por Vidro, ele tinha que estar entro os 5 finalistas. Suas mudanças são inacreditáveis, aqui mostrando todas as personalidades, coisa que ele não fez no filme anterior.
A produção discute fé e o papel dos heróis e vilões no mundo atual de forma primorosa. Além disto, mostra definitivamente porque Kevin é Fragmentado, Elijah é o Sr. Vidro e o poder da Kryptonita em Dunn (água no caso). Heróis existem, envelhecem e podem até mesmo morrer.
Vidro conclui a trilogia de Shyamalan e abre as portas para o mundo descobrir quem são seus verdadeiros heróis e vilões.