LANA TURNER E O ASSASSINATO DE UM GÂNGSTER
O filme Poderoso chefão imortalizou o glamour de ser um mafioso. Já a série Família Soprano mostrou o outro lado, onde mafiosos que te fazem raiva 3 temporadas, morrem por conta de uma simples discussão caseira ou até mesmo um tombo. A cereja do bolo veio com O irlandês, que desmistifica completamente aquele universo.
Para quem ama cinema, não importa muito qual filme seja mais real, desde que seja bom. Mas na vida real, a história do mafioso Johnny Stompanato terminou como seria num episódio da Família Soprano: morto por uma garotinha de 14 anos.
O final da história, todo mundo conhece: em meados da década de 1950, ele começou um relacionamento abusivo com a atriz Lana Turner. Em 1958, ele foi morto a facadas pela filha de Turner, Cheryl Crane, que disse ter feito isso para defender sua mãe de uma surra de Stompanato. Sua morte foi considerada homicídio justificável porque ele foi morto em legítima defesa.
Afinal, quem era John Stompanato?
Ele nasceu de uma família ítalo-americana em Woodstock, Illinois. Seu pai, dono de uma barbearia e sua mãe, costureira. Nascidos na Itália se casaram nos EUA. O futuro gângster era o caçula de quatro filhos. Seis dias após seu nascimento, sua mãe morreu de peritonite. Anos mais tarde, seu pai o mandou para a Escola Militar e de lá, teve passagens pela guerra depois que se juntou à 1ª Divisão de Fuzileiros Navais.
Stompanato conheceu sua primeira esposa, Sara Utush, uma mulher turca, enquanto trabalhava em Tianjin, China. Eles se casaram em maio de 1946. Utush era uma estilista que havia morado em Pequim. Ele se converteu ao islamismo para se casar com ela. Eles voltaram para sua cidade nos EUA, onde tiveram seu primeiro filho, John Stompanato III, que nasceu em setembro de 1947.
Mas o que parecia ser uma bela história de sacrifícios por um amor, terminou no divórcio. Mudou-se para Hollywood onde conheceu a atriz Helen Gilbert, com quem se casou, mas também terminou em divórcio em meados de 1949.
Lá ele se tornou dono de um negócio que vendia peças baratas de cerâmica rústica e esculturas em madeira como arte . Mas entre um contato e outro que fez numa Hollywood no auge do glamour, acabou ser tornando guarda costas de um gangster chamado Mickey Cohen (última foto do post, ao lado do corpo). Ele foi ficando famoso. Em 1948 aconteceu um fato curioso: Frank Sinatra pediu a Cohen que dissesse a Stompanato para ficar longe de Ava Gardner . Mas o chefe da máfia, em vez disso, disse a Sinatra para voltar para sua esposa e filhos, porque ele nunca ficou entre os homens e suas "garotas". Bem "Bons companheiros" isto.
De guarda costas, virou braço direito e um dos principais membros da gangue Cohen pela Comissão de Crime Organizado da Califórnia. Ao longo da década de 1950, ele foi preso sete vezes por várias acusações criminais que vão desde vadiagem a suspeita de roubo.
Em outubro de 1952, Stompanato deixou Cohen e começou a namorar Helene Stanley, uma ex contratada da 20th Century Fox . Em dezembro, ele estava trabalhando como seu empresário. No ano seguinte, ela se tornou sua terceira esposa; no entanto, eles se divorciaram dois anos depois.
Neste ponto, sua história se fundirá á de Lana Turner,
Julia Jean Mildred Frances Turner não foi esposa de Ted Turner como alguns pensam e não é parente da Tina Turner. Diz a lenda que num belo dia, aos 16 anos, ela estava comprando um refrigerante quando foi descoberta pelo editor do Hollywood Reporter. Ele ficou encantado com a beleza da garota e a encaminhou para Zeppo Marx, que a essa altura era um grande agente. Zeppo a conectou com Mervyn LeRoy e a história foi feita.
Os anos de passaram e Turner conheceu John. Viveram uma relação turbulenta, envolta de brigas, discussões, muito ciúme e uma folclórica história envolvendo o ator Sean Connery. John voou para o Reino Unido onde Lana estava filmando com Sean o filme Vítima de uma paixão, dirigido por Lewis Allen e lançado em 1958. Num acesso de ciúmes durante uma cena, Stompanato puxou a arma para Connery, que agarrou o pulso do gângster, torceu-o até que a arma caísse e o imobilizou. Connery denunciou Stompanato à polícia e ele foi deportado por violar as leis de armas da Inglaterra.
Os ciúmes nasceram de boatos sobre um affair entre Lana e Connery. Como ele ainda não era casado, é um boato bem possível de ser real. O filme acabou sendo lançado quatro meses antes do previsto para ganhar em cima do assassinato de Johnny Stompanato.
De volta à América, Stompanato e Turner passaram algum tempo juntos no México. Ela foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por "A Caldeira do Diabo", mas enfureceu Stompanato quando disse que levaria sua mãe e sua filha de 14 anos, Cheryl Crane, para a cerimônia, e não ele. Turner sabia que, se quisesse manter a carreira, teria que findar sua relação com ele, porque seu nome era invariavelmente, associado à máfia.
Em 4 de abril de 1958, Stompanato foi à casa de Turner em Beverly Hills. Cheryl, que estudava em um colégio interno, estava lá naquela noite. Ela ouviu sua mãe e o gangster discutindo. Stompanato ameaçou cortar o rosto de Turner, a fim de prejudicar a sua carreira. Ele ameaçou a mãe de Turner e Cheryl. Assustada, Cheryl pegou uma faca na cozinha e se aproximou do quarto da mãe, onde estava acontecendo a briga. Ela estava com medo de que Johnny fosse matar sua mãe, e depois ela.
Cheryl parou na frente da porta, segurando a faca. E quando Johnny Stompanato a abriu, ela o esfaqueou. Muito foi dito na época. Histórias divergentes, que era até natural, em se tratando de uma grande atriz e um gângster. Na época, Cheryl disse que Johnny tropeçou e caiu em cima da faca. Outros acham que a jovem teve um momento de bravura e derrubou o homem. Seja qual for o caso, Johnny Stompanato logo estava deitado em uma poça de seu próprio sangue, morrendo.
Como Cheryl foi colocada sob custódia antes de seu julgamento, Sean Connery se escondeu. Parecia que Mickey Cohen e outros estavam espalhando a notícia de que o assassinato de John estava relacionado ao suposto caso Turner e Connery, e que o mafioso queria que qualquer pessoa envolvida fosse assassinada.
O assassinato foi considerado homicídio justificável e Cheryl esteve sob custódia do estado até 1961. Ela se tornou corretora imobiliária e romancista. O escândalo também não prejudicou o filme seguinte de Lana Turner, Imitação da vida.
Possivelmente, alguns destes fatos não são inteiramente verdades. Mas se há divergentes até entre testemunhas oculares, imagine sobre uma história lendária como esta?
Imprima-se a lenda.