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FORÇA SINISTRA (1985) - FILM REVIEW

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Força vital.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


A Cannon foi uma produtora e distribuidora corajosa. Não só nos projetos como Homem-Aranha, que nunca saiu do papel, como retomar filmes importantes de outros estúdios, como O Massacre da Serra Elétrica e Superman. Mas ela marcou nosso cinema pelos motivos errados, ou seja, pelas produções pobres, mas que divertiam horrores, como American Ninja, Invasão USA e Mestres do Universo. 

E em termos de reconhecimento, o que ela esteve envolvida? Produzindo ou distribuindo,  Um Grito no Escuro (1988), filmão com a Meryl Streep, Barfly: Condenados pelo Vício (1987), com Mickey Rourke, Invasores de Marte (1986),  Link (1986) e claro, Força Sinistra (1985).

Com direção de Tobe Hooper, o filme começa numa missão espacial, quando uma nave imensa é avistada na cauda do cometa Halley, e ao explorarem o local, astronautas se deparam com três corpos em animação suspensa, aos quais levam para a Terra. A partir daí uma sucessão de acontecimentos mostrará que isso foi uma péssima ideia, pois estes três se alimentam da força vital dos seres humanos, sugando-a e enviando para sua nave que orbita a Terra.

Este foi o primeiro filme do contrato de três do diretor Tobe Hooper com The Cannon Group, Inc. e Golan-Globus Productions. Os demais são Invasores de Marte (1986) e O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986). Tobe Hooper teve a ideia de usar o cometa Halley no roteiro, ao invés do cinturão de asteroides, como originalmente usado no romance, já que o cometa passaria pela Terra um ano após o lançamento deste filme. A obra foi lançada nove anos após a publicação do romance que a originou, "The Space Vampires", de Colin Wilson.

O diretor disse certa vez sobre trabalhar para os produtores Menahem Golan e Yoram Globus: "A Cannon era realmente uma boa empresa para se trabalhar. Tanto Yoram quanto Menahem amavam os filmes e os cineastas e realmente os tratavam bem." De fato, a dupla Golan e Globus eram cinéfilos e faziam filmes que gostariam de ver, se arriscando a não ter lucros, mas fiéis a suas ideias. 

A atriz francesa Mathilda May teve que aprender suas falas foneticamente, para sua audição como a "garota do espaço" porque ela não sabia nada de inglês na época. Além disso, May aprendeu a falar inglês fluentemente durante os seis meses que passou na Inglaterra durante as filmagens deste filme.

Ela tem apenas sete minutos de tela. Quase todas essas cenas, ela interpreta totalmente nua. Por outro lado, devido às regras de censura que proibiam a nudez masculina completa, Chris Jagger e Bill Malin (os vampiros) tiveram que ser filmados usando meias cor de pele sobre os órgãos genitais, para o caso de serem inadvertidamente pegos pelas câmeras (as meias podem ser vistas em algumas cenas por se congelarem a imagem). Para a cena da garota nua subindo as escadas, sombras foram adicionadas na pós-produção para censurar o corpo de Mathilda e evitar obter uma classificação X.

Tobe Hooper uma vez revelou que nos estágios iniciais das filmagens eles depilaram os pelos pubianos de Mathilda May completamente pensando que isso a faria parecer menos nua. Não foi. Na verdade, foi pior porque então sua vagina foi exposta. Então eles sugeriram que ela deixasse crescer uma "tira de biquíni" de púbis. May tinha sempre que tirar as calças e calcinhas para mostrar a Hooper sua região púbica para que ele pudesse inspecioná-la. 

A maquiadora Sandra Exelby falou sobre este delicado assunto numa entrevista: “Tivemos uma grande discussão sobre Mathilda May. Hooper disse que queria todos os pelos do corpo dela fora. Sandra disse: 'Você não pode fazer isso Tobe.' Ela é uma garota jovem (na época, ela tinha 18 anos). Em 90% do filme, ela estava completamente nua andando. Você não pode tirar todos os pelos do corpo. 

Ele disse: 'Bem, eu quero os pelos pubianos o mais curtos possível. Eu realmente não quero ver. ' Então, todas as manhãs eu estava de joelhos aparando e pintando e fazendo tudo parecer perfeito. "Em alguns momentos, Sandra não os cortou, mas simplesmente borrifou alguns fios de cabelo cortados de perucas.

O maquiador Nick Maley trabalhava em média de setenta a noventa horas por semana durante a produção, a maior parte aplicando maquiagem no corpo totalmente nu de Mathilda May para torná-lo "perfeito e sem falhas", embora ele admitisse em uma entrevista que ela tinha 18 no corpo de um ano de idade  e já estava bem perto da perfeição. Ele brincou uma vez que não tinha problema em aplicar a maquiagem. Na verdade, era sua parte favorita do trabalho.

Com base nas fotos dos bastidores, (veja no detalhe) Mathilda May ficava nua conversando com o elenco e a equipe enquanto esperava para filmar, e ela estava muito confortável com a nudez e não se preocupava em usar um robe. Na verdade, algumas pessoas brincaram que era mais embaraçoso para eles porque tinham que se forçar a ficar olhando nos olhos dela o tempo todo, e isso não era fácil porque ela era uma adolescente linda. 

Olivia Hussey deixou o filme, porque ela erroneamente pensou que ela foi chamada para interpretar o papel da "garota do espaço", que exigia muita nudez. Ela foi então substituída por Nancy Paul. Se ela não tivesse deixado o filme, teria sido o segundo de três filmes, nos quais ela trabalhou com Steve Railsback. Os dois já haviam feito dois filmes: A Caçada do Futuro (1982) e Salve-me (1994).

 Brian Carroll, que interpretou um dos membros da equipe de Churchill, morreu em um acidente de viação, enquanto o filme estava em pós-produção. Na edição, a maior parte de seu papel acabou sendo cortada, além de todas as suas falas foram cortadas. No final, seu papel foi reduzido a um figurante. Ele tinha apenas 38 anos e este foi seu primeiro filme para o cinema (fora 3 episódios de séries para a TV e um curta).

O filme foi promovido e filmado com o título "The Space Vampires" (o título do romance de Colin Wilson, dito lá no início e que tem tudo a ver com a trama). No entanto, os produtores Menahem Golan e Yoram Globus 'Cannon Films sentiram que este título soava como um típico filme de exploração de baixo orçamento da própria Cannon (e eles tinham total razão). O título foi alterado para "Lifeforce", e foi lançado nos Estados Unidos em uma versão com cortes.

O filme foi anunciado como sendo dirigido pelo realizador de Poltergeist (Hooper) e um dos roteiristas de Alien (Dan O'Bannon). Mas se olharmos algumas soluções visuais do filme, se assemelham bastante às de Poltergeist, principalmente nos tons azulados. Já a história, com astronautas indo numa nave alienígena, levando o alien para sua própria nave, e o alienígena ser uma ameaça a todos, é puro Alien, O 8º passageiro. 

Mas se não fosse cópia de algo ou ideias boas reprocessadas, não seria a Cannon, não é? E reside justamente ai, seu imenso valor afetivo.   



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