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A MALDIÇÃO DE CARRIE (1999) - FILM REVIEW

 


A fúria: Carrie 2

Inicialmente intitulado "The Curse", o filme não foi concebido como uma sequência da adaptação cinematográfica de 1976, mas sim como uma história original. A produção estava programada para começar em 1996, com Emily Bergl no papel principal. No entanto, foi interrompida por dois anos e o enredo foi reformulado como uma continuação direta de "Carrie". O filme entrou em produção em 1998 sob o título "Carrie 2: Say You're Sorry".

Poucas semanas após o início da produção, o ótimo diretor Robert Mundel, de Os Maiorais (1987) e Código de Honra (1992), deixou o projeto devido a diferenças criativas, e Katt Shea assumiu o comando com menos de uma semana para se preparar para as filmagens e duas semanas para refilmagens. Inicialmente hesitante em assumir, Shea foi informada de que todos seriam demitidos e o filme seria arquivado se ela não o fizesse. Partes do filme foram gravadas em uma casa na Carolina do Norte projetada pelo icônico arquiteto Gene Leedy.


A trama, que envolve atletas do ensino médio que utilizam um sistema de pontuação para avaliar suas conquistas sexuais, foi inspirada em um escândalo sexual real de 1993 envolvendo um grupo conhecido como Spur Posse. 

O Spur Posse era um "grupo suburbano" composto por ex-alunos e alunos atuais da Lakewood High School, localizada em Lakewood, Califórnia. Estima-se que o grupo fosse formado por entre 20 e 30 indivíduos, que admitiram estar "competindo por 'pontos' em um longo jogo de conquistas sexuais". Em 1993, sete meninas apresentaram acusações de agressão sexual e má conduta contra o grupo.


Em 18 de março de 1993, nove membros do Spur Posse foram presos pelo Departamento do Xerife do Condado de Los Angeles por uma série de crimes sexuais, incluindo agressão sexual, conduta obscena e estupro de uma menor de 10 anos.

Inicialmente, o Departamento do Xerife acusou nove membros do grupo de 17 acusações criminais. No entanto, o gabinete do promotor público do Condado de Los Angeles optou por não registrar acusações contra quatro jovens, retirando 15 das acusações, alegando que os encontros sexuais ocorreram com o consentimento das meninas. Isso gerou ampla atenção da mídia nacional para o caso, levando vários membros do grupo a participarem de programas de entrevistas para discutir o Spur Posse e seus valores sexuais. Posteriormente, os promotores retiraram a maioria das acusações.


Rage

Há vinte e três anos, a telecinética Carrie White foi humilhada em um baile no seu colégio. Carrie foi tomada de um ódio tão intenso que imaginou que todos debochavam dela, quando, na verdade, apenas alguns a estavam humilhando. Usando seus poderes paranormais, ela fechou as portas e incendiou o ginásio, matando todos, com exceção de Sue Snell (Amy Irving). 

Em 1999, a situação começa a se repetir, quando Rachel Lang (Emily Bergl), a meia-irmã de Carrie que também telecinética e menosprezada por seus colegas, está prestes a ir em um baile sem que ninguém tenha ideia de seus poderes. Entretanto, Sue Snell, que agora é conselheira da escola, desconfia que Rachel tem o mesmo dom de Carrie e teme que uma tragédia similar possa acontecer, tentando inutilmente advertir Rachel sobre isto. 


Paralelamente, alguns alunos do colégio planejam para a noite do baile algo que Rachel nunca vai esquecer, sem imaginar que eles vão morrer antes que esta mesma noite termine.

Contexto ruim

Amy Irving reprisou o papel de Sue Snell, que ela interpretou pela primeira vez em "Carrie", embora tenha inicialmente hesitado em aceitar o papel. Antes de assumi-lo, ela pediu a bênção de Brian De Palma, diretor do filme original. Em uma entrevista de 2024, Irving mencionou que tanto ela quanto De Palma gostaram do proposto pelo diretor original (Robert Mundel), o que influenciou sua decisão de participar do projeto. Ela comentou: "Sinto muito por ter feito aquele filme... Exceto que eles me pagaram um monte de dinheiro."


A diretora Shea foi informada de que não poderia utilizar filmagens de Sissy Spacek do "Carrie" original, mas conseguiu editar várias cenas no filme e mostrou o resultado a Spacek, que deu permissão para o uso de sua imagem.

Mudanças são sempre impactantes, para o bem ou para o mal. Escalar um diretor bom para a continuação de uma obra-prima de Brian de Palma demonstrou que o projeto não queria alçar grades voos. Mas após entrar no projeto, uma diretora mais inexperiente, o risco de ser um projeto aquém do desejado era maior.


Além de tudo, era um momento em que o cinema de horror vivia dos frutos do filme Pânico (1996), e quase todo projeto daqueles anos, ou tinha o nome de Kevin Williamson associado, ou era um similar. Vide  Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (1997), Prova Final (1998), Halloween H20: Vinte Anos Depois (1998) e Tentação Fatal (1999). E a Maldição de Carrie vem neste vácuo, buscando identificação do mesmo público.

Ira

"Rage" também foi o título do primeiro romance que Stephen King publicou sob seu pseudônimo, Richard Bachman. O romance chegou ao clímax com um tiroteio em uma escola e, após uma série de tiroteios em escolas reais, King decidiu não permitir que o livro fosse mais publicado. Curiosamente, esta sequência foi lançada apenas um mês antes do tiroteio em Columbine.


O filme escapou por pouco de ser trancado em um cofre, por conta disto. Os chefes do estúdio MGM disseram na época que se este filme tivesse sido concluído depois dos eventos, teria sido seu fim em respeito a quaisquer vítimas do tiroteio e suas famílias, pois a história é também é sobre uma vítima de bullying do ensino médio se vingando, e teria sido de mau gosto lançar este filme após o tiroteio.

Kingverso da loucura? Bom, mais ou menos...

O personagem Arnie, o amigo nerd de Rachel, é uma referência direta ao romance transformado em filme Christine, de Stephen King, no qual o personagem principal era um cara nerd chamado Arnie.

Perto do final do filme, Jesse está estudando em seu dormitório na Kings University. Esta é uma homenagem a Stephen King.


O nome do asilo, Arkham, é uma referência ao famoso asilo de mesmo nome existente nas histórias em quadrinhos do personagem Batman.

Vários nomes de personagens foram inspirados na série Friends (1994): Rachel Lang/Rachel Green, Monica Jones/Monica Geller e Mark Bing/Chandler Bing.

Quando Eric e Mark assediaram Rachel na casa dela, o telefonema de abertura é uma referência a dois filmes de terror diferentes. A fala "Qual é seu filme de terror favorito?" é uma referência a Pânico (1996) e a voz do Pato Donald é uma referência a O Estripador de Nova York (1982).


A incendiária

Durante as filmagens da sequência climática do banho de sangue, foram necessárias três tentativas para filmar Rachel usando seus poderes telecinéticos para quebrar as portas de vidro. Na primeira tomada, Emily Bergl estremeceu, e na segunda tomada, ela mostrou seus dentes cerrados. 

Na terceira tomada, eles conseguiram terminar a cena como queriam, sem que ela mostrasse nenhuma reação facial. Como vidro real foi usado para esta cena, e Emily se cortou em diversos pontos das costas, braços e pernas após a filmagem de cada tomada. Ela deliberadamente não é mostrada depois de costas para esconder seus ferimentos.


A United Artists, sem dúvidas, finalizou o filme às pressas, escalando atores que se assemelhavam a outros mais famosos (Jason London como uma versão jovem de Brendan Fraser, Rachel Blanchard lembrando Alicia Silverstone). "Carrie 2" não se prende a nenhuma fidelidade estrita à obra literária, mesmo ele parecendo se apoiar demais no filme original.

Mas a maioria dos elementos funciona, especialmente em retrospecto. Olhando para trás, "Carrie 2" revela-se como uma análise perspicaz e envolvente do bullying adolescente, dos papéis de gênero e da masculinidade violenta, com uma clara intenção de transmitir uma mensagem significativa. 


Mesmo seguindo as convenções do gênero, o clímax impactante do filme, que inclui desde mutilações genitais até CD-ROMs sendo utilizados como armas, amplia os limites tradicionais, capturando a essência da raiva de toda uma geração.

O contexto da época é crucial para entender a profundidade da narrativa. Em um mundo em constante transformação, onde o ambiente do ensino médio e a presença dos adolescentes se tornavam cada vez mais proeminentes, a falta de orientação nesse novo cenário levou-os a explorar de maneira inédita as ferramentas à disposição. 


O ensino médio tornou-se um terreno instável, com as pessoas erradas fornecendo o combustível para um cenário explosivo, E Rachel Lang foi a faísca que incendiou tudo.
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