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PRÍNCIPE DAS SOMBRAS (1987) - FILM REVIEW


Príncipe das Sombras.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Na segunda metade de 1988 eu já era um cinéfilo convicto. Eu tinha 12 anos e assistia a todos os filmes que eu podia. Lembro-me de ter visto o trailer de Príncipe das Sombras inúmeras vezes. Inúmeras mesmo!!! Literalmente, pois eu via todo lançamento que era permitido pela censura, ou seja, eu estava enfiado em uma sala de cinema pelo menos 2 vezes por semana e sempre assistia a duas sessões no mínimo. 

E neste cenário, revi o trailer de "Príncipe das Sombras" por meses (e não vi o filme propriamente dito devido à censura, que na época, era 18 anos). Hoje entendo o porquê de ter visto tanto este trailer: o filme é de 1987, mas só foi lançado no Brasil em setembro de 1988 (a premiere nos EUA foi em outubro de 87). 


A trama, como conhecida, começa com o professor Howard Brick (Victor Wong) e diversos cientistas e estudantes sendo convocados pelo padre Loomis (Donald Pleasence) para investigar um misterioso recipiente contendo um líquido verde, e está em uma igreja abandonada há séculos. O que acontece é que quando as pessoas entram em contato com o líquido, elas se transformam em malignos zumbis. 

Os membros que ainda são humanos descobrem que ali está a essência de Satanás, e que isso abre o caminho para o Anti-Cristo. A partir daí, todos têm que lutar contra o terror e proteger o mundo de algo que estava adormecido há milhares de anos.


O roteirista (e diretor) John Carpenter está creditado como "Martin Quatermass". O pseudônimo é uma homenagem ao professor Bernard Quatermass, o personagem principal de "Terror que Mata" e de outras séries de TV e versões de filmes que se seguiram. Algo semelhante que ele fez em "Eles Vivem" (1988), mas com o nome "Frank Armitage". Em outra referência às influências de Carpenter, o personagem de Robert Grasmere é chamado Frank Wyndham. 

O nome é composto por dois escritores famosos: Frank Herbert, criador da franquia de Duna, e John Wyndham, autor de The Midwich Cuckoos, entre outros. Curiosamente, John Carpenter dirigiu A Cidade dos Amaldiçoados (1995) anos depois, baseado no romance de Wyndham. Já o personagem de Anne Howard recebeu o nome da estrela de A Mulher Vespa (1959), Susan Cabot.



A gênese da história veio de Debra Hill, descrevendo o sonho que ela teve de uma vaga figura sombria saindo de uma igreja que a enchia de pavor. John Carpenter desenvolveu a história em torno dessa ideia, na esperança de recriar o medo que Hill realmente sentia. Para quem não sabe, Hill era parceira constante de Carpenter nas produções. E provavelmente não fez mais porque faleceu de câncer aos 54 anos.

Para alguns personagens, estavam preparadas máscaras assustadoras, mas foram infelizmente destruídas em um incêndio durante as filmagens. A obra foi filmada em Los Angeles no período de 30 dias. Carpenter se inspirou enquanto pesquisava física teórica e teoria atômica. Ele lembrou: "Eu pensei que seria interessante criar algum tipo de mal definitivo e combiná-lo com a noção de matéria e antimatéria". 


O produtor executivo Shep Gordon também agenciava o cantor Alice Cooper e sugeriu que ele gravasse uma música para o filme. Carpenter acabou o escalando como um dos sem-teto. A música que Cooper escreveu para o filme, também intitulada "Prince of Darkness". Cooper afirma que ele foi instruído a agir sem emoção, como se estivesse com "morte cerebral". As pessoas da rua eram para aparentar desalmadas.

Para quem não identificou a música de Cooper, ela toca quando Etchinson é encurralado no beco pelos sem-teto, e ele está ouvindo justamente "Prince of Darkness” em seus fones de ouvido, exatamente quando está prestes a ser morto pelo personagem interpretado por Cooper.


John Carpenter disse que preferiu fazer um filme atmosférico e de horror "raiz". Na época, ele entendeu que os filmes de terror seguiam o mesmo rumo (slasher movies, no caso). O resultado foi satisfatório. O filme teve o orçamento de 3 milhões e rendeu 14. Mesmo assim, o filme teve vida relativamente curta nos cinemas, e encontrou vida, como muitos dos filmes de Carpenter, em home vídeo. O marcante pôster com rosto distorcido foi criado e desenhado por Henry Rosenthal.

Este é o segundo filme do que John Carpenter chama de "Apocalypse Trilogy". Os outros dois são O Enigma de Outro Mundo (1982) e À Beira da Loucura (1995). As tramas dos filmes são totalmente diferentes. Para recapitular, o primeiro se passa numa estação remota do Instituto Nacional de Ciências dos Estados Unidos. 12 homens (cientistas e operários) observam com espanto um norueguês tentar de todas as maneiras matar um cão, tanto que invade a estação e atira até nos americanos, mas é morto. 


O helicóptero, que trouxe o intruso, explode, matando os outros tripulantes e a razão daquilo fica sem explicação. Após isto, o cachorro fica na base e os americanos começam a querer saber o que realmente aconteceu. 

O piloto de helicóptero J.R MacReady (Kurt Russell) se oferece para viajar até a base norueguesa e tentar achar alguma explicação. Chegando lá, descobrem que o local foi destruído e encontram um corpo mutilado, que parece de uma pessoa. Eles o levam para a base americana para ser estudado e só então surgem pistas do acontecido, pois o cachorro se transforma em uma terrível criatura que ataca os pesquisadores. 


Gradativamente concluem que estão diante de um alienígena, que pode se transformar em uma cópia exata das suas vítimas. Isto significa que membros da equipe podem ser mortos e a cópia assumir o lugar deles.

Já em À Beira da Loucura, o investigador John Trent (Sam Neill) é contratado para achar Sutter Cane (Jürgen Prochn.ow), um escritor de histórias de terror que, após terminar seu último livro, misteriosamente desapareceu. Mesmo desconfiando que isso não passa de uma jogada publicitária, aceita o trabalho. Passa a ler seus livros, procurando pistas da cidade onde Cane possa estar escondido, mas estes livros são macabros e, após sua leitura, as pessoas agem de um modo bem estranho. Nos três filmes, ele mostra seres humanos dispostos a se sacrificarem para deter um mal eminente. 


Eu, particularmente, não os vejo como uma trilogia, mas o diretor entendeu que o uso das ideias caminhavam na mesma direção. Eu acho que "Eles Vivem", outra obra-prima do diretor, se encaixaria melhor... Sua maior fonte de inspiração para os filmes foram obras de Lovecraft.

Independente se é ou não uma trilogia, o que importa é que Carpenter entregou mais um Terror Urbano que com o passar dos anos, se tornou adorado por muitos.  
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