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IT - A COISA (2017) - FILM REVIEW


Isto.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Existe um abismo entre fazer um filme com a identidade de uma geração e emular (ou homenagear) uma época. Stranger things, por exemplo, emula os anos 80, homenageando filmes e mais filmes daquela década. É o maior hype do momento, inclusive. Mas sempre digo: por que motivo ver uma emulação se podemos ver o original?

Outro caso recente é de Deadpool. A cena pós-crédito homenageia "Curtindo a vida adoidado". E claro, podem perguntar aonde quero chegar com este papo. Resposta simples: o filme que emula outro, não tem vida própria. É "apenas" uma bela Lua, que não tem luz e precisa do Sol para brilhar. Stranger things é assim. Uma série calcada nos subestimados anos 80, que agora tem sido merecidamente reverenciados. Atores chamados de brucutus viraram cults. Filmes sessão da tarde são chamados de "clássicos". É...o mundo dá voltas...


O que nos leva a It - a coisa. Que longe das emulações e homenagens, o filme tem identidade própria. Mais precisamente, parece ter sido produzido lá por 1988...89, que é, aliás, quando o filme se passa.

O filme conta a história de um grupo de sete adolescentes de Derry, uma cidade no Maine, que formam o auto-intitulado "Losers Club" - o clube dos perdedores. A pacata rotina da cidade é abalada quando crianças começam a desaparecer . Logo, os integrantes do "Losers Club" identificam visões em comum, e todas tem a ver com o palhaço Pennywise associado a algum trauma individual.

O longa é baseado em uma das obras clássicas de Stephen King. O livro que inspirou o filme foi publicado em 1986. E deu origem a um telefilme em 1990, que conta a mesma história, só que de maneira mais completa (A trama se divide em duas partes: a primeira é quando os protagonistas ainda são crianças e a segunda quando eles já estão adultos e voltam para Derry.). A cidade fictícia do filme também foi o local dos acontecimentos de outros livros de Stephen King, como Insônia, Saco de Ossos e O Apanhador de Sonhos.


O ator sueco Bill Skarsgard realmente entrou no personagem (para fazer jus a sua família de excelentes atores). O ator, que interpreta Pennywise, revelou que chegou a fazer alguns atores-mirins chorarem de verdade durante as gravações. Aliás, até os 45 minutos do segundo tempo, o ator Will Poulter ia interpretar Pennywise, mas teve que desistir da proposta por conflito de agenda. Ele inclusive parecia perfeito para o papel. Mas Bill foi tão assustador, que até ele admitiu que tinha pesadelos constantemente durante o período de produção do filme.

O filme é dirigido por Andy Muschietti (o diretor contratado inicialmente era Cary Fukunaga, mas ele abandonou o projeto por diferenças criativas). Andy havia feito apenas um longa antes, Mama (2013), que se tornou cult e foi um enorme sucesso comercial (custou 15 milhões e rendeu 146 !!). Ele planejou usar recursos de computação gráfica para fazer com que o olho de Pennywise olhasse para duas direções diferentes, mas o ator logo demonstrou ser capaz de fazer isso sozinho !!!


O filme vs livro

Depois do anúncio do filme, muitos questionaram se a classificação indicativa para maiores de 17 anos significaria que o longa iria conter uma cena controversa do final do livro, no qual os membros do Clube dos Perdedores, ainda crianças, se perdem no esgoto após vencerem um confronto com Pennywise e, para se reconectarem e encontrarem o caminho, Bev faz sexo com cada um dos garotos.

Mas no filme, este evento é transformado "apenas" em fama, aliado a uma conexão de forma bem sutil com cada integrante do grupo (principalmente dois deles, que são desdobramentos esperados na segunda parte).

No livro, Stephen King alterna passado e presente e quando os protagonistas se reencontram atualmente, é como se os dois momentos se fundissem e a história se repetisse. No filme, a linha do tempo não é fragmentada, até porque a intenção é mostrar duas fases distintas em filmes distintos.


It é um filme muito bem construído. Todos os bullyings possíveis dos anos 80 estão ali e tem a finalidade de não só espelhar uma época como fornecer o gatilho para que Pennywise possa agir. Ele, como sabem, alimenta-se de medo. E os traumas das crianças são fundamentais para que eles existam com força.

Os atores mirins são muito competentes. Eles imprimem suas características peculiares em nossa mente de forma tão real, que nos importamos de verdade com seus destinos, bem como a solução para seus traumas. Em sua tentativa de alimentar-se dos medos daquelas crianças, Pennywise acabou dando força para as crianças vencerem suas (duras) realidades  e buscarem redenção longe dali. 


O filme, como eu disse, é um espelho de uma época. E como tal, mostra a identidade necessária para acreditar em tudo que é visto. Ele não emula nada. Não homenageia. Apenas é...

E o que ele é...no final...remete ao título usado no Brasil para o primeiro filme: Uma obra prima do medo.




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