A ILHA DO DR. MOREAU (1996) - FILM REVIEW
Muitos dizem que o melhor da festa é esperar por ela. Podemos fazer uma analogia direta com "A ilha do Dr. Moreau", onde as melhores histórias acontecem antes do filme chegar às salas de cinema.
O filme é baseado na obra de Herbert George Wells, mais conhecido como H. G. Wells, nascido em um distrito da grande Londres, a 21 de Setembro de 1866. Wells tornou-se conhecido por seus “romances de ficção”, sempre com cunho político e que antecipavam inúmeras situações vividas pela sociedade posteriormente (alguns, ainda nem atingimos várias das inovações previstas!!!). E mesmo que sua literatura fale de tempos, lugares, e até mesmo formas de vida diferentes, sempre traçou paralelos com a sociedade em que vivia. Escreveu sobre luta de classes, questionou a ética da ciência, e anteviu bombardeios.
Em seus romances que não possuíam cunho científico, menos conhecidos pelo grande público faziam críticas sociais ainda mais consistentes. Os costumes, dilemas e a ruína da baixa burguesia vitoriana, por exemplo, estiveram em várias de suas obras. Chegou a escrever, até mesmo, sobre os direitos das mulheres. Suas narrativas abordavam, com fascínio e desconfiança, a aplicação de tecnologias, sejam elas do futuro real ou ficcional. Alguns estudiosos atribuem a qualidade científica de suas ficções aos oito anos em que foi professor de ciências e zoologia. Sua carreira de escritor teve início com artigos científicos, que na realidade não alcançaram tanta repercussão.
A Ilha do Dr. Moreau foi lançado em 1896. O enredo fala de um médico que cria criaturas monstruosas em uma ilha tropical. Moreau é um cientista obcecado pela ideia de transformar animais em homens através de cirurgias e hipnose. A chamada vivissecção é o crime de que Moreau é acusado ao fazer suas experiências dolorosas em animais. Isto o leva a se refugiar na ilha onde desenvolve suas ideias. Há, nesta obra, toda uma discussão sobre religião, ética científica e evolução.
E as adaptações para o cinema ou TV, seguem o mesmo enredo, de forma geral. Nunca houve uma inesquecível versão da história, mas esta, de longe, foi a mais problemática. Richard Stanley, o diretor, estava no projeto de sua vida. Depois de filmes independentes, realizando o inesquecível Hardware - o destruidor do futuro, até hoje seu melhor filme, ele voou mais alto que podia e seu jato caiu antes da decolagem, Vamos agora entender o porquê.
Mas, resumindo: a história envolve um bruxo, um ator arrogante (que nunca foi bom no ofício, mas acharam que era), um ator que seu ego era maior que planeta, um furacão e muita, muitaaa discórdia. E neste meio, o coitado do Richard Stanley, que viveu seu "Apocalipse de um cineasta". Richard Stanley passou quatro anos desenvolvendo o projeto, apenas para ser demitido após poucos dias. Ele foi vendo seu filme ruir, dia após dia. Seu super elenco trazia Bruce Willis, Marlon Brando e James Woods. Aos poucos, seu sonho virou pesadelo.
Bruce Willis iniciou o processo de separação de Demi Moore. Foi casado por 13 anos com quem teve três filhas: Rumer, Scout e Tallulah. Para termos uma ideia, o público ficou sabendo da separação somente em 1998 e ela se deu oficialmente em 2000. Este evento frustrou os planos de estar em Ilha do Dr. Moreau. Stanley procurou Skip, um bruxo, para abrir seus caminhos espirituais para a produção. Stanley era muito místico.
Logo depois, durante um experimento, Skip se infectou severamente, causando enfraquecimento dos ossos. Numa manhã ele deslocou o quadril e perna. No hospital, quando operado, pegou “Fascite Necrosante”. Esta doença de bactérias devoradoras de carne ocorre quando bactérias entram no corpo por uma ruptura na pele. Pessoas com sistema imunológico debilitado podem ter maior risco de desenvolver essa condição.
Neste tempo, todos os trabalhos de Skip se desfizeram, como se os feitiços dependessem do seu bem estar. A vida de Stanley virou um caos. Um furacão atingiu as filmagens destruindo os sets. A produtora Claire Rudnick Polstein foi picada por uma aranha. Stanley ligou para sua mãe na Irlanda, e no momento, um raio caiu na sua casa. Ele era assombrado por pesadelos extremamente reais. Kilmer estava num momento de ápice da carreira, com Batman eternamente, que foi seu auge da arrogância. Ele não gostava de nenhuma cena que lia, e o tempo todo era caras e bocas nos sets.
Marlon era o homem problema em pessoa. Além disto, Cheyenne Brando havia se suicidado pouco antes, em 16 de abril de 1995. Isto sem contar que Drollet, o marido de Cheyenne, foi morto a tiros em 16 de maio de 1990 pelo meio-irmão de Cheyenne, Christian, filho de Brando com a atriz Anna Kashfi. O trágico episódio aconteceu na casa do astro. Marlon fez do Dr. Moreau seu novo Kurtz. Seu personagem é semelhante em muitos aspectos. Além disto, seu "imediato" seria o ator Marco Hofschneider, porém Brando escolheu no meio das cenas, que seria o pequenino Nelson de la Rosa. E assim foi (e nasceu a paródia Mini me, do Austin Powers). Infelizmente, tanto Nelson quanto Verne Troyer faleceram anos depois. Verne partiu pelas próprias mãos aos 49 anos. Já Nelson, que foi até no programa do Gugu, se foi aos 38.
Brando usava um pequeno receptor de rádio para ajudá-lo a se lembrar de suas falas. Val Kilmer descreveu a filmagem como "loucas". No dia em que a produção começou, o governo francês detonou uma bomba atômica subaquática perto do Taiti, onde Brando possuía um atol. Kilmer ligou a TV e soube que estava se divorciando da atriz Joanne Whalley, com quem tinha dois filhos.. Num festival de conflitos, Kilmer tinha mais nome que Stanley e suas reclamações chegaram aos superiores. Suas preocupações (infundadas) sobre a direção do filme, fizeram os produtores colocarem a cabeça de Richard numa bandeja, e deram o recado, digamos, por fax.
Richard Stanley recebeu seu salário integral, desde que ele deixasse a produção em silêncio e não falasse sobre sua demissão, então seu desaparecimento causou consternação na New Line, que temia que ele tentasse sabotar as filmagens. E talvez isto tenha motivado ele a fazer justamente o contrário. Ele voltou como um buldogue, que ficava no meio dos outros animais. O que despertou a curiosidade do produtor foi que nas pausas, ele era o único que não tirava a máscara. Mas ninguém desconfiou que era Richard Stanley, que estava ali apenas para acompanhar a criação de seu projeto dos sonhos. Ele não se desmascarou até a festa de encerramento.
Sua remoção também previsivelmente enviou ondas de choque através do elenco e da equipe. Uma indignada Fairuza Balk saiu do set após uma troca acalorada com os executivos da New Line e, segundo informações, um assistente de produção a levou de Cairns a Sydney, uma distância de cerca de 2500 km, em uma limusine alugada. No entanto, por sua própria conta, o agente de Balk a alertou em termos contundentes de que o estúdio a arruinaria e que ela nunca mais trabalharia em filmes se rompesse o contrato, então logo foi forçada a voltar ao set.
Quando Val Kilmer encontrou Stanley durante a festa, ele pediu desculpas por custar ao diretor seu trabalho. Marlon Brando mais tarde se ofereceu para compensar Stanley, que não ele não aceitou. Richard resolveu se tornar um montanhês e talvez, jamais dirigir novamente. Ele só saiu de sua casinha em 2019, com A Cor que caiu do espaço, uma obra que nasceu cult, com Nicolas Cage. John Frankenheimer, que foi contratado para substitui-lo.
O genial diretor chegou dizendo que estava ali para contribuir para que o trabalho fosse concluído, mas sua personalidade forte trouxe mais problemas para o elenco. Observem como os problemáticos Kilmer e Brando saem de cena meio que do nada. Val frustrou tanto o diretor Frankenheimer que, depois de filmar a última cena do astro, ele disse: "Corta! Agora tire esse bastardo do meu set".
Ron Perlman aceitou seu papel para poder estrelar com seu ídolo Marlon Brando. Ele estava programado para filmar por três semanas e acabou ficando por quatro meses e meio, porque várias falas originais de Val Kilmer foram dadas ao seu personagem. Quando John Frankenheimer exigiu mais extras, alguns hippies desabrigados que moravam na floresta próxima foram trazidos.
Os atores que interpretavam as criações de Moreau passavam horas em maquiagem, apenas para descobrir que não eram necessários. Em um ponto, as filmagens de um dia foram canceladas quando Marlon Brando e Val Kilmer simplesmente se recusaram a sair do trailer. O nível da produção chegou num ponto em que Val Kilmer, durante a cena sendo filmada, queimou o cabelo de um personagem com seu cigarro.
Devido aos muitos problemas com a produção e às evidentes tentativas contínuas de Marlon Brando e Val Kilmer em sabotá-la, a filmagem do local acabou se estendendo de seis semanas para quase seis meses, e a atmosfera na produção se tornou quase um espelho do enredo do filme, com o elenco e a equipe de sofredores cada vez mais alienados e hostis além de suas estrelas megalomaníacas e seu diretor tirânico.
John Frankenheimer designou seu frequente colaborador da HBO, Ron Hutchinson, para reescrever o filme, o que deixou todo mundo no escuro sobre o que eles estariam fazendo a seguir. As páginas foram entregues apenas alguns dias antes de serem filmadas e o ritmo alucinante que Hutchinson manteve não era de igual qualidade. David Thewlis disse: " Recebíamos páginas e páginas todos os dias. Todos nós tínhamos ideias diferentes de onde deveria ir. Acabei improvisando algumas das cenas principais com Marlon".
Este foi o terceiro filme que John Frankenheimer assumiu depois que o primeiro diretor foi demitido. Os outros foram O Homem de Alcatraz (1962) e O Trem (1964). Os dois filmes estrelaram Burt Lancaster, que desempenhou o papel-título em A Ilha do Dr. Moreau (1977). Val Kilmer foi originalmente escolhido como o protagonista do filme, mas queria que seu compromisso com o projeto fosse reduzido depois de receber os papéis de divórcio de sua então esposa Joanne Whalley .
Isso o levou a trocar de papéis com Rob Morrow, originalmente escalado como Montgomery, o assistente do médico. Morrow deixou o filme depois que o diretor Richard Stanley foi demitido, levando David Thewlis a ser escolhido. Quando David Thewlis chegou, Marlon Brando disse-lhe: "Vá para casa, David. Este não é um bom filme para se trabalhar. Está amaldiçoado".
Rob Morrow passou alguns dias no set para filmar suas cenas como Edward Douglas, mas ficou descontente com a produção e sua crescente falta de direção. Querendo voltar para casa em Los Angeles para sua família, Morrow ligou para o presidente da New Line Cinema, Bob Shaye, e pediu para ser libertado do papel, que Shaye honrou. Assim como Morrow, Barbara Steele estava originalmente em negociações para interpretar a Sra. Moreau. Sua parte foi descartada durante a reescrita da produção por John Frankenheimer e sua equipe.
Richard Stanley afirmou que a única boa filmagem foi filmada quando, durante seu tempo como diretor, foi feita a partir de um helicóptero. No entanto, outros eventos levaram a problemas de continuidade, o que tornou essa filmagem inutilizável. O roteiro original de Richard Stanley era muito mais sombrio, sexy e violento. O final, onde os animais dominam a ilha, foi muito mais apocalíptico e deprimente.
Uma pena na época não existiam petições on-line para sair o Director's cut. Somos obrigados a encararam um Liga da justiça: Snyder Cut, mas nunca teremos a oportunidade de ver um Stanley Cut. De qualquer forma, Richard Stanley não era Francis Ford Coppola e ele não conseguiria mesmo fazer de um limão uma limonada, como Francis fez em Apocalipse now. Não por falta de talento. Mas por ser 20 anos menos de ego inflado do grande Marlon Brando.
One Movies/Dark Flix lançou mais um box incrível com 3 versões da história clássica "A ilha do Dr. Moreau", além do documentário sobre a trajetória conturbada do diretor Richard Stanley em uma das produções. Ele pode adquirido no link acima e nas melhores lojas.
⇰ Informações técnicas da edição:
➤THE ISLAND OF DR. MOREAU © 1996 NEW LINE CINEMA
AUDIO ORIGINAL: Inglês 2.0 Dolby Digital Estéreo
LEGENDA: Português/Inglês
DIRETOR: Erle C Kenton
BRINDE: Card Colecionável
FORMATO DE TELA: 1.33:1
(DVD) Coleção A ilha do Dr. Moreau
A ILHA DO DR. MOREAU (The Island of Dr. Moreau)
A ILHA DO DR. MOREAU (The Island of Dr. Moreau)
A ILHA DAS ALMAS SELVAGENS (Island of Lost Souls)
LOST SOUL – THE DOOMED JOURNEY OF RICHARD STANLEY´S ISLAND OF DR. MOREAU (Lost Soul: The Doomed Journey of Richard Stanley´s Island of Dr. Moreau)
A ILHA DO DR. MOREAU (The Island of Dr. Moreau)
A ILHA DAS ALMAS SELVAGENS (Island of Lost Souls)
LOST SOUL – THE DOOMED JOURNEY OF RICHARD STANLEY´S ISLAND OF DR. MOREAU (Lost Soul: The Doomed Journey of Richard Stanley´s Island of Dr. Moreau)
Veja abaixo detalhes da linda edição.
⇰ Informações técnicas da edição:
➤ISLAND OF LOST SOULS © 1932 PARAMOUNT PICTURES
AUDIO ORIGINAL: Inglês 5.1 Dolby Digital Surround e 2.0 Dolby Digital Estéreo
LEGENDA: Português/Inglês
DIRETOR: Don Taylor
BRINDE: Card Colecionável
FORMATO DE TELA: 1.85:1
AUDIO ORIGINAL: Inglês 5.1 Dolby Digital Surround e 2.0 Dolby Digital Estéreo
LEGENDA: Português/Inglês
DIRETOR: Don Taylor
BRINDE: Card Colecionável
FORMATO DE TELA: 1.85:1
➤THE ISLAND OF DR. MOREAU © 1996 NEW LINE CINEMA
AUDIO ORIGINAL: Inglês 2.0 Dolby Digital Estéreo
LEGENDA: Português/Inglês
DIRETOR: Erle C Kenton
BRINDE: Card Colecionável
FORMATO DE TELA: 1.33:1
➤THE ISLAND OF DR. MOREAU © 1977 MGM STUDIOS
AUDIO ORIGINAL: Áudio Inglês 5.1 Dolby Digital Surround/2.0 Dolby Digital Estéreo
LEGENDA: Português/Inglês
DIRETOR: John Frankenheimer
BRINDE: Card Colecionável
FORMATO DE TELA: 2.35:1
AUDIO ORIGINAL: Áudio Inglês 5.1 Dolby Digital Surround/2.0 Dolby Digital Estéreo
LEGENDA: Português/Inglês
DIRETOR: John Frankenheimer
BRINDE: Card Colecionável
FORMATO DE TELA: 2.35:1