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11/22/63 (2016) - SÉRIE REVIEW

 

Jake Epping (James Franco), um professor de inglês recém-divorciado de Lisbon, Maine, recebe a chance de viajar de volta no tempo para 1960 por seu amigo de longa data Al Templeton. Ele é persuadido a ir em uma tentativa de impedir o assassinato do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy em 22 de novembro de 1963; no entanto, ele se apega à vida que faz no passado, o que pode ser a ruína da missão. 

Jake deve encontrar uma maneira de reunir secretamente informações sobre pessoas e eventos que levaram ao assassinato, ao mesmo tempo, em que cria e mantém uma nova vida para evitar suspeitas.

Discussões

A ferida aberta nos americanos por conta do assassinato do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy em 22 de novembro de 1963 foi tão profunda quanto o 11 de setembro 2001. Stephen King conseguiu discutir 3 situações interessantes e complexas.

A primeira delas: o que faria se pudesse voltar no tempo e evitar algo? Parece ingênuo colocar como opção evitar a morte de um político, mas sua opção demonstra a importância do evento para os americanos. Tal como 11 de setembro, a morte de Kennedy foi filmada, pois ele estava em um desfile motorizado no centro de Dallas, juntamente com sua esposa, Jacqueline Kennedy, o governador do Texas, John Connally, e suas respectivas esposas.

Enquanto o carro presidencial passava pela Dealey Plaza, vários tiros foram disparados. Lee Harvey Oswald, um ex-fuzileiro naval foi acusado do assassinato de Kennedy. Dois dias depois, enquanto estava sob custódia da polícia de Dallas, Oswald foi baleado e morto por Jack Ruby, um dono de boate local, em frente às câmeras de televisão, acrescentando complexidade e mistério ao trágico evento.

Levando em conta o impacto nos americanos, King dá um xeque-mate no leitor mostrando que o sucesso da missão de Jake Epping, e consequentemente, com Kennedy não sendo assassinado, implicou numa mudança radical nos rumos da história da humanidade. O autor nem foi sutil: tudo virou um caos.

A segunda discussão, evidentemente, é que, ao alterar o curso da história em prol de algo que ele julgava certo, isto poderia ter um "efeito borboleta" em toda nova realidade. Este efeito é uma metáfora utilizada na teoria do caos que descreve como pequenas mudanças ou eventos insignificantes em um sistema complexo podem ter efeitos significativos e imprevisíveis no futuro.

Como esquecer o filme "De Volta para o Futuro II"? Aliás, Jake ganha dinheiro no passado apostando em eventos esportivos dos quais ele já sabe o resultado, assim como Biff Tannen no filme de Zemeckis.

E finalmente, o terceiro ponto, a insatisfação com a época moderna e o desejo de viver no passado são sentimentos que refletem muitas vezes um anseio por tempos passados percebidos como mais simples, autênticos ou significativos. Algumas pessoas podem sentir nostalgia por épocas anteriores devido a uma variedade de razões, como a sensação de desconexão com a tecnologia atual, a complexidade da vida moderna, o desejo por valores tradicionais ou a busca por uma identidade, ou pertencimento perdidos.

Esses sentimentos podem ser exacerbados por fatores como o aumento do estresse, da ansiedade e da incerteza na sociedade contemporânea. A idealização do passado também pode ser influenciada por representações românticas, que simplificam muitas vezes ou ignoram os desafios e as injustiças que as pessoas enfrentavam em épocas anteriores.

Um filme que mostra bem esta ideia é Meia-noite em Paris, o que nos leva a 2011 e a origem da história. Em agosto de 2011, antes do lançamento do romance "11/22/63", foi anunciado que Jonathan Demme havia sido contratado para escrever, produzir e dirigir uma adaptação cinematográfica, com Stephen King atuando como produtor executivo. 

No entanto, em dezembro de 2012, Demme anunciou sua saída do projeto devido a discordâncias com King sobre o conteúdo do roteiro. Em 26 de abril de 2013, notícias surgiram de que a Warner Bros. Television e a Bad Robot de JJ Abrams estavam em negociações pelos direitos de adaptação do romance para uma série de TV ou minissérie. 

Em 22 de setembro de 2014, foi revelado que o Hulu havia escolhido produzir a série de TV baseada no livro, com Carol Spier como designer de produção. O primeiro trailer da série foi lançado em 19 de novembro de 2015.

11/22/63 

O romance exigiu extensa pesquisa para retratar com precisão o final dos anos 1950 e o início dos anos 1960. O autor se encontrou com a historiadora Doris Kearns Goodwin, assistente de Lyndon B. Johnson e autora de livros sobre vários presidentes, e usou algumas de suas ideias sobre os piores cenários políticos que poderiam ocorrer na ausência do assassinato de Kennedy.

Anunciado no site oficial de King em 2 de março de 2011, o romance teve um pequeno trecho divulgado online em 1º de junho de 2011, seguido por outro trecho na edição de 28 de outubro de 2011 da Entertainment Weekly. Lançado em 8 de novembro de 2011, o livro rapidamente se tornou um best-seller número um, permanecendo na lista dos mais vendidos do The New York Times por 16 semanas.

"11/22/63" recebeu o Los Angeles Times Book Prize de 2011 na categoria de Melhor Mistério/Thriller e o International Thriller Writers Award de 2012 como Melhor Romance. Além disso, foi indicado ao British Fantasy Award de 2012 como Melhor Romance e ao Locus Award de 2012 como Melhor Romance de Ficção Científica.

Alguns pontos interessantes

A cena em que Jake segue George de Mohrenschildt para um discurso de campanha de JFK utilizou áudio real do discurso que JFK fez naquele dia, naquele local. O discurso e o local foram bastante fotografados em 1960 e foram recriados quase perfeitamente.

Os créditos de abertura mudavam um pouco a cada semana, refletindo as mudanças de Jake na linha do tempo e/ou prenunciando eventos no episódio.

Durante os créditos de abertura de alguns episódios, um diagrama de uma serpente comendo sua própria cauda é mostrado em amarelo com um fundo preto. Este símbolo é conhecido como ouroboros. Ele simboliza a natureza cíclica do Universo: criação a partir da destruição, Vida a partir da Morte.

Kingverso da loucura

O carro em que Sadie Dunhill entra durante o primeiro episódio é o mesmo Plymouth Fury vermelho de 1958 do filme e o livro Christine, o Carro Assassino (1983).

No primeiro episódio, Jake (James Franco) faz uma referência a Louca Obsessão (1990): "Sou fã número um dele!" No mesmo episódio, descobrimos que Jake tem uma aluna chamada Carrie.

Outra das muitas referências a outros livros e filmes de Stephen King: uma das lojas visíveis na Main Street em Lisbon, Maine, é a Blue Ribbon Laundry, também o nome do negócio onde Margaret White (mãe de Carrie) trabalhou no romance Carrie.

Na sequência inicial do episódio 8, quando Jake (James Franco) e Sadie (Sarah Gadon) estão correndo por uma multidão para chegar ao depósito de livros, Jake esbarra brevemente em um cara em uma bicicleta e rapidamente se desculpa. O cara está vestido todo de jeans e tem longos cabelos castanho-claros, uma referência sutil, mas inconfundível, ao personagem Randall Flagg (Jamey Sheridan) em Dança da Morte (1994).

Annette O'Toole interpreta a personagem Edna Price nesta minissérie. Jake Epping (James Franco) cruza o caminho de sua personagem quando aluga um quarto em sua pousada. Annette também estrelou como a personagem 'Beverly' na minissérie de 1990 baseada no romance "It". Tanto "11.22.63" quanto "It" foram escritos por Stephen King e na versão do romance "11.22.63", Jake Epping  vai para Derry e conhece Beverly e Richie. Na série, Derry é substituída por Holden.

No episódio dois, enquanto Jake ouve a história de guerra de Arliss, Arliss menciona um soldado chamado Ernie Calvert. Ernie Calvert é um personagem do romance Under the Dome de Stephen King.

Quando Sadie pergunta a Jake qual faculdade ele frequentou, ele responde com "Bates". Esta é uma referência à escola na adaptação cinematográfica de 1976 de Carrie, a Estranha. Por sua vez, o nome Bates foi escolhido como uma referência a Norman Bates em Psicose (1960).

Quando Jake e Sadie entram no depósito de livros, "redrum" está rabiscado na parede ao pé da escada, uma referência a O Iluminado.

Kevin J O'Connor, o homem do cartão amarelo, também estava em "Peggy Sue - Seu Passado a Espera", outro filme em que um protagonista viaja no tempo de volta ao início dos anos 1960 e tenta consertar o curso do futuro. Em ambos os filmes, ele interpreta um personagem coadjuvante ligado à viagem no tempo do protagonista. Curiosamente, Kevin nasceu em 15 de novembro de 1963, apenas uma semana antes de John F. Kennedy ser assassinado.

E para finalizar, no último episódio, quando Jake volta para 2016 pela primeira vez, um prédio à distância tem as palavras Captain Trips pintadas com spray. Esta é uma referência à doença que matou a maioria das pessoas na Terra em Dança da Morte, de Stephen King.

22/11/1963

A série foi elogiada por capturar a essência e a trama do romance de Stephen King de forma fiel, mantendo a atmosfera e a narrativa envolvente, ainda que uma mudança ou outra tenha sido feita, como de costume.

As atuações dos atores, em particular James Franco no papel principal, foram destaque, dando profundidade e autenticidade aos personagens, tornando a história mais envolvente. A direção segura e roteiro bem construído são pontes para a exploração dos temas complexos que citei no início, levando nós, telespectadores, a uma boa reflexão.

E seu final impactante foi a cereja de um belo bolo que degustamos ao longo de 8 episódios.


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