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10 DIRETORAS PIONEIRAS DO CINEMA MUDO

 


Assim como muitos filmes de Georges Méliès se perderam em incêndios ou mau estado de conservação, carreiras inteiras de pioneiras do cinema ficaram esquecidas, propositalmente deixadas de lado, como se não houvesse relevância nos seus trabalhos. 

Mas o mundo avança para corrigir falhas, algumas infelizmente, irremediáveis. Primeiramente, nenhuma delas está viva. Segundo, a maioria dos filmes está perdido, esquecido em alguma estante de um setor destinado ao mofo dos estúdios que reinavam na época. 

Mas à partir de hoje, vamos dar nossa pequena contribuição, resgatando grandes nomes do cinema para despertar atenção às gerações atuais. São filmes que, infelizmente, não encontrará na Netflix mais próxima. 

Vamos às 10 primeiras: 


Alice é "razoavelmente" importante. Digamos, se nunca ouviu falar nela, é porque há uma falha incrível de comunicação. Ela é, simplesmente, a primeira diretora da história. Nascida na França ingressou no ramo de cinema porque foi trabalhar como secretária numa empresa que foi adquirida pela Gaumont em Paris no ano de 1896. Para quem não sabe, a Gaumont é uma companhia francesa de produção cinematográfica, fundada em 1895 pelo engenheiro e inventor Léon Gaumont. No ano seguinte, a Gaumont mudou da fabricação de câmeras para a produção de filmes, e Guy se tornou a primeira mulher a se arriscar na função de realizadora. 

Sua vocação foi reconhecida, chegando a ser nomeada diretora de produção da empresa, supervisionando os demais diretores da empresa. Ela se casou com o empresário  Herbert Blaché, de onde herdou o sobrenome. Ela fez mais de 400 trabalhos, sendo a maioria curtas-metragens, desde 1896. Seu primeiro foi "A Fada do Repolho".  Atuou como produtora em muitos casos, roteirista e até atriz.


Georges Meliès começou no mesmo ano. Workaholic como Alice. Ambos visionários. Mas havia uma diferença capital: ela era mulher. Alice explorou técnicas que seriam, obviamente, atribuídas a um homem alguns anos depois: D. W. Griffith. Seu protagonismo no universo cinematográfico era tão grande, que em 1906 fez A Vida de Cristo, um média-metragem que mostra um desenvolvimento da linguagem cinematográfica até então inédito. 

Para se ter uma ideia de quão avançada era Alice, em 1912 fez "Um Tolo e seu dinheiro", com o primeiro elenco formado somente por negros da história. Bom, o machismo e a sociedade patriarcal francesa fez questão de esquecê-la após a separação do marido. Depois do fato, ocorrido no início dos anos 20, ela foi socialmente aposentada. Faleceu em 1968 aos 94 anos.


Nascida Florence Pietz, Lois Weber foi outra pioneira, considerada a primeira diretora americana. Como de costume entre realizadores e realizadoras, sempre se destacam numa arte antes de se dedicarem ao cinema. Ela era uma excelente pianista. Vinda de uma família evangélica, ela era evangelista e ativista social.  Ela pregava e cantava hinos pelas ruas de bairros de prostituição e boemia de Pittsburgh e Nova York.

Lois também se apresentava como pianista e soprano, tendo viajado pelos Estados Unidos, se apresentando em várias cidades junto de um renomado arpista, até sua última apresentação em Charleston, Carolina do Sul. Após um triste acidente em que o pedal do piano quebrou no meio de um recital, Lois parou de se apresentar nos palcos, não tendo mais coragem de aparecer em público. Weber reconheceu anos mais tarde que esse evento foi determinante para sua aposentadoria.

Sem rumo, buscou conselhos e foi se descobrir no teatro. Por anos, trabalhou como atriz em papéis menores. Em 1904, se casou com líder da trupe que ela atuava, virando dona de casa. Porém, enquanto varria casa e lavava louça, escrevia roteiros. Quatro anos depois foi contratada como cantora pela Gaumont Film Company. Weber disse que Alice Guy Blaché e seu marido foram os responsáveis por sua estreia na indústria cinematográfica.


Por conta da sua experiência no evangelismo, ela começou a dirigir, escrever e depois produzir filmes de importância social, abordando temas como aborto, alcoolismo, controle de natalidade, dependência de drogas e prostituição.

Ela é a primeira mulher americana a dirigir um longa-metragem, O Mercador de Veneza (1914), baseado na peça do autor inglês William Shakespeare. Seu filme Hypocrites (1915) foi o primeiro a mostrar uma cena de nudez frontal feminina. Lois tornou-se a primeira mulher diretora de cinema a fundar e administrar seu próprio estúdio quando ela criou  a Lois Weber Productions, com auxílio financeiro da Universal Studios.

Realizou mais de 100 filmes, mas não sobreviveu à transição para o cinema falado, tendo feito apenas um e se aposentado. Ela se casou e se divorciou duas vezes. Faleceu precocemente devido a uma úlcera perfurada. Foi um choque na época, porque ela faleceu pouco tempo depois de dar entrada num hospital por conta de dores no estômago. Deixou um legado incrível, prontamente deixado de lado em função do seu evidente sucesso.


Ida May Park foi mais uma diretora pioneira do cinema, que assim como Lois Weber e Alice Guy , sucumbiu nos anos 20. Ela dirigiu 14 filmes entre 1917 e 1920 além de roteirizar 50.  Ela era casada com o diretor e produtor de filmes Joseph De Grasse , com quem regularmente trabalhava na Universal. 

Park começou na indústria do entretenimento como atriz de teatro aos 15 anos de idade. Durante seu tempo no teatro, conheceu seu futuro marido, que também era ator. Quando a Pathé contratou De Grasse em 1909, Park foi contratada como roteirista. Juntos, eles foram contratados pela Universal. Park e De Grasse continuaram no Universal Studios até 1919, quando partiram por razões desconhecidas. De Grasse continuou carreira, mas a de Park encerrou em 1920.  Park e De Grasse se juntaram ao lendário Thomas Ince para dirigir e produzir filmes como veículos para a atriz Louise Glaum em 1919, mas esse acordo  foi desfeito. Park escreveu e dirigiu "The Butterfly Man" para Lew Cody em 1920, mas o produtor Louis Gasnier não lhe proporcionou mais trabalhos.


Mais tarde naquele ano, Park e De Grasse se uniram novamente e assinaram um contrato com a Andrew Callaghan Productions para escrever e dirigir filmes com a atriz Bessie Love, mas este contrato também não vingou. Infelizmente, os conglomerados que dominavam a indústria cinematográfica continuavam a dar as costas às mulheres, e Park não encontrou nenhuma oportunidade de dirigir. O casal ainda escreveu um livro sobre a indústria cinematográfica, mas parece que nunca foi publicado.

Ida foi a segunda diretora da Universal depois de Lois Weber, escrevendo e produzindo seus próprios filmes. Ela acreditava que as mulheres eram perfeitamente adequadas para dirigir e necessárias para garantir que as mulheres fossem apresentadas com precisão na tela. 


Mabel Normand foi mais uma pioneira do cinema mudo que precisa ser recordada. Ela trabalhou freneticamente como atriz até 1927, principalmente para a Keystone Film Company, de Mack Sennett, e foi um das primeiras atrizes do cinema atuar sob a própria direção. Ela  trabalhou em mais de 200 filmes. Dirigiu 10 curtas e roteirizou 6.  Ela também foi uma das primeiras intérpretes a aparecer no cinema sem antecedentes no teatro, tendo iniciado sua carreira como modelo.

Normand foi um dos grandes nomes da comédia do cinema mudo, numa época em que as mulheres eram consideradas "não engraçadas o suficiente”, mas parece que a história do cinema esqueceu suas contribuições. Ela atuou com Charlie Chaplin, Roscoe "Fatty" Arbuckle, Mack Sennett, DW Griffith, Harold Lloyd, Mary Pickford, Hal Roach, Stan Laurel, Oliver Laury, Oliver Hardy, Fred Mace, Fred Sterling e John Bunny. E ainda que não tenha feito filmes com Buster Keaton, eram amigos. Ela fez filme até com Boris Karloff !!!


Publicações da época a apelidaram de "Chaplin feminina", e se observarmos alguns maneirismos de Chaplin, similares aos de Normand, depois que começaram a trabalhar juntos, não dá para escapar do fato de ela o influenciou em alguns pontos.  

O fato de suas contribuições para a história antiga do cinema não serem mais conhecidas é atribuível em parte ao seu envolvimento em escândalos de Hollywood na década de 1920. 

Ela conheceu Mack Sennett enquanto estava Biograph Company de Griffith, marcando o início de uma relação turbulenta. Sennett e Normand ficaram noivos por volta dessa época, embora o noivado tenha terminado quando Sennett foi pego traindo Normand. Na discussão, Normand sofreu um grave ferimento na cabeça quando  Sennett jogou um vaso na cabeça dela. Eles nunca se reconciliariam e Normand foi criar sua própria produtora, a Mabel Normand Film Company.

Com o diretor William Desmond Taylor, Mabel compartilhava o interesse por literatura, e os dois formaram uma relação próxima. Na noite de 1º de fevereiro de 1922, Normand deixou a casa de Taylor às 19:40. E na manhã seguinte, o corpo de Taylor foi encontrado na sala de estar  com uma bala nas costas. A Polícia de  Los Angeles tratou Mabel com uma das principais suspeitas. O assassinato de Taylor continua um caso não resolvido oficialmente.


O assassinato fez Hollywood implodir. Escândalos apareceram, teorias de conspiração se formaram, esqueletos do armário foram tirados e muita mentira foi contada. Para complicar mais ainda o cenário para Mabel, em 1924, Joe Kelly, seu chofer, matou o milionário e golfista  Courtland S. Dines com uma pistola de Normand. E o motivo não foi esclarecido. 

Em 1926, casou-se com o ator Lew Cody, com quem tinha aparecido em Mickey (1918). Ela bebia muito, fazia muitas festas, e num destes reencontros, resolveu casar com Cody de madrugada mesmo. Como diz o filme "Se Beber Não Case", ela se arrependeu no dia seguinte. Mas não se separou, apenas viveram distantes. 

A saúde de Normand entrou em deterioração por causa da tuberculose, e ela foi internada em um sanatório. Mabel morreu aos 37 anos.  


Vanguardista, Madison iniciou sua carreira no teatro e vaudeville assim que terminou os estudos. No cinema, sua estréia foi em 1912, e atuou através de várias companhias cinematográficas, entre elas a Kalem Company, Powers Picture Plays, Rex Motion Picture Company, Bison Motion Pictures, Universal Pictures, Nestor Film Company, Victor Film Company, Louis B. Mayer Pictures Corporation, Columbia Pictures, Goldwyn Pictures, Fox Film. Trabalhou ao lado de atores como Wallace Reid, Frank Lloyd, Herbert Rawlinson, Wilfred Lucas e Jack Mulhall.

Foi proprietária, também, da companhia de teatro "The Cleo Madison Stock Company", com largo repertório de peças.  Fez mais de 100 filmes atuando, mas se tornou uma vítima de seu próprio sucesso. Por conta de uma carga muito intensa, teve um colapso nervoso em 1922 e ficou fora das telas por mais de um ano. Ela retornou, aparentemente recuperada, em 1924  e fez vários filmes. Então, por razões nunca explicadas, simplesmente deixou o cinema.


Vai chegar um dia em que os homens vão superar a ideia tola de que as mulheres não têm cérebro e vão deixar de se sentirem insultados com o pensamento de que uma pessoa de saia pode fazer seu trabalho tão bem quanto  eles podem. E não acredito que esse dia esteja muito longe.

Cleo Madison à revista Photoplay em 1916

No registro publicado dos créditos da Universal Motion Picture Manufacturing Company de 1912 a 1929, a empresa empregava um número crescente de mulheres como diretoras e, no final de 1919, havia creditado nada menos que onze mulheres com direção de pelo menos cento e setenta títulos. Antes de 1915, a Universal tinha apenas Grace Cunard, Jeanie Macpherson e Lois Weber como diretoras. Depois de 1915, o estúdio contratou Cunard, Madison, Weber, Ruth Ann Baldwin, Eugenie Magnus Ingleton, Bess Meredyth, Ida May Park, Ruth Stonehouse, Lule Warrenton e Elsie Jane Wilson.

Em 25 de novembro de 1916, Madison casou com Don Peake, de São Francisco, um gerente de vendas, mas pediu divórcio oito meses depois. Quase todos os seus filmes são considerados perdidos, e foram dirigidos em sua maioria no ano de 1916 (com apenas 3 em 1915).

Em 1920, no entanto, a maré mudou, e os homens tomaram conta. A grande maioria das diretoras deste post e dos que virão, sumiram do mapa nos anos 20, coincidindo com o advento do cinema falado. Com a Madison não foi diferente. A Universal parece ter sepultado as realizadoras, acho que por as julgarem muito ameaçadoras ou para tentar copiar o modelo adotado por estúdios concorrentes que davam mais lucro. 

Ela faleceu de ataque cardíaco em 11 de março de 1964. Sozinha e esquecida.


Toda regra tem a exceção. Dorothy foi a única mulher diretora de cinema trabalhando nos anos 1930 e uma das poucas a estabelecer uma reputação na indústria cinematográfica nesta época. Ela recebeu  uma atenção significativa de críticos de cinema e teóricos que se interessaram por essa cineasta pioneira, tanto por seu corpo de trabalho como um todo quanto pelas possibilidades críticas sugeridas pelas suas abordagens feministas.

Seu início veio das  conexões que a sua família tinha com o diretor William C. DeMille, conseguindo um emprego como estenógrafa em 1919, na The Famous Players Film Company, que posteriormente se tornaria a Paramount Pictures. Dorothy cresceu na carreira ate’ se tornar roteirista, promovida depois a editora de filmes, função que dominou com apenas seis meses de trabalho. Dali passou a ser roteirista.


Dorothy conseguiu uma grande influência através destes filmes. Com moral, ela ameaçou ir para o estúdio rival, a Columbia Pictures, a menos que lhe dessem o cargo de direção nos próximos longas. A Paramount concordou, e em 1927, colocou-a na direção de "A Mulher e a Moda", que foi um grande sucesso de público. Para ter uma ideia da moral da diretora, Dorothy dirigiu Clara Bow no primeiro filme falado do estúdio, Garotas na Farra (1929).  O filme, que se passava em um colégio para moças, introduziu alguns dos primeiros temas lésbicos, muito comuns nos trabalhos de Dorothy. Ela teve vários relacionamentos amorosos com atrizes da época, incluindo Alla Nazimova e Billie Burke.  Passou seus últimos 40 anos ao lado da coreógrafa e dançarina Marion Morgan, que faleceu em 1971.

Arzner deixou a Paramount em 1932 para trabalhar como diretora independente para vários estúdios. Ela lançou a carreira de diversas atrizes, como Katharine Hepburn, Rosalind Russell, Sylvia Sidney e Lucille Ball. Em 1936, tornou-se a primeira mulher se integrar a Directors Guild of America. Dorothy parou de dirigir longas em 1943 e começou a dirigir comerciais de televisão e filmes de instrução para o Exército. Produziu diversas peças nos anos 1960 e 1970, enquanto era professora na escola de cinema da Universidade da Califórnia em Los Angeles, ensinando direção e roteiro. Dorothy faleceu aos 82 anos.


Charlotte Elisabeth Germaine Saisset-Schneider ou simplesmente Germaine Dulac,  foi diretora, teórica, jornalista e crítica de cinema.

 Cedo se interessou pela arte e estudou música, pintura, teatro e fotografia. Depois da morte de seus pais, instalou-se definitivamente em Paris e combinou seu crescente interesse pelo socialismo e o feminismo com sua carreira jornalística. Em 1905, iniciou sua carreira jornalística em uma das primeiras revistas feministas da época, Ela entrevistou uma infinidade de mulheres estabelecidas na França com a intenção de solidificar os papéis das mulheres na sociedade e na política francesas. Mais tarde. ela se aventurou pelo cinema.


Ao lado de Alice Guy, foi uma das pioneiras do cinema francês. No mesmo ano, casou-se com Louis-Albert Dulac, um engenheiro de família rica. Hoje é mais conhecida por seu filme impressionista "A Sorridente Senhora Beudet" de 1923  e seu experimento surrealista, A Concha e o Padre, de 1928. Também foi vítima do fatídico final da década de 20, que ceifou quase todas as realizadoras do mapa.

Por volta de 1930, voltou ao trabalho comercial, produzindo noticiários para Pathé e depois para Gaumont. Ela morreu em Paris em 20 de julho de 1942.


Sob a supervisão de seu tio, Sheridan Corbyn, Warrenton sempre esteve envolvida com atuação, desde o palco até estrear no cinema. Warrenton frequentou o Convento de St. Rose e mais tarde estudou na Universidade de Michigan. Após se graduar, Warrenton começou sua carreira como elocucionista na Universidade de Notre Dame. Mais tarde, ela se tornou uma leitora de Shakespeare, atuando em seu primeiro show no Victoria Rifle's Armory, em Montreal, Quebec, Canadá.

Warrenton apareceu em um total de 88 filmes ao longo de sua carreira. Embora ela tenha atuado alguns papéis principais, ela geralmente desempenhava papéis de coadjuvante. Lule trabalhou com Cleo Madison em Eleanor's Catch (1916).

Ela se tornou a única diretora mulher do mundo na época a ter seu próprio estúdio durante o tempo que passou na Universal.  Warrenton roteirizava também, mas seu assistente Allen Watt fazia a maior parte. O filho de Warrenton, Gilbert Warrenton, costumava cuidar da fotografia em muitos dos seus filmes. Lule começou sua carreira como diretora de filmagens de comédias, e mais tarde direcionou seus curtas para o público infantil. Neste período, fez vários projetos com a pequenina Mary Louise, que tinha 4 anos na época.


Ela foi pioneira na progressão da feminilidade e na inclusão de mulheres no local de trabalho, especialmente em Hollywood. Warrenton também se destacou ao converter sua própria casa particular em um centro social para mulheres. Ela foi uma das quatro fundadoras do Hollywood Studio Club , uma organização para facilitar o caminho da mulher na indústria.

Warrenton começou sua carreira no Universal Studios em 1912, mas cortou os laços com o gigante do cinema em 1917 e continuou a produzir filmes juvenis de forma independente. Após a separação, ela acabou saindo de Hollywood e ingressou no Conservatório de Música de San Diego, ao mesmo tempo em que se tornou chefe de uma empresa de filmes para mulheres, também localizada em San Diego

Acabou fazendo parte do grupo que saiu de cena nos anos 20. Faleceu em 1932, aos 69 anos.


Nas andanças pelo You Tube, talvez já tenha se esbarrado com uma animação chamada As Aventuras do Príncipe Achmed (1926). Ele foi o  primeira longa-metragem de animação européia, tal como o resto da obra cinematográfica de Reiniger, é um jogo simples de luzes e sombras, um conceito surgido e popularizado na China, de onde são oriundas as famosas caixas de sombras. As figuras do filme, repleto de batalhas, comédia, romance, magia e confrontos com pequenos demônios, foram recortadas e manipuladas à luz de câmara pela realizadora.

Charlotte "Lotte" Reiniger foi uma diretora de cinema alemã e a maior pioneira da animação de silhuetas. Quando criança ficou fascinada com a arte chinesa de teatro de sombras, construindo o seu próprio teatro de fantoches, para que pudesse apresentar espetáculos para sua família e amigos. Na adolescência, Reiniger apaixonou-se pelo cinema, primeiro pelos filmes de Georges Méliès por seus efeitos especiais e, em seguida, pelos filmes do ator e diretor Paul Wegene, hoje conhecido por seu trabalho como diretor em O Golem (1920). Em 1915, participou de uma palestra de Wegener sobre as possibilidades fantásticas da animação.

Reiniger convenceu os pais a deixá-la se inscrever no grupo de atuação ao qual Wegener pertencia, o Teatro de Max Reinhardt. Lá começou trabalhando nos bastidores, fazendo figurinos e adereços, além de retratos de silhueta dos vários atores. Em pouco tempo passou a fazer elaborados títulos e inter-títulos para os filmes de Wegener, muitos dos quais contavam com silhuetas.


Em 1918, Reiniger animou ratos de madeira e criou inter-títulos animados para o filme de Wegener "O Flautista de Hamelin''. O sucesso desta obra fez com que fosse aceita no Instituto de Pesquisa Cultural, um estúdio de animação experimental e curtas-metragens. No Instituto, ela conheceu o seu futuro parceiro criativo e marido, Carl Koch, com quem se casou em 6 de dezembro de 1921, assim como outros artistas de vanguarda, incluindo Hans Cürlis, Bertolt Brecht e Bertold Bartosch

Além de produzir filmes de animação em silhueta, Reiniger estava igualmente envolvida com personagens em sombras. Por exemplo, em 1933, Reiniger fez uma sequência de sombras para Don Quixote  (1933), de GW Pabst . Em 1937, ela criou a "Ponte Quebrada", uma curta sequência de sombras filmada para A marselhesa (1938), de Jean Renoir.

É até difícil mensurar o legado e a importância de Lotte para o cinema de animação. De certa forma, todos miraram no seu trabalho para iniciarem os seus,  principalmente conto de fadas. Até o clássico “Fantasia” emula o estilo de Reiniger no início da cena onde Mickey Mouse está com os músicos em live-action. E não só na formação do cinema, mas até hoje, com toda tecnologia possível disponível, podemos ver Lotte em cena. Só dar uma conferida em produções como Desventuras em Série e Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1, que verão sua marca registrada em cena.
Dentre as citadas no post, foi a que teve a carreira mais longa, trabalhando de 1919 a 1980. Ela faleceu 20 dias depois de completar 82 anos.


Os feitos femininos no cinema são surpreendentes, na medida em que mal somos informados de quem, como, onde, quando ou por que foram tão pioneiras e ao mesmo tempo, negligenciadas pela história.

Frances Marion é um destes casos que a história fez questão de esquecer. Ela foi a mais renomada roteirista feminina do século XX, ao lado de June Mathis e Anita Loos. Também  foi a primeira pessoa a ganhar dois Prêmios da Academia e ainda concorrer a um terceiro. Sua carreira, como pode imaginar, foi até os anos 20, tanto na direção quanto nos roteiros.

Nascida Marion Benson Owens, começou trabalhando  em São Francisco (onde nasceu) como assistente de fotógrafo de Arnold Genthe e experimentou layouts fotográficos e filmes coloridos. Mais tarde, trabalhou na Western Pacific Railroads como artista comercial e depois como repórter do San Francisco Examiner .


No verão de 1914, foi contratada como roteirista assistente, atriz e assistente geral da Lois Weber Productions, uma empresa de filmes de propriedade e operada pela diretora de cinema  Lois Weber, também uma das pioneiras do cinema.  Ela poderia ter sido atriz, mas preferia trabalhar atrás das câmeras. Marion trabalhou com quase todos os principais atores ao longo dos anos e manteve colaborações contínuas com Mary Pickford, Irving Thalberg e William Randolph Hearst. Ela se destacou ao escrever roteiros que acentuavam os pontos fortes de atores específicos e é frequentemente creditada por definir as carreiras de Marie Dressler, Greta Garbo, Marion Davies e Pickford, além de seu marido, o ator de filmes de cowboys Fred Thomson.

Em 23 de outubro de 1915, Marion participou de um desfile de mais de trinta mil apoiadores do sufrágio feminino na cidade de Nova York.

Sua carreira, como dito, fluiu até os anos 20. Depois disto, na sua filmografia, constam apenas trabalhos sem créditos ou seu nome envolvido em adaptações de suas histórias.

Ela faleceu de aneurisma aos 84 anos.

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