O QUE TERÁ ACONTECIDO COM BABY JANE? - BOOK REVIEW
“O que acontecido com Baby Jane?” é um daqueles clássicos do cinema que todo cinéfilo já ouviu falar. Dirigido pelo excepcional Robert Aldrich, a obra trás dois monstros sagrados do cinema, duelando o tempo todo. Para que tenham uma ideia, foi instalada no set de filmagens uma máquina de Coca-Cola, atendendo ao pedido da atriz Bette Davis. Tal pedido foi feito apenas para irritar Joan Crawford, já que seu último marido fora um executivo da Pepsi, principal concorrente da Coca-Cola no mercado de refrigerantes.
Essa desavença extrapolou as telas durando anos, contando com inúmeras trocas públicas de farpas, servindo até mesmo de inspiração para uma série de TV protagonizada por Susan Sarandon e Jessica Lange, respectivamente como Davis e Crawford.
A rivalidade surgiu quase naturalmente. Como se fossem duas Meryl Streeps disputando espaço numa época em que ser estrela de Hollywood tinha um significado quase mitológico. E com suas carreiras com poucos anos de diferença, um gatilho era necessário para que uma das maiores tretas da história começasse. O gatilho veio por conta do ator Franchot Tone.
Ambas interessadas no ator, ele se tornou o segundo marido de Joan. Davis, apaixonada por ele segundo o “Focalizando” da época, fez o filme Perigosa, em 1935, dirigido por Alfred E. Green.
Bette perdeu a paixão, mas viu seu nome ganhar mais importância em Hollywood que. Os anos se passaram e as rixas pipocavam aqui e ali...Já nos anos 60, a carreira das duas já não era a mesma. Seus nomes não tinham o peso de outrora. Eis que o livro o “What Ever Happened to Baby Jane” de Henry Farrell apareceu no caminho das duas. A própria Crawford que procurou Davis para lhe apresentar o projeto.
Davis leu o livro e gostou da premissa, mas só acabou por dizer sim após se encontrar com Aldrich e ter a certeza de duas coisas: em primeiro lugar, que ficaria com o papel de Jane; e em segundo, que Aldrich não estava transando Crawford. Ao ter as respostas que desejava, Davis assinou o contrato e o filme entrou em fase de produção.
Davis leu o livro e gostou da premissa, mas só acabou por dizer sim após se encontrar com Aldrich e ter a certeza de duas coisas: em primeiro lugar, que ficaria com o papel de Jane; e em segundo, que Aldrich não estava transando Crawford. Ao ter as respostas que desejava, Davis assinou o contrato e o filme entrou em fase de produção.
O filme, como imaginam, entrou para história. E Davis levou a melhor sendo indicada ao Oscar para o azar de Crawford, que perdeu com isto uma batalha. Aldrich fez pelas duas em Baby Jane o que Tarantino faz com atores da velha guarda: resgatou. Nas palavras da própria Joan, Aldrich “- pegou duas coroas passadas do ponto”. Bette ficou obviamente possessa.
A briga perdurou até que em 10 de Maio de 1977 Joan faleceu aos 73 anos. Bette oportunamente declarou:
- Não se deve falar mal de quem já se foi, só se deve falar coisas boas, como : que bom, Joan Crawford morreu!.
O autor
Nascido Charles Farrell Myer, o californiano começou a carreira usando "Charles F. Myer", porém acabou adotando o pseudônimo Henry Farrell à partir de 1959. Ele também roteirizou dois filmes para o cinema: Com a maldade na alma em 1964 (estrelado por Bette Davis e com Aldrich na direção) e Obsessão sinistra, em 1971, com Debbie Reynolds, Shelley Winters e Dennis Weaver, agora sob o comando de Curtis Harrington.
Henry Farrell morreu em sua na Califórinia, aos 85 anos. Segundo seu obituário, ele completou outro romance, intitulado A Piece of Clarisse , pouco antes de sua morte
Lançado originalmente em 1960, e há décadas fora de catálogo no Brasil, era um dos livros mais pedidos pelos exigentes leitores da DarkSide® Books. O romance de Henry Farrell, brilhantemente adaptado ao cinema em 1962, tem o mesmo toque de terror gótico e psicológico de grandes clássicos desenterrados pela editora, como Psicose (1959), de Robert Bloch, e Menina Má (1954), de William March.
O que terá acontecido a Baby Jane? conta a história das irmãs Hudson, duas mulheres de idade que vivem isoladas em uma mansão e mantêm uma relação doentia de dependência, inveja, rancor e culpa. “Baby” Jane Hudson fez nome nos palcos de teatro vaudevile quando era criança. Mas isso foi há tantos anos que ninguém mais se lembra dela. Sua irmã Blanche foi uma estrela maior, de grande sucesso em Hollywood. Um acidente de carro, porém, afastou-a dos holofotes e a colocou sobre uma cadeira de rodas. Aos poucos, os ressentimentos se transformam em obsessão, colocando em risco iminente a vida e também a sanidade das duas irmãs.
O que terá acontecido a Baby Jane? virou referência por sua adaptação cinematográfica, com Bette Davis e Joan Crawford.Mas toda a angústia, a inspiração gótica e até a atmosfera sombria da fotografia em preto e branco do longa-metragem já estavam presentes nas páginas do livro.
A rivalidade constante entre as duas grandes damas conferiu a tensão exigida pelo filme, e foi recontada na série Feud (2017), de Ryan Murphy, criador de American Horror Story, Nip/Tuck e American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson.
O que terá acontecido a Baby Jane? chega em capa dura, tão bonita e sinistra quanto uma boneca de porcelana trincada. Além do romance original, o livro apresenta três contos do autor, incluindo “O que terá acontecido a prima Charlotte?”, que também ganhou uma adaptação ao cinema em 1964, com o título de Hush...Hush, Sweet Charlotte (Com a Maldade na Alma), estrelando Bette Davis e Olivia de Havilland. O que terá acontecido a Baby Jane? faz parte da coleção Cine Book Club, filmes para ler, da DarkSide® Books.