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ZOLTAN: O CÃO VAMPIRO DE DRÁCULA (1977) - FILM REVIEW

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O cão de Drácula.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Zoltan - O Cão Vampiro de Drácula, filme de 1977, começa de forma muito parecida com Mestre dos Desejos, com uma cena no cais, e a figura principal, que neste é o cão e no outro, o Djin, chegando numa baixa. Pouco antes, o exército romeno acidentalmente explode uma cripta subterrânea, e o capitão do exército, temendo saqueadores e criminosos, posiciona um guarda perto do local.

Tarde da noite, um terremoto solta um dos caixões, que escorrega e cai aos pés do guarda. Curioso com o que caiu diante dele, o guarda abre o caixão e descobre o corpo de um cachorro empalado por uma estaca. Ele remove a estaca, que revive nada mais que doberman Zoltan. Após matar o guarda e beber seu sangue, Zoltan abre outro caixão na cripta com o corpo de seu mestre, um estalajadeiro chamado Veidt Smit (Reggie Nalder), que já foi dono da cripta. Zoltan remove a estaca do seu peito, reanimando-o.

O filme corta para um flashback de uma vila na Romênia em 1670, mais de 300 anos atrás, mostrando o cachorro salvando uma mulher de ser mordida pelo Conde Igor Drácula (Michael Pataki). Furioso por perder sua refeição para um cachorro, Drácula, em forma de morcego, o morde, transformando-o em um vampiro. Então Drácula, com o cachorro ao seu lado, se vira contra seu dono, transformando o estalajadeiro em uma criatura chamada "lâmia fracionária" (uma criatura morta-viva que é apenas parte vampira, capaz de andar durante o dia e não tendo necessidade de beber sangue) e assim o torna um escravo da família Drácula.

De volta ao presente, a família Drácula tem apenas um descendente sobrevivente: Michael Drake (também Michael Pataki), um psiquiatra, que decide levar sua esposa, Marla (Jan Shutan) e seus dois filhos, Linda ( Libby Chase ) e Steve ( John Levin ) (que, tecnicamente, também são descendentes dos Drácula), assim como seus dois cães pastores-alemães, Samson e Annie, e seus dois filhotes, em férias no trailer da família em Winnebago, esperando para passar algum tempo divertido com sua família e seus animais de estimação em uma floresta nacional.

Ainda leal ao Drácula, o cão vampiro e seu mestre viajam para os Estados Unidos, embarcando em um barco para Los Angeles, Califórnia, a fim de fazer de Michael seu novo mestre. Eventualmente, Zoltan e Smit se encontram na mesma floresta que Michael, sua família e seus cães. Outros campistas, em férias com seus cães, descobrem que seus animais de estimação estão sendo mortos por um animal desconhecido. E para piorar, os animais mortos logo reanimam, se tornando cães vampiros - os asseclas de Zoltan. Uma horda ameaçadora, bem parecida com a Gangue dos Dobermans (filme de 1972), ameaça a vida de todos. Ao mesmo tempo, são perseguidos por um caçador de vampiros (bem ao estilo Van Helsing).

Albert Band foi um diretor que passeou por gêneros totalmente diferentes. Posso citar 3 para comprovar o raciocínio: Pistolas com Sede de Sangue, de 1965, um Western Spaghetti, Zoltan, de 1977, um horror bem ao estilo Hammer e Meus Amigos Dinossauros, de 1993, uma comédia familiar. Band (que faleceu em 2002) era pai do também diretor Charles Band, bastante conhecido do pessoal que acompanhava as fitas B de VHS dos anos 80 e 90.

Os anos 70 foram importantes para o horror, pois neles surgiram alguns dos grandes clássicos como Exorcista e A Profecia, mas também empresas como a Hammer e a Amicus se firmaram como vertentes que traziam temas conhecidos, mas com um tratamento não visto até então. Além disto, final dos anos 70 e início dos 80, pipocaram filmes de ataques de animais. Zoltan une dois mundos e com a qualidade deles.

Zoltan é um nome comum para um cachorro na Europa, assim como Fido é um nome para um cachorro na América. Coincidentemente, um dos maquiadores que trabalharam no filme se chama  Zoltan Elek. O filme é baseado no livro Hounds of Dracula de Ken Johnson e publicado no mesmo ano, mesmo os créditos não fazendo menção ao livro, algo comum no universo de Drácula por conta dos direitos autorais.

-Um filme especialmente escolhido para você

Com esta chamada, que eu acreditei que era para mim mesmo, o SBT me convenceu de que eu precisava conhecer Zoltan lá no Festival de filmes, nas minhas férias escolares de 1990. Um rosto me marcou na época, o de Reggie Nalder, que revendo hoje, pouco agrega no filme, mas que coloca vários closes de seu rosto assustador. Ele já havia marcado a minissérie "Vampiros de Salem", onde ele faz o vampiro principal.

O futuro mestre de efeitos especiais, o já falecido Stan Winston, fez os efeitos de maquiagem de Zoltan. Jose Ferrer também deixa sua marca como o personagem que emula Van Helsing. Ele foi um ator vencedor do Oscar que apareceu em muitos filmes de prestígio, mas também fez sua parte no cinema Trash.

Aliás, o roteiro é de Frank Ray Perilli que escreveu com John Sayles outro filmaço "B", Alligator (1980) e já havia trabalhado com estrelas caninas, tendo escrito o já citado acima  "A Gangue dos Dobermans" para Byron Chudnow em 1972.

Zoltan tem toques de Conde Yorga, Vampiro (1970) e uma homenagem explícita a "A Noite dos Mortos-Vivos" de George A. Romero (1968) com um cerco de uma cabana na floresta em seu clímax.

A obra agrada em cheio o público que aprendeu a amar cinema nas sessões de TV nos anos 80 e 90 e consumiam vorazmente os VHS. Não sei dizer o impacto nesta geração dos anos 2000, acostumada a assistir tudo com muita veracidade em cena. Zoltan não é isto. Só quer chupar o sangue de alguém e seguir sua vida. Eu, por exemplo, jamais trocaria uma sessão de Zoltan por um destes vampiros luminosos da saga Crepúsculo. Com estes, sim, Bram Stoker deve ter se revirado no túmulo.


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