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O QUE FOI A ONDA NEGRA IUGOSLAVA

Como dito aqui, em prosa e verso, o período da Nouvelle Vague foi mundialmente transformador. Falando apenas da 7ª arte, uma "Nova Onda" foi influenciando a outra, e assim foi acontecendo uma espécie de pulso cinematográfico, promovendo mudanças artísticas embaladas pelas mudanças sócio-econômico-culturais de cada país.  

Neste período, a Iugoslávia teve seu maior boom, onde ocorreu seu nascimento no pós-guerra, pois as rígidas demandas do realismo socialista foram substituídas por vozes de vanguarda jovens, muitas vezes subversivas. Em meados dos anos 60, a experimentação era latente e promoveu o nascimento da “Onda Negra”, com filmes caracterizados por narrativas desconexas, humor negro, crítica social e sexualidade explícita.

Os cineastas, não necessariamente com a mesma visão de cinema, foram conectados por um desejo em comum de aumentar a liberdade de expressão artística e de reformar a linguagem cinematográfica. Eles queriam, literalmente, mostrar o lado obscuro do ser humano, além de criticar abertamente a política do estado socialista. 

Digamos que se tornou um cinema mal visto por um Brasil vivenciando o golpe militar que cerceava justamente a liberdade de expressão. Essa corrente ganhou atenção internacional, além de provocar fortes controvérsias na Iugoslávia. A liberalização da forma e expressão cinematográfica atingiu seu ápice em 1967-1968. Essa mudança foi primeiramente explorada e capitalizada pelos diretores agora conhecidos por suas contribuições para o movimento, ou seja, Dulsan Makavejev e outros como Želimir Žilnik, Aleksandar Petrović, Mika Antić, Žika Pavlović e Krso Papić. 

A Ruptura Tito-Stalin, foi uma divergência entre os líderes da República Socialista Federativa da Iugoslávia e da União Soviética, resultando na saída da Iugoslávia comunista da Cominform em 1948. Esta treta entre Josip Broz Tito e Josef Stalin ecoou neste cinema sessentista, principalmente com relação à liberdade sexual. 

Mas claro, não havia liberação plena e diversos ataques ao movimento foram feitos por grupos de maior poderio político, levando diversos filmes ao banimento e alguns diretores foram forçados a deixar o país. Afinal, o movimento se fixou na sexualidade como uma força revolucionária, dando ênfase na expressão sexual. Só poderia mesmo haver descontentamento.

Algumas obras desta época chegaram a ser nomeadas para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Dušan Makavejev é considerado o líder dos cineastas do movimento. Embora os melhores diretores e filmes fossem sérvios, o cinema croata também fez parte desse processo. Neste período, Handcuffs (Lisice, 1969, de Krsto Papić) foi alardeado como o maior filme croata já feito.

Além da Nova Onda Romena, este foi um dos movimentos cinematográficos de maior sucesso e reconhecimento internacional do sudeste da Europa. Urso de Ouro, Urso de Prata, Palma de Ouro de Cannes e Oscar foram alguns dos prêmios vencidos ou concorridos. Hoje, vários dos filmes são considerados clássicos do cinema mundial e foram lançados como parte de coleções influentes como a Criterion Collection nos Estados Unidos.

Abaixo, conheça os 10 filmes essenciais do período.

Retrato das frustradas vidas amorosas de dois homens que trabalham em uma carvoaria. Para esse primeiro longa, após anos fazendo documentários e curtas experimentais, Dusan Makavejev e sua equipe instalaram-se em Bor, uma cidade nas montanhas da divisa da Iugoslávia com a Bulgária, entrevistando os trabalhadores da região e até filmando algumas cenas dentro das fábricas locais.


Três histórias são definidas no início, meio e final da 2 ª Guerra Mundial. Em todos os três, o herói do filme deve testemunhar a morte de pessoas que ele gosta.


Jimmy é um jovem vagabundo que trabalha em serviços temporários. Após ser demitido do último emprego, ele agora sonha em se tornar cantor. Mas como a maioria das coisas nos Balcãs, ele está destinado ao fracasso.


Bora, um Romani (etnia cigana) comprador de penas, vive na cidade de Sombor, e divide o território onde faz negócios com seu rival, Mirta. Bora é casado e tem filhos, mas passa seu tempo livre bebendo, jogando, e dormindo com outras mulheres. Mas Bora também está apaixonado por Tisa, a enteada de seu rival, Mirta, e está disposto a fazer de tudo para se casar com ela.


O filme se passa na Iugoslávia ocupada pela Alemanha durante as festividades do Natal de 1943. Um grupo de céticos (apoiadores nazistas) está estacionado na vila, onde eles fazem justiça horrível e autoestilizada. A linha principal da trama evolui em torno da maneira como o líder dos Cetniks opta por lidar com dois pilotos americanos que caem na montanha próxima. Inicialmente bem-vindos, os americanos acreditam ter encontrado aliados que os levarão aos partidários e ao camarada Tito muito em breve.


Como esboço, pode-se afirmar que essa é a história de um trágico romance entre uma jovem telefonista e um agente sanitário de meia-idade em Belgrado. Mas nas maníacas mãos de Dusan Makavejev, essa simples trama se tornou em uma infinita e surpreendente exploração sobre o amor e a liberdade. Perpassado por interlúdios com entrevistas com um sexólogo e um criminologista, e também um dos dramas mais elegantes da carreira do diretor, "A Tragédia De Uma Telefonista" demonstra com perfeição o uso de Makavejev das misturas e combinações de gêneros, e o seu esquisito e sofisticado humanismo.


Três homens e uma garota decidem acordar a consciência dentro das classes trabalhadora e camponesa. Confrontada com o primitivismo e a falta de moral, a revolução falha, com trágicas consequências.


Um jovem idealista apoia o partido e o regime comunista da nova Iugoslávia, mas logo se envolve em várias maquinações políticas e criminosas, deixando-o cada vez mais confuso sobre o que é certo e errado.


O W.R. do título são as iniciais de Wilhelm Reich, psicanalista perseguido por Hitler que acreditava que não existe revolução política sem libertação sexual. Baseado nessa ideia, o filme é um drama com ar de documentário e mistura a vida de Wilhelm Reich a um triângulo amoroso político. O filme é uma apresentação das polêmicas teorias e terapias do psicanalista Wilhelm, ferrenho incentivador da liberdade sexual. Simultaneamente, duas jovens iugoslavas, uma delas militante comunista, tentam seduzir um astro russo, enquanto norte-americanos adeptos do sexo livre contam suas aventuras e compartilham algumas de suas dicas.


Colagem anárquica sobre o titismo, stalinismo, fascismo e socialismo. Em uma segunda linha narrativa, um cineasta anarquista croata tenta dirigir um filme em Belgrado enquanto sua namorada croata-americana canta músicas nacionalistas, partidárias e americanas, como Plastic Jesus. Quando ele a deixa, encontra outra mulher e se mete em problemas com o sistema e a polícia.

Pouco tempo após a realização do filme, o cineasta Lazar Stojanovic foi sentenciado à prisão, de onde só saiu após cumprir 17 anos de pena, em 1990. Plasticni Isus foi seu primeiro e último filme. 

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