10 DOCUMENTÁRIOS IMPERDÍVEIS LANÇADOS EM HOME VÍDEO
Documentário é um filme não-ficcional que se caracteriza pelo compromisso da exploração da realidade. Mas dessa afirmação não se deve deduzir que ele represente a realidade. O documentário, assim como o cinema de ficção, é uma representação parcial e subjetiva da realidade.
Abaixo, 10 momentos antológicos lançados no mercado brasileiro. Confiram detalhes de cada um, bem como a natureza dos temas tratados...
De volta para o passado
Os domingos de 1982 estão foram marcados pela exibição da série. Foram 13 semanas, que ao término do Fantástico, Carl Sagan entrava em "ação".
Eu lembro vagamente, mas oficialmente, conheci o universo do documentário Cosmos na era VHS numa distante década de 80. A linguagem poética da narração de Sagan é uma das primeiras coisas que notamos, dando o Tom do show desde o início. Observe quantas vezes ele e seus escritores trabalham para tornar compreensiva e literal suas falas e enredo. É uma forma sutil, mas eficaz de criar narração agradável.
O documentário inicia-se com a tela cheia de estrelas, embalado com elas, notas inesquecíveis de um piano seguido pelo som de cordas suaves. As estrelas se movem, gradualmente ganhando complexidade e forma, e depois somem lentamente. Nossa visão é interrompida apenas pelos títulos simples, "Cosmos. Por Carl Sagan e, Uma viagem pessoal."
A abertura, de impacto para época, dá início ao monstruoso estudo do espaço, feito com maestria, numa época que o interesse no espaço surgiu com força por conta de duas sagas: Star Trek e Star Wars.Mas em vez de competir com esses filmes, Cosmos tomou um rumo oposto.
Esta discreta abertura diz-nos desde o início que o show vai ser sobre mais do que apenas aquelas estrelas que estão passando. Vai ser um show sobre ideias. Sobre nossa luta para nos definirmos na imensidão. Isso o show vai fazer-nos sentir as coisas, não dizer coisas, com o auxílio de imagens (cuidadosamente selecionadas) e música.
Quem foi Carl Sagan?
Carl Sagan casou-se três vezes e teve cinco filhos. Em sua carreira luminosa, criou áreas de estudo, foi influente na Nasa e inspirou milhões. Veja momentos marcantes da vida do astrônomo.
1934 - Sagan nasce no Brooklyn, em Nova York. Estuda em escolas públicas e desde cedo ama livros de ciência. Aos 5 anos, visita a Feira Mundial de Nova York, evento futurista que o impressiona muito.
1951 - Ganha bolsa integral para estudar física na Universidade de Chicago. Lá conhece a bióloga Lynn Margulis, com quem tem dois filhos: o escritor Dorion Sagan e o programador Jeremy Sagan.
1960 - Obtém o doutorado em astronomia com tese sobre a atmosfera de Vênus. Nos anos seguintes, firma-se como consultor e conselheiro da Nasa, influenciando diretamente no programa espacial.
1963 - Separa-se de Margulis e passa a dar aulas de astronomia em Harvard. Logo se torna figura popular entre os alunos, mas os interesses por questões exóticas despertam desconfiança dos colegas.
1968 - Muda-se para a Universidade Cornell, onde ficaria até o fim da vida. Lá desenvolve novas disciplinas: ciência planetária e astrobiologia. Casa-se com Linda Salzman e, dois anos depois, nasce Nick.
1977 - São lançadas as sondas Voyager. Sagan lidera a equipe do Golden Record, cápsula do tempo com registros da espécie humana, e conhece Ann Druyan, diretora criativa do projeto e sua futura esposa.
1977 - O livro Os Dragões do Éden, onde discorre sobre a evolução da inteligência humana, ganha o Pulitzer de não ficção. Começam as aparições recorrentes em programas de TV e capas de revistas.
1980 - Cosmos vai ao ar pela PBS, aclamada por público e crítica. No ano seguinte, ele se divorcia de Linda Salzman. Casa-se com Ann Druyan, escritora e produtora da série, com quem tem Sasha e Samuel.
1985 - É publicado Contato, seu único romance, sobre uma mensagem de rádio recebida pela humanidade de uma civilização alienígena. Sagan também se dedica à luta contra o uso de armas nucleares.
1996 - Morre em 20 de dezembro, aos 62, em Seattle, com complicações derivadas de pneumonia. Dois anos antes, fora diagnosticado com mielodisplasia, doença que impede o desenvolvimento das células da medula óssea.
"O tamanho e a idade do cosmos estão além da compreensão humana comum. Perdida em algum lugar entre a imensidão e a eternidade este é o nosso pequeno lar, a Terra.
Foi o 1º documentário a dar voz aos vietnamitas sobre a Guerra do Vietnã e a apurar os efeitos da guerra no país e é um dos melhores documentários de todos os tempo.
A emblemática expressão aparece no início do filme, quando o então presidente dos EUA, Lyndon Johnson, afirmava que a vitória de seu país se daria quando conseguissem conquistar os corações e mentes dos vietnamitas. Não conseguiram. E com o passar do tempo na guerra do Vietnã, perderam até mesmo essa batalha entre parcelas significativas do próprio povo norte-americano.
O filme traz todo o impacto da guerra sobre um povo – a destruição e morte em massa de crianças, velhos e mulheres. A violência militar norte-americana é escancarada em cenas de invasão e nos discursos de alguns entrevistados. Um comandante gabava-se de seus homens: dizia, orgulhoso, que ali estava um “formidável bando de matadores”.
Não há como não fazer um paralelo com a guerra do Iraque. O diretor do filme reconhece que há diferenças, mas “A mais terrível semelhança entre as duas guerras somos nós, americanos. A postura americana em invadir os dois países e espalhar mentiras sobre o motivo das guerras. O fato do nosso governo não se importar em nada com a vida das pessoas, os reais interesses comerciais e políticos por trás de tudo, sempre com a desculpa de preservar ou implantar a democracia.” (Peter Davis, em entrevista durante o Festival de Cinema do Rio, em 2004, onde foi apresentada a nova cópia de "Corações e Mentes”.
No filme, de um lado, a dor e a resistência dos vietnamitas. Um deles garantia que lutariam até o fim, enquanto tivessem arroz e, quando o arroz acabasse, plantariam novamente para continuar a lutar. De outro, a prepotência, o racismo dos militares norte-americanos. Um chegou a afirmar que os orientais não tinham muito apego à vida. A entrevista é precedida pelo enterro de um vietnamita, onde a dor de seus parentes, filhos, é captada em toda sua dimensão pela câmera de Davis. Tocante...
É uma minissérie documental dirigido por David Gill e Kevin Brownlow, são “três episódios” com trechos inéditos de filmagens nunca aproveitadas, além de cenas antológicas e técnicas de trabalho adotadas pelo maior Gênio do Cinema assim dispostos:
Episódio 01: Os Anos Mais Felizes
Os 12 filmes feitos por Chaplin num período de 17 meses entre 1916-17, cenas não editadas com diferentes atores interpretando papéis cruciais, este filme dá uma visão sobre o seu método de filmagem e desenvolvimento de uma história.
Episódio 02: O Grande Diretor
Este episódio concentra-se em problemas e soluções de três longas-metragens que Chaplin escreveu, dirigiu e estrelou em: "O Garoto (1921)", "Em Busca do Ouro (1925)" e "Luzes da Cidade (1931)".
Episódio 03: Tesouro Escondido
Sequências que Chaplin filmou, que foram descartados, de muitos de seus recursos são mostrados, incluindo o longa “The Professor (1923) ", que nunca foi lançado.
As três partes retratam um período da carreira do diretor e traz uma visão de seus métodos e como ele guardava idéias não utilizadas, trazendo-as de volta em outros momentos.
Chaplin era perfeccionista e repetia suas cenas inúmeras vezes, o que era extremamente dispendioso num período em que os rolos de filmes eram muito caros.
Charles Chaplin
Charles Chaplin foi um ator, dançarino, diretor e produtor inglês. Também conhecido por "Carlitos". Foi o mais famoso artista cinematográfico da era do cinema mudo. Ficou notabilizado por suas mímicas e comédias do gênero pastelão. O personagem que mais marcou sua carreira foi "O Vagabundo" (The Tramp), um andarilho pobretão com as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro, vestido com um casaco esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu coco, uma bengala e seu marcante bigode.
Ele nasceu em Londres, Inglaterra, no dia 16 de abril de 1889. Seu pai Charles Spencer Chaplin, era vocalista e ator e sua mãe Hannah Chaplin, era cantora e atriz. Seus pais se separam antes de Charles completar três anos. Em 1894 com apenas cinco anos Chaplin subiu ao palco e cantou a música "Jack Jones". Seu pai era alcoólatra e tinha pouco contato com o filho. Morreu de cirrose hepática em 1901. Sua mãe foi internada em um asilo e Chaplin foi levado para um orfanato e depois transferido para uma escola de crianças pobres.
Em 1908 começou a trabalhar em teatros de variedades fazendo sucesso como mímico. Em 1910 iniciou sua primeira turnê nos Estados Unidos com a trupe de Fred Karmo, retornando à Inglaterra só em 1912. Em 1913 estreia no cinema, nos estúdios Keystone Film Company, onde criou em 1915 a comédia "O Vagabundo" seu mais famoso personagem, um andarilho, pobretão, com as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro, vestido com casaco esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largo que o seu número, um chapéu coco, uma bengala e seu marcante bigode.
Produziu vários filmes que se tornaram clássicos do cinema mudo, entre eles "O Garoto" em 1921, que conta a história de um bebê que acaba ficando aos cuidados de um vagabundo, "Em Busca do Ouro" em 1925, que se passa no Alasca em plena corrida do ouro, "Luzes da Cidade" em 1931, que conta a história do vagabundo que se finge de milionário para impressionar uma florista cega, por qual se apaixonou, sendo esse um filme mudo produzido na época do cinema falado, "Tempos Modernos" em 1936, que satiriza a mecanização da modernidade e "O Grande Ditador" em 1940, em que toma partido contra as perseguições raciais na Europa.Chaplin teve uma vida sentimental intensa, casa-se quatro vezes, os três primeiros com estrelas do cinema. Com 54 anos, conheceu a filha do teatrólogo irlandês Eugene O'Neill, Oona, de 18 anos, que se tornou sua quarta mulher, com quem teve seis filhos e viveu até o fim da vida. Acusado de comunismo foi perseguido pelo Macarthismo e mudou-se, em 1952, para Corsier-sur-Vevey, na Suíça.
Faleceu em Corsier-sur-Vevey, na Suíça, no dia 25 de dezembro de 1977.
Lanzmann levou mais de dez anos entre sua preparação e o lançamento. A decisão de fazer este filme implicou uma mudança de vida, tendo como uma das consequências o abandono do jornalismo. Somente continuou na revista Temps Modernes, fundada por Sartre , e da qual se tornou diretor após a morte do filósofo.
Nos últimos 40 anos, dezenas de documentários procuraram mostrar os horrores do nazismo e, especialmente, do genocídio contra a raça judaica. Cineastas de diferentes nacionalidades, em diferentes ângulos e interpretações, utilizando material de várias procedências, mostraram em médias e longas metragens a irracional perseguição ao povo judeu, os campos de concentração numa denúncia sempre necessária de ser reavivada, especialmente porque o anti-semitismo ainda existe e forças neo-nazistas, em diferentes países, se (re)organizam e permanecem em constante ameaça.
Portanto um documentário como "Shoah", que o jornalista e cineasta francês Claude Lanzmann levou dez anos para realizar é mais do que um simples programa cinematográfico. Pela sua extensão - 9h30 - e seriedade, se constitui numa espécie de curso intensivo sobre a questão judaica, o nazismo, a brutalidade, examinando vários aspectos de um assunto que longe de estar superado - como muitos apregoam - mais do que nunca merece ser revisto.
Durante o regime nazista, cerca de dois terços dos 9 milhões de judeus que residiam na Europa foram mortos. Pereceram de fome ou doença devido às condições degradantes dos campos de concentração ou de extermínio, suicidaram-se para escapar da morte em vida que ali levavam, ou então, por fim, eram submetidos à Solução Final: o extermínio nas câmaras de gás. Daqueles que se propuseram a retratar este período, nenhum cineasta foi capaz de prover um registro tão completo quanto o francês Claude Lanzmann.
Este documentário abre espaço não apenas para depoimentos de sobreviventes, mas também dos que apoiaram e colaboraram para o funcionamento da máquina nazista, para os moradores das cidades do entorno dos Campos, para os próprios carrascos e, especialmente, para os Sonderkommando, judeus obrigados a lidar com os corpos nas câmaras de gás — anteriormente retratados apenas como mais um grupo de sobreviventes, ignorando a carga de culpa e violência a que foram submetidos.
Em algumas sequências, sobreviventes são levados às ruínas dos campos onde estiveram (Auschwitz, Treblinks, Sobibor) e narram in loco as suas vivências. Depois de tantas entrevistas, Lanzmann procurou montar 350 horas de filmagens - reduzindo para nove horas e meia.
O documentário foi financiado por um canal de televisão francês, onde o filme seria exibido quando finalizado. Quando o filme ficou pronto a TV se recusou a exibi-lo, mas a obra acabou encontrando visibilidade no circuito cinematográfico de arte. No Brasil, a exemplo do documentário anterior, foi também lançado pelo Instituto Moreira Sales.
Marcel Ophuls (filho do grande Max Ophuls) analisa tanto o processo da memória quanto os próprios acontecimentos da guerra. Ele inclusive declarou: “A ideia de que um filme demonstra algo resulta de um mal-entendido. Não quis demonstrar algo, quis apenas mostrar. Um filme não demonstra, simplesmente mostra. O cinema é um instrumento excepcional para descrever e interpretar a realidade tal como nós a percebemos, através de fatos e de gestos precisos.”
O diretor, nascido na Alemanha e naturalizado francês, Marcel Ophuls (Frankfurt, 1927 - e ainda vivo até o fechamento desta matéria, em 12/12/2016) iniciou a carreira como assistente de diretores como Anatole Litvak e seu pai, Max Ophüls (Lola Montés, 1955). Antes de "A tristeza e a piedade", Marcel Ophuls realizou uma série de filmes para a TV alemã e uma série de longa-metragens de ficção e documentário dentre os quais "Hotel Terminus: The Life and Times of Klaus Barbie" (1988). Seus dois últimos filmes foram uma biografia de Max Ophuls, "Max par Marcel" (2009), e uma autobiografia, "Un voyageur" (2013).
O título do documentário vem de Marcel Verdier, membro da Resistência. Quando lhe perguntam sobre o heroísmo dos partisans, ele responde, simplesmente, que “os dois sentimentos mais frequentes da Resistência foram a tristeza e a piedade”. Ophuls remexe velhas feridas e mostra a falta de heroísmo de uma parcela muito grande de franceses, que se aliou aos ocupantes alemães.
Eis os 10 filmes mais raros e esperados no mercado de dvd. Mas vale citar filmes como Malcolm X por exemplo, recém lançado em DVD pela Versátil (em uma edição primorosa inclusive). O filme pode ser encontrado em blu ray facilmente no Mercado Livre; A trilogia Apu, lançada pela Obras Primas do Cinema, que já havia sido lançada numa cópia horrorosa numa Paragon da vida; Outro caso interessante é Cães raivosos, obra prima lançada pela Versátil, dirigida por Mario Bava, O filme se passa quase todo dentro de um carro, que é uma forma brilhante do diretor demonstrar total controle da produção, por trás dos descontrolados bandidos.O filme teve problemas sérios na época que foi lançado, pois o principal investidor morreu num acidente de carro, quebrando o produtor do filme. Com isto, esta obra prima de 1974 só foi lançada em 1998. O diretor faleceu em 1980 e nunca chegou a ver o resultado final do filme.
Início da década de 60. Um líder camponês, João Pedro Teixeira, é assassinado por ordem dos latifundiários do Nordeste. As filmagens de sua vida, interpretada pelos próprios camponeses, foram interrompidas pelo golpe militar de 1964. Dezessete anos depois, o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus dez filhos, espalhados pela onda de repressão que seguiu ao episódio do assassinato. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar.
Eduardo Coutinho iniciou as filmagens em 1964, mas elas foram interrompidas devido ao golpe militar ocorrido no mesmo ano no Brasil;- Vinte anos depois, foram reunidos os mesmos técnicos, locais e personagens reais para que o filme fosse retomado.- Eleito o quarto melhor filme nacional de todos os tempos segundo a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).
O Período
As Ligas Camponesas vinham sendo criadas desde meados dos anos 50 com o objetivo de conscientizar e mobilizar o trabalhador rural na defesa da reforma agrária. Durante o governo de João Goulart (1961-64), o número dessas associações cresceu muito e, junto com elas, também se multiplicavam os sindicatos rurais. Os camponeses, organizados nessas ligas ou em sindicatos ganharam mais força política para exigir melhores condições de vida e de trabalho.
A renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961, após apenas sete meses de governo, abriu uma grave crise política, já que seu vice, João Goulart, não era aceito pela UDN e pelos militares, que o acusavam de promover agitação social e de ser simpático ao comunismo. Assim como esses setores eram contrários à posse de Jango, existiam outros que defendiam o cumprimento da Constituição, como o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. O impasse foi resolvido com a adoção do regime parlamentarista de governo, aprovado pelo Congresso. Com esse regime, Jango era apenas chefe de Estado, sendo que o poder efetivo de decisão estava nas mãos de um primeiro-ministro escolhido pelos deputados e senadores.
Diante da crise econômica, o regime parlamentarista imposto pelos conservadores, se mostrava ineficiente, com a sucessão de vários primeiros-ministros, sem que a crise fosse atenuada. Esse cenário fortalecerá o restabelecimento do presidencialismo, conquistado através de um plebiscito em 6 de janeiro de 1963. Reassumindo a plenitude de seus poderes, Jango lançou as reformas de base apoiadas por grupos nacionalistas e de esquerda.. Elas incluíam a reforma agrária, a reforma do sistema bancário, a reforma tributária e a reforma eleitoral.
Muitos comícios foram organizados em apoio às reformas, destacando-se um comício-gigante realizado na Central do Brasil do Rio de Janeiro em 13 de março. A mobilização popular nos comícios assustava as elites que, articuladas com as forças armadas e apoiadas pelos setores mais conservadores da Igreja, desferiram um golpe de Estado em 31 de março de 1964.
No dia seguinte, o controle dos militares sobre o país era total e, no dia 4, Goulart se auto-exilou no Uruguai, sem impor qualquer resistência aos golpistas, temendo talvez o início de uma guerra civil no país.
Iniciava-se assim um dos períodos mais obscuros da história do Brasil, com 21 anos de ditadura militar que promoveu uma violenta onda de repressão sobre os movimentos de oposição, além de ter gerado uma maior concentração de renda, agravando a questão social, produzindo mais fome e miséria. Os "anos de chumbo" da ditadura ocorreram após o AI5 (Ato Institucional número 5), no final do governo Costa e Silva (1968), estendendo-se por todo governo Médici (1969-1974).
O Congresso nacional–socialista Alemão de 1934 é documentado de maneira impressionante pela cineasta Leni Riefenstahl. No início, um bimotor desce dos céus, Adolf Hiltler sai sorridente e é ovacionado pela multidão. Tudo é gigantesco: são paradas, desfiles monumentais e discursos para um público em total catarse. Um espetáculo cinematográfico hipnótico e terrificante que retrata com imagens fortes, toda a pompa (e a barbárie) do regime nazista.
Pedaços desse filme foram usado como propaganda dos Aliados, editada por Charles A. Ridley do Ministério Britânico da Informação, que casou as imagens com a música "The Lambeth Walk". A legião de soldados que marcham, assim como Hitler fazendo a saudação nazista, foram editados para parecer um bando de bonecas dançando conforme a música. O chefe de propaganda nazista Josef Goebbels assistiu a uma cópia da "brincadeira" dos Aliados e se sentiu extremamente ofendido, deixando sua sala entre gritos e chutes em cadeiras. O próprio Hitler disse que o filme era "a incomparável glorificação do poder e da beleza do nosso movimento".
Leni Riefenstahl dirigiu anteriormente um outro filme para a NSDAP intitulado Victory of the Faith, que tratava de um comício, mas todas as cópias conhecidas foram destruídas depois que Ernst Röhm, que aparece nesse filme, ficou sob suspeita de participar de um ato contra Hitler e foi executado. Todas as referências publicadas de Röhm foram destruídas por ordem de Hitler como uma tentativa de que ele fosse apagado da história.
Leni, que era cineasta oficial do partido Nazista, ao qual nunca se filiou, dispôs de grandes recursos para realizar este documentário e criar efeitos grandiosos. Ela dirigiu também Olimpíadas (Olympia), sobre os jogos Olímpicos de 36, em Berlim, cidade onde nasceu. Uma artista completa, Leni era bailarina, atriz e sabia dirigir, editar, produzir e escrever. Trabalhou com foto-jornalismo durante a Segunda Guerra Mundial e foi presa pelos aliados e acusada de fazer propaganda nazista. Desde 52, quando foi inocentada, tem colocado novamente seu grande talento e criatividade a serviço do jornalismo.
Início da década de 60. Um líder camponês, João Pedro Teixeira, é assassinado por ordem dos latifundiários do Nordeste. As filmagens de sua vida, interpretada pelos próprios camponeses, foram interrompidas pelo golpe militar de 1964. Dezessete anos depois, o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus dez filhos, espalhados pela onda de repressão que seguiu ao episódio do assassinato. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar.
Eduardo Coutinho iniciou as filmagens em 1964, mas elas foram interrompidas devido ao golpe militar ocorrido no mesmo ano no Brasil;- Vinte anos depois, foram reunidos os mesmos técnicos, locais e personagens reais para que o filme fosse retomado.- Eleito o quarto melhor filme nacional de todos os tempos segundo a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).
O Período
A renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961, após apenas sete meses de governo, abriu uma grave crise política, já que seu vice, João Goulart, não era aceito pela UDN e pelos militares, que o acusavam de promover agitação social e de ser simpático ao comunismo. Assim como esses setores eram contrários à posse de Jango, existiam outros que defendiam o cumprimento da Constituição, como o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. O impasse foi resolvido com a adoção do regime parlamentarista de governo, aprovado pelo Congresso. Com esse regime, Jango era apenas chefe de Estado, sendo que o poder efetivo de decisão estava nas mãos de um primeiro-ministro escolhido pelos deputados e senadores.
Diante da crise econômica, o regime parlamentarista imposto pelos conservadores, se mostrava ineficiente, com a sucessão de vários primeiros-ministros, sem que a crise fosse atenuada. Esse cenário fortalecerá o restabelecimento do presidencialismo, conquistado através de um plebiscito em 6 de janeiro de 1963. Reassumindo a plenitude de seus poderes, Jango lançou as reformas de base apoiadas por grupos nacionalistas e de esquerda.. Elas incluíam a reforma agrária, a reforma do sistema bancário, a reforma tributária e a reforma eleitoral.
Muitos comícios foram organizados em apoio às reformas, destacando-se um comício-gigante realizado na Central do Brasil do Rio de Janeiro em 13 de março. A mobilização popular nos comícios assustava as elites que, articuladas com as forças armadas e apoiadas pelos setores mais conservadores da Igreja, desferiram um golpe de Estado em 31 de março de 1964.
No dia seguinte, o controle dos militares sobre o país era total e, no dia 4, Goulart se auto-exilou no Uruguai, sem impor qualquer resistência aos golpistas, temendo talvez o início de uma guerra civil no país.
Iniciava-se assim um dos períodos mais obscuros da história do Brasil, com 21 anos de ditadura militar que promoveu uma violenta onda de repressão sobre os movimentos de oposição, além de ter gerado uma maior concentração de renda, agravando a questão social, produzindo mais fome e miséria. Os "anos de chumbo" da ditadura ocorreram após o AI5 (Ato Institucional número 5), no final do governo Costa e Silva (1968), estendendo-se por todo governo Médici (1969-1974).
O Congresso nacional–socialista Alemão de 1934 é documentado de maneira impressionante pela cineasta Leni Riefenstahl. No início, um bimotor desce dos céus, Adolf Hiltler sai sorridente e é ovacionado pela multidão. Tudo é gigantesco: são paradas, desfiles monumentais e discursos para um público em total catarse. Um espetáculo cinematográfico hipnótico e terrificante que retrata com imagens fortes, toda a pompa (e a barbárie) do regime nazista.
Pedaços desse filme foram usado como propaganda dos Aliados, editada por Charles A. Ridley do Ministério Britânico da Informação, que casou as imagens com a música "The Lambeth Walk". A legião de soldados que marcham, assim como Hitler fazendo a saudação nazista, foram editados para parecer um bando de bonecas dançando conforme a música. O chefe de propaganda nazista Josef Goebbels assistiu a uma cópia da "brincadeira" dos Aliados e se sentiu extremamente ofendido, deixando sua sala entre gritos e chutes em cadeiras. O próprio Hitler disse que o filme era "a incomparável glorificação do poder e da beleza do nosso movimento".
Leni Riefenstahl dirigiu anteriormente um outro filme para a NSDAP intitulado Victory of the Faith, que tratava de um comício, mas todas as cópias conhecidas foram destruídas depois que Ernst Röhm, que aparece nesse filme, ficou sob suspeita de participar de um ato contra Hitler e foi executado. Todas as referências publicadas de Röhm foram destruídas por ordem de Hitler como uma tentativa de que ele fosse apagado da história.
Leni, que era cineasta oficial do partido Nazista, ao qual nunca se filiou, dispôs de grandes recursos para realizar este documentário e criar efeitos grandiosos. Ela dirigiu também Olimpíadas (Olympia), sobre os jogos Olímpicos de 36, em Berlim, cidade onde nasceu. Uma artista completa, Leni era bailarina, atriz e sabia dirigir, editar, produzir e escrever. Trabalhou com foto-jornalismo durante a Segunda Guerra Mundial e foi presa pelos aliados e acusada de fazer propaganda nazista. Desde 52, quando foi inocentada, tem colocado novamente seu grande talento e criatividade a serviço do jornalismo.
O diretor Michael Moore investiga como os Estados Unidos se tornaram alvo de terroristas, a partir dos eventos ocorridos no atentado de 11 de setembro de 2001. Os paralelos entre as duas gerações da família Bush que já comandaram o país e ainda as relações entre o atual Presidente americano, George W. Bush, e Osama Bin Laden.
Michael Francis Moore, nascido em Flint, no dia 23 de abril de 1954, é um cineasta, documentarista e escritor estadunidense. Conhecido por seu apoio a postura socialdemocrata e sua crítica sobre as políticas do governo de George W. Bush. Aos dezoito anos foi nomeado diretor de sua escola, convertendo-se em um dos mais jovens funcionários públicos dos Estados Unidos. Aos vinte e dois anos fundou o "The Flint Voice", um dos diários alternativos mais respeitados do país, de que foi editor durante dez anos. Na metade dos anos oitenta foi produtor, diretor, autor e apresentador da série de televisão premiada com um Emmy, "TV Nation", exibido no Brasil pela tv a cabo GNT. Em 1989, Michael Moore dirigiu "Roger e Eu" (Roger & Me), um filme que fez história e que narrava sua aventura pessoal para entrar em contato com o presidente da General Motors, Roger Smith. O assunto seria sobre os habitantes da cidade de Flint, frente ao desemprego criado depois do encerramento de unidades fabris da General Motors. Nesse filme, já são patentes algumas das características que definiriam o seu modo de filmar determinadas realidades angustiantes com uma dose de humor corrosivo que lhe cria tanto admiradores incondicionais quanto inimigos declarados.
O diretor Michael Moore realizou uma entrevista com Nicholas Berg, que posteriormente foi sequestrado e morto por terroristas no Iraque. Em respeito à família de Berg, o diretor decidiu não incluir a entrevista em "Fahrenheit 11 de Setembro".Fahrenheit 9/11 se tornou o documentário mais visto da história do cinema. Após sua primeira exibição no Festival de Cannes, "Fahrenheit 11 de Setembro" recebeu uma sessão de aplausos que durou entre 15 e 25 minutos. Esta foi considerada a maior ovação já recebida por um filme em toda a história do festival. É o 2º documentário na história a ganhar o Festival de Cannes, sendo também o 1º americano a conseguir tal feito. O anterior foi "O Mundo do Silêncio" (Le Monde du Silence), de 1956.
O diretor Michael Moore fez questão que o filme chegasse aos cinemas americanos meses antes das eleições presidenciais, de forma a influenciar o eleitor a votar. O filme foi lançado nos Estados Unidos em 25 de junho. É o 1º documentário na história a ocupar a liderança do ranking de bilheterias nos cinemas americanos após seu primeiro fim de semana de exibição. É o documentário que esteve em cartaz em mais salas de cinema nos Estados Unidos em toda a história. Em sua semana de lançamento o filme esteve em cartaz em 868 salas, sendo que na 3ª semana já estava em exibição em 2011 salas. É, ao lado de "Tiros em Columbine", seus dois grandes legados como documentarista, sendo Fahrenheit o primeiro blockbuster no formato que além de reconhecimento de público, foi reconhecido pela crítica e premiações.
Documentário sobre os três dias do Festival de Woodstock, em agosto de 1969, que reuniu meio milhão de pessoas. Marco histórico do rock como fenômeno musical e social e momento de celebração da juventude da década de 1960, o evento contou com apresentações antológicas de Jimmy Hendrix, The Woo, Janis Joplin, Santana, Joe Cocker, entre outros.
Foi dirigido por Michael Wadleigh, e editado por Martin Scorsese e Thelma Schoonmaker, entre outros. Foi indicado ao Oscar de "Melhor Trilha-Sonora", "Melhor Edição" e "Melhor Documentário", vencendo este último. Em 1994 foi lançada a versão oficial do diretor, expandida para 225 minutos. Em 1996, a edição original foi selecionada para preservação no Registro Nacional de Filmes da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos por seu "significado cultural histórico ou estético". Michael Wadleigh tinha em mãos 120 horas de material bruto para a edição do filme.
Woodstock não estava sendo cotado como um grande festival. Seria, a princípio, um evento de rock como tantos outros que aconteciam pelos Estados Unidos. Só foi um mega festival porque o povo derrubou a cerca e fez de Woodstock um festival antológico.
A paz universal, o fim da Guerra do Vietnã, o amor livre, o fim do racismo e, claro, muitas drogas eram as principais bandeiras defendidas pelo público de Woodstock. Quem esteve por lá costuma dizer que quem se lembra de muitos detalhes é porque provavelmente não esteve ou pelo menos não aproveitou como deveria. O registro histórico, porém, foi garantido pelo cineasta Michael Wadleigh, que captou imagens do festival e as lançou no filme Woodstock, 3 dias de paz, amor e música, de 1970. Os três dias de paz e rock acabaram ficando marcados como um importante episódio da luta americana pelos direitos humanos, que começou ainda na década de 50 e teve seu apogeu em 1963, na Marcha sobre Washington de Martin Luther King.
O Festival
O Festival de Woodstock surgiu dos esforços de Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld. Roberts e Rosenman, que entrariam com as finanças, colocaram um anúncio sob o nome de Challenge International, Ltd., no New York Times e no Wall Street Journal ("Jovens com capital ilimitado buscam oportunidades de investimento legítimas e interessantes e propostas de negócios"). Lang e Kornfeld responderam o anúncio, e os quatro reuniram-se inicialmente para discutir a criação de um estúdio de gravação em Woodstock, mas a ideia evoluiu para um festival de música e artes ao ar livre.
Mesmo considerado um investimento arriscado, o projeto foi montado tendo em vista retorno financeiro. Os ingressos passaram a ser vendidos em lojas de disco e na área metropolitana de Nova York, ou via correio através de uma caixa postal. Custavam 18 dólares (aproximadamente 75 dólares em valores atuais), ou 24 dólares se adquiridos no dia. Aproximadamente 186.000 ingressos foram vendidos antecipadamente, e os organizadores estimaram um público de aproximadamente 200.000 pessoas. Não foi isso que aconteceu, no entanto. Mais de meio milhão de pessoas compareceram, derrubando cercas e tornando o festival um evento gratuito.
Este influxo repentino provocou congestionamentos imensos, bloqueando a Via Expressa do Estado de Nova York e eventualmente transformando Bethel em uma "área de calamidade pública". As instalações do festival não foram equipadas para providenciar saneamento ou primeiros-socorros para tal multidão, e centenas de pessoas se viram tendo que lutar contra mau tempo, racionamento de comida e condições mínimas de higiene.
Embora o festival tenha sido reconhecidamente pacífico, dado o número de pessoas e as condições envolvidas, houve duas fatalidades registradas: a primeira resultado de uma provável overdose de heroína, e a outra após um atropelamento de trator. Houve também dois partos registrados (um dentro de um carro preso no congestionamento e outro em um helicóptero), e quatro abortos. Ainda assim, em sintonia com as esperanças idealísticas dos anos 60, Woodstock satisfez a maioria das pessoas que compareceram. Mesmo contando com uma qualidade musical excepcional, o destaque do festival foi mesmo o retrato comportamental exibido pela harmonia social e a atitude de seu imenso público.
Noite e Neblina, de Alain Resnais (Hiroshima Meu Amor), é um dos mais importantes documentários da história do cinema mundial. Realizado em 1955, a partir de um convite feito ao cineasta pelo Comitê da História da Segunda Guerra Mundial, o filme tinha como objetivo comemorar o segundo aniversário da libertação dos campos de concentração.
Ele aceitou dirigir o filme apenas quando o escritor francês Jean Cayrol passou a colaborar para o projeto. Resnais pensava que apenas alguém com a experiência de ter passado por um campo de concentração poderia dar conta de semelhante trabalho, e Cayrol foi um sobrevivente do campo de Mauthausen. Cayrol participou da resistência francesa no período de ocupação nazista na França, foi preso e mandado a Mauthausen. Ele escreveu sobre sua experiência no campo, no ano de 1946, em um livro chamado Poèmes de la nuit et brouillard, título que viria a inspirar o nome do filme. Jean Cayrol foi o responsável pelo texto de Noite e Neblina.
Mesclando imagens coloridas dos campos abandonados e filmes de arquivos, Alain Resnais nos dá, segundo François Truffaut, "uma lição de história, inegavelmente cruel, mas merecida". As coloridas representariam o presente, em que a câmera encontra diferentes campos de concentração (que não são identificados) dez anos após o Holocausto. Elas contrastam com as imagens em preto e branco, que consistem em fotos e filmes, retirados de arquivos, relativos ao período em que o horror nazista estava sendo perpetrado.
Uma vez pronto, houve grande dificuldade de fazê-lo passar pela censura francesa. Os censores haviam implicado com imagens que mostram policiais franceses que trabalhavam em um campo na França administrada pelo governo Vichy, que servia de local intermediário para pessoas que foram deportadas para os campos de extermínio. Eles não queriam que fosse mostrado o lado colaboracionista da França durante a Segunda Guerra Mundial. Resnais recusou-se a cortar as imagens e, quando recebeu a ameaça de que tirariam os últimos dez minutos de seu filme, aceitou cobrir os chapéus dos policiais, de modo que eles não fossem identificados como franceses. Outra polêmica aconteceu no Festival de Cannes, para o qual o filme foi selecionado. Oficiais da embaixada alemã ocidental na França exigiam que o filme fosse retirado da seleção de filmes do festival. Apesar de protestos, Noite e Neblina foi substituído na última hora por outro documentário. Após muita discussão, o filme foi exibido fora da competição. Obra prima.