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TODO MUNDO QUASE MORTO (2004 ) - FILM REVIEW

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Shaun dos mortos.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


2004 foi definitivamente um ano atípico para os mortos-vivos no cinema. Um remake de O Despertar dos Mortos ganhou as telas pelas mãos de Zack Snyder e sua releitura foi bem recebida pela crítica e público. E no mesmo ano, "Todo Mundo Quase Morto" chegou aos cinemas para se tornar um dos melhores filmes do gênero já feitos. Ao usar o humor britânico para realizar uma magnífica crítica social, o diretor Edgar Wright se aproximou muito mais do clássico O Despertar dos Mortos que o próprio filme de Snyder. Isto não é demérito algum para a obra de Zack, que apenas seguiu um caminho diferente.

Na trama de "Todo Mundo Quase Morto", Shaun (Simon Pegg) trabalha como vendedor e divide uma casa com Ed (Nick Frost), seu melhor amigo, e Pete (Peter Serafinowicz). Sua vida e seu entorno, vivem como mortos-vivos, mesmo antes do apocalipse zumbi acontecer. E a mesmice da vida de Shaun não permite que ele se dê conta das variações em seu ambiente, quando cidadãos comuns se tornam zumbis.  O personagem chega ao absurdo de tropeçar no mesmo local, mais de uma vez, demonstrando sua completa desatenção. 


A estranha atmosfera zumbi que permeia o início da história parece um exagero para apenas traçar um paralelo com o comportamento dos mortos-vivos, mas na realidade, tanto Simon Pegg quanto Edgar Wright, que foram responsáveis pelo roteiro, mostram, de forma visionária, como nós passamos a viver como zumbis devido a inúmeros fatores tecnológicos.

O diretor mostra de maneira nada sutil, já em sua abertura, como a mecanização do trabalho e a falta de brilho nas atividades diárias não ficam distantes dos mortos-vivos que veremos na sequência. O que dá movimento às simples funções do dia-a-dia é a brilhante edição, dinâmica, que remete a diversos momentos de “Réquiem para um Sonho”, que também ganhou uma belíssima edição especial pela Obras-Primas do cinema. 


Até mesmo as reações corporais, como simples movimentos e olhares, se tornaram semelhantes aos zumbis. O próprio George A. Romero ficou tão impressionado com o trabalho de Simon Pegg e Edgar Wright que os convidou para uma participação especial em Terra dos Mortos (2005) como zumbis.

Aliás, referências? Temos...

O rifle que usam no Winchester é, naturalmente, um Winchester modelo 66. É a mesma arma usada em A Noite dos Mortos-Vivos (1968) e A Noite dos Mortos-Vivos (1990). 

O local de trabalho de Shaun é a Foree Electric. Ken Foree estrelou em O Despertar dos Mortos (1978), e teve uma participação especial em Madrugada dos Mortos (2004). 


Quase no início, quando Shaun está saindo da loja onde pega uma lata de Coca-Cola e o Cornetto, há uma pizzaria atrás dele e à sua esquerda. O nome do restaurante é "Bub's Pizzas", uma referência ao principal zumbi acorrentado (que aprendeu a segurar e apontar uma arma) em Dia dos Mortos (1985). Nesse filme, o médico chamou aquele zumbi de "Bub".

Quando Shaun está ao telefone com sua mãe, Barbara. Ed grita: "Estamos indo buscar você, Barbara!". Esta é uma referência a uma fala clássica dita no original "A Noite dos Mortos-Vivos''.  

Há duas referências a Evil Dead (que a Obras-Primas do cinema também lançou na edição mais incrível em Bluray do ano de 2021): Na loja de departamentos, Shaun menciona um funcionário chamado Ash (o protagonista da franquia Evil Dead). Em outro momento, ele diz a frase "Junte-se a nós", outro aceno ao filme de Raimi.


Em outro momento, Shaun diz a Liz que vai levá-la ao "lugar que faz todos os peixes". Quando ele abre a lista telefônica, você pode ver que o restaurante se chama literalmente "Fulci's: o lugar que faz todos os peixes". Lucio Fulci é um diretor conhecido por seus filmes de zumbis e em Zumbi 2, filmou uma das cenas mais marcantes do cinema envolvendo um zumbi sendo atacado por um tubarão. 

Enfim, 

o filme é perfeito. E ainda bem que a continuação planejada por Simon Pegg e Edgar Wright não saiu do papel. O título proposto era "From Dusk till Shaun", referência a Um Drink no Inferno. Curiosamente,  essa ideia teve vida após a morte, já que um cartaz pode ser visto no filme Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), que é um desenho que trata realidades alternativas, o que, no caso, foi bem apropriado. 



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