TRÊS DIAS DE VIDA (1944) - FILM REVIEW
"Salvo pelo gongo", deveria ser o nome deste ótimo filme estrelado por Errol Flynn. Após ser capturado, Jean Picard (Flynn) e condenado à guilhotina, porém um ataque surpreende a todos e o salva de ter a cabeça num cesto. Enquanto isso, os nazistas capturaram 100 reféns franceses, e ameaçam executá-los; e assim, forçar o sabotador da resistência a se entregar. Picard finge ser o sabotador para salvar a vida de inocentes, e a sua própria.
O filme é mais um veículo bem dirigido de Walsh, mostrando o charme arrebatador de Flynn além do seu talento, claro. O ator transborda na tela o que era na vida pessoal. "Pegador", Flynn teve três casamentos, muitas namoradas famosas e quatro filhos. Foi acusado de estupro em 1942, e foi levado a julgamento, sem ter sido condenado por isso, o que abalou sua popularidade. Não suportou a pressão e sucumbiu ao alcoolismo, falecendo aos 50 anos vítima de ataque cardíaco, o que o poupou de saber da morte do filho Sean Flynn durante a guerra do Vietnã. Aliás, "Missing in action" como diria o título original do filme Braddock, já que Sean foi dado como "desaparecido em ação".
No mesmo ano da acusação, Flynn assinou o contrato com a Warner para quatro filmes por ano, um dos quais ele também iria produzir. "Três dias de vida" foi o primeiro filme produzido sob este novo contrato, que lhe permitiu ter escolher qual produção estrelaria, bem como diretor e elenco, além de uma parte dos lucros. Ele formou sua própria empresa, Thomson Productions (seu nome completo era Errol Leslie Thomson Flynn), para fazer o filme além de ter a intenção de fazer uma série de filmes com o diretor Raoul Walsh.
Flynn tentou se alistar em todos os ramos das forças armadas que pôde, mas foi rejeitado como impróprio para o serviço devido à sua saúde. Flynn tinha problemas cardíacos, tuberculose, malária e problemas nas costas. Desta forma, ele sentiu que poderia contribuir para o esforço de guerra aparecendo em filmes como Revolta! (1943), Perseguidos (1943), Demônios do Céu (1941), Um Punhado de Bravos (1945) e Três Dias de Vida (1944). Ele estava realmente comprometido com o assunto.
As filmagens começaram em meados de 1943. Durante as filmagens, o estúdio adiantou o lançamento de "Passagem Para Marselha" para dois meses antes porque eles têm temáticas parecidas. Com direção de Michael Curtiz, outro grande operário da época, e com um elenco de estrelas como Claude Rains, Humphrey Bogart e Peter Lorre (não, não é Casablanca!!!), a obra também foi lançada no Brasil pela Classicline e pode ser comprada nos sites que ainda há estoque disponível ou mesmo no Mercado Livre. Na história, que ocorre, claro, durante a Segunda Guerra Mundial, um navio francês encontra cinco homens num pequeno barco. Eles dizem ao comandante que são condenados que fugiram da prisão na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, para lutar na guerra.
Há um momento na vida de um homem em que ele pode encontrar algo maior do que ele e estar pronto para morra por isso.
"Três dias de vida" guarda ainda uma curiosidade a "sete chaves". É dito, sem provas, que o escritor da história original teve uma atitude picareta e vendeu os direitos para dois estúdios diferentes, a Universal e a Warner. Ek 1944 foi lançado "O impostor", dirigido por Julien Duvivier e com Jean Gabin. Pasme com a história: Clement (Gabin), um assassino condenado é "salvo" literalmente a minutos da guilhotina, quando os nazistas bombardeiam a prisão francesa que o detém. Durante sua fuga, ele rouba o uniforme e os documentos de identificação de um soldado francês morto. Ele então se esconde da lei juntando-se às Forças Francesas. A nova identidade e propósito de vida de Clement o inspiram a tentar uma boa ação. Quem assistiu ao filme de Flynn, perceberá que são idênticos.
Ele era francês.
Flynn estava num momento em que seus papéis eram muito parecidos. Elementos como piadinhas, espada e um cavalo eram recorrentes em suas produções. O público, e ele mesmo, queria ver algo diferente, e como estava em plena Segunda Guerra Mundial, estes filmes "propaganda" foram a mudança que julgou ideal.
O título do filme, retirado das falas de Shakespeare em "Os dois Cavalheiros de Verona": "Oh, como esta primavera de amor se parece. A glória incerta de um dia de abril. Que agora mostra toda a beleza do Sol. E aos poucos uma nuvem leva embora", indicava o tom melancólico e romântico da trama. Como dito acima, Flynn precisava de ares novos para tirá-lo do olho do furacão em sua vida pessoal e este engajamento cinematográfico foi o caminho escolhido. Ele procurou se estabelecer como uma presença mais madura na tela. Nas próprias imagens de divulgação o mostram com uma aparência abatida, cansada e desiludida (veja a capa do filme abaixo).
Como o próprio nome do filme diz, na vida, a glória é incerta e Flynn buscava a todo custo se redimir dos seus pecados, tanto para o público quanto para ele mesmo. Infelizmente, neste ponto, ele falhou.
A Classicline lançou esta obra interessante para colecionadores e curiosos, que pode ser comprada diretamente no site da própria empresa, com ótimos descontos no frete e promoções absurdas para ficarem tentados a levarem vários filmes. Não deixem de conferir. Só clicar na imagem acima e aproveitar...
Informações da edição:
Título Original: Uncertain Glory
Ano de Produção: 1944
Audio: 1.0 E 2.0 Dolby Digital
Classificação Indicativa: 16 Anos
Cor: P&B
Elenco: Errol Flynn - Paul Lukas - Lucile Watson - Faye Emerson - James Flavin - Douglass Dumbril
Direção: Raoul Walsh
Roteiro: Max Brand - László Vadna
Produtor: Robert Buckner
Direção de Arte: Robert Haas
Fotografia : Sidney Hicko
Duração: 102 min.
Extras: Trailer, galeria de Fotos e cartazes originais
Formato de tela: Fullscreen
Midia; DVD
Gênero: Drama
Idioma: Francês, Inglês
Legendas: Espanhol, Português
País: Estados Unidos
Qtd Discos: 1