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O DIÁRIO DE ELLEN RIMBAUER (2003) - FILM REVIEW


O Diário de Ellen Rimbauer

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


O Diário de Ellen Rimbauer é um prequel, também feito para TV e dirigido pelo mesmo Craig R. Baxley de Rose Red e com produção executiva de Stephen King. Isto já garante o alinhamento das obras, fazendo deste um filme a ser visto em maratona com Rose Red, sendo este, primeiro. 

A história começa com  Ellen Rimbauer (Lisa Brenner) recebendo de presente de casamento de seu marido, o magnata do petróleo John P. Rimbauer (Steven Brand), uma majestosa mansão, Rose Red. Após o casamento, Ellen descobre que John sentia-se fortemente atraído por "jogos sexuais", ao qual se habituou em participar. 

Em pouco tempo, ela constata que não era a única mulher na vida de John. Ellen passa a temê-lo ao saber do misterioso sumiço de algumas pessoas bem próximas a ele. Também há alguns acontecimentos inexplicados na Rose Red, que podem ter conexão com as pessoas desaparecidas.


Fake news

A obra fala por si. Quem gostou de Rose Red, precisa ver "O Diário de Ellen Rimbauer". Quem já assistiu aos dois e gostou, precisa revê-los na sequência cronológica para apreciar melhor a linha temporal. Mas como dito no texto do Rose Red (leia aqui), vou falar sobre Fake News e a extraordinária história por trás da história "real" do casal Rimbauer.

Primeiro, vamos recordar um pouco sobre como a fake news modifica o ambiente que ela atinge de forma permanente.  Marco Antônio, por exemplo, que foi um político da República Romana, cometeu suicídio motivado por notícias falsas de que sua mulher, Cleópatra também havia se matado. Poucos anos antes da Revolução Francesa, vários panfletos eram espalhados em Paris com notícias, muitas vezes contraditórias entre si, sobre o estado de falência do governo. 

Eventualmente, com vazamento de informações do governo, informações reais sobre o estado financeiro do país foram a público. Benjamin Franklin escreveu notícias falsas sobre Índios assassinos que supostamente trabalhavam para o Rei George III, com o intuito de influenciar a opinião pública a favor da Revolução Americana. 


A própria transmissão de Orson Welles na rádio de Guerra dos Mundos em 1938, que causou pânico generalizado porque muitos ouvintes pensavam que uma invasão por seres extraterrestres estava realmente ocorrendo, pode ser considerada fake news do ponto de vista das pessoas que escutaram. A combinação da forma de apresentação do boletim de notícias com os hábitos de discagem entre os intervalos dos ouvintes criou a confusão, além do talento narrativo nato de Welles.

A história por trás do sumiço de três jovens ao entrar em uma floresta de Maryland para gravar um documentário sobre uma lenda local da Bruxa de Blair catapultou o sucesso da produção, em que muitos acreditaram que se tratava de filmagens reais. Ainda que fosse uma obra notoriamente de ficção, foi construída uma história fake para dar vida ao filme e espalhado na internet. Fake news. 


O que nos leva a história da família Rimbauer.

Uma minissérie da ABC-TV que foi ao ar em janeiro de 2002 e foi baseada na história de Stephen King e em um "O Diário de Ellen Rimbauer: Minha vida em Rose Red "de fato escrito por Ridley Pearson. Essas obras de ficção alegavam contar a história de uma mansão assombrada de Seattle. A verdade sobre Rose Red passava a ser buscada. Nascia ali uma fake news digna de estudo. 

Sistematicamente, sites e redirecionamentos davam conta de que houve uma investigação de Joyce Reardon sobre uma mansão assombrada em Seattle chamada Rose Red. As histórias de Rose Red, seus construtores John e Ellen Rimbauer, e o destino horrível de seus infelizes inquilinos foram dispostas de forma crível e, ao mesmo tempo. gerava uma pergunta: como diabos nunca tínhamos ouvido falar do caso da mansão e suas consequências?

Não parou por aí. A ABC precedeu a estreia de Rose Red com um documentário da "história verdadeira" do filme. Pasmem: o resultado pode ser visto nos extras do DVD Rose Red. São depoimentos consistentes (todos atores), entrevistas e tudo para mostrar um universo real, mas que, na verdade, nunca existiu. 


Foi uma sofisticada fabricação multimídia que confundiu ou enganou muitas pessoas. Pessoas foram ao local para tentar encontrar a mansão. Muitos e-mails foram enviados para ABC e muitos deram teorias e mais teorias sobre o assunto na época. Joyce Reardon passou a existir como pesquisadora real que publicou o diário. As pessoas começaram a acreditar sistematicamente que, Stephen King apenas aumentou a história, transformando em uma minissérie. 

O poder da fake news é assim: transformador e contínuo. E quanto mais ela ganha força, mais os criadores podem aumentar suas ramificações ou simplesmente, ser desmascarada.

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