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CEMITÉRIO MALDITO (1989) - FILM REVIEW


Cemitério de animais

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Eu nasci no ano de 1976 e meu boom cinematográfico se deu 10 anos depois. No final dos anos 80, eu já poderia ser considerado um cinéfilo. E todas as minhas experiências mais marcantes, foram entre 1988 e 1989, quando eu assistia tudo na TV e no cinema. Foi a "Tempestade perfeita". Por um lado, começava a Tela Quente e Cinema em casa. Por outro, eu tinha idade para ver boa parte dos filmes.

Hoje posso confortavelmente, mapear o que mais me impactou, mesmo as produções consideradas fracas, como as da empresa Cannon. Neste contexto, meu primeiro Stephen King na TV foi Comboio do terror, até hoje, um dos filmes que mais revejo. E o primeiro King no cinema foi...Cemitério maldito.


No filme, os Creeds se mudaram para uma nova casa nos arredores de Chicago. A casa é perfeita, exceto por duas coisas: os reboques, que vivem fazendo barulho na estrada, e o misterioso cemitério no bosque atrás da casa. Os vizinhos dos Creeds estão relutantes em falar sobre o cemitério e eles tem um bom motivo para tal comportamento. Gradativamente o casal toma conhecimento da verdade e ficam chocados ao saberem do perigo que seus filhos correm. Quando o gato da família morre atropelado, eles o enterram em um cemitério índio que tem o poder de ressuscitar o que for deixado naquele terreno, mas as consequências são inimagináveis.

Às vezes, a morte é melhor

Interessante como a fluência da história permite-nos compreender tudo que o personagem principal faz afinal quem não se arriscaria naquela mesma situação? E ainda que tudo vá piorando, quem não tentaria "consertar" as coisas? 


Stephen King uma vez mencionou que o único romance que escreveu que realmente o assustou foi "Pet Sematary". King esteve presente nas locações durante a maior parte das filmagens do filme. A área em que foi filmado ficava a apenas vinte minutos de sua casa em Bangor, Maine. 

No romance de Stephen King, Judd menciona que um cachorro enlouqueceu em uma cidade próxima e matou várias pessoas. Trata-se de uma referência aos acontecimentos de Cujo (1983), outro romance de King. É comum que os personagens dos romances de King mencionem os eventos de seus outros romances.


O roteiro original apresentava o "wendigo" (um demônio nativo americano) que era mencionado no romance, mas acabou sendo cortado do filme. Sua presença está implícita apenas duas vezes: primeiro, na cena em que Louis está caminhando pela floresta à noite e ouve algo grande derrubando uma árvore e, segundo, quando Judd leva Louis pela primeira vez ao cemitério indígena, há algum tipo de forte estrondo nas profundezas da floresta seguido por um uivo longo, quase feminino. Judd diz que "é apenas um mergulhão", mas é claro que ele mesmo não acredita inteiramente.

O papel de Zelda, a irmã em estado terminal de Rachel, foi interpretado por um homem. A diretora Mary Lambert queria que Zelda e suas cenas assustassem o público, mas não acreditava que uma garota de 13 anos fosse assustadora, então ela escalou Andrew Hubatsek para o papel.


Stephen King é um grande fã dos Ramones e fez referência a algumas de suas canções no romance "Pet Sematary". Em homenagem, a banda Nova-Iorquina compôs a trilha sonora do filme, sendo o Ramones uma das bandas favoritas de King. As músicas "Sheena is a Punk Rocker" foram incluídas, e "Pet Sematary" que foi gravada para o filme, se tornou uma das músicas de maior sucesso da banda.

Cemitério Maldito foi o segundo longa-metragem da diretora Mary Lambert. Ela era mais conhecida por seu trabalho na direção de videoclipes, especialmente os de Madonna, incluindo Madonna: Material Girl (1985) e Madonna: Like a Prayer (1989). Através de seu trabalho na indústria musical, Lambert era amiga dos Ramones. Foi ela quem abordou o grupo, que prontamente concordaram. 


Inicialmente, os executivos da Paramount queriam um par de gêmeos para fazer o papel de Gage, como as escolhidas para interpretar Ellie, que era a opção mais econômica. No entanto, Mary Lambert ficou muito impressionada com Miko Hughes, de três anos, que ela sentia ser um talento natural apesar de sua pouca idade, então ela pressionou o estúdio para aceitar sua escolha.

Durante os créditos de abertura, há várias vozes de crianças recitando epitáfios para animais de estimação falecidos. Uma dessas vozes pertence a Jonathan Brandis, que estrelou como o jovem Bill Denbrough em outra das obras mais populares de Stephen King, It - Uma Obra Prima do Medo (1990). Com relação ao ator, há uma triste curiosidade: Brandis cometeu o suicídio em 12 de novembro de 2003 (um de seus amigos o encontrou enforcado com uma corda de nylon). E no filme, na cena antes da ponta de Stephen King, a personagem Missy também comete suicídio por enforcamento. Bizarro não?


Já que não havia CGI naquela época. Os olhos brilhantes do gato foram feitos na câmera. Acontece que os gatos têm uma retina que reflete a luz. Poucos animais têm esse [atributo], mas os gatos têm. A equipe de filmagem colocou uma luz diretamente acima da lente da câmera, para que, quando eles estivessem filmando com os gatos, ela refletisse na câmera. O cemitério Micmac no filme foi construído no topo de uma montanha real. De acordo com a diretora Mary Lambert, escavadeiras foram contratadas para construir os montes de pedra.

No decorrer do filme, o personagem Jud interpretado por Fred Gwynne menciona que ele tinha um animal de estimação chamado "Spot". Este era também o nome do dragão de estimação no programa de TV de Gwynne, Os Monstros (1964).


Uma das coisas que atraiu Mary Lambert para o horror é a oportunidade do gênero de criar suas próprias regras como cineasta. "Você pode criar um mundo que exista com seu próprio conjunto de regras. Você pode ignorar a física, mas a única coisa que você precisa fazer é seguir essas regras." Ela diz que "Cemitério Maldito" faz um ótimo trabalho ao estabelecer e seguir suas próprias regras.

O solo do coração de um homem é mais pedregoso.

A história foi inspirada por eventos reais vividos por Stephen King que ocorreram enquanto ele morava em Orington, Maine com sua família. King lembrou que enquanto vivia lá, o gato de sua filha (Smuckey) foi morto na rodovia. Muito da explosão emocional de Ellie Creed foi tirada diretamente da própria filha de King. Ele também se lembrou de que, uma vez, seu filho mais novo quase correu para a estrada enquanto um caminhão estava passando, assim como Gage faz no filme. 


O personagem de Judd Crandall foi baseado no vizinho idoso que morava do outro lado da rua de King. Além disso, havia um cemitério de animais de verdade na floresta atrás da casa de King, que se tornou a base para o cemitério do romance. O nome de Smuckey aparece nas lápides do cemitério de animais, tanto no filme quanto no romance.

Parece, de fato, que o universo conspirava para King ser o Rei que se tornou.



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