O VOO DA FÊNIX (1965) - FILM REVIEW
Voo da Fênix é um daqueles filmes que mereciam mais atenção. Bem feito, com um diretor bastante reconhecido, indicações ao Oscar, um elenco estelar ( Richard Attenborough, Peter Finch, Hardy Krüger, Ernest Borgnine,Ian Bannen, Ronald Fraser, Christian Marquand, Dan Duryea e George Kennedy) e uma história que há muito a dizer. Mas ele não figura nas listas de filmes mais lembrados. Mesmo tendo um (ótimo) remake.
Na história, bem no meio do deserto do Saara, um avião de carga cai. O piloto Frank Towns (James Stewart) e o navegador Lew Moran (Richard Attenborough) tentam fazer o possível para manter a ordem entre os sobreviventes, homens ligados a indústria petrolífera que não sabem sobreviver no deserto.
Alguns se mostram ineptos ou covardes, apesar de se esperar deles alguma determinação, enquanto outros, que se esperava pouco, demonstram uma força interior, principalmente Standish (Dan Dureya). No entanto o destino de fortes e fracos está nas mãos de Heinrich Dorfmann (Hardy Krüger), que disse ser um projetista de aviões e planeja usar os destroços do avião para fazer outro.
Tempestade no deserto
As filmagens foram realizadas entre 26 de abril e 13 de agosto de 1965. E como pode imaginar, algo colocou uma sombra sob o filme para que ele não fosse tão lembrado. Talvez tenha sido a morte do piloto acrobático Paul Mantz durante as filmagens.
Ele era um famoso piloto de corrida, dublê de filmes e colecionador de aviões de guerra, co-proprietário da Tallmantz Aviation. Paul fez o filme substituindo seu parceiro Frank Tallman, que machucou a perna. Na manhã do dia 8 de julho, Mantz pilotava o Tallmantz Phoenix P-1 , a máquina que era "feita dos destroços", realizando pousos para as filmagens, quando a fuselagem se dobrou. O modelo do filme se partiu e girou bruscamente, matando Mantz e ferindo gravemente o dublê Bobby Rose. Uma breve filmagem do acidente que matou Paul Mantz é mostrada perto do final do documentário Cinerama Adventure (2002).
O filme também contou com outros problemas, como o relativo fracasso de bilheteria num ano cercado de "tubarões" como Noviça rebelde e Doutor Jivago. A produção tinha um elenco de personalidades (incluindo cinco vencedores do Oscar: James Stewart, Ernest Borgnine, Peter Finch, George Kennedy e ichard Attenborough) por vezes complicadas em suas vidas pessoais (Hardy Krüger, por exemplo, recusou a indicação ao Globo de Ouro por este filme.
De acordo com o diretor Robert Aldrich, o elenco saiu à noite em Yuma, Arizona, onde ficavam os sets de filmagem, dirigindo e causando confusão. Eles costumavam dirigir pela cidade com manequins (usados durante a cena do acidente) e jogá-los fora enquanto o carro estava em movimento, para que os cidadãos do local pensassem que eram pessoas reais.
Jimmy Stewart era o "estranho no ninho", desconfiado dos atores europeus, mas logo entrou na diversão, pegando uma metralhadora e fazendo "cenas" ao estilo dos filmes de gangster, atirando nos manequins. A polícia os deteve, mas quando descobriram que era Jimmy Stewart, eles os deixaram ir. Também foi um trabalho inútil de Aldrich e Stewart de tentarem manter Peter Finch sóbrio.
Voo da Fênix
No início do filme (antes dos créditos), quando o avião ainda está no ar, o Capitão Towns (Jimmy Stewart) fala sobre 'os velhos tempos de voar', quando o piloto ficava feliz apenas em chegar ao seu destino e como estava quase voando pelo assento de suas calças. Jimmy Stewart interpretou Charles Lindberg em "A Águia solitária", que seguia justamente esta linha (incomum) na história dos filmes deste subgênero.
O produtor e diretor Robert Aldrich queria que Barrie Chase fizesse sua dança exótica de topless em uma sequência de sonho, mas ela recusou. Chase era dançarina e começou na dança formal já aos 3 anos de idade. A sensualidade da dançarina e atriz explorava apenas os movimentos usando, pelo menos, biquínis ou maiôs.
O filho do diretor Robert Aldrich, William, e o genro, Peter Bravos, são as duas primeiras vítimas deste filme, mortas pela queda. Apesar destes dois "desconhecidos", o grande elenco fez vários trabalhos juntos. Richard Attenborough (Lew Moran) dirigiu Hardy Krüger (Heinrich Dorfmann) em “Uma ponte longe demais (1977)”. Ele também dirigiu Ian Bannen (Crow) em Gandhi (1982).
Este foi o quarto e último filme em que James Stewart e Dan Duryea apareceram juntos, seguindo "Winchester '73", "Borrasca" e "Passagem da noite". Hardy Krüger e Peter Finch apareceram em A Tenda Vermelha (1969), um filme semelhante sobre uma aeronave que pousa no Ártico, desta vez co-estrelada por Sean Connery .
Mas entre coincidências, tragédias, elenco de estrelas, deserto e um avião que era literalmente, uma fênix, pois foi literalmente reconstruído, o fato é que o filme, apesar de excelente, se tornou cult somente décadas depois. Não é o que ele merecia, mas pelo menos, o reconhecimento veio com o tempo.
Obra prima.