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A BRUMA ASSASSINA (1980) - FILM REVIEW


Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


A citação inicial nos remete à Origem, filmaço de Christopher Nolan, já demonstrando de cara, que podemos estar num mundo irreal.

Tudo o que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho? 
 Edgar Allan Poe.

Curioso "A Bruma Assassina" tem elementos de filmes dirigidos por Steven Spielberg, que fazia sucesso na época. Seja a primeira tomada da praia a noite, idêntica à última do filme Tubarão. Seja por efeitos sonoros similares, posicionamento de câmera ou pelo clima do filme, que cria mais apreensão pelo que não mostra explicitamente, característica dos filmes de Spielberg... Podemos até dizer que A Bruma Assassina é um Spielberg baseado numa história de Stephen King.


“The Mist” é um conto publicado coincidentemente em 1980 por Stephen King, e trata justamente de um nevoeiro que chega a uma cidade, sitiando a todos e trazendo com ele, criaturas sombrias. John Carpenter afirmou que a inspiração para a história foi parcialmente extraída do filme britânico Terror em Trollenberg  (1958), que mostrava um resort numa montanha remota na Suíça sendo invadido por terríveis criaturas alienígenas que gostam de decapitar humanos. Os seres se comunicam por telepatia e vivem em uma espécie de nuvem radioativa na base da montanha Trollenberg.

Ele também disse que se inspirou em uma visita a Stonehenge com sua co-roteirista / produtora (e então namorada), Debra Hill. Enquanto estava na Inglaterra promovendo "Assalto ao 13º DP", Carpenter e Hill visitaram o local no final da tarde um dia e viram uma neblina estranha à distância. O filme foi lançado em fevereiro de 1980. Para deixar a teoria conspiratória mais saborosa, a história do livro foi originalmente chamada The Fog, contudo, mais tarde foi alterada após o lançamento do filme de John Carpenter.


O livro de King foi lançado logo depois, reforçando a ideia de que não foi mais que uma absurda coincidência. King inclusive disse que seu livro foi inspirado por uma experiência da vida real, quando uma tempestade enorme como a que abre a história ocorreu onde King morava na época. No dia seguinte à tempestade, ele foi a um supermercado local com seu filho.

Enquanto procurava por pães de cachorro-quente, King imaginou um "grande réptil voador pré-histórico" voando na loja. Quando os dois estavam na fila para pagar por suas compras, King e sua mente fértil já tinha a base de sua história: sobreviventes presos em um supermercado cercado por criaturas desconhecidas.



Parafraseando o título da música do AC/DC que entoa por todo Comboio do Terror, único filme dirigido por... Stephen King, quem "influenciou" quem? A lenda é mais interessante que a realidade? Ou simplesmente são duas masterminds do horror trabalhando no mesmo tempo?

O fato é que sai de cena o Maine e entra Antonio Bay, uma comunidade pesqueira, que está prestes a comemorar cem anos de fundação, mas justamente nestes dias acontecem estranhos acontecimentos enquanto o lugar é coberto por uma estranha bruma brilhante. Stevie Wayne (Adrienne Barbeau), a proprietária e operadora da rádio local, vê que algo muito grave está acontecendo e se preocupa em alertar a população.


Embora este fosse essencialmente um filme independente de baixo orçamento, John Carpenter decidiu filmar em Panavision widescreen anamórfico. Essa decisão deu ao filme uma sensação de grandiosidade para o espectador, de modo que não parecia um filme de terror de baixo orçamento.

Depois de pronto, o filme parecia ser muito curto para um lançamento no cinema (cerca de 80 minutos), e John Carpenter subsequentemente adicionou mais cenas. Entre eles estava o prólogo com o capitão idoso contando histórias de fantasmas para crianças fascinadas perto de uma fogueira. Se olharmos com atenção, esta cena em particular parece deslocada da trama.


John Carpenter namorava Debra Hill, que roteirizou o filme com ele. Mas Carpenter se encantou pela atriz Adrienne Barbeau e se casaram na época em que este filme foi feito e lançado. Como é comum em relacionamentos intensos, se separaram poucos anos depois.  Embora ela fosse conhecida por seus papéis na televisão, este foi o primeiro filme para os cinemas de Adrienne .

A produção guarda easter eggs e referências ao cinema de horror. A própria Lee Curtis é uma referência ambulante já que é filha  de Janet Leigh, que estrelou Psicose (e Leigh também trabalha neste filme !!!). O assistente do padre Malone, no início do filme, Bennett, foi interpretado por John Carpenter. Se olharmos com carinho, veremos que alguns pontos do local lembram o cenário do filme "Os Pássaros", e não atoa, em um ponto do filme, o personagem de Tom Atkins menciona Bodega Bay (de "Os Pássaros").


E os eventos de ambos os filmes dão início, sugestivamente, quando as personagens femininas chegam às respectivas baias (Tippi Hedren e Jamie Lee Curtis). O nome do legista interpretado por Darwin Joston, Dr. Phibes, é uma referência ao clássico com Vincent Price, O Abominável Dr. Phibes.

Enquanto dirige para o farol, Stevie (Adrienne Barbeau ) gira o botão do rádio e uma transmissão confirmando uma busca pelo navio "Sea Grass" é ouvida. A voz menciona "uma varredura ao sul de Waitely Point e Arkham Reef". Tanto o Arkham Reef quanto o sobrenome "Waitely" são referências ao escritor HP Lovecraft. Carpenter é um grande fã de Lovecraft. A última página do diário que o padre Malone ( Hal Holbrook ) diz "Meia-noite até um pertence aos mortos. Bom Deus, nos livre".


É uma referência a Noite de Walpurgis. O nome do personagem de Tom Atkins é Nick Castle, que é o nome do ator original que interpretou Michael Myers. Um dos nomes do personagem de Charles Cyphers é Dan O'Bannon, outro nome bem conhecido dos amantes da ficção e terror.

John Carpenter disse em uma entrevista que homenageou a  EC Comics quando fez este filme; e suas bizarras histórias de fantasmas. Ironicamente, outro diretor de terror, George Romero dirigiu outro grande lançamento de terror que era uma homenagem à EC Comics; Show de Horrores, apenas um ano e meio depois. Detalhe 1:  Com Tom Atkins, Hal Holbrook e  Adrienne Barbeau; Detalhe 2: O roteiro foi de Stephen King.


Como eu disse acima: são grandes masterminds do horror vivendo num mesmo tempo... ou alguém copiou alguém. Fico com a primeira opção. 

Aliás, uma coincidência final: A última fala de Adrienne Barbeau é  "... procure o nevoeiro ...". A última de O Monstro do Ártico (1951), "Observe os céus". Ambas linhas como um eco continuo dando ideia de que uma nova visita ocorrerá em um momento futuro. John Carpenter dirigiu O Enigma de Outro Mundo (1982), que é um remake de O Monstro do Ártico.

Coincidência? Destino? Ou ele sabia as respostas? 



https://www.pipoca3d.com.br/2020/07/a-bruma-assassina-1980-film-review.html 

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