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DESESPERO (2006) - FILM REVIEW


Desespero.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Desespero é uma das poucas adaptações do mestre do horror Stephen King que assisti uma única vez e sequer me lembro se gostei. E após dar o play, já me senti arremessado em um mundo tão particular para mim, que mal pude acreditar que nunca retomei a Desespero.

Desperation é uma pequena cidade onde aparentemente, algo errado acontece, sempre envolvendo um patrulheiro. A história começa quando um casal é parado pelo xerife (Ron Perlman), que tem o hábito de parar viajantes em prol de suas maldades. 


Cynthia Smith: Você é uma pessoa legal?

Steve Ames: Bem, uh, eu gosto de pensar assim. Mas se eu fosse Ted Bundy, você acha que eu diria a você?


O filme foi originalmente escrito para ir ao ar como uma minissérie em duas partes, mas a ABC Network optou por exibir o filme inteiro em uma noite em um intervalo de três horas. O filme foi dirigido pelo ótimo Mick Garris, que trabalhou em seis adaptações de King: Sonâmbulos (1992), A Dança da Morte (1994), O Iluminado (1997), A Maldição de Quicksilver (1997), Montado na Bala (2004), além de Desespero (2006). 

Quando entrevistei Garris, perguntei como era trabalhar com King tantas vezes. Ele me disse que Stephen é o homem mais generosamente criativo que ele já conheceu, e que tinha muita sorte não apenas de ter trabalhado com ele, mas também de se tornar a amigo dele. 

"Desespero" conta com um ótimo elenco: Ron Perlman de Hellboy (2004), Tom Skerritt, de Alien (1979),  Steven Weber, que atuou na versão de O iluminado para a TV, Annabeth Gish de Saco de Ossos (2011), Charles Durning de A Vingança do Espantalho (1981), Matt Frewer de Montado na Bala (2004) e Henry Thomas de Doutor Sono (2019).

Interessante notar que Stephen King publicou Desespero no mesmo ano em que lançou, sob o pseudônimo de Richard Bachman, seu romance “gêmeo” Os Justiceiros, com personagens em comum, mundos em paralelo, e que giram em torno da entidade Tak - um demônio das profundezas que pode controlar a vida selvagem e se apossar de corpos humanos, como se fosse um parasita.

Porém, a ideia dos mundos paralelos foi abandonada no que seria uma minissérie, e com ela muito do que tornava a história mais interessante. O maior pecado do filme (e de tantas outras adaptações de uma obra do Rei) é a duração, que nitidamente encurta elementos em cena que deveria ter mais espaço, como o xerife assustador que é apenas um anfitrião e praticamente desaparece na segunda metade da história. 

O conceito de trabalhadores migrantes chineses é um assunto rico, mas o tempo em cena não é o suficiente para torná-lo interessante. A alienação dos personagens também é mal desenvolvida, sugerindo uma realidade alternativa, já todos agem como se nunca tivessem ouvido falar de fé e agem como se fosse totalmente estranho para eles e que David é um louco devido a suas crenças.

Embora King seja um ótimo escritor de personagens, eles nem sempre se traduzem no filme e muitos de seus personagens parecem duplicatas de outros personagens (como o garoto com poderes psíquicos). O ponto alto do filme é o eletrizante início, que com grandes momentos de tensão e enquadramentos que fazem lembrar Brian de Palma em seus melhores dias.

Fazendo um paralelo com a vida cinéfila, que ao irmos em locadoras nos igualamos aos viajantes, talvez seja melhor evitar esta estrada para não entrar, literalmente, em Desespero.

 

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