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O QUINTO ELEMENTO (1997) - FILM REVIEW

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Quinto elemento.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


O diretor Luc Besson é um dos poucos realizadores do cinema francês que fez obras bastante diversificadas nos últimos 35 anos e conseguiu fãs fervorosos, mesmo com uma filmografia incomum. Basta olhar títulos tão díspares como O Último Combate, Subway, Imensidão Azul, O Profissional, Joana D'Arc, Arthur e os Minimoys, A Família, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas e claro: O Quinto Elemento.

Besson, que nasceu em Paris, fez seu filme mais pessoal em Imensidão Azul, já que ele praticava mergulho e aos 17 anos sofreu um acidente de mergulho que o impediu de mergulhar. Mas se não fosse isto, ele não teria escrito roteiro de um curta, que o faria migrar para o cinema com seu primeiro trabalho: O Último Combate, E seu terceiro filme foi justamente, Imensidão azul. 

Luc também assumia a função de produtor, que o faz com mais frequência que dirige. Besson também desenvolveu o lado escritor, escrevendo quatro livros infantis com o personagem 'Arthur', incluindo "Arthur e os Minimoys". A série vendeu mais de um milhão de cópias em mais de 30 países. Besson posteriormente adaptou a série de livros em filmes.

Besson dizia que gosta de explorar possibilidades no cinema e hoje vamos adentrar no universo de O Quinto Elemento. 

A história começa em 1914 no Egito, quando somos apresentados aos quatro elementos (Ar, Água, Fogo e Terra), e a eminência de um mal que virá através do quinto elemento. Um salto no tempo acontece, e somos levados ao século XXIII e acompanhamos um motorista de táxi (Bruce Willis) de Nova York que se envolve acidentalmente na conclusão desta trama, quando o quinto elemento (Milla Jovovich) cai em cima do seu carro enquanto trabalhava.

A trama de Korben (Willis) começa no dia 18 de março de 2263. Esta data em especial tem um motivo: Besson faz aniversário no dia 18 de março. A linguagem utilizada por Leeloo foi inventada pelo próprio diretor, com o auxílio da atriz Milla (que já era fluente em quatro línguas). Ao término das filmagens, os dois já conseguiam conversar normalmente na linguagem por eles inventada.

Quando Korben conhece Leeloo pela primeira vez, e ela começa a falar com ele em sua língua, Luc Besson não disse a Bruce Willis o que Milla Jovovich ia dizer a ele, então as reações de Bruce são reais.

Em uma entrevista, Besson falou sobre a dificuldade do cinema francês de se colocar como uma indústria cinematográfica divertida, que realiza cinema comercial ou mesmo um blockbuster sem o peso de ferir o passado da Nouvelle Vague. Era como se o cinema comercial e intelectual/artístico não conseguissem coexistir. O que era um equívoco, já que o cinema intelectual custava pouco e rendia 10 vezes mais, o que o tornava, automaticamente, comercial. 

Mas o fato é que o cinema francês tinha dificuldades de produzir blockbusters. O próprio O Quinto Elemento é "americanizado" em diversos pontos, mas o principal deles é ter colocado o astro Bruce Willis, que apesar de ter nascido na Alemanha, fez um imenso sucesso nos EUA, principalmente com a série A Gata e o Rato, Pulp Fiction e a trilogia Duro de Matar (na época, já que ele retomou o papel de John McClane em outras ocasiões posteriores). 

Olha senhora, eu só falo duas línguas, inglês e inglês ruim.

Korben Dallas

Besson tem um olhar excêntrico para filmes de ficção, e isto foi confirmado com o ótimo Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, apesar de ter se firmado como produtor de filmes de ação. Uma das exigências do diretor, durante as filmagens, foi que as cenas acontecessem sob ótima iluminação, já que ele se incomodava com as cenas escuras e ambientes mal iluminados em filmes do gênero para esconder os "defeitos especiais". 

Na época, foi o filme mais caro já produzido fora de Hollywood, a produção mais cara da história da Gaumont, e com 80 milhões, o orçamento para efeitos visuais do filme foi o maior de seu tempo. A bilheteria total ficou em torno de 263 milhões de dólares. Quando as filmagens começaram, a produção decidiu tingir o cabelo de Milla com a cor laranja característica de sua personagem. No entanto, devido ao fato de que seu cabelo tinha que ser tingido regularmente para manter a cor brilhante, ele começou a ficar muito danificado para suportar a tintura. Eventualmente, uma peruca foi criada para combinar com a cor e o estilo do cabelo de Leeloo, e foi usada para o restante da produção, o que, convenhamos, deveria ter sido a solução inicial. 

Muitos dos Mangalores a bordo do Fhloston Paradise podem ser vistos usando "óculos de combate". Essa foi uma solução prática para esconder os olhos dos atores (que ficavam visíveis através das máscaras) e economizar dinheiro na maquiagem (lentes de contato e coloração ao redor dos olhos).

 Eu vim para a cidade de Nova York. Ele leu o roteiro. Duas horas depois, ele disse que o faria.

Luc Besson disse que escalar Bruce Willis foi a parte mais fácil do filme

Luc Besson escreveu o roteiro original quando estava no colégio aos dezesseis anos, embora não tenha sido lançado nos cinemas até os trinta e oito. A profissão de Dallas é uma referência ao trabalho do pai do diretor, que era motorista de táxi. Luc colocou um motorista de táxi em quase todos os seus filmes para homenagear seu pai, inclusive, uma das franquias que ele produziu, se chama... Táxi.

A Diva Plavalaguna é interpretada por Maïwenn, então noiva de Luc Besson. Ela assumiu o papel depois que a atriz original desistiu. Maïwenn conheceu o diretor quando tinha 12 anos de idade, sendo que aos 15 anos estavam namorando. Em janeiro de 1993, aos 16 anos, nasceu a filha do casal, Shanna Besson. Mas Besson se encantou com Milla (quem nunca?) e no ano do lançamento de O Quinto elemento, se casaram e ficaram juntos até o ano 2000. 

Os personagens do filme eram únicos, bastante autorais. Gary Oldman fez do seu Zorg, uma mistura do então candidato presidencial Ross Perot com Pernalonga. Chris Tucker se inspirou particularmente em Prince para compor seu Ruby Rhod. 

Os mecanismos animatrônicos usados nas máscaras de Mangalore foram posteriormente reciclados para os Neimodianos em Star Wars, Episódio I: A Ameaça Fantasma (1999). Curiosamente, há referências marcantes de Star Wars em O Quinto Elemento, especialmente no cabelo de uma personagem que, junto com o General Munro  (Brion James), recruta Korben Dallas para a missão. Há também a vestimenta de Cornelius (Ian Holm) que é idêntica à do Jedi Obi Wan Kenobi. 

Brion James era um ótimo ator coadjuvante, que fez muitos papéis conhecidos, como um dos replicantes caçados por Deckard em Blade Runner. Ele faleceu apenas 2 anos depois do lançamento de O Quinto Elemento, vitimado por um ataque cardíaco com apenas 54  anos... Um ótimo vilão de filmes que partiu cedo demais. 

Outro ator que faleceu na época foi Lenny McLean (O Chefe de Polícia). Ele fez um papel marcante em Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998), morrendo em 28 de julho de 1998, aos 49 anos de  câncer nos pulmões. Curiosamente, este foi o primeiro filme do ator de Jason Statham, que estrelou em Carga Explosiva (2002), escrito por Luc Besson.

Nos dois últimos anos, vários atores importantes do filme faleceram. Ian Holm faleceu em 19 de junho de 2020, aos 88 anos, por complicações do Mal de Parkinson.  Luke Perry partiu em 4 de março de 2019 aos 52 anos. Ele teve um AVC. E finalmente, Tom Lister Jr, aos 62 anos, em 10 de dezembro de 2020, vitimado pela COVID 19.

Grandes perdas, que nos fazem refletir justamente sobre a importância do quinto elemento: a vida. E o filme conseguiu ser um pouco de tudo que a filmografia de Besson foi: com momentos de ação (como Nikita: criada para matar), épicos (como Joana D'Arc), outros excêntricos (tipo Valerian e a Cidade dos Mil Planetas), se tornou cult (como Subway) e ainda foi blockbuster de sucesso (Lucy), 

Besson queria que a obra fosse uma trilogia. Ainda bem que, para o bem ou para o mal, ele não é um George Lucas, se não hoje, poderíamos estar revoltados com o diretor fazendo filmes sobre a Infância de Korben Dallas. Ao invés disso, seguiu fazendo seu cinema quase alternativo, mas que consolida o sucesso comercial com ótimos resultados de público e crítica. E considerando que foi um diretor que andou na contramão do pensamento do cinema de sua terra Natal, isto não é nada mal.



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