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FOME ANIMAL (1992) - FILM REVIEW

 


Cérebro morto.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Confesso que não sabia muito bem o que me aguardava ao revisar Fome Animal, clássico cult da era VHS. Quando eu assisti na época, era só mais um filme barato, perdido nas locações do feriado de Carnaval, que você locava 10 filmes para entregar 5 ou 6 dias depois. Diretor e elenco desconhecido, imagem ruim, mas tinha zumbi, algo raro na época. 

E logo no início, fui surpreendido com o fato de que a ação inicial se passa na Ilha da Caveira, aquela mesma de King Kong. Talvez eu nem tenha conseguido ler na época ou mesmo associá-lo ao clássico de 33 ou mesmo o de 76. A história segue Lionel (Timothy Balme), um rapaz quieto e reservado que está apaixonado pela doce Paquita (Diana Penalver) e acredita que eles estão destinados a serem felizes para sempre. 

Sua mãe Vera (Elizabeth Moody) é possessiva e não gosta de imaginar seu filhinho amando outra pessoa. Quando Lionel e Paquita marcam um encontro romântico no zoológico, Vera os segue e acaba sendo mordida por uma criatura que se assemelha a um macaco. Logo, a mulher começa a se tornar um zumbi. A partir daí, Lionel terá de tentar esconder sua mãe do resto da sociedade antes que a praga zumbi se espalhe.

Tu madre se ha comido a mi perro.

O filme traz um repertório de cenas nojentas para nenhum fã do gore botar defeito. E se olharmos a natureza limitada da produção, Jackson se sai muito bem, mostrando alguns enquadramentos perpetuados posteriormente em seus filmes mais populares. Em sua estreia na Terra Natal de Jackson (e Terra Média), o filme rendeu mais que Batman - O Retorno, considerado um dos melhores filmes de heróis já feitos. 

Fome Animal foi considerado o mais sangrento de todos os tempos (medido em quantidade de sangue usado durante a produção. Trezentos litros de sangue falso foram usados apenas ​​na cena final!!!). Mesmo assim, os censores "quase" deram uma classificação menor, pois consideraram o filme cômico e inofensivo. No final, voltaram atrás, claro.

O filme tem diversas referências virtuais ao cinema do gênero, como Re-Animator, Nasce um monstro, Uma Noite Alucinante 2 e A Noite dos Mortos-Vivos. A versão original (de 1h e 43 min) começa com o Hino Nacional tocando nos anos 1950 e mostrando imagens da Rainha Elizabeth II. Engenhosamente, isso não dá nenhuma indicação do que está por vir. Como mais um sinal de respeito para com Sua Majestade, durante o gore fest final, Lionel vira seu retrato para a parede para evitar que seja respingado de sangue.

Jackson faz aqui o (hoje) tradicional cameo. O personagem, o ajudante do agente funerário, é muito parecido com seu personagem Derek de Trash - Náusea Total (1987). Ele tem o mesmo corte de cabelo e óculos, faz o mesmo sorriso estranho e seu personagem age de maneira muito semelhante.

Filmado em onze semanas, a ideia do filme veio justamente após de Trash - Náusea Total após "parear" de ideias com os roteiristas Fran Walsh e Stephen Sinclair. O trio tinha a intenção de realizar um filme envolvendo zumbis e encontrou em Fome Animal seu objetivo, que seria trabalhado ao longo dos anos.

O resultado deu a Jackson a credencial de realizar qualquer filme de terror que ele quisesse (ok, é um exagero), então ele dirigiu... Almas Gêmeas, sobre duas jovens, Pauline Parker (Melanie Lynskey) e Juliet Hulme (Kate Winslet), que iniciam uma amizade que se torna uma relação extremamente obsessiva. Não que seja um romance, mas quem foi ver Almas Gêmeas procurando o Massacre do Cortador de Grama Elétrico, se surpreendeu com a mais nova faceta do diretor. 

E seu passo a seguir não foi nem Trash, nem Gore e muito menos drama. Mas também não tinha zumbis. ”Os Espíritos” chegou ao mundo em 1996 para mostrar que Jackson passeava muito bem por gêneros e com orçamento pequeno. Estrada esta que jamais nos levaria a supor que seus 15 anos seguintes seriam envolvidos com Terra Média, Ilha da Caveira (que não deixam de ser "Um Olhar do Paraíso"!!! ) e muitos Oscares. 

Considerando que seu último lançamento foi o espetacular documentário "The Beatles: Get Back (2021)" e que ele carrega no bolso, a intenção de dirigir a sequência da animação As Aventuras de Tintim (que ele produziu), podemos afirmar que Jackson sempre teve a Fome Animal de nos surpreender. 

Que venha o próximo, quem sabe um Thriller erótico escrito por Joe Eszterhas e co-dirigido por Adrian Lyne? Com Jackson tudo é possível. 

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