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IT: UMA OBRA PRIMA DO MEDO (1990) - SÉRIE REVIEW

 


A Coisa

Observe a foto abaixo. Mostra o ator Tim Curry com o elenco infantil. Objetivo de colocá-la aqui é enfatizar que It - Uma Obra-prima do Medo, é só um telefilme, que se originou de um livro ficional. Não é real. Pennywise é só um personagem. 

Mas acredito que, ao ver o filme, ler o livro ou mesmo apreciar o remake (e continuação), se identificará. Descobrirá uma veracidade que talvez nem queira lembrar, mantida oculta até de você. Pennywise se alimenta do medo. E os medos mais profundos, podem vir de traumas, abusos, preconceitos...


O medo só se configura se for alimentando.  Pennywise é a figura que precisa disto. Precisa que você mantenha ele vivo.  A história de It se passa em Derry, no Maine, uma pacata cidade que aterroriza crianças nos anos 60. Um grupo delas se forma e decide enfrentá-lo, aparentemente, derrotando-o. Porém, quase 3 décadas depois, a coisa reaparece. 

Quem sente sua presença é Michael Hanlon (Tim Reid), um bibliotecário e único de um grupo de sete amigos que continuou morando em Derry. Assim, ele liga para Richard Tozier (Harry Anderson), Eddie Kaspbrak (Dennis Christopher), Stanley Uris (Richard Masur), Beverly Marsh Rogan (Annette O'Toole), Ben Hanscom (John Ritter) e William Denbrough (Richard Thomas), pois todos os sete quando jovens viram "A Coisa" e juraram combatê-la caso surgisse outra vez. 


Concepção

Pennywise personifica medos psicológicos profundos, explorando ansiedades primitivas, sociais e de desenvolvimento. Stephen King habilmente utiliza o personagem  como um símbolo dos aspectos mais obscuros da mente humana. Em sua essência, ele encarna o temor do desconhecido, uma angústia atemporal que aflige a humanidade há séculos.

Esse medo joga com a incerteza e a imprevisibilidade, enraizando-se nos instintos primários de sobrevivência. A verdadeira natureza de Pennywise é uma entidade cósmica metamórfica e incompreendida. Sua habilidade de assumir formas diversas, especialmente as mais aterrorizantes, amplifica o medo do invisível e incompreensível.


De certa forma, Sigmund Freud, definiu bem o que é "estranho", como algo que é simultaneamente familiar, mas perturbadoramente desequilibrado, que evoca sentimentos de desconforto, inquietude e até mesmo horror.

King utiliza o conceito, aplicando certa literalidade no personagem, afinal, quem já sofreu bullying, certamente chamou a pessoa de "palhaço". A infância é cercada de paisagens traumáticas, mas a maioria de nós faz a passagem para a vida adulta como uma quebra repentina, descontinuando os acontecimentos (não os efeitos, que claro, cada um lida de uma forma) e nosso eu passa a coexistir com outro lado, como se fôssemos uma moeda, cujo a infância é um lado e a vida adulta, o outro.

Em IT, King acessa o outro lado e coloca Pennywise como uma ponte, provocando uma comunicação entre dois lados que não deveriam se enxergar. 


A origem do mal

"It" é um romance de 1986 e foi o 22º livro de King e o 17º romance publicado sob seu próprio nome. A trama segue as experiências de sete crianças que são aterrorizadas por uma entidade maligna, que se disfarça ao explorar os medos de suas vítimas enquanto as caça. Pennywise, é a forma principal assumida por "It" para atrair suas presas preferidas: crianças.

A narrativa do livro se forma entre dois períodos e é predominantemente apresentada na terceira pessoa. "It" aborda temas recorrentes na obra de King, como o poder da memória, traumas de infancia e suas repercussões na vida adulta, a maldade oculta por trás da aparência pacata de pequenas localidades, e a superação do mal por meio da confiança mútua e do sacrifício.


King revelou que a concepção da história ocorreu em 1978, começando a escrevê-la em 1981 e finalizando o livro em 1985.

Dando vida à coisa

Quando a ABC e a Lorimar anunciaram esta minissérie pela primeira vez, seria uma minissérie de dez horas dirigida por George A. Romero. Romero fez um extenso trabalho de pré-produção e colaborou de perto com Lawrence D. Cohen para desenvolver o roteiro, mas ele teve que desistir devido a um conflito de agendamento com o remake de A Noite dos Mortos-Vivos (1990). Isso refletiu a experiência de Romero em outra propriedade de Stephen King, Cemitério Maldito (1989), que ele também estava escalado para dirigir.


Tim Curry relutou em assumir o papel de Pennywise inicialmente, porque ele não gostava da ideia de ser enterrado sob tanta maquiagem. Quando ele interpretou Darkness em A Lenda (1985), foi um papel difícil e exigente, e as horas de maquiagem ainda estavam frescas em sua mente. 

Para chegar a um acordo, o  diretor Tommy Lee Wallace reduziu a quantidade de maquiagem em Curry e ficou decidido que seria mais rápido ter atores diferentes interpretando as outras formas Pennywise, dividindo assim, o fardo das horas de maquiagem.


Tim, ironicamente sofria de coulrofobia (medo de palhaços) a maior parte de sua vida. Seu contrato explicitamente declarava que, enquanto estivesse no set, não deveria haver superfícies reflexivas à vista dele enquanto ele estivesse se maquiando, e um técnico quase foi demitido por ter um espelho na mão enquanto Curry estava tendo sua maquiagem aplicada.

O diretor Tommy Lee Wallace é muito amigo de John Carpenter. Esta minissérie prestou homenagem a filmes de Carpenter como A Bruma Assassina (1980) e Halloween - A Noite do Terror (1978). Lee editou ambos filmes de Carpenter, além de dirigir Halloween III e Vampiros: Os Mortos, continuação da Vampiros (1998), também realizado por Carpenter.


Brandon Crane e Ben Heller foram vítimas de bullying na infância, então eles podiam se relacionar fortemente com seus personagens. Crane foi intimidado por seu peso e Heller foi intimidado por ser pequeno para sua idade. Inclusive, a raiva de Brandon em cena por ser intimidado por Jarred Blancard (Henry Bowers) pareceu muito real para o roteirista e diretor Tommy Lee Wallace.

Emily Perkins baseou sua interpretação da jovem Beverly em sua mãe, que teve uma infância problemática e uma criação difícil. Coincidentemente, o primeiro nome de sua mãe também é Beverly.

Algumas cenas, como a luta final, fazem uso da cor verde. Stephen King disse que verde é uma cor que, para ele, representa a morte, o mal-estar ou o sobrenatural. Também foi usada por King em outros livros e por diretores em filmes baseados em seus livros. 


No livro, os flashbacks acontecem no verão de 1958, e o Loser's Club se reúne como adultos em 1985. É estabelecido no livro que IT emerge e se alimenta a cada 27 anos. Na minissérie, a linha do tempo foi atualizada para 1960 para os flashbacks e 1990 para a reunião, e a linha do tempo de IT voltando para aterrorizar Derry foi alterada para a cada 30 anos.

Clube dos Perdedores

Richard Thomas  (Bill Denbrough), o gago fundador do "Losers Club" cujo desejo de matar Pennywise é fortemente influenciado pela morte de seu irmão mais novo, Georgie. Já adulto, ele é um escritor de terror best-seller que vive no Reino Unido antes de retornar a Derry para enfrentá-lo no presente. Jonathan Brandis interpretou o jovem Bill.


Annette O'Toole  (Beverly Marsh), é a única mulher do "Losers Club", e uma estilista que viveu tanto em uma família abusiva quanto em um relacionamento abusivo. Emily Perkins fez a jovem Beverly Marsh.

John Ritter (Ben Hanscom), é um arquiteto que se tornou fisiculturista depois de ser obeso quando criança. A versão jovem de Ben foi interpretada por Brandon Crane.

Harry Anderson  (Richie Tozier), é o alívio cômico do grupo que trabalha como apresentador de talk show noturno e faz imitações. Seth Green foi o jovem Richie.


Dennis Christopher  (Eddie Kaspbrak), o asmático entregador de limusines, viveu com sua mãe autoritária até a vida adulta. Adam Faraizl interpretou o jovem Eddie.

Tim Reid (Mike Hanlon), é o único a permanecer em Derry. Trabalhando como bibliotecário na cidade, ele convoca todos os Losers para retornarem a Derry 30 anos depois. A versão jovem de Mike é retratada por Marlon Taylor.

E por fim, Richard Masur interpreta Stanley Uris, um corretor imobiliário que era um escoteiro judeu quando criança. Devido à morte precoce do personagem, Masur tem muito menos tempo de tela do que os outros atores dos Loser. Ben Heller atuou como o jovem Stan.


The end

Jonathan Brandis (jovem Bill) e John Ritter (Ben) faleceram em 2003. Brandis se enforcou, aos 27 anos, enquanto Ritter sofreu uma dissecção aórtica inesperada e fatal aos 54 anos. Já Harry Anderson (Richie Tozier) teve um AVC aos 65 anos e também não resistiu.

Cuspindo no prato...

O diretor  admitiu que nunca tinha lido o romance antes de fazer esta minissérie. Ele preferiu deixar o roteiro falar por si. Foi a primeira minissérie de Tommy Lee Wallace e ele tentou torná-la o mais próximo possível da perfeição. No entanto, Wallace revelou que leu o romance mais tarde e admitiu que acredita que a minissérie ficou aquém do material de origem.

Falou inclusive do elenco adulto, achando que não é tão carismático, tornando a segunda parte da minissérie inferior à primeira.


Kingverso da loucura

No romance, duas das crianças têm conexões com outros personagens de Stephen King . O pai de Mike Hanlon serviu no Exército com Dick Halloran, o cozinheiro de O Iluminado (1980). Eddie Kaspbrak também era amigo do jovem Paul Sheldon, que, já adulto, foi o protagonista de Louca Obsessão (1990).

"IT"  também está conectado à série "A Torre Negra". O romance tem uma imagem de uma tartaruga sustentando a Terra. 


Um poema explica isso, "Veja a Tartaruga de enorme circunferência/ Sobre suas costas ela segura a Terra", apareceu em "IT" e "A Torre Negra III: As Terras Devastadas". Esse livro também expandiu a ideia de múltiplas dimensões, cada uma guardada por um avatar animal, mantida unida pela Torre Negra no centro, como os raios de uma roda. 

"A Torre Negra VII: A Torre Negra" apresentou um personagem chamado Mordred, que, como Pennywise, muda da forma humana para a forma de aranha, e outro personagem, Dandelo, que, como Pennywise, tem "luzes mortas" atrás dos olhos que levariam um mortal à loucura. Stephen King afirmou que Dandelo não é Pennywise, mas que os dois podem ser da mesma espécie (no romance, Pennywise é revelado como uma fêmea grávida, abrindo assim a possibilidade de múltiplos Its). 


O personagem Mike Hanlon apareceu em "IT" e "Insônia", que apresentou o personagem Patrick Danville de Torre Negra.

Uma obra-prima do medo

Stephen King foi generoso, colocando um ciclo 27 anos para Pennywise aparecer. Na prática, somos cercados de palhaços que se alimentam de nossos medos diariamente. Além deles, ainda temos que suportar aqueles que plantam nossos traumas.

Só nos resta ressignificar e viver no outro lado da moeda. 

It - Uma Obra-prima do Medo, é só um telefilme, que se originou de um livro ficcional. Pennywise é só um personagem. 

Mas o medo é real.

E você se identificará com algo que dá vida a ele.

 

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