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THE RUNNING MAN: O SOBREVIVENTE (1987) - FILM REVIEW

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O corredor

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Falar de qualquer filme baseado em histórias de Stephen King é um dos meus maiores prazeres na escrita. É sempre bom desvendar e explorar estas produções, principalmente as mais antigas, que dialogam com nossa atualidade, mostrando como King, em suas viagens, é um visionário. 

The running man guarda diversas histórias interessantes e curiosas. Mas antes vamos à trama. No ano de 2017, os Estados Unidos passam por um regime totalitário em que cada pessoa perdeu toda sua liberdade pessoal. Livros são queimados, discos destruídos e escolas fechadas. A única diversão do povo é a TV, e o programa mais popular é um cruel jogo em que o único prêmio é a sobrevivência. No meio desse caos, um homem é culpado de um crime que não cometeu, vai para a cadeia e dois anos depois foge. Porém, é pego e o Estado lhe dá a opção: entrar para um jogo, que o deixa constantemente entre a vida e a morte chamado Running man.

O filme, como dito acima, é baseado no romance de Stephen King, que o escreveu sob o pseudônimo de Richard Bachman. Ele escreveu a história em 72 horas. Quando Rob Cohen comprou os direitos, ele não tinha ideia de que Bachman era, na verdade, um pseudônimo de King. E o nome que você vê creditado no filme é Bachman, não King, o que pode causar certa confusão para os desavisados; principalmente por se tratar de um filme com Arnold Schwarzenegger, na época, um dos grandes nomes ligados ao cinema de ação. 

A história dialoga muito com nosso presente. O personagem de Arnold se torna um criminoso em função de uma "fake news", engenhada pela mídia e editada de forma convincente a parecer que ele é, de fato, um vilão.. O game nada mais é que um reflexo do que vemos hoje em dia, afinal, qual reality show sobrevive sem inúmeras tretas e quanto pior forem, mais sucesso ele faz. O público quer ver sangue, e King sabia disto quando escreveu Running man. Sem contar a latente democracia em perigo, que nos cerca e nos atormenta. 

O diretor Paul Michael Glaser, aliás, é um conhecido ator, principalmente pelo papel de detetive Dave Starsky na série de televisão dos anos 1970, Starsky & Hutch, Ele atuava desde os anos 50, não era muito experiente na direção. Seu primeiro longa para o cinema foi "A Quadrilha da mão" em 1986, e antes disto, havia dirigido alguns episódios da série Starsky & Hutch, Miami Vice e um filme para TV chamado Amazons. 

Antes de Paul Michael Glaser ser contratado como diretor, o produtor executivo Rob Cohen já tinha contratado outros quatro diretores para fazer o filme. O primeiro foi George P. Cosmatos, que havia impressionado Cohen com o seu trabalho em Rambo 2 - A Missão. Entretanto, ele foi despedido quando Cosmatos anunciou que queria transferir o filme todo para um shopping center, por acreditar que o roteiro estava sendo levado a uma direção inaceitável.

Em seguida Cohen ofereceu o projeto ao diretor alemão Carl Schenkel, que o havia impressionado com Abwärts, mas Schenkel recusou porque não queria se envolver em um projeto tão grande. Depois Cohen contratou Ferdinand Fairfax, pois já havia gostado de Dupla dinâmica (clássico que passou nos primeiros anos da Tela Quente e depois mudou de nome para "Piratas das Ilhas Selvagens"). Como Cosmatos, Fairfax começou a levar o filme para uma direção que não agradou ao produtor, e ele o despediu.

Cohen então recorreu a Andrew Davis, porque admirava seu trabalho em Código do Silêncio. Só que problemas surgiram e, em apenas oito dias desde que tomara as rédeas do filme, ele já havia ultrapassado em 8 milhões de dólares o orçamento e estava quatro dias atrás do planejado. Cohen teve que despedir Davis e, por fim, contratou Glaser, com quem ele já havia trabalhado em Miami Vice.

Os vilões: Para encarar Arnold, um time a altura foi escolhido.

O Professor Subzero é interpretado pelo Professor Toru Tanaka. É importante notar que o título de Professor de Tanaka não vem de um nível acadêmico de pós-doutorado, mas sim do nome de wrestling que o ator adotou em sua carreira de wrestling dos anos 1960 até os anos 1980 (às vezes abreviado para Professor Tanaka). O ator, que faleceu aos 70 anos, em 22 de agosto do ano 2000, ficou conhecido por papéis como em Chuva negra e A Arma Perfeita. 

Erland van Lidth ("Dínamo") era um cantor de ópera barítono de Helden com formação clássica, então em sua introdução quando o Dínamo está cantando uma ária de "As Bodas de Fígaro", na verdade, é van Lidth cantando. Este também foi seu último filme, que faleceu de insuficiência cardíaca em 23 de setembro de 1987.

Jesse Ventura, o Captão Freedom, ficou marcado no mesmo ano por Predador. Seu personagem Blain Cooper é o que empunha a notória metralhadora giratória. Anos depois, em novembro de 1998, ele foi eleito governador de Minnesota e protagonizou algumas discussões políticas com Arnold, que  foi eleito governador da Califórnia em outubro de 2003.

Fireball foi interpretado por ninguém menos que Jim Brown, o líder de todos os tempos da NFL em jardas corridas até meados dos anos 80. Grande ator da Blaxploitation e fez trabalhos marcantes no cinema, como em Os doze condenados.

O menos conhecido do grupo é Gus Rethwisch, que faz o Buzzsaw (da serra elétrica). Ele atuou pouco, ainda que tenha feito filmes populares como Irmãos Gêmeos e O Escorpião Rei. 

O time de vilões é completado pelo líder, o apresentador do game show Damon Killian, interpretado por Richard Dawson. Por muito tempo, ele foi apresentador do game show americano Family Feud e este foi seu último papel no cinema (faleceu somente em  2 de junho de 2012). Dawson só concordou em participar do filme, desde que não se esperasse que usasse palavrões em seus diálogos.

Mas voltando...

Running Man continua sendo um dos filmes menos comentados de Arnold Schwarzenegger dos anos 1980. Mesmo com ótimo elenco (tive a honra de entrevistar Yaphet Kotto, que faleceu em março de 2021). 

Não sei se por conta dos vilões terminarem a trama mal aproveitados, principalmente por serem astros do game, mas que no final das contas, parecem apenas caras incompetentes vestidos com roupas carnavalescas. Ou por ser um Stephen King que não se parece com um Stephen King, mas de toda forma, tem brilho próprio e merece ser vistos e revistos. 

Ben Richards não é tão lembrado quanto John Matrix, Dutch Schaefer, Ivan Danko, Jack Slater ou Harry Tasker. Mas deveria.

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