FANTASMA - SAGA REVIEW
Texto: M.V.Pacheco
Revisão: Thais A.F. Melo
Tal como a série de filmes Brinquedo Assassino, em que Don Mancini estava envolvido desde o primeiro filme, Don Coscarelli é o nome da série Fantasma. Nascido de colonos italianos e criado nos EUA, Don foi um entusiasta das artes cênicas, mesmo sem incentivos ou exemplos próximos. Muito antes de ele ter idade suficiente para frequentar a escola de cinema, seus curtas-metragens, feitos com a ajuda de amigos da vizinhança em sua cidade natal, Long Beach, Califórnia, estavam ganhando prêmios na televisão.
Aos 19 anos, Coscarelli se tornou o diretor mais jovem a ter um longa-metragem distribuído por um grande estúdio quando vendeu seu drama independente Jim the World Greatest, para a Universal Pictures. O filme foi a primeira colaboração de Coscarelli com o ator Lawrence Rory Guy, que alcançou o status de ícone do terror como Angus Scrimm.
Na história deste filme, Jim, um adolescente problemático, vive com seu pai alcoólatra e seu irmão mais novo. Quando não está protegendo o seu irmão dos abusos de seu pai, Jim leva a vida de um adolescente normal, com festas, esportes e garotas.
Mas Coscarelli é mais conhecido por Fantasma e suas sequências. O primeiro filme foi um sucesso mundial de crítica, público e ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival du Cinema Fantastique em Avoriaz , França.
Fantasma, de 1979
O cult movie conta a história de Mike (A. Michael Baldwin). Ele é um jovem adolescente que acaba de perder seus pais, e com medo de perder seu irmão, ele o segue até um funeral, onde testemunha "O Homem alto" levantando um caixão por conta própria. Mike decide investigar o acontecimento e descobre que o homem está reduzindo corpos mortos até a metade de seu tamanho normal e reanimando-os como escravos.
O início de carreira é em geral, marcado por dificuldades. Don Coscarelli alugava todo o equipamento de filmagem usado para fazer este filme, sempre às sextas-feiras para que pudesse usar todo o fim de semana e devolvê-lo às segundas-feiras, o tempo todo tendo que pagar apenas um dia de aluguel do equipamento.
As interessantes esferas foram projetadas pelo artesão Willard Green, que cobrou da produção um pouco mais de 1.100 dólares por seus serviços. Infelizmente, ele morreu logo após a conclusão da produção, no final de 1977, e nunca viu seu trabalho na tela grande. Ficaria orgulhoso certamente.
E uma situação bem curiosa ocorreu após a execução da primeira cena da esfera. Depois de filmar a cena em que seu personagem é morto, Kenneth V. Jones estava cansado demais para remover a maquiagem, então voltou para casa com ela. Porém, ele foi parado por um policial que ficou desconfiado ao vê-lo coberto de sangue e não acreditou em sua história de ser ator. Já ouviu falar na frase: "Não leve trabalho para casa"? Então...
A gênese da história chegou a Don Coscarelli em um sonho (de onde mais?). Uma noite, no final da adolescência, ele sonhou em fugir por corredores de mármore intermináveis, perseguido por uma esfera cromada com a intenção de penetrar em seu crânio com uma agulha. Mas claro, foi só uma ponta do iceberg, pois isto não representa quase nada no que é visto no filme.
A duração original foi de mais de três horas, mas o escritor e diretor decidiu que era muito tempo para prender a atenção das pessoas e fez vários cortes no filme. Algumas das filmagens não utilizadas foram localizadas no final dos anos 1990 e se tornaram a estrutura para o Fantasma 4: O Pesadelo Continua (1998).
J.J.Abrahms é fã dos filmes, tanto que colocou um dos personagens centrais de Star Wars - O fespertar da Força, com um nome sugestivo: Capitã Phasma e a cor do seu uniforme bem ao estilo da esfera do filme Fantasma. Mas não parou por ai. Quando assistimos ao filme, logo no início, vemos o logo Bad Robot, de J.J. Ele nada mais fez que juntou uma equipe e passaram 18 meses restaurando meticulosamente este adorado clássico cult para ser exibido em 2016.
Angus Scrimm, que faleceu justamente em 2016, teve um papel recorrente na série Alias: codinome perigo, de J.J.
Fantasma 2, de 1988
Quase 10 anos depois, veio ao mundo o segundo filme, que conta a história de Mike, recém-saído de um hospital psiquiátrico, continuando sua jornada para deter o "Homem alto". Brad Pitt fez o teste para o papel de Mike e não passou, enfatizando os anos de vacas magras e falta de talento em que ele se encontrava, aparecendo para o mundo somente em 1991, com Thelma & Louise, mas ainda bem distante do astro que conhecemos hoje.
Este foi o filme de menor orçamento produzido pela Universal nos anos oitenta. Ainda assim, o orçamento de 3 milhões de dólares foi 10 vezes maior que o do primeiro filme e o maior de toda a série. Porém, com mais dinheiro em caixa, perdeu autonomia de realizar a obra que gostaria. A Universal influenciou diretamente a produção do filme.
Por exemplo, o estilo ilusório do primeiro filme foi desencorajado e uma trama mais linear com narrações de voz de vários personagens foi necessária para deixar a história bem explicada. Nenhum sonho de personagens foi permitido na versão final. Uma protagonista feminina teve que ser adicionada como um interesse amoroso para o personagem de Mike. A atriz Paula Irvine foi escalada para o papel.
Os executivos da Universal queriam reformular a dupla A. Michael Baldwin e Reggie Bannister porque eram desconhecidos e estavam fora do mercado de cinema desde o lançamento do primeiro filme. Don Coscarelli resistiu aos esforços deles e foi forçado a fazer um teste para A. Michael Baldwin e Reggie Bannister pela oportunidade de reprisar seus papéis.
No final, seus esforços lhe renderam uma concessão: ele pôde ficar com um dos dois, mas teria que substituir o outro (uma Escolha de Sofia). Coscarelli optou por manter Bannister e escalou James Le Gros (que faria "Caçadores de Emoção" pouco depois) para o lugar de Baldwin. Detalhe: Reggie Bannister não atuou entre um filme e outro. Ele foi trabalhar em uma casa funerária e ajudou no embalsamamento de corpos. Em tempo, repare como Brad Pitt e James Le Gros se pareciam na época.
Don Coscarelli revelou que alguns elementos deste filme foram influenciados por Stephen King, especialmente alguns aspectos de seu romance 'Salem's Lot'. Uma pequena parte dele no final, quando os personagens saem na estrada perseguindo vampiros, deu a ele a ideia do "road movie" de Mike e Reggie perseguindo o Homem Alto.
Além disto, há referências explícitas à Sam Raimi, em particular, "A Morte do Demônio". Raimi e Don eram amigos e ele visitava o set de vez em quando. Por exemplo, numa das sequências finais, a esfera metálica rompe uma sequência de portas, enquanto os personagens fogem, similar à cena de "A Morte do Demônio", onde o espírito maligno faz a mesma coisa. Em outra cena, há um confronto de serras elétricas, tal como Ash faz no filme de Raimi. Há uma bolsa escrita "Sr. Sam Raimi" com cinzas do crematório. Este é um trocadilho com o nome do personagem Ash, que quer dizer justamente "cinza".
Devido ao falecimento do designer da esfera original, Willard Green, mencionado acima, as esferas mais novas e mortais, foram criadas por Steve Patino e seu então assistente de 15 anos, Steve Cotroneo. Infelizmente Steve Patino também faleceu em 94, ano que foi lançado o terceiro filme.
Fantasma 3 - O Senhor da Morte de 1994.
No terceiro filme, Mike e Reggie lutam para fechar uma das sete portas do reino dos mortos, que foi aberta pelo agente funerário chamado de 'Homem alto'. Mas eles devem tomar especial cuidado com as mortais esferas voadoras, que neste filme revelam um aspecto peculiar e próprio. Quando Mike é sequestrado pelo 'Homem alto', seu amigo Reggie se vê a procura dele em mais uma cidade devastada onde encontra um garoto com incríveis habilidades de autodefesa contra os Senhor dos Mortos.
Nesta sequência, pela primeira e única vez na série, os personagens principais referem-se aos anões como "Lurkers" e as esferas como "Sentinelas". Após os resultados moderados de bilheteria do Fantasma 2, que rendeu aproximadamente 8 milhões de dólares nos EUA, contra um orçamento de 3 milhões de dólares, a Universal Studios optou por bancar uma sequência, mas se ofereceu para distribuí-la. Portanto, Don Coscarelli e seus associados o fizeram de forma independente. Sem restrições de elenco desta vez, Coscarelli ofereceu o papel de Mike para seu intérprete original, A. Michael Baldwin, que voltou ao papel depois de quase 16 anos.
Para reduzir custos, a trilha sonora do filme foi basicamente uma reutilização do material composto por Fred Myrow e Christopher L. Stone para a sequência anterior. Além de algumas pequenas alterações e adições feitas às faixas existentes, apenas alguns minutos da música original foram escritos. Reggie Bannister foi o único membro do elenco a estar presente no set todos os dias de filmagens, atuando ou ajudando atrás das câmeras.
A produção terminou em meados de 1993. A distribuição do projeto foi então colocada em espera pela Universal por quase um ano, enquanto os debates continuavam sobre se o filme seria lançado em cinemas e depois em vídeo, ou se deveria ser lançado diretamente. para vídeo. Após um lançamento muito limitado nos cinemas em 1994 (no Japão e exibições em festivais na América do Norte, Bélgica e Argentina), o filme foi direto para o vídeo em 1995. E o teste para os cinemas foi feito sem o "3" no título, porque o estúdio achava que o pessoal não iria associá-lo ao filme de 79.
Fantasma 4, de 1998.
Chegamos ao penúltimo filme, que nas próprias palavras do diretor, já havia esgotado suas ideias. Mike e Reggie lançam-se numa fenda do tempo para tentar desvendar o passado do "Homem alto" e acabar, de uma vez por todas com seu reino de terror.
Depois de uma reação mista dos fãs e algumas críticas bastante duras recebidas em relação ao Fantasma 3, Don Coscarelli decidiu que já tinha ido longe demais na história. E se não pode ir para frente, o negócio é focar no passado, trazendo a saga "de volta às raízes", elaborando uma sequência de baixo orçamento mais focada no horror e nos aspectos surrealistas da história, no estilo de Fantasma (1979).
Mas o que incomoda bastante é saber que ele utilizou muito material antigo (do primeiro filme) e isto fica evidente na quantidade excessiva de flashbacks, cenas em slow motions ou sequências em que o personagem está dentro de um carro funerário.
Roger Avary, um fã assumidamente assumido da série Phantasm, escreveu um roteiro épico originalmente chamado "Phantasm 1999 AD" como continuação de Fantasma 3: O Senhor da Morte (1994). Apresentando Bruce Campbell como co-estrela e mostrando um mundo pós-apocalíptico (de 2012, veja só). Nele só restariam três estados dos EUA. Entre Nova York e a Califórnia fica o deserto conhecido como Zona da Peste, controlado pelo "Homem alto". A história deixaria o horror de lado para ser um autêntico filme de ficção, mas não foi adiante.
Conforme o tempo passou e eles não conseguiram o orçamento necessário (cerca de 10 milhões), Don Coscarelli escreveu e dirigiu este quarto filme, filmado apenas em 23 dias.
No roteiro original, o personagem de Tim, feito por Kevin Connors em Fantasma 3: O Senhor da Morte (1994), seria selvagemente comido vivo por anões no início do filme, mas restrições orçamentárias impediram a cena de ser filmada. Porém, a cena em que Reggie descobre que os seios de Jennifer são na verdade esferas foi tirada diretamente de uma sequência de sonho apresentada no roteiro original escrito por Roger Avary.
Sua inclusão neste filme pretendia ser uma homenagem a este projeto condenado. Aliás, Fred Myrow, compositor do tema principal emblemático e também da música de todos os filmes da série, morreu logo após o lançamento do filme, mostrando como uma praga rondou as produções, até o último filme.
Fantasma: Devastador, de 2016.
Como de costume, alguém importante morre após o filme concluído. Desta vez foi Angus Scrimm, o vilão protagonista, que não teve tempo de ver a obra ser lançada, fato que ocorreria no mesmo ano, em outubro (ele faleceu em Janeiro).
De acordo com o livro "Phantasm Exhumed", as filmagens de Fantasma: Devastador começaram no final de 2008, onde foi originalmente concebido como uma série spin-off sobre o personagem Reggie. Esta filmagem foi eventualmente expandida com novas filmagens que continham aparições de membros do elenco principal, e se tornaram um longa-metragem concluído em 26 de março de 2014.
E a história? Nesta quinta e última parte da saga, o vendedor de sorvetes promovido a herói, Reggie, continua enfrentando hordas de mortos-vivos num mundo devastado, tentando salvar seu amigo Mike das garras do terrível agente funerário "Homem alto". Mas, como é comum na série, nem tudo é o que parece ser.