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TROCAS MACABRAS (1993) - FILM REVIEW

Coisas necessárias


Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Stephen King gosta de brincar. Fazer de seus personagens, marionetes, colocando-os uns contra os outros, levando-os ao limite. Seu objetivo parece ser sempre extrair a essência do ser humano, com resultados invariavelmente macabros. E em Trocas macabras, ele faz justamente isso. 

Na trama que se passa em Castle Rock, na Nova Inglaterra, um lugar tranquilo para se viver. Mas a chegada de Leland Gaunt (Max von Sydow), um ser diabólico literalmente falando, desestabiliza a cidade através do preconceito, ódio, fraqueza e cobiça, provocando mortes e sofrimento. Gaunt consegue isto por meio de uma loja de utilidades, que sempre tem algo especial para cada morador da cidade, que para conseguirem o que desejam pagam um preço simbólico e prestam um "favor" para Leland.

No filme, há um prenúncio sutil de quem é Leland Gaunt e por que ele está na cidade, bem no início do filme, quando ele diz "Achei que não tínhamos espaço para outra alma aqui", quando Nettie Cobb (Plummer) entra na loja. À medida que o filme avança, é revelado que ele está trocando as almas das pessoas pelas coisas que desejam.

Mediante uma figura ímpar, King mostra uma situação que reflete nossa vida: como uma única pessoa pode instaurar o caos, jogando uns contra os outros através de pequenas atitudes. 

Trocas estranhas

O filme foi a estreia no cinema, na função de diretor, do ator Fraser C. Heston, que havia interpretado o bebê Moisés em Os Dez Mandamentos (1956). Em contrapartida, Max von Sydow interpretou Jesus em A Maior História de Todos os Tempos (1965). E pela dinâmica das funções, aconteceu um fato curioso: Moisés dizendo a Jesus como bancar o Diabo no filme...

O romance original de Stephen King contou com uma aparição popularizada em outro filme: Ace Merrill, o valentão interpretado por Kiefer Sutherland em Conta Comigo (1986). O xerife Alan Pangborn, aqui interpretado por Ed Harris, também aparece em A Metade Negra (1993), lançado no início do mesmo ano, porém interpretado por Michael Rooker.

Ainda comparando romance e o filme, no livro, jovem Brian Rusk comete suicídio. No filme, no entanto, o xerife Pangborn revelou que ele sobreviveu num diálogo posterior. A cena do quase suicídio deixa certa dúvida sobre o destino de ambos. O diálogo foi uma adição de última hora depois que o estúdio se opôs fortemente às terríveis implicações de um menor se matar.

Bonnie Bedelia apareceu anteriormente em "Vampirs de Salem (1979)" a minissérie de TV, que também foi baseada em um romance de 'Stephen King', e também era sobre um estranho misterioso que se muda para uma pequena cidade e abre uma loja de antiguidades. Esse filme contou com dois atores (James Mason e Clarissa Kaye-Mason) que eram marido e mulher na realidade, assim como Trocas macabras (Ray McKinnon e Lisa Blount). 

Ambos também apresentaram um ator cuja esposa apareceu em outro filme com os mesmos personagens. Julie Cobb apareceu em "Vampiros de Salem ", e seu marido James Cromwell apareceu no remake em 2004. O personagem de Ed Harris apareceu anteriormente em A Metade Negra (1993), que contou com a participação de sua esposa, Amy Madigan.

Ray McKinnon, que interpreta o deputado Norris Ridgewick, também apareceu em outra adaptação de Stephen King. Ele interpretou Charlie Campion, o soldado que desencadeou a praga, na minissérie de 1994: Dança da morte, que Ed Harris também atua.

Curioso observar que Danforth Keeton (J. T. Walsh) mata sua esposa com um martelo porque suspeita que ela seja infiel. Em Acima de Qualquer Suspeita (1990), Bonnie Bedelia mata a ex-amante do marido com um martelo.

Em um ponto do romance original, Gaunt é visto lendo "A ilha do tesouro"e, posteriormente, citando Hamlet. O diretor Fraser C. Heston dirigiu seu pai Charlton Heston em "A ilha do tesouro" de 1990. Charlton também interpretou o Player King em Hamlet (1996). O pai de Amanda Plummer (que em "Trocas macabras" faz Nettie Cobb), Christopher Plummer, interpretou o próprio Hamlet em 1964, na produção da BBC dirigida por Philip Saville.

Em 22 de maio de 1996, a rede TBS exibiu uma edição estendida de 187 minutos. A filmagem extra inclui mais dos cidadãos de Castle Rock e suas vidas. 

E não duvido que esta versão seja muito mais completa e interessante, ainda que não se torne uma obra-prima do medo por conta disso. 


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