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THE STAND (2020) - SÉRIE REVIEW

 

É estranho pensar em Dança da Morte, a versão de 1994, sob o olhar de que a série foi profética com relação à Pandemia de COVID-19. A série ou o livro, não previram o que aconteceria. Este era apenas mais um cenário apocalíptico possível, dos muitos que foram mostrados no cinema ou TV.

Basicamente, foi como se uma teoria da conspiração se tornasse real. Mas aí, vem o ano de 2019. Em 13 de setembro, a produção da nova série começou. E o improvável aconteceu: no ano de uma Pandemia que ceifou mais de 15 milhões de pessoas no mundo todo, The Stand, uma nova versão do livro de King é lançada.

Mas acredite: não foi oportunismo e sim uma monstruosa coincidência.

Cenário apocalíptico... elenco caótico

De um lado, a atriz Amber Heard vivia (ou fazia) um inferno astral naquele momento. Do outro, Ezra Miller fazia um inferno (ou vivia) astral na vida de algumas pessoas (asfixia, assédio, furto). Curiosamente, ambos viraram um problema para a DC, ajudando a sabotar Aquaman 2: O Reino Perdido e The Flash, respectivamente.

E curiosamente, seus personagens na série escolhem o mesmo lado que escolheram na vida real: o errado.

A trama

O enredo gira em torno de uma pandemia desencadeada por um acidente em uma instalação de pesquisa biológica militar, resultando na libertação de uma cepa mortal de gripe. Após a pandemia dizimar quase toda a população global, os escassos sobreviventes são divididos entre seguir uma das duas figuras centrais, Randall Flagg e Mãe Abagail, culminando em um confronto entre o bem e o mal.

A adaptação mantém o núcleo do enredo do livro, incluindo os personagens centrais e suas jornadas. Os protagonistas, como Stu Redman (James Marsden), Frannie Goldsmith (Odessa Young), Nick Andros (Henry Zaga) e Larry Underwood (Jovan Adepo), são bem representados, e o dilema moral e o conflito central permanecem intactos. No entanto, a série opta por uma abordagem mais moderna, ajustando a narrativa para se adequar ao formato em episódios e às expectativas atuais de audiência.

O projeto

Em janeiro de 2011, a Warner Bros. Pictures e a CBS Films iniciaram o desenvolvimento de uma adaptação para o cinema do romance de 1978 de Stephen King, "The Stand". Em agosto de 2011, David Yates foi escolhido para dirigir, com Steve Kloves encarregado do roteiro. No entanto, eles mais tarde saíram do projeto, com Yates indicando que ele sentia que funcionaria melhor como uma minissérie.

Em outubro de 2011, Ben Affleck foi anunciado como o novo diretor. Em janeiro de 2012, David Kajganich foi contratado para escrever o roteiro. Numa entrevista em novembro de 2012, Affleck admitiu ter dificuldades com a adaptação. Kajganich revelou que, inicialmente, o plano era fazer uma adaptação em dois filmes, mas a Warner Bros. mudou para um único filme, levando-o a reescrever o roteiro para uma única versão.

Em agosto de 2013, Scott Cooper substituiu Affleck como diretor, mas em novembro do mesmo ano, ele deixou o projeto, citando dificuldades em condensar a história em um único filme. Em fevereiro de 2014, Josh Boone foi contratado para escrever e dirigir a adaptação. Posteriormente, ele expressou interesse em ter Christian Bale como Randall Flagg e Matthew McConaughey como Stu Redman.

Em setembro de 2017, Stephen King mencionou a possibilidade de uma série de TV no Showtime ou Paramount+. Em março de 2018, a CBS All Access iniciou o desenvolvimento de uma série limitada de dez horas com Boone ainda como diretor. 

Em janeiro de 2019, a CBS Television Studios encomendou a série limitada de 10 horas para ser transmitida na CBS All Access, contando com Owen King, filho de Stephen King, como produtor e roteirista, e um novo final escrito pelo próprio Stephen King. Após a conclusão do processo de escrita, a contagem de episódios foi reduzida para nove.

A produção de "The Stand" iniciou-se em setembro de 2019 e foi concluída no início de março de 2020, com as filmagens ocorrendo principalmente na Colúmbia Britânica, Canadá. Dado que os estágios iniciais dos bloqueios nos Estados Unidos e Canadá começaram no final de março, seguidos por restrições crescentes, como o fechamento de fronteiras e proibições de viagens que se prolongaram até os meses de primavera.

O livro

O romance foi inicialmente publicado em 1978 em capa dura, com a história ambientada em 1980. Posteriormente, a edição em brochura lançada em 1980 alterou a data da ambientação para 1985. Esta obra marca a estreia de Randall Flagg, um antagonista recorrente nas obras de Stephen King, que o autor reintroduziria várias vezes em seus escritos subsequentes.

Em 1990, uma edição completa de "The Stand" foi lançada, anunciada como "The Complete and Uncut Edition". Publicada pela Doubleday em maio de 1990, esta versão se tornou o livro mais extenso já publicado por Stephen King, com 1.152 páginas. Quando a obra foi originalmente publicada em 1978, a Doubleday alertou King de que o tamanho do livro o tornaria muito caro para o mercado. Como resultado, cerca de 400 páginas (aproximadamente 150.000 palavras) foram cortadas do manuscrito original.

Esta edição restaura a maioria das partes excluídas (selecionadas por King) e atualiza o cenário da década de 1980 para a de 1990. Além disso, esta nova edição apresenta um prefácio inédito de King e ilustrações de Bernie Wrightson. A Doubleday também lançou uma edição de luxo de "The Stand: The Complete and Uncut Edition", limitada a 1.250 cópias numeradas e 52 cópias com letras. Conhecida como a edição "Coffin Box" devido ao livro ser apresentado em uma caixa de madeira, esta edição foi assinada por King e Wrightson.

The Stand por Stephen King

Durante a Pandemia de COVID 19, King disse: "Ainda estou me desculpando por "The Stand" 40, 50 anos depois", disse King sobre seu romance, que envolve um vírus de gripe transformado em arma que acidentalmente se solta e mata a maior parte da humanidade. "As pessoas vêm e dizem através de suas pequenas máscaras: 'Sinto como se estivesse vivendo em uma história de Stephen King'. Minha resposta é: 'Sinto muito por isso.'"

Kingverso da loucura

Um dos tapetes do Inferno Hotel tem o mesmo padrão do Hotel Overlook em O Iluminado.

No episódio 4, quando Nick e Tom estão fugindo de Julie, Stephen King faz uma "pequena participação especial" como uma das pessoas no pôster da Hemmingford Home.

No final do Episódio 5 você pode ouvir a música "Don't fear the Reaper". A mesma música foi tocada no início da série de TV de 1994, Dança da Morte.

Quando Larry invade a casa de Harold, sua presença é traída por uma peça de xadrez que está fora do lugar. O mesmo ocorre em Louca Obsessão (1990), quando as aventuras de Paul pela casa de Annie são reveladas no momento que ela descobre uma estatueta de pinguim fora do lugar. 

O diretor da adaptação em minissérie do livro de 1994, Mick Garris, é visto no episódio 9 no churrasco de 4 de julho, segurando uma cerveja enquanto Norris conversa com ele.

Entre erros e acertos

Há muitos méritos nesta adaptação. A produção é de alto nível, com grande elenco, além do envolvimento direto do próprio King. Na direção dos episódios tem nomes como Josh Boone (Os Novos Mutantes, sendo este um spin-off dos X-Men finalmente lançado em 2020), Vincenzo Natali (de Cubo, Splice). 

Como uma narrativa sobre uma pandemia global, "The Stand", parece incrivelmente oportuna. A história da batalha entre o bem e o mal, permeada pelos usuais altos riscos, e pelos temas de democracia vs. autocracia, autossacrifício vs. narcisismo, também ressoa de forma significativa com o cenário de 2020. 

O objetivo declarado por Stephen King era conceber um "Senhor dos Anéis" moderno americano, uma meta perceptível em sua extensão, na presença de bruxos benevolentes e malignos, e na estrutura da jornada em direção a Montanha da Perdição; ele retrata Las Vegas como Mordor e um tipo de vilão carismático como Sauron (Alexander Skarsgård no papel do demoníaco Randall Flagg), enquanto em contraste, liderando a justa comunidade de Boulder, Colorado, está uma mulher negra de 108 anos (interpretada por Whoopi Goldberg como Mãe Abigail), que, embora não seja exatamente Gandalf, porta um cajado com semelhanças marcantes.

Há muito mais elementos positivos que negativos, mas na minha visão, o errado compromete tudo: escolhas. Das escolhas narrativas ao elenco, passando pelo próprio criador. Estes pontos fazem a série funcionar, ou jamais atingir seu potencial.


A versão de 1994, por exemplo, não tem a maioria das virtudes desta série, mas acerta nas escolhas. Mesmo assim, esta nova versão vale o tempo investido. Ainda que seja apenas para reconhecer que a história de King está mais próxima da realidade que gostaríamos de imaginar.


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