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A MALDIÇÃO DE QUICKSILVER (1997) - FILM REVIEW


Autoestrada Quicksilver.


Texto: M.V.Pacheco e Thais A.F. Melo

Revisão: Thais A.F. Melo


Quem assiste filmes de horror ou ficção, envolvendo autoestradas, já deve ter ouvido falar da Rota 666, que corta todo o país dos EUA, de Norte a Sul. E ela é conhecida cpmo ”Rota do Diabo”, devido ao grande número de acidentes e outros fenômenos paranormais. É certamente uma estrada maldita.

A lenda diz que pessoas que dirigem pela estrada arriscam serem amaldiçoadas, sendo atormentadas por fantasmas durante a viagem de pessoas que vagam a beira do asfalto. O número monstruoso de ocorrências renderam a fama da estrada.

E é nesse contexto real, que Quicksilver atua. O filme A Maldição de Quicksilver, roteirizado pelo trio Clive Barker (Hellraiser), Stephen King (quem mais?) e Mick Garris (que também dirige), mostra Aaron Quicksilver, pegando lugar da caveirinha de Contos da Cripta, que conta histórias de horror.

O prólogo mostra um casal de recém casados com problemas com seu carro. O marido entende que seria uma boa ideia sair para buscar ajuda, largando a esposa grávida no meio do nada e evidentemente, desaparece. Ele não vai na direção de onde vieram (o que pareceria a escolha lógica), mas para frente, rumo ao desconhecido.

E em meio a um clima árido e abutres sedentos, Quicksilver aparece para salvar o dia. Ele ajuda a mulher, porém, começa a contar uma história bizarra, que coleciona em suas viagens pela rodovia, envolvendo um caroneiro batedor de carteiras e uma dentadura (maldita?):

Ao viajar pela estrada deserta, o vendedor Bill Hogan é pego por uma tempestade de areia. Ele para em uma lanchonete e, por capricho, compra um estranho conjunto de dentes de corda de brinquedo. De volta para a estrada, ele dá uma carona a um caroneiro chamado Bryan Adams, mas logo depois que eles partem, Adams aponta um canivete para Bill. Eles acabam batendo, deixando Bill preso com o cinto em seu assento na van capotada. 

Enquanto Adams o ameaça, Bill recebe uma estranha ajuda da dentadura com vida própria. A história, que parece ir para um lado, vai para o outro e termina em outro, é escrita por Stephen King.

Já a segunda história, escrita por Clive Barker, mostra um clima mais parecido com a obra de Stephen King, com uma mão que ganha vida própria e se volta contra seu dono:

Charles George é um cirurgião plástico de sucesso, mas de repente descobre que suas mãos estão desenvolvendo vontade própria. Enquanto George dorme, as mãos começam a conspirar juntas. As mãos então arrastam George para a cozinha, onde a mão esquerda agarra um cutelo e libera a direita. A mão corre para o mundo onde planeja iniciar uma revolução para libertar outras mãos (o ataque das mãos malditas?).

Filmes para a TV (e não estou falando de streaming, que fique claro), costumam ser arrastados de maneira que você pode ir até a cozinha, escolher algo para comer na geladeira, e voltar sem que perca o "fio da meada". E A Maldição de Quicksilver sai do trilho quando economiza uma história, elevando a responsabilidade dos seguimentos funcionarem. 

E de uma maneira geral, tanto o ataque da dentadura assassina quanto a rebelião das mãos malditas, pecam por serem mais infantis que bizarras. Mais forçadas do que divertidas. E é uma culpa exclusiva dos roteiristas (só lembrando, Stephen King e Clive Barker), pois a direção de Garris é sempre competente. 

Mick tem muita experiência no formato de antologia para TV. Um de seus primeiros trabalhos na indústria foi como editor de histórias na série de TV Amazing Stories (1985-7), produzida por Steven Spielberg, para o qual ele também escreveu nove episódios. Posteriormente, Garris voltou ao formato como criador e produtor executivo por trás da série Masters of Horror (2005-7); e seu primo menos bem-sucedido Masters of Science Fiction (2007), seguido por outra antologia de terror Fear Itself (2008-9).

Para quem sabe fazer bolo, esse filme se enquadra no bolo que não deu liga. A junção de grandes nomes não resultou em um resultado convincente. E fazer Quicksilver, o elo entre duas histórias sobre partes de corpos revoltosas, não foi a escolha mais sensata.

Mas nem tudo está perdido quanto ao filme. Podemos notar que a direção de arte criou uma atmosfera interessante e distinta do que vemos em muitos filmes: os cenários são secos e por muitas vezes nos pegamos na situação de alguns personagens. Como o próprio casal desafortunado; afinal, quem nunca ficou parado no meio do nada em alguma situação? O próprio personagem de Christopher Lloyd demonstra se aproveitar da desgraça daqueles que cruzam seu caminho. 

E não há nenhum motivo moral para isso, como o mesmo diz. Em resumo, as duas histórias podem não apresentar grandes mensagens, mas isso nunca foi a pretensão dos realizadores e tão quanto de Quicksilver. Apenas há histórias que podem ser apreciadas pelo simples ''E se?''. Porém, isso não descarta que não se trata de um filme empolgante. Há muitas maneiras de tratar o simples, e A Maldição de Quicksilver não souber aproveitar o peso que uma história simples pode oferecer.

A Maldição de Quicksilver não é um filme para ser lembrado, mas tão pouco esquecido. É sempre bom ver e rever filmes, mesmo que seja para perceber que até grandes nomes do horror tem seus dias menos inspirados. 



 

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