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AMITYVILLE II: A POSSESSÃO (1982) - FILM REVIEW



Amityville II Possessão.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Possessão demoníaca, incesto, violência doméstica, casa assombrada, assassinatos, caso real, poltergeists. Não se faz filmes com tantos elementos interessantes a serem discutidos em um filme de horror como antigamente. Raros casos, como Nós e Hereditário, tem gigantescas propostas. Hoje é comum, filmes simples, apenas com objetivo de entreter, causar sustos, mas com personagens rasos e histórias sem qualquer profundidade.

Agora, imaginem só, Amityville 2 é uma continuação. E de outro filmaço. Os tempos são mesmo outros.

Ao contrário do que muitos pensam, a casa no filme não é a casa real, como retratada no romance best-seller, já que a residência não estava disponível para filmar os dois filmes. A casa em ambos os filmes era uma réplica em estilo colonial situada em Toms River, Nova Jersey.


Na história, os Montelli, uma família de origem italiana, acabam de se mudar para a sinistra mansão em Amityville. O patriarca, Anthony Montelli (Burt Young) é um sujeito rude, bronco, que pratica ativamente violência doméstica contra a esposa Dolores (Rutanya Alda), o filho mais velho Sonny (Jack Magner) e nos filhos menores, Jan (Erika Katz) e Mark (Brent Katz). A família ainda é composta pela adolescente Patricia (Diane Franklin). 

Logo após se instalarem na nova casa, a família já começa a enfrentar uma série de eventos misteriosos como objetos arremessados aleatoriamente, janelas que se abrem e fecham sozinhas, manifestações de ruídos, vozes, risadas e lamentos sinistros. Inclusive, Dolores é tocada em determinado momento, o que a deixa extremamente apavorada. Montelli também renega a igreja, e justamente ela seria a responsável por ajudar sua família. A esposa solicita ajuda do padre local Frank (James Olson), que atendendo o chamado, percebe rapidamente uma presença maligna no local.


Apesar de ter sido produzido posteriormente, os eventos mostrados em Terror em Amityville são anteriores aos de A Cidade do Horror (1979). Aliás, o filme deve ser apreciado com cinema de horror e não como exposição de fatos, o que muitos fazem erroneamente. É um ótimo filme, e um dos melhores dos temas propostos (exorcismo/possessão/casa assombrada). Mas há diferenças, divergências e inconsistências flagrantes. O filme contradiz, por exemplo, a forma a qual a família é morta no primeiro filme.

A família Montelli neste filme era de personagens fictícios e vagamente baseados na família DeFeo da realidade.  Ronald DeFeo, por exemplo, foi mostrado com uma bela aparência, quando, na verdade, era um viciado em drogas e com antecedentes criminais.


Alguns problemas entre os familiares são obviamente inflados para causar emoção. O próprio George Lutz, patriarca da família que ficou apenas 28 dias na casa (retratados no primeiro filme), queria que a sequência fosse baseada no livro de John G. Jones, segundo ele, mais fiel aos acontecimentos. Porém, o produtor Dino De Laurentiis conseguiu um contrato com American International Pictures para a sequência baseada em Murder in Amityville por Hans Holzer.

Há várias cenas cortadas de conotação sexual, como uma cena de amor entre os irmãos e a cena de estupro da matriarca (Rutanya Alda) pelo seu marido, que no filme vai ficando cada vez mais alterado emocionalmente.


Para quem não sabe, um ano depois do massacre da família Defeo, a casa foi vendida, mais precisamente em dezembro de 1975, para a família Lutz, que era composta por George e Kathy Lutz e seus 3 filhos Daniel, de 9 anos, Christopher, de 7 e Missy, de 5... Mesmo sabendo da história trágica da casa, os Lutz diziam não se importar e mudaram-se para ela, mas antes levaram um padre para abençoar o local. Não funcionou pelo visto, pois a família Lutz ficou somente 28 dias no local. Eles simplesmente fugiram, deixando todas as suas coisas para trás! 

Eles relataram que surgiam enxames de moscas do nada, portas e janelas abriam e fechavam abruptamente, mãos invisíveis os arranhavam durante a noite, ouviam barulhos, sons de tiro e até visões de fantasmas, enfim, o local estava mal-assombrado.


Psicótico ou possuído? O Crime em detalhes...

Por volta das 3:30h, na noite de 13 de novembro de 1974, Ronald DeFeo Jr. dirigiu-se até o Henry's Bar, em Amityville, Long Island, Nova Iorque e disse: "Vocês têm que me ajudar! Acho que minha mãe e meu pai foram baleados!" DeFeo e um pequeno grupo de pessoas foram então para o número 112 da Ocean Avenue, localizado não muito longe do bar, e concluíram que os pais de DeFeo foram realmente mortos. Um integrante do grupo, Joe Yeswit, fez uma ligação de emergência para a polícia do condado de Suffolk, que fez busca na casa e descobriu que seis membros daquela família foram mortos em suas camas.

Todos os dias, por volta das 3:15 da manhã, Ronald Defeo acordava com uma voz dizendo "Mata a tua família, mata a tua família!", até que chegou o dia em que já não conseguindo mais suportar essa voz maléfica, ele fez o que o espírito tanto lhe pedia.


As vítimas eram o negociante de carro Ronald DeFeo de 43 anos, Louise DeFeode de 42 anos, e quatro de seus filhos: Dawn de 18 anos; Allison de 13 anos; Marc de 12 anos e John Mathew de 9 anos. Todos tinham sido baleados com um rifle modelo Marlin 336c calibre 0.35, cerca de três horas da madrugada daquele dia. Os pais DeFeo tinham sido baleados duas vezes, enquanto as crianças tinham sido mortas com um tiro apenas. A família DeFeo ocupava o endereço nº 112 da Ocean Avenue desde que o compraram em 1965.

Ronald DeFeo Jr. era o filho mais velho da família, e também era conhecido como "Butch". Ele foi levado para a delegacia local para sua própria proteção, após sugerir aos policiais na cena do crime que as mortes tinham sido realizados por uma máfia ligada a um homem chamado Louis Falini. No entanto, em uma entrevista com DeFeo na delegacia, logo revelou inconsistências sérias na sua versão dos acontecimentos e, no dia seguinte, ele confessou a autoria dos assassinatos. Ele disse aos detetives: "Quando comecei, eu simplesmente não conseguia parar. Passou tão rápido."


Ed e Lorraine Warren

Os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren foram chamados por Marvin Scott, um repórter com o Canal 5 NY que tinha coberto a história de Amityville e trabalhou em pesquisas anteriores com Warren.

Uma equipe de jornalistas, pesquisadores e parapsicólogos foram montados por Ed Warren se encontraram na casa de número 112 da Ocean Avenue. A família Lutz se recusou a voltar a entrar na casa durante a investigação. Durante a pesquisa, Ed foi fisicamente empurrado para o chão, enquanto uma provocação religiosa era usada no porão, Lorraine também foi esmagada pela sensação de uma presença demoníaca e foi atormentada por impressões psíquicas dos corpos da família DeFeo.


Também emergiu uma história que a terra fora usada por John Ketchum. John Ketchum era um feiticeiro e tinha uma casa sobre a terra antes da construção dos holandeses coloniais em 1924. John pediu que seus restos fossem enterrados na propriedade, onde permanecem até hoje. Os índios Shinicock também tiveram uma parte nesta terra que foi usada para abrigar doentes e loucos, onde eram deixados para morrer.

Os Warren acreditam que o sofrimento tinha deixado a propriedade com uma energia muito negativa, que contribuiu como um ímã para os espíritos demoníacos e sobrenaturais. Os Warrens acreditam que estas energias têm impactos diretos na vida, tanto a Defeo e Lutz. Os Lutz venderam o resto de seus pertences e se mudaram para a Califórnia. Não houve outros relatos de atividade dos atuais moradores.  A casa, que já foi comprado por R$ 80.000, em 1975, foi vendido recentemente por US$ 950.000.00.


Em 2012 Daniel Lutz que era o filho mais velho e que tinha apenas 10 anos quando tudo isso ocorreu, lançou seu documentário My Amityville Horror. O sobrevivente de Amityville fala sobre o que aconteceu nos 28 dias que se passaram naquela casa pela primeira vez na frente das câmeras. O documentário ainda conta com a participação de pessoas importantes no caso, como os jornalistas que cobriram o evento, até mesmo Lorraine Warrem.

Amityille 2 foi um dos melhores filmes de terror dos anos 80 e uma das melhores continuações já feitas. 

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