A ÚLTIMA CARROÇA (1956) - FILM REVIEW
A última carroça
No filme A última carroça, o comanche Todd (Richard Widmark) é um homem
perseguido por crimes cometidos anteriormente, tendo sido acusado de três
assassinatos. No decorrer da ação, ele salva um grupo de colonos durante um
ataque indígena, e a partir deste momento, eles deverão colocar as suas vidas
nas mãos deste personagem, um homem branco que passou grande parte de sua vida
com os Comanches e que agora é um fugitivo.
O filme foi lançado em 1956 e filmado em CinemaScope, três anos após o
lançamento do formato. O CinemaScope foi uma tecnologia de filmagem e projeção
que utilizava lentes anamórficas criada pelo presidente da Twentieth Century
Fox em 1953. Foi utilizada entre 1953 e 1967 para a gravação de filmes
widescreen, marcando o início do formato moderno tanto para a filmagem quanto
para a exibição de filmes. O surgimento dessa tecnologia de lentes anamórficas,
teoricamente, permitiu que o processo criasse uma imagem de até uma relação de
aspecto 2.66:1, quase duas vezes mais larga em relação ao até então onipresente
formato 1.37:1.
Como tudo começou...
O professor francês Henri Chrétien desenvolveu e patenteou um novo
processo de filmagem que ele chamou Anamorphoscope no final da década de 1920,
e que viria a constituir a base do CinemaScope. Chrétien se baseou em lentes
que empregam um truque ótico, produzindo uma imagem duas vezes maior que a de
lentes convencionais. Mais tarde, em Nova York, estreou um processo semelhante
ao de Chrétien, que impressionou os grandes estúdios de Hollywood da época,
ansiosos para reconquistar o público perdido para o fascínio da televisão. A
Twentieth Century Fox comprou os direitos do Anamorphoscope, mas ainda era
necessário definir o formato a ser usado. Assim, as primeiras lentes de
Chrétien foram rapidamente transportadas para Hollywood, para serem analisadas.
A partir desta análise foram criadas as bases para o CinemaScope. A
produção de The Robe foi interrompida para que o filme pudesse ser produzido em
CinemaScope, tecnologia que o presidente da Fox, Spyros Skouras chamava de
"o futuro do cinema". Com a introdução do CinemaScope, a Fox e as
outras grandes produtoras seriam capaz de reafirmar a sua distinção do seu novo
concorrente - a televisão . CinemaScope foi um formato de filme usado de 1953 à
1967. Visava impedir que a tv destruísse a indústria do cinema. O padrão foi a
base para uma revolução na indústria.
O debut foi com Manto sagrado.
E veio a última carroça
Num período onde os
índios eram como os soviéticos nos filmes dos anos 80, "a última carroça"
é um filme que funciona como ponte, para obras como Dança com lobos. Nunca vemos sua tribo, mas sabemos que ele
está sendo perseguido (mais uma forma de dar uma chacoalhada no espectador,
acostumado com pré-conceitos jogados na cara como verdades). O comanche chega a
ser torturado, sendo arrastado (e preso na tal carroça), mas sempre somos
apresentados à sua melhor versão possível, mostrando a disparidade com
comportamento dos que o fizeram prisioneiro.
A certa altura, descobrimos que ele vivia com os índios há um par de
décadas e que os homens que ele matou estupraram e assassinaram sua esposa
comanche e mataram seus dois filhos pequenos.
A beleza do filme reforça a crueldade feita conosco, os telespectadores, ao assistir um filme em cinemascope num vhs, com tela cortada para encaixar nas antigas telas de tubo. Delmer Daves conseguia fazer filmes belos sempre, mesmo aqueles menos famosos.
Aliás, quase Daves quase foi advogado antes de ser cineasta. Quando ainda estudava na Universidade de Stanford, interessou-se pela indústria cinematográfica, participando da produção do faroeste de 1923, Os bandeirantes (The Covered Wagon), e depois trabalhando como técnico em numerosos outros filmes. Mesmo se formando advogado, ele continuou com sua carreira em Hollywood.
Mudou-se para Hollywood e lá se tornou roteirista, fazendo filmes bem sucedidos e formando sua base para a direção. Se primeiro filme foi Rumo à Tóquio, em 1943. De lá para cá, fez filmes clássicos como Prisioneiro do passado, Ao despertar da paixão, Galante e sanguinário, A Árvore dos enforcados, O candelabro italiano e este A última carroça. Obras indispensáveis para qualquer cinéfilo.
Afinal, quem eras os comanches?
Eles são um povo nativo americano que vagava pelo sul das Grandes Planícies da América do Norte. Foram uma das primeiras tribos a usar cavalos. Eles vieram do estado de Wyoming, mudando para o sul. Eles conseguiram cavalos dos espanhóis no século XVII e tornaram-se hábeis criadores, além de usá-los em caçadas. O cavalo veio desta forma a se tornar o seu principal meio de transporte. Os índios comanches resistiram, durante muito tempo, à dominação do norte-americano. Mas em certo momento, o "homem branco" se tornou mais avançado em tecnologia (me lembrei de uma frase dita por Malone em "Os intocáveis": - Why did you bring a knife to a gunfight?" ou "- Porque você trouxe uma faca para um tiroteio?").
Bem armados, os brancos tinham força pra dizimar os índios, inclusive caçando sua fonte de alimentar e de vestimenta: os búfalos. Os índios pouco faziam com seus arco e flechas e suas machadinhas. Por fim, eles se entregaram em 1875 e foram morar em uma reserva. O último chefe dos índios Comanches faleceu em 1911.
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E um detalhe para cinéfilo nenhum botar defeito: há duas versões do filme no dvd. Uma delas, a estendida com 1h 39 minutos e a outra, 1h 36 minutos, com dublagem clássica.