MONSTROS DA CIDADE SUBMARINA (1965) - FILM REVIEW
Engenheiro encontra o corpo do advogado de uma amiga na praia e vai até à casa dela para avisá-la do óbito. A moça desaparece misteriosamente e este, com a ajuda de um pintor, parte em busca dela, por meio de uma passagem secreta na casa, que os leva a um mundo submarino habitado por criaturas metade humana, metade peixe e com um homem louco que as governa.
O filme é uma adaptação de um poema de Edgar Allan Poe, que veio ao mundo com a intenção de lucrar com o ciclo de filmes (de horror) baseados em obras de Poe dos anos 1960. O ator Vincent Price esteve ligado a vários projetos (como Ataúde do morto vivo, Orgia da morte, Túmulo sinistro, Muralhas do pavor, O poço e o pêndulo, Corvo e O solar maldito).
Apesar da associação ao horror por conta dos nomes Poe e Price nos créditos, o filme foi feito no estilo e tradição da adaptação de Júlio Verne, filmada pela Disney, de 20.000 Léguas Submarinas (1954). "Monstros da cidade submarina" praticamente repete a fórmula dos filmes de Verne. Até o personagem de Vincent Price é uma cópia do Capitão Nemo. Price havia estrelado anteriormente Robur, o Conquistador do Mundo (1961), outra adaptação de Verne.
Grande diretor do cinema, Jacques Tourneur passeou por diversos gêneros, como filme de horror psicológico ou sobrenatural, filme Noir, western, aventura, drama, se especializou em filmes de baixo orçamento. Ficou muito conhecido à partir das realizações com Val Lewton, tornando-o cultuado e assim, cada vez mais grandes atores queriam trabalhar com Lewton. Monstros da Cidade Submarina foi seu último trabalho.
O filme foi feito e lançado cerca de 120 anos após o poema original de Edgar Allan Poe, The City in the Sea ("A Cidade do Mar"). A versão final foi publicada em 1845, mas uma versão anterior foi publicada como "The Doomed City" ("A Cidade Condenada") em 1831 e, posteriormente, como "The City of Sin" ("A Cidade do Pecado").
Atragon (Kaitei gunkan, 1963) é um filme japonês dirigido por Ishirô Honda, que mostra descendentes de uma civilização a muito tempo desaparecida que armam um plano para invadir a superfície, incluindo o roubo de um moderníssimo submarino, para reclamar suas colônias perdidas. Em "Monstros da cidade submarina", a destruição da cidade subaquática utilizou imagens de arquivo deste filme.
Caso você se confunda com o título do filme em inglês, mais notados nos pôsteres, não se culpe. Este filme tem vários nomes diferentes: "City in the Sea", "The City Under the Sea" e "War-Gods of the Deep". E parece piada, mas na Itália, o filme recebeu o nome de 20.000 Léguas sob a Terra, uma clara junção de títulos de obras de Verne. Considerando a curiosidade anterior, ou o tradutor foi irônico ou foi picareta mesmo.
No tocante a roteiro e produção, houve uma divergência grande entre os produtores Daniel Haller (de Robur, o Conquistador do Mundo, lançado em 1961) e George Willoughby (de Orgia da morte, lançado em 1964). George deixou a produção depois que o roteiro foi reescrito Louis M. Heyward, acrescentando humor ao trabalho já pronto de Charles Bennett e aprovado por George. A atriz Susan Hart (Jill Tregillis) afirmou que o roteiro significativamente reescrito.
Monstros da Cidade Submarina, no final das contas, é um filme que vale a pena por diversos motivos: do diretor ao elenco, passando pela obra em que se baseia, além da associação clara a produções da época, como Viagem ao fundo do mar, Viagem fantástica e outras citadas acima. Não é uma obra prima, mas um clássico que merece revisão.