BEM VINDOS A MARWEN (2018) - FILM REVIEW
A emblemática cena do ataque dos soldados na casa de Mark Hogancamp diz tudo sobre o filme. Na cena, ele recebe uma ligação de uma pessoa, que diz a ele que a "audiência dos agressores" será em breve, e que seria primordial que ele aparecesse. Neste momento, sua casa é atacada e entra em cena o Capitão Hogie para salvá-lo.
Hogie é seu alter-ego em Marwen, um mundo criado por Hogancamp para fugir de sua realidade, suprir suas frustrações e eventualmente, ser a pessoa que ele não consegue ser na vida real.
O período escolhido (segunda guerra) parece inusitado, já que ele está fugindo de uma realidade para outra, aparentemente pior. Mas seu significado reside no fato de que um dos seus agressores tem uma suástica tatuada, sendo assim uma forma, talvez inconsciente, do personagem dizer que não tem como fugir inteiramente de sua realidade.
E para nossa surpresa, o filme é baseado numa história real ...
Mark Hogancamp
Talvez não faça tanto sentido o Capitão Hogie passar o filme com sapatos femininos até você descobrir que Mark gostava de se vestir com roupas femininas, e este foi o motivo de ser espancado por 5 caras saindo de um bar. Curioso o fato de que ele tinha um armário cheio, com mais de 200 botas femininas, mas que ele usava não por ser gay, mas para se sentir perto das mulheres, já que ele tinha um complexo de rejeição.
Desmemoriado, quando Mark Hogancamp acordou em uma sala, com o corpo dolorido, ele não tinha ideia do que tinha acontecido. Sua única lembrança foi a palavra dita por um deles: "-bicha ". Não precisa ir muito além para saber que foi um crime de ódio. Mark, que bebia muito na época, provavelmente "falou demais" sobre suas preferências e acabou sendo espancado por isto.
Sua vida? Apagou. Tudo o que ele sabia era que era em 1985, ele estava na Marinha, e o quarto em que se encontrava tinha que estar na ilha de Ibiza, no Mar Mediterrâneo, na costa sudeste da Espanha. O resto? Um quebra-cabeça. E o que era ainda mais intrigante? O ano era 2000 e ele tinha estado em coma por 9 dias.
Para todos os efeitos, em 8 de abril de 2000, Mark Hogancamp morreu, vítima de um ataque horrível nas mãos de cinco homens do lado de fora de um bar em Kingston, NY. Nove dias depois, ele se levantou novamente. Os eventos daquela fatídica noite de abril ainda permanecem um mistério para Hogancamp. Mas com base nas evidências expostas no julgamento final, o que se sabe é mais ou menos assim: no fundo do alcoolismo, ele tinha ido a um bar local onde ele iniciou uma conversa com cinco rapazes adolescentes. Segundo testemunhas, eles estavam se dando bem, se divertindo e fazendo piadas nazistas. (Hogancamp e um dos homens tinham ascendência alemã.) Tendo bebido um pouco demais, Hogancamp decidiu contar a seus novos amigos um segredo: ele gostava de se vestir de mulher. Mas não em público. E normalmente, apenas sapatos.
A primeira coisa que ele
disse ao ouvir sobre o ataque pela primeira vez? "- Eu os perdoo."
Seu amigo Tom, o homem que estava em pé sobre a cama quando acordou do coma,
respondeu: "-Você não os perdoaria se soubesse o que eles fizeram com
você". Ele passou 40 dias no hospital, até que seu seguro não cobrisse mais.
Então a fisioterapia começou e ele aprendeu a andar de novo.
Com problemas demais (físicos, psicológicos, financeiros) e ainda por cima, a seguradora deu um ultimado a ele, já que ele estava tempo demais em tratamento e não melhorava, Mark se viu obrigado a mudar algo em sua vida. Assim, ele decidiu criar uma vida num lugar chamado Marwencol (o nome estranho vem da junção de Wendy e Colleen, dois dos seus affairs).
A cidade começou a crescer no quintal, perto do seu trailer. Assim sua vida tomou nova forma, para fugir de um drama traumático.
De volta para o futuro
A certa altura, Mark constrói um carro, bem similar ao Delorean, imortalizado como máquina do tempo na obra antológica dirigida pelo próprio diretor. Não é só uma referência gratuita ao filme, mas é também a forma mais óbvia dele reaver sua vida de volta. Curioso que na cena seguinte do carro, Mark recebe um boneco nazista pelo correio e ele chuta a encomenda exatamente como Chuck Noland faz com Wilson em Náufrago, outra obra realizada por Zemeckis.
É comum diretores de longa carreira tomarem certas liberdades com suas obras anteriores. Por exemplo, bem no início, pode-se ver um carro de mudanças de uma empresa chamada Allied chegando do outro lado da rua da casa de Mark. Allied foi o filme anterior dirigido por Zemeckis, com a dupla Marion Cotillard e Brad Pitt.
Interessante que este universo criado por Mark tem duas funções principais: empoderar as mulheres, enaltecendo-as como salvadoras do mundo e matar os nazistas (ou seja, seus atacantes) das mais variadas e infinitas formas, descarregando seu ódio reprimido e porque não, dando voz, liberdade e força ao seu lado feminino, também reprimido e talvez incompreendido até por ele mesmo.
Marwencol era uma ferramenta para sua recuperação contínua. Sua história
ficou conhecida por conta de um documentarista chamado Jeff Malmberg, que
acompanhou 4 anos da vida de Mark, no documentário Marwencol, lançado em 2010.
A principal mensagem do filme e consequentemente da vida de Mark é a cura pela arte. O diretor Robert Zemeckis é perfeito para levar sua história para as telas, pois ele consegue ser um realizador sensível, que faz obras universais e com larga experiência em inserção de efeitos especiais de forma bastante natural.
Bem-vindos a Marwen é mais um filme intimista do diretor, e como tal, tem seu lançamento nos cinemas feito de forma menos expansiva como um Vingadores: Ultimato. Lançado em apenas 9 países além dos EUA, o filme amargou um fracasso absurdo, dando um prejuízo em torno de 60 milhões de dólares (custo somado à divulgação).
Um grande pecado, já que é um filme que tem muito a dizer e uma bela mensagem sobre superação e como ela pode ser buscada das mais variadas formas, além de tratar de temas como homofobia, ódio, violência e feminismo, que são bastante atuais.
Curioso como todos reclamam de bombas custosas como Transformers: o último cavaleiro, que custou 217 milhões de dólares, mas lotam os cinemas fazendo obras como esta render 600 milhões, mas filmes intimistas se perdem para serem descobertos em locadoras ou em lançamentos em home vídeo. Considerando que as locadoras acabaram e que muitos filmes excepcionais já não estão sendo lançados, algo precisa ser mudado na atitude das pessoas que buscam histórias mais interessantes a serem contadas.
De uma chance ao filme de Zemeckis e seja bem vindo a Marwen.
A cura pela arte
A principal mensagem do filme e consequentemente da vida de Mark é a cura pela arte. O diretor Robert Zemeckis é perfeito para levar sua história para as telas, pois ele consegue ser um realizador sensível, que faz obras universais e com larga experiência em inserção de efeitos especiais de forma bastante natural.
Bem-vindos a Marwen é mais um filme intimista do diretor, e como tal, tem seu lançamento nos cinemas feito de forma menos expansiva como um Vingadores: Ultimato. Lançado em apenas 9 países além dos EUA, o filme amargou um fracasso absurdo, dando um prejuízo em torno de 60 milhões de dólares (custo somado à divulgação).
Um grande pecado, já que é um filme que tem muito a dizer e uma bela mensagem sobre superação e como ela pode ser buscada das mais variadas formas, além de tratar de temas como homofobia, ódio, violência e feminismo, que são bastante atuais.
Curioso como todos reclamam de bombas custosas como Transformers: o último cavaleiro, que custou 217 milhões de dólares, mas lotam os cinemas fazendo obras como esta render 600 milhões, mas filmes intimistas se perdem para serem descobertos em locadoras ou em lançamentos em home vídeo. Considerando que as locadoras acabaram e que muitos filmes excepcionais já não estão sendo lançados, algo precisa ser mudado na atitude das pessoas que buscam histórias mais interessantes a serem contadas.
De uma chance ao filme de Zemeckis e seja bem vindo a Marwen.
O astro Steve Carell Indicado ao Oscar® por 'Foxcatcher' e a versátil atriz Leslie Mann (Ligeiramente Grávidos, Mulheres ao Ataque) estrelam o comovente drama BEM-VINDOS À MARWEN, lançamento em DVD pela Universal Pictures Home Entertainment. Quando retoma a consciência após um coma, Mark encontra-se sem a memória dos familiares e amigos. Para recuperar as lembranças, Mark constrói uma maquete em miniatura de uma cidade belga chamada Marwencol, com bonecos representando os familiares e amigos próximos.
BEM-VINDOS À MARWEN também conta com as atuações de Nikolai Witschl (Deadpool 2) e Eiza González (Em Ritmo de Fuga) e tem direção e roteiro de Robert Zemeckis, ganhador do Oscar® por Forrest Gump.
Bem-vindos à Marwen
(Welcome To Marwen, Universal, 2018)
Ficha técnica:
Gênero: Drama
Direção: Robert Zemeckis.
Elenco: Steve Carell, Falk Hentschel, Matt O’Leary, Nikolai Witschi
País: EUA.
Ano de produção: 2018
Direção: Robert Zemeckis.
Elenco: Steve Carell, Falk Hentschel, Matt O’Leary, Nikolai Witschi
País: EUA.
Ano de produção: 2018
Informações das edições:
DVD Simples