O ASSASSINATO DE DOROTHY STRATTEN
Hollywood é para muitas pessoas sinônimo de glamour, sonhos, sucesso e realizações. Para outros, um filme de horror real, com um fim nada feliz. Dorothy Stratten é um destes casos em que a celebridade amarrou sua carreira a uma âncora, que a levou para o fundo do mar, e lá ser comida por um tubarão, que no caso foi seu marido, Paul Snider.
Resumindo a ópera trágica: Paul matou Dorothy, a estuprou e se matou. Nesta ordem. Terrível não? A seguir, vamos investigar o caso. Leia se for capaz..
Dorothy
A canadense nasceu em 28 de fevereiro de 1960. Encontrou seu fatídico destino por conta de sua beleza irretocável, que chamou a atenção do empresário Paul Snider. Eles começaram a namorar e pouco tempo depois, a Playboy buscava a garota da capa do seu vigésimo quinto aniversário, em 1978. Stratton tinha 18 anos e naturalmente, cheia de ilusões. Paul a convenceu que seria uma boa ideia para alavancar sua carreira posar para as fotos. Eles foram para Los Angeles e lá ela se candidatou.
Surpreendentemente, ela perdeu. Candy Loving venceu, rendendo uma participação, no ano seguinte, no filme Memórias, de Woody Allen (lançado em 1980). Porém em agosto de 1979, Stratten foi selecionada para ser a Playmate. Exatamente, 1 ano antes de sua morte.
A verdade, é que Snider era um cara que tentava a todo custo ser reconhecido no mundo das celebridades. Em Dorothy, ele viu uma oportunidade de transformar a beleza dela em sucesso e fama para ele. Snider era o tipo de cara que controlava tudo na vida de sua namorada ou esposa, conforme a época. Até mesmo, com quem ela deveria dormir para progredir na carreira. Típico de um cafetão (aliás, ele era suspeito de ser cafetão e estava sob investigação policial em 1976).
Paul, que exercia um poder de convencimento muito forte com sua namorada, "fez" eles se casarem. Stratten logo chamou a atenção de Hugh Heffner, que procurava uma nova estrela de Hollywood. No ano de 1979, sua carreira cinematográfica andou, enquanto, obviamente, sua vida amorosa não funcionava. Ela fez 3 filmes e participou de duas séries de TV. Em 1980 lançou Galaxina, divertido filme B que copia descaradamente, Star Wars, Star Trek e até Alien. Mas é divertidíssimo se assistido hoje. Ela faz o papel principal.
Para quem não sabe, Hugh Hefner foi um empresário norte-americano, fundador e editor-chefe da mais famosa revista erótica do mundo, a Playboy, lançada em dezembro de 1953. Ele era também, produtor cinematográfico, produzindo filmes, basicamente, entre 1971 a 1981.Talvez, a morte da atriz tenha mexido com ele também, pois nunca mais foi o mesmo.
Enquanto isto, Dorothy se aproximou do diretor Peter Bogdanovich (que se casaria com a irmã da atriz, Louise Stratten de 1988 a 2001). Em 1980, em uma festa na Mansão Playboy, o diretor conheceu a bela coelhinha e encantado pela beleza e simpatia da mulher, a convidou para um teste no seu próximo filme.
No mesmo ano, Peter filmou "Muito riso e muita alegria" com Dorothy e ainda que ela estivesse casada, eles se apaixonaram. Stratten decidiu abandonar Snider para ficar com Bogdanovich. Quando ela contou a Snider que estava deixando-o, ele a matou e em seguida suicidou-se.
Peter Bogdanovich nunca foi um grande diretor, mas a melhor parte de sua filmografia se dá no período anterior a morte da atriz. O grande golpe em sua carreira veio por conta de um artigo, que basicamente, o colocou como co-responsável, enfatizando que Dorothy era abusada psicologicamente por ambos. O artigo, escrito por Teresa Carpenter, chamado de "A morte de uma Playmate", foi publicado na revista The Village Voice e ganhou o Prêmio Pulitzer em 1981.
O casamento com a irmã foi outra controvérsia na vida do diretor. Ele foi mantido em off, e nem mesmo a mãe das atrizes foi informada. Numa declaração feita na TV, Nelly Hoogstratten disse que havia perdido outra filha. Esta década foi complicada para o diretor. Ele se viu no meio de fofocas de uma possível relação com a irmã de Dorothy, então menor de idade. Ele foi acusado até de ter relações sexuais com a mãe.
Foi um caos. E detalhe é que ele realmente se casou com a irmã, tentando, de certa forma, projetar Dorothy. Esta projeção durou pouco mais de uma década. No período, Peter teve um derrame, e seus advogados atribuíram à pressão daquela louca situação. Talvez Snider fosse matar Dorothy em algum momento, mas Peter se colocou na brecha e trouxe para sua vida uma nova linha do tempo que talvez, seja o grande arrependimento de sua vida.
Snider contratou um detetive particular para seguir Stratten depois que ela se mudou para a casa de Peter Bogdanovich em Bel Air. Ele premeditou o crime e não sei como Peter também não rodou na história. Ele comprou uma espingarda e convenceu Stratten a ir ao apartamento que eles costumavam dividir em West Los Angeles. Snider a amarrou, a estuprou, colocou a espingarda perto de seu rosto e puxou o gatilho. Snider então apontou a arma para si mesmo e suicidou-se.
O estupro pós-crime foi noticiado depois, mas até por se tratar de famosos, deram uma abafada nesta parte. Mas justamente este ponto mostrava a obsessão de Snider com a atriz. A perícia mostrou que ele se matou 1 hora depois, mostrando que ele não tirou a própria vida por impulso. Mas ao praticar sexo com a morta, ele talvez tenha tido consciência das consequências do ato em si. E a cena encontrada foi brutal, Havia sangue nas paredes, cortinas. E o sexo, também foi brutal.
O caso chocou os americanos, principalmente pela forma que os corpos foram encontrados: nus e próximos de uma aparelho de sadomasoquismo pertencente a Snider. Além disto, eles estavam cheios de formigas. Podemos afirmar que não foi um crime passional. Snider era controlador, e com a ascensão de Dorotthy (financeiramente falando) e o envolvimento com diretor, representaram a perda do seu poder. Perdeu domínio e consequentemente, sua "galinha dos ovos de ouro"
O cinema imitou a arte, e os dois filmes mais marcantes sobre o caso foram Star 80 (o nome vem da placa do carro de Snider) e Mulher Ardente, com Jamie Lee Curtis no papel título. Star 80, dirigido por Bob Fosse e estrelado por Mariel Hemingway, foi baseado justamente no artigo vencedor do Pulitzer. Sucesso de crítica e levado ao Globo de Ouro, o filme só deu cartaz ao inferno astral de Peter Bogdanovich.
Assim como a morte de Ayrton Senna, que encerrou uma carreira que, supunham, seria a maior da história até então, Dorothy foi considerada a próxima Marilyn Monroe. Não à toa, ambas estão enterradas no Cemitério Westwood Village Memorial Park. Ambas assassinadas no mês de agosto e nos dois casos, por conta do envolvimento com o cara errado.