ÀS VEZES ELES VOLTAM (1991) - FILM REVIEW
Texto: M.V.Pacheco
Revisão: Thais A.F. Melo
Após 27 anos, o professor Jim Norman (Tim Matheson) deixa Chicago e retorna para sua cidade natal, pois só lá lhe ofereceram emprego. Ele chega com sua esposa, Sally (Brooke Adams), e com o filho deles, Scott (Robert Hy Gorman). Quando era garoto, Jim ficou traumatizado (e ainda é) ao ver seu irmão mais velho, Wayne (Chris Demetral), ser assassinado por uma gangue.
Em razão de um acidente, os responsáveis pela morte de Wayne morreram logo depois. Agora os alunos de Jim começam a morrer e, para cada um que morre, a vaga é preenchida por um dos assassinos de Wayne. Fica muito difícil para Jim tentar explicar esta fantástica situação, pois nem Sally crê nele, e logo Jim poderá estar morto, pois os criminosos voltaram para matá-lo.
Acertando as contas com o passado...
Às vezes eles voltam traz diversos elementos de Conta comigo (outra adaptação de King), como a relação dos irmãos, o trem, a narração, o grupo de bad boys. Entretanto, traz não só a relação de algum personagem com o passado, mas mostra a morte sendo o fio condutor da história.
O filme é baseado em um conto de Stephen King, publicado pela primeira vez na edição de março de 1974 da Cavalier, e posteriormente reunido na coleção Sombras da Noite (Night Shift) de King em 1978.
A direção ficou por conta de Tom McLoughlin, diretor do meu filme preferido da saga Sexta-feira 13 - Parte VI: Jason vive, de 1986. E como eu, é um fã de filmes de fantasmas. Em uma conversa que tive com ele, Tom me disse que tem trabalhado com o paranormal, estudando fantasmas, poltergeists, outros eventos psíquicos.
Os fantasmas de Às vezes eles voltam, ainda que violentos (perpetuando o esteriótipo de gangue) buscam a paz, porém por meio da vingança. O que me lembrou um pouco Evocando Espíritos de 2009, filme que mostrava fantasmas assustadores pedindo socorro. O túnel é a representação do caminho de passagem, podendo ou não trazer a morte definitiva.
O filme explora a sanidade do personagem central, que diminui quando ele vê a gangue demoníaca de greasers assumir o controle de sua classe e assassinar seus alunos. Suas explosões emocionais e passado conturbado deixam o professor no limite e sem opções, a não ser encarar seus monstros.
No final, a produção se revela uma trama família, envolta de uma alegoria fantasmagórica. Trauma e rancor são os sentimentos que movem os personagens. E sempre acessamos a mesma cena, como se o diretor quisesse que nós, telespectadores, fizéssemos parte do loop temporal na cabeça de Jim.
Mesmo sendo um bom filme,, fica a sensação de que a produção deveria fazer parte de uma antologia com cerca de meia hora de duração, afinal, trata-se da adaptação de um conto de King. E como sabemos, contos têm a característica de serem concisos e curtos. O mais interessante é que isso ocorre em várias adaptações de obras do mestre. Stephen sabia precisamente o potencial de sua obra. Já o cinema, segue o dito popular "quem conta um conto, aumenta um ponto".
Aliás, o multiverso da loucura de King está presente, porém de forma tímida: Pennywise também volta a cada 27 anos no romance IT de Stephen King. E na cena em que John Porter pega o diário de sua mãe, você pode ver o romance The Drawing of Three escrito por Stephen King abaixo dele.
E me parece insano um o filme, que não poderia passar de 30 minutos, ter duas continuações: Às Vezes Eles Voltam 2 (1996) e Às Vezes Eles Voltam... para Sempre (1999).
Desnecessário dizer que foram... desnecessárias.
E que às vezes eles voltam.