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10 DIRETORAS PIONEIRAS DO CINEMA DOS ANOS 50 E 60

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Dando continuidade ao pioneirismo feminino, hoje vamos falar de realizadoras que começaram a atuar nos anos 50 e/ou 60. Caso não tenha lido, acesse a primeira parte aqui (Pioneiras do cinema mudo).

E é incrível como permanecemos desatentos aos nomes das mulheres ao longo da história. Vou citar dois casos meus mesmo. Recentemente revi "A Ascensão", um dos grandes filmes soviéticos da história e "Quanto Mais Idiota Melhor" e não me dei conta que ambos foram dirigidos por mulheres pioneiras (ambas estão entre as 10 abaixo). Esta "cegueira" cultural atinge muito, mesmo os mais atentos como eu.

Mas nunca é tarde para corrigir erros ou enxergar além do mundo masculino...

Conheçam as 10 diretoras de hoje. E um detalhe importante: Grande parte das informações abaixo são traduções que fiz de sites como IMDB e Wiki, ou seja, na maioria dos casos abaixo, não há informações detalhadas das realizadoras citadas. Um grande pecado isto.


Boa sessão:


Ao contrário da maioria esmagadora dos diretores de cinema, grande parte das diretoras começou carreira como atrizes. Ida estreou em The Love Race no ano de 1931 e dirigido pelo primo Henry William George Lupino. No ano seguinte participou do filme de Allan Dwan, um dos grandes diretores do cinema mudo (e falado) que realizou mais de 400 obras, entre curtas e longas. Ida quis ser musica antes de migrar para o cinema e mal sabia ela que seu destino era o sucesso. 

Ida era um talento nato. Aprendeu muito sobre direção de filmes e seus processos enquanto atuava. A primeira chance de dirigir veio de maneira inesperada em 1949, quando o diretor Elmer Clifton sofreu um infarto e não pode terminar o longa "Mãe Solteira", no qual Ida co-produziu e co-escreveu. Ida finalizou o filme, mas não recebeu nenhum crédito por ele, em respeito a Clifton. O filme recebeu grande visibilidade pelo tema controverso sobre gravidez fora do casamento e Ida chegou a ser convidada pela primeira-dama, Eleanor Roosevelt, a discutir o tema em um programa de rádio. Seu primeiro filme veio a ser "Quem Ama não Teme".


O mesmo problema aconteceu em Cinzas que Queimam, de  Nicholas Ray. Ela dirigiu o filme durante várias ocasiões em função da doença de Ray que o acometeu durante a produção e se tornou uma astuta cineasta de baixo orçamento, reutilizando cenários de outras produções de estúdio. Ida e o marido, Collier Young, formaram uma empresa independente chamada The Filmakers para produzir, dirigir e escrever filmes de baixo orçamento e pensados para tratar questões a serem discutidas, como o primeiro filme que ela co-dirigiu. 

Como tudo passa, a produtora fechou as portas em 1955 e o crédito do último dirigido por Lupino foi em 1966 com "Anjos Rebeldes". Depois disto, ela realizou apenas alguns episódios de séries como O Homem de Virgínia e Daniel Boone. A carreira de atriz foi mais longe, até 1978. Os filmes dela tratavam de assuntos não convencionais e controversos que os produtores de estúdio evitavam, ainda mais dirigido por uma mulher. Os filmes eram entretenimento com significado social. Ida levou sua carreira de forma similar à Lois Weber, uma das pioneiras do cinema mudo. Lupino morreu de derrame durante um tratamento para câncer de cólon  em 3 de agosto de 1995, aos 77 anos.


Agnès Varda nasceu em Bruxelas, Bélgica, em 30 de maio de 1928, como Arlette Varda. Seu pai era grego e sua mãe, francesa. Ela estudou História da Arte na Ecole du Louvre antes de conseguir um emprego como fotógrafa oficial do Teatro Popular Nacional em Paris. Gostava de fotografia, mas queria passar a fazer filmes. Após alguns dias filmando a pequena cidade pesqueira de La Pointe Courte, na França, para um amigo, Varda decidiu fazer um filme próprio. La Pointe Courte, sobre um casal infeliz que tentava lidar com seu relacionamento em uma pequena cidade pesqueira, foi lançado em 1954 e foi considerado o precursor da Nouvelle Vague francesa. 

Agnès Varda foi casada com o diretor Jacques Demy de 1962 até a morte dele, em 1990. Seus filmes (e fotografias) são focados no realismo documental, feminismo e comentário social, com um estilo experimental distinto. Ela possuía um radicalismo narrativo único. Muitos dos filmes de Varda usam protagonistas que são membros marginalizados ou rejeitados da sociedade.


Devido ao seu know how fotográfico, as imagens estáticas são frequentemente significativas em seus filmes. As imagens fixas podem servir a propósitos simbólicos ou narrativos, e cada elemento é importante. Foi considerada a mãe da Nouvelle Vague Francesa.

Ela recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, em 1985, por "Os Renegados" e, em 2009, seu filme "As Praias de Agnes" ganhou o Cesar Award por melhor documentário. Varda tornou-se a primeira diretora, mulher, a receber um Oscar pelo conjunto da obra. Faleceu em 28 de março de 2019 aos 90 anos em decorrência de câncer.


Se olharmos para trás, podemos dizer (infelizmente) que ser uma diretora de cinema é quase uma transgressão. O que é um completo absurdo. Suas vozes pioneiras foram apagadas (e esquecidas) pelo homem, na maioria das vezes. Věra Chytilová foi um dos grandes nomes do cinema Tcheco e da Nouvelle Vague Tcheca. E sua carreira nada mais foi que transgressora, ganhando assim destaque. Chytilová nasceu em Ostrava, Tchecoslováquia, em 2 de fevereiro de 1929.  Ela teve uma educação católica rigorosa , que mais tarde viria a influenciar muitas das questões morais apresentadas em seus filmes.

Enquanto cursava a faculdade, Chytilová inicialmente estudou filosofia e arquitetura, mas acabou abandonando. Depois, trabalhou como desenhista, modelo e retocadora de fotos antes de trabalhar como clapper girl (pessoa responsável pelo claquete) no Barrandov Film Studios em Praga. 


Chytilová é mais conhecida por seu filme altamente controverso "As Pequenas Margaridas". O filme foi proibido na Tchecoslováquia desde seu lançamento inicial em 1966 até 1967. Chytilová incorporou uma linguagem e estilo cinematográficos únicos que não se baseiam em convenções literárias ou verbais, mas utilizam várias formas de manipulação visual para criar significado em seus filmes. Ela usou observações da vida cotidiana de acordo com alegorias e contextos surreais para criar um estilo de filme próprio que é muito influenciado pela Nouvelle Vague francesa e pelo Neorrealismo Italiano.

Chytilová morreu em 12 de março de 2014 em Praga, cercada por sua família, após problemas de saúde aos 85 anos.


Na nossa lista, Lina Wertmüller é uma das 3 ainda vivas (em 2019). Ela é uma cineasta italiana de origem rica. Além de ter concorrido ao Oscar de melhor direção e roteiro por Pasqualino Sete Belezas (um feito feminino para a época), ela será homenageada no próximo Oscar pelo conjunto da obra. 

Sua trajetória começou na Academia de arte dramática Pietro Scharoff. Poucos anos depois, foi assistente de direção de nomes como Armando Grottini (...e Napoli canta! com Virna  Lisi) e  Federico Fellini (8½). Neste mesmo ano debutou na direção com o filme "Os Basiliscos", feito para a tv. No ano seguinte, fez uma série de tv de 8 episódios (O diário de Gian Burrasca) e um filme para o cinema (E Agora Falamos de Homens).  


Seu filme mais reconhecido veio com a experiência de mais de 10 anos na função. Pasqualino Sete Belezas conta a história do personagem título, que cometeu um assassinato acidental do amante de uma irmã. Interpretados pelo casal Giancarlo Giannini e Mariangela Melato, o filme tinha nuances grotescas, paradoxais, exageradas, as quais definem o estilo inconfundível de direção de Lina.

Se casou com o cenógrafo Enrico Job, e depois disto publicou vários romances. Na sua carreira. Sua espantosa e longeva carreira (o último filme, por enquanto, foi em 2014), mostra como precisávamos de mais nomes femininos para enriquecer nosso cinema.


Márta Mészáros é uma roteirista e diretora de cinema húngara. Sua estreia como diretora,  A Garota, em 1968, foi o primeiro filme húngaro a ser dirigido por uma mulher. O trabalho de Mészáros geralmente combina detalhes autobiográficos com imagens documentais. Os temas de destaque incluem negações dos personagens do passado, consequências da desonestidade e problemas de gênero. Seus filmes costumam exibir heroínas de famílias fragmentadas, como garotas que procuram seus pais desaparecidos ou mulheres de meia idade que procuram adotar crianças.

Embora Mészáros tenha feito mais de quinze longas-metragens, ela é indiscutivelmente mais conhecida por Diário Para Meus Filhos (1984), que venceu o Grand Prix no Festival de Cannes. Foi a primeira parte de uma trilogia de filmes autobiográficos, que também inclui Diário para Meus Amores (1987) e Diário Para Meu Pai e Minha Mãe(1990).


Os filmes de Mészáros refletem, em muitos aspectos, suas experiências e lidam com questões relevantes de vida. Tendo perdido os dois pais no começo da vida e tendo passado boa parte da juventude vivendo em uma vida pós-stalinista na Hungria, Mészáros estava cheia de tragédia e opressão, e seus filmes refletem isso com frequência. Além disso, como Mészáros passou muitos de seus primeiros anos como cineasta trabalhando em documentários, muitos de seus filmes também contém tom documental.

Em termos de conteúdo, os filmes tratam as lacunas entre ideais e realidades, e entre pais e filhos, além de mostrar a subordinação feminina, conflitos das culturas urbanas e rurais, antagonismo entre a burocracia e seus funcionários, alcoolismo, diferença de gerações, dissolução das estruturas tradicionais da família.

Mészáros foi casada pela primeira vez com László Karda (cineasta), em 1957, mas eles se divorciaram em 1959, e em 1960, ela se casou com Miklós Jancsó, diretor e roteirista de cinema húngaro que conheceu durante o tempo em que trabalhou no MAFILM Társulás Filmstúdió. Se  divorciem em 1973. Mészáros é uma das poucas cineastas que faz filmes de forma consistente e comercialmente bem-sucedida para um público internacional.


Apesar da carreira entre 1952 e 1985, a diretora Shirley Clarke realizou poucos longas, e mesmo assim, é considerada um dos mais importantes nomes do cinema independente americano. Especialmente por "A Conexão", que retrata um grupo de quatro músicos de jazz que esperam um traficante em um apartamento localizado em Nova York. Enquanto esperam, tocam músicas que também estão sendo filmadas por um documentarista, que passa por uma crise de consciência. Produção controversa, venceu um prêmio da crítica em Cannes e é hoje um documento valioso sobre a contracultura do início dos anos 1960 e uma obra importante do cinema experimental. Baseado em um livro de Jack Gelber.

Nascida Shirley Brimberg, na cidade de Nova York, era filha de um pai imigrante polonês. Sua mãe era filha de um fabricante e inventor judeu multimilionário. Sua irmã era a escritora Elaine Dundy. Como era fã de dança (e só não foi dançarina por causa do pai controlador), seu primeiro curta, em 1953, foi  Dance in the Sun (1953), que ela adaptou uma coreografia de Daniel Nagrin . A New York Dance Film Society o selecionou como o melhor filme de dança do ano.


Clarke estudou cinema com Hans Richter na Universidade da cidade de Nova York depois de fazer In Paris Parks (1954). Em 1955, tornou-se um membro do “Independent Filmmakers of America”. Ela também se tornou parte de um círculo de cineastas independentes em Greenwich Village, como Maya Deren, Stan Brakhage, Jonas Mekas e Lionel Rogosin .

Ela recebeu uma indicação ao Oscar por Skyscraper (1959). Embora Clarke não tenha explorado abertamente os temas feministas em seus filmes, as lutas feministas podem ser interpretadas através do subtexto de suas obras.


Larisa Shepitko é um dos nomes mais importantes do cinema soviético. Apesar de ter dirigido poucos filmes, seu derradeiro trabalho foi A Ascensão em 1977, um dos 20 mais importantes filmes soviéticos da história do cinema. E ainda por cima, era casada com Elem Klimov, que realizou Vá e Veja, um dos 10 melhores filmes da história do cinema soviético (curiosamente, seu último filme também).

Foi um grande talento que morreu de forma precoce. Ela se acidentou em uma rodovia com outros membros da sua equipe de filmagens. Ela procurava locações para realizar o filme que seria finalizado (na verdade iniciado) pelo marido, como forma de homenagear a sua esposa. "Agonia Rasputim" foi lançado em 1981.


Shepitko nasceu em Artemovsk , uma cidade no leste da Ucrânia. Em 1954, ela se formou no colegial em Lviv. Mudou-se para Moscou aos dezesseis anos, entrando no Instituto Estadual de Cinema. Shepitko foi aluna de Alexander Dovzhenko por 18 meses até sua morte em 1956.

Ela se formou em 1963 no  Instituto Gerasimov de Cinematografia, também conhecido como VGIK, que é uma escola de cinema em Moscou. Lá também estudou Elem Klimov, com quem trocou figurinhas na época. Eles se casaram no mesmo ano.

A crescente reputação internacional de Shepitko levou a um convite para integrar o júri no 28º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em 1978.


Na lista de hoje, a única diretora que se especializou em comédias foi Penelope Spheeris. Algumas marcantes (como Quanto Mais Idiota Melhor) e outras nem tanto. As suas comedias permearam sua carreira de ponta a ponta.

Nascida em New Orleans, Louisiana, no dia 2 de dezembro de 1945. Além de diretora, produzia e roteirizava. Também realizou documentários, como a sequência dos três "The Decline of Western Civilization", lançados em 1981, 1988 e 1998, sobre o movimento punk rock de Los Angeles no início dos anos 1980, que quase foram barrados pela polícia americana. Spheeris foi precursora dos documentários sobre músicos.


Seu pai foi baleado e morto em Troy, Alabama, após intervir em uma disputa racial. Em uma entrevista de 2015, Spheeris afirmou que seu pai havia ajudado um homem afro-americano que havia sido atingido na nuca por um homem branco com uma bengala por causa de um lugar na fila. O homem branco logo depois voltou e matou a tiros o pai de Spheeris. Ela afirma que o assassino de seu pai não cumpriu pena de prisão. O crime foi justificado porque ele assassinou uma pessoa que  "estava defendendo um negro".

Spheeris começou a carreira produzindo curtas-metragens para o comediante Albert Brooks, muitos deles sendo destaques na primeira temporada da série de televisão Saturday Night Live. Ela concorreu (e em muitos casos venceu) a diversos prêmios importantes como o  Festival de Sundance e Directors Guild of America.


Com uma importante carreira na União Soviética (grande parte dos seus filmes é desconhecida do público brasileiro). Muratova passou a maior parte de sua carreira artística em Odessa, criando seus filmes com atores e estúdios locais. Seus filmes foram extremamente  perseguidos pela  censura na União Soviética.

Kira Korotkova nasceu em 1934  em Soroca, Romênia. Seus pais eram comunistas ativos e membros do Partido Comunista. Seu pai participou do movimento de guerrilha antifascista na Segunda Guerra Mundial, foi preso por forças romenas e baleado após interrogatório. Após a guerra, Kira viveu em Bucareste com sua mãe, uma ginecologista, que seguiu uma carreira no governo na Romênia socialista.


Em 1959, Kira se formou no Instituto Gerasimov de Cinema, em Moscou, especializada em direção. Ela dirigiu seu primeiro filme profissional em 1961 e trabalhou com o estúdio até que um conflito profissional. Os filmes de Muratova eram criticados constantemente pelas autoridades soviéticas devido à sua linguagem peculiar, que não cumpria as normas do socialismo. Kira se casou com seu colega de direção Oleksandr Muratov no início dos anos 1960 e co-criou vários filmes com ele. O casal teve uma filha, Marianna, mas logo se divorciou e Muratov se mudou para Kiev, onde começou a trabalhar no Dovzhenko Film Studios. Kira Muratova manteve o sobrenome de seu ex-marido, apesar de seu casamento  com o pintor e designer de produção de Leningrado, Evgeny Golubenko.

Ela faleceu em 6 de junho de 2018, deixando um legado a ser redescoberto.


As gerações mais novas conhecem bem Mai Zetterling por um papel específico no cinema. O filme em questão é o cultuado "Convenção das Bruxas" de 1990, dirigido por Nicolas Roeg. Seu papel de Helga chama a atenção no elenco. Mas muitos não sabem que ela era uma experiente diretora de cinema, com trabalhos entre 1960 e 1990.  Zetterling apareceu em produções de cinema e televisão que durante seis décadas entre as décadas de 1940 e 1990.

Logo no início de carreira já trabalhou com o grande Ingmar Bergman num papel bastante controverso sobre um professor sádico apelidado pelos alunos de Calígula e que rege suas aulas como um tirano. O filme em questão se chama Tortura do Desejo.  E numa daquelas bizarrices sem fim dos tradutores, dois anos depois nomearam um filme dela como Tortura de um Desejo, provavelmente querendo que o público associasse ambos.


Ela começou a dirigir no início dos anos 1960, iniciando com documentários políticos além de um curta indicado ao prêmio BAFTA e ganhador do Leão de Prata em Veneza. Seu primeiro longa-metragem "Casais Amorosos" baseado no romance de Agnes von Krusenstjerna, e foi proibido no Festival de Cannes por sua explicitação sexual e nudez. Na trama, que se passa num hospital na Escandinávia, três mulheres prestes a dar à luz conversam sobre seus dramas pessoais. A diretora foi uma das pioneiras no voyeurismo.

Ela vista pelos britânicos como suspeita de comunismo, mas no Reino Unido não tinha lista negra como em Hollywood. Mai morreu em sua casa em Londres, de câncer, em 17 de março de 1994, aos 68 anos, um ano após seu último papel na televisão.

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