O QUE FOI A NOVA HOLLYWOOD
Eu nasci em 1976. Minha veia cinéfila despertou com um filme, aos 6 anos de idade: E.T. Lembro de cada detalhe da minha ida ao cinema e com tão pouca idade. Anos mais tarde, figuravam na lista dos filmes mais importantes da minha vida obras como Tubarão, o próprio E.T., Os intocáveis, Apocalypse now, Poderoso chefão 1 e 2, Taxi Driver, Bons companheiros, Touro indomável, Franco Atirador e Guerra nas estrelas (sim, nada de Star Wars).
Mas afinal, são apenas obras primas aleatórias? Anos mais tarde descobri que não. Minha identificação foi mais que uma simples lista de filmes. Foi com os diretores. E para minha surpresa, eles fazem parte de um movimento, chamado Nova Hollywood.
A Nova Hollywood foi uma geração que veio, com diversas influências importantes, para mudar o panorama do cinema mundial e era basicamente formada por cineastas jovens. A competência destes caras fez a indústria do cinema mudar, ir para um rumo jamais pensado. Eles fizeram obras que eram verdadeiras máquinas de fazer dinheiro. Redefiniram conceitos, marketing e público.
A Era de Ouro de Hollywood enfim, ficou para trás. Veio a Era Sexo, Drogas e Rock and Roll, e a contracultura tomou forma. Anti-heróis foram idolatrados. Deram um Oscar para um detetive chamado Popeye, que atira num bandido pelas costas e ainda por cima, não consegue resolver o caso plenamente ao final da produção. Glorificaram desajustados, que mesmo metralhados justamente ao final, geravam empatia. Até mesmo uma simples caça a um Tubarão fez nascer os blockbusters no cinema. A Nova Hollywood não mudou só o ritmo cinematográfico. Mudou o cinema, o comportamento, a vida de todos, para o bem ou para o mal. Sua influência é notável.
Tratando de temas muitas vezes complexos, mas tratados de formas inovadoras, mesmo com moral ambígua, eles levaram cinema a uma geração descrente após uma Guerra do Vietnã fracassada, desiludidos com a elite dominante e que não estava disposta a sentar e ouvir calada. O apelido Nova Hollywood foi dado pela imprensa.
A gênese dos filmes já era antitética. Os filmes, em grande parte eram financiados pelos estúdios, muitas vezes engessados com formatos antigos. Eles romperam a tradição com inovação, fazendo uma nova abordagem estilística. Pode-se afirmar que eles reinventaram gêneros tradicionais e reconstruíram elementos com uma nova roupagem, dando uma visão mais crítica às diversas camadas da história contada. Realismo e intensidade eram elementos latentes nas obras.
Gerações
John Cassavetes, Robert Mulligan, Arthur Penn, Robert Aldrich, Sam Peckinpah e Don Siegel são os principais nomes que influenciaram a Nova Hollywood, mas curiosamente, os novos cineastas foram por caminhos totalmente diferentes. Tudo mudou à partir daí. Não só do protagonismo dos realizadores como suas relações com os estúdios, distribuição dos filmes e até mesmo a forma de atuar do elenco que igualmente surgia como Robert de Niro, Dustin Hoffman, Al Pacino, Robert Duvall, Jack Nicholson, Paul Newman, Gene Hackman, Warren Beatty, Martin Sheen, Meryl Streep, Jane Fonda e Diane Keaton.
O ponto de virada foi estabelecido como sendo 1967. Mas é um ponto apenas, que se não é aleatório, é arbitrário. A "Velha Hollywood" estava acontecendo, ainda que decadente. Um O fabuloso Doutor Dolittle saia no mesmo ano de um Bonnie e Clyde. Não eram todos os diretores que estavam dispostos a mudar, arriscando suas carreiras. Por isto, o sangue novo era fundamental para o gás inicial. Mas olhando para o passado, sabemos que o movimento nasceu ali, arbitrariamente com a obra antológica Bonnie e Clyde. Mas na época, não foi como uma queda do muro de Berlim. Era algo que acontecia gradativamente. Era uma mentalidade que foi mudando. A Nova Hollywood foi um produto de atitudes e não uma cartilha a ser seguida, até porque, eles romperam justamente as cartilhas antigas, mas sem fazer novas.
Jack Valenti
Jack Joseph Valenti foi o Moisés dos hebreus. Ele se tornou presidente da Motion Picture Association of America (MPAA) por insistência do chefe da Universal Studios , Lew Wasserman, em 1966. Ele entrou em criou o MPAA film rating system ou Sistema de Classificação de Filmes da Associação de Cinema da América que resultou na revisão de códigos de censura obsoletos permitindo um novo nível de liberdade do que era mostrado nas telonas. Filmes como Doze condenados, Rebeldia indomável e No calor da noite tiveram voz e influência, mesmo com temas espinhosos como um desajustado (que torcemos por seu sucesso até o final), um grupo de criminosos psicopatas (que temos total empatia) numa missão suicida, mas que torcemos por eles a todo instante e uma dupla de policiais, um branco e outro negro, e as implicações racistas que o trabalho juntos trará.
Mas o impacto cultural veio com Bonnie e Clyde e A primeira noite de um homem. Agora imaginem só, todas estas obras primas foram lançadas em 1967. Portanto, o filme da dupla de carniceiros ladrões de bancos levou o título de marco zero da Nova Hollywood. Sabemos que não foi, mas é o filme escolhido por sua influência, já que outros menos "destruidores" foram lançados um pouco antes. A participação de Jack Valenti foi fundamental, já que ele proporcionou que um público bem maior pudesse ter acesso aos novos filmes. E ele ficou bastante tempo à frente da MPAA, aposentando somente em 2004.
Os anos 60 e 70 foram décadas de ruptura do tradicionalismo no cinema mundial. A Nouvelle Vague, por exemplo, buscava um cinema mais independente e autoral. Já o cinema americano foi em tese, para o mesmo lado, buscando mostrar elementos parecidos, mas na prática isto não aconteceu. O cinema de autor surgiu, sem dúvidas. Mas com grandes estúdios por trás. E esta junção deu um efeito financeiro extremamente positivo em Hollywood. Mas no cinema undergroud e independente residiam outras grandes pérolas do período.
Para começar, um nome despontou: Roger Corman. E através dele, conhecemos nomes importantes da Nova Hollywood como Francis Ford Coppola e Jack Nicholson. Muitos diretores foram considerados "pais" da Nova Hollywood, por conta de sua influência, e um dos grandes influenciadores (além da Nouvelle Vague Francesa claro!) foi John Cassavetes. O cinema de Arthur Penn também foi definitivo para influenciar uma leva de cineastas. Outro "American New Wave influencer" foi Robert Altman.
Nomes como Bob Rafelson, Monte Hellman, Richard Sarafian, Peter Bogdanovich, Alan J. Pakula, Hal Ashby, Terrence Malick ocuparam as bordas do movimento, enquanto Mike Nichols, William Friedkin, Sam Peckinpah chamavam a atenção do grande público com obras como Primeira noite de um homem, Meu ódio será sua herança, Sob o domínio do medo, Operação França e Exorcista. Estes quatro últimos títulos em particular mostravam a violência física como poucas vezes vimos no cinema. Em todo o período, algumas cenas de morte foram tão marcantes e violentas, que até hoje parece insuperáveis. A primeira, claro, a do filme que abre o movimento, Bonnie e Clyde com a violenta morte do casal. A segunda, no ponto alto da Nova Hollywood: a morte de Santino em Poderoso chefão.
A característica mais marcante da Nova Hollywood é o drama humano sendo captado de forma visceral, através dos mais variados gêneros, hora de forma cruel hora estilizada, mas sempre com uma veracidade jamais vista. Outro elemento fundamental era a trilha sonora, que passou a ser usada de forma completamente diferente, se compararmos às décadas anteriores.
Esta geração inquieta nos deu filhos incríveis. Vieram hits como Rocky um lutador, Dirty Harry, Cinzas no paraíso, Bebê de Rosemary, Invasores de corpos, Último tango em Paris, Rede de intrigas, Serpico, Conversação.
A Nova Hollywood veio para transformar, como eu disse. Com os estúdios sem opções, a união entre cineastas dispostos a "causar" e o alívio da censura, proposto por Jack Valenti tomou grandes proporções. E no mesmo período, veio o Woodstock, o maior festival de todos os tempos. A sociedade vinha de uma extrema insatisfação social, com o Vietnã, Nixon, direitos civis, o assassinato de Martin Luther King, a ida do homem á Lua (ainda que tenha sido um evento de deslumbramento global, minorias se revoltaram na época pelo investimento expressivo de dinheiro americano numa corrida espacial com a União Soviética enquanto havia problemas sociais graves necessitando de investimentos).
A Era da Contracultura mostrada no cinema tinha um novo integrante de peso. O Festival simbolizou o que já estava sendo manifestado nos cinemas. A integração do público, liberação de drogas, liberdade sexual era um tapa na cara da sociedade conservadora e hipócrita, mostrando a sociedade as suas reais cores. O cinema fez o mesmo. Pegou seus ídolos e os transformou em pessoas reais. Paul Newman, por exemplo, em Rebeldia indomável. É um anti-herói que deu voz aos marginalizados, traumatizados com uma guerra sem sentido e ainda enfrentou as autoridades autoritárias, que tencionavam enquadrar seu comportamento. Mas na realidade, o filme de Stuart Rosenberg quer mostrar o caminho para liberdade: resistir. E o final, antológico, mostra que esta "anarquia social" não será possível sozinha. O povo precisa se unir para o feito.
Cada filme tem uma mensagem forte, bem contada, muitas vezes desmistificando o "Sonho americano" como Perdidos na noite e Sem destino. Como esquecer Travis Bricke? Tão perdido nas noites sujas da cidade de uma Nova York pós Vietnã. Como esquecer Ratso Rizzo (Dustin Hoffman)? Ao esbravejar “-Estou andando aqui! Eu estou andando aqui!", seu personagem mostra que ele quer ser notado, visto compreendido e respeitado.
Na maior parte dos filmes citados, os personagens principais se perdem no processo. Mas, muito mais que mostrar a crueza de um mundo sem heróis, estas produções mostram que a luta solitária é inglória. Somos mais, quando somos "Nós".
Como de costume, os especialistas traçam datas delimitadoras. O início, como dito acima ficou marcado com o filme Bonnie e Clyde em 1967. O fim veio com O portal do Paraíso em 1980, de Michael Cimino e a falência da United Artists. Claro que isto não quer dizer fim das carreiras dos diretores que apareceram (muito pelo contrário inclusive), mas depois desta data não apareceram mais diretores dispostos a quebrar barreiras, além do fato de que os grandes filmes catalizadores do movimento já haviam sido feitos. Mas o "fim" da Nova Hollywood foi marcada pelo "início" da extrema influência daquela geração nas décadas a seguir, sendo que alguns deles exercem esta magia até hoje, como Martin Scorsese em Silêncio e O irlandês e Steven Spielberg em Jogador Nº1.
Como podem imaginar, há uma lista de pelos menos 50 filmes essenciais para definir o período. Mas fiz uma listinha de referência, com 8 grandes obras além das duas limitadoras do movimento. Em breve postarei uma mais completa, com 50 filmes essenciais, mas o foco do post hoje foi conceito e não lista, e os 10 filmes abaixo são para exemplificar e representar a Nova Hollywood.
Começando pelo ... primeiro.
➤Direção: Arthur Penn
➤Direção: Stuart Rosenberg
➤Direção: John Schlesinger
Joe acredita ter um charme irresistível com as mulheres. Um dia, ele decide largar seu emprego de lavador de pratos no Texas e vai para Nova Iorque, em busca de uma vida melhor. Porém, ele acaba descobrindo que as coisas não são tão fáceis como pensava. Com a ajuda de seu companheiro Ratso, Joe inicia sua carreira de garoto de programa.
Dustin Hoffman usou pedras no seu sapato durante toda filmagem para que seu personagem (que manco) ficasse convincente em todas as cenas.
➤Direção: Roman Polanski
Wyatt e Billy são motoqueiros que viajam pelo sul dos Estados Unidos. Após levarem drogas do México até Los Angeles, eles as negociam com um homem em um Rolls-Royce. Com o dinheiro da venda armazenado em mangueiras dentro dos tanques de gasolina, eles vão rumo ao Leste na tentativa de chegar em Nova Orleans, em tempo para o Mardi Gras, um dos Carnavais mais famosos do mundo.
➤Direção: Francis Ford Coppola
Em 1945, Don Corleone (Marlon Brando) é o chefe de uma mafiosa família italiana de Nova York. Ele costuma apadrinhar várias pessoas, realizando importantes favores para elas, em troca de favores futuros. Porém, uma máfia rival resolve levar o tráfico de narcóticos para Nova York e Don Corleone não facilita essa entrada, nem com ajuda policial, nem política. A família Corleone passa então a sofrer atentados e seu filho Michael, um capitão da marinha muito decorado que há pouco voltou da 2ª Guerra Mundial decide ajudar seu pai protegendo seu legado.
➤Direção: Roman Polanski
O detetive particular Jake Gittes é contratado por uma ricaça para investigar o marido, no que parece ser mais um caso de infidelidade conjugal. Gittes logo descobre que a mulher era uma impostora e encontra a verdadeira Evelyn Mulwray, filha de um dos homens mais poderosos da cidade. O detetive se vê no meio de um perigoso jogo de poder, em uma trama surpreendente que envolve desvio de fornecimento de água, aquisições de terras e pessoas ligadas à Companhia de Água e Energia.
➤Direção: Martin Scorsese
O motorista de táxi de Nova York Travis Bickle reflete constantemente sobre a corrupção da vida ao seu redor e sente-se cada vez mais perturbado com a própria solidão e alienação. Em praticamente todas as fases de sua vida, Bickle permanece isolado e não consegue fazer contato emocional com ninguém. Incapaz de dormir noite após noite, o motorista frequenta os estabelecimentos de pornografia locais em busca de diversão.
➤Direção: Michael Cimino
A concepção da Nova Hollywood
Os anos 60 e 70 foram décadas de ruptura do tradicionalismo no cinema mundial. A Nouvelle Vague, por exemplo, buscava um cinema mais independente e autoral. Já o cinema americano foi em tese, para o mesmo lado, buscando mostrar elementos parecidos, mas na prática isto não aconteceu. O cinema de autor surgiu, sem dúvidas. Mas com grandes estúdios por trás. E esta junção deu um efeito financeiro extremamente positivo em Hollywood. Mas no cinema undergroud e independente residiam outras grandes pérolas do período.
Para começar, um nome despontou: Roger Corman. E através dele, conhecemos nomes importantes da Nova Hollywood como Francis Ford Coppola e Jack Nicholson. Muitos diretores foram considerados "pais" da Nova Hollywood, por conta de sua influência, e um dos grandes influenciadores (além da Nouvelle Vague Francesa claro!) foi John Cassavetes. O cinema de Arthur Penn também foi definitivo para influenciar uma leva de cineastas. Outro "American New Wave influencer" foi Robert Altman.
Nomes como Bob Rafelson, Monte Hellman, Richard Sarafian, Peter Bogdanovich, Alan J. Pakula, Hal Ashby, Terrence Malick ocuparam as bordas do movimento, enquanto Mike Nichols, William Friedkin, Sam Peckinpah chamavam a atenção do grande público com obras como Primeira noite de um homem, Meu ódio será sua herança, Sob o domínio do medo, Operação França e Exorcista. Estes quatro últimos títulos em particular mostravam a violência física como poucas vezes vimos no cinema. Em todo o período, algumas cenas de morte foram tão marcantes e violentas, que até hoje parece insuperáveis. A primeira, claro, a do filme que abre o movimento, Bonnie e Clyde com a violenta morte do casal. A segunda, no ponto alto da Nova Hollywood: a morte de Santino em Poderoso chefão.
A característica mais marcante da Nova Hollywood é o drama humano sendo captado de forma visceral, através dos mais variados gêneros, hora de forma cruel hora estilizada, mas sempre com uma veracidade jamais vista. Outro elemento fundamental era a trilha sonora, que passou a ser usada de forma completamente diferente, se compararmos às décadas anteriores.
Esta geração inquieta nos deu filhos incríveis. Vieram hits como Rocky um lutador, Dirty Harry, Cinzas no paraíso, Bebê de Rosemary, Invasores de corpos, Último tango em Paris, Rede de intrigas, Serpico, Conversação.
Woodstock: sexo, drogas e o cinema que salvou Hollywood
A Nova Hollywood veio para transformar, como eu disse. Com os estúdios sem opções, a união entre cineastas dispostos a "causar" e o alívio da censura, proposto por Jack Valenti tomou grandes proporções. E no mesmo período, veio o Woodstock, o maior festival de todos os tempos. A sociedade vinha de uma extrema insatisfação social, com o Vietnã, Nixon, direitos civis, o assassinato de Martin Luther King, a ida do homem á Lua (ainda que tenha sido um evento de deslumbramento global, minorias se revoltaram na época pelo investimento expressivo de dinheiro americano numa corrida espacial com a União Soviética enquanto havia problemas sociais graves necessitando de investimentos).
A Era da Contracultura mostrada no cinema tinha um novo integrante de peso. O Festival simbolizou o que já estava sendo manifestado nos cinemas. A integração do público, liberação de drogas, liberdade sexual era um tapa na cara da sociedade conservadora e hipócrita, mostrando a sociedade as suas reais cores. O cinema fez o mesmo. Pegou seus ídolos e os transformou em pessoas reais. Paul Newman, por exemplo, em Rebeldia indomável. É um anti-herói que deu voz aos marginalizados, traumatizados com uma guerra sem sentido e ainda enfrentou as autoridades autoritárias, que tencionavam enquadrar seu comportamento. Mas na realidade, o filme de Stuart Rosenberg quer mostrar o caminho para liberdade: resistir. E o final, antológico, mostra que esta "anarquia social" não será possível sozinha. O povo precisa se unir para o feito.
Cada filme tem uma mensagem forte, bem contada, muitas vezes desmistificando o "Sonho americano" como Perdidos na noite e Sem destino. Como esquecer Travis Bricke? Tão perdido nas noites sujas da cidade de uma Nova York pós Vietnã. Como esquecer Ratso Rizzo (Dustin Hoffman)? Ao esbravejar “-Estou andando aqui! Eu estou andando aqui!", seu personagem mostra que ele quer ser notado, visto compreendido e respeitado.
Na maior parte dos filmes citados, os personagens principais se perdem no processo. Mas, muito mais que mostrar a crueza de um mundo sem heróis, estas produções mostram que a luta solitária é inglória. Somos mais, quando somos "Nós".
The End
Como de costume, os especialistas traçam datas delimitadoras. O início, como dito acima ficou marcado com o filme Bonnie e Clyde em 1967. O fim veio com O portal do Paraíso em 1980, de Michael Cimino e a falência da United Artists. Claro que isto não quer dizer fim das carreiras dos diretores que apareceram (muito pelo contrário inclusive), mas depois desta data não apareceram mais diretores dispostos a quebrar barreiras, além do fato de que os grandes filmes catalizadores do movimento já haviam sido feitos. Mas o "fim" da Nova Hollywood foi marcada pelo "início" da extrema influência daquela geração nas décadas a seguir, sendo que alguns deles exercem esta magia até hoje, como Martin Scorsese em Silêncio e O irlandês e Steven Spielberg em Jogador Nº1.
Como podem imaginar, há uma lista de pelos menos 50 filmes essenciais para definir o período. Mas fiz uma listinha de referência, com 8 grandes obras além das duas limitadoras do movimento. Em breve postarei uma mais completa, com 50 filmes essenciais, mas o foco do post hoje foi conceito e não lista, e os 10 filmes abaixo são para exemplificar e representar a Nova Hollywood.
Começando pelo ... primeiro.
➤Direção: Arthur Penn
Durante a Grande Depressão, Bonnie Parker (Faye Dunaway) conhece Clyde Barrow (Warren Beatty), um ex-presidiário que foi solto por bom comportamento, quando este tenta roubar o carro de sua mãe. Atraída pelo rapaz, ela o acompanha. Ambos iniciam uma carreira de crimes, assaltando bancos e roubando automóveis. Conhecem o mecânico C.W. Moss (Michael J. Pollard), que passa a ser o novo companheiro da dupla, mas durante um assalto matam uma pessoa e são caçados daí em diante como assassinos. Ao grupo une-se Buck (Gene Hackman), o irmão de Clyde recém-saído da cadeia, e Blanche (Estelle Parsons), sua mulher. Sucedem-se os assaltos e logo o quinteto ganha fama em todo o sul do país. Uma noite, são cercados por vários policiais e, obrigados a matar para fugir, são perseguidos em vários estados.
O rebelde inconsequente Luke (Paul Newman) é preso. Recusa-se a obedecer as regras do local e ganha o respeito dos demais presidiários por sua valentia e malandragem. Insiste em fugir, mas a cada nova recaptura as punições são mais severas. Nem assim ele desiste e, enquanto o ódio dos guardas aumenta, Luke torna-se um exemplo para os prisioneiros.
Adaptação do romance de Donn Pearce.Pearce escreveu o livro após passar dois anos na prisão e foi um dos roteiristas do filme.
➤Direção: Mike Nichols
Após se formar na faculdade, Benjamin Braddock (Dustin Hoffman) retorna para casa. Indeciso quanto ao seu futuro, ele acaba sendo seduzido pela Sra. Robinson (Anne Bancroft), uma amiga de seus pais. A relação se complica ainda mais quando o rapaz se vê forçado pelos pais a ter um encontro com a filha dela, Elaine (Katharine Ross).
O ator Robert Redford chegou a ser convidado para interpretar o personagem Benjamin Braddock, mas desistiu por achar que não conseguiria interpretá-lo com o ar de ingenuidade que o personagem pedia.
Joe acredita ter um charme irresistível com as mulheres. Um dia, ele decide largar seu emprego de lavador de pratos no Texas e vai para Nova Iorque, em busca de uma vida melhor. Porém, ele acaba descobrindo que as coisas não são tão fáceis como pensava. Com a ajuda de seu companheiro Ratso, Joe inicia sua carreira de garoto de programa.
Dustin Hoffman usou pedras no seu sapato durante toda filmagem para que seu personagem (que manco) ficasse convincente em todas as cenas.
➤Direção: Roman Polanski
Wyatt e Billy são motoqueiros que viajam pelo sul dos Estados Unidos. Após levarem drogas do México até Los Angeles, eles as negociam com um homem em um Rolls-Royce. Com o dinheiro da venda armazenado em mangueiras dentro dos tanques de gasolina, eles vão rumo ao Leste na tentativa de chegar em Nova Orleans, em tempo para o Mardi Gras, um dos Carnavais mais famosos do mundo.
➤Direção: Francis Ford Coppola
Em 1945, Don Corleone (Marlon Brando) é o chefe de uma mafiosa família italiana de Nova York. Ele costuma apadrinhar várias pessoas, realizando importantes favores para elas, em troca de favores futuros. Porém, uma máfia rival resolve levar o tráfico de narcóticos para Nova York e Don Corleone não facilita essa entrada, nem com ajuda policial, nem política. A família Corleone passa então a sofrer atentados e seu filho Michael, um capitão da marinha muito decorado que há pouco voltou da 2ª Guerra Mundial decide ajudar seu pai protegendo seu legado.
➤Direção: Roman Polanski
O detetive particular Jake Gittes é contratado por uma ricaça para investigar o marido, no que parece ser mais um caso de infidelidade conjugal. Gittes logo descobre que a mulher era uma impostora e encontra a verdadeira Evelyn Mulwray, filha de um dos homens mais poderosos da cidade. O detetive se vê no meio de um perigoso jogo de poder, em uma trama surpreendente que envolve desvio de fornecimento de água, aquisições de terras e pessoas ligadas à Companhia de Água e Energia.
➤Direção: Martin Scorsese
O motorista de táxi de Nova York Travis Bickle reflete constantemente sobre a corrupção da vida ao seu redor e sente-se cada vez mais perturbado com a própria solidão e alienação. Em praticamente todas as fases de sua vida, Bickle permanece isolado e não consegue fazer contato emocional com ninguém. Incapaz de dormir noite após noite, o motorista frequenta os estabelecimentos de pornografia locais em busca de diversão.
➤Direção: Michael Cimino
Os amigos Michael (Robert De Niro), Steven (John Savage) e Nick (Christopher Walken) são operários de uma fábrica na Pensilvânia que se alistam nas forças armadas para lutar na Guerra do Vietnã. Eles se despedem da família e dos amigos na festa de casamento de Steven e partem para a batalha. Um tempo depois, são capturados pelos vietcongues e passam por torturas físicas e psicológicas, sendo obrigados a jogar roleta russa entre eles. Os três amigos vão lutar para escapar dessa prisão.
A história começa no dia da formatura de dois estudantes da Harvard e acompanha o destino dos dois formandos que acabam em lados opostos na disputa agrária conhecida como Guerras do Condado de Johnson no estado do Wyoming em 1870. Nela, um grupo de barões de gado se reúne, com o apoio do governo, e cria uma lista de imigrantes a serem assassinados. Eles contratam mercenários para executarem a ação. O xerife de um condado da região busca impedir a tragédia.