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TOMMYKNOCKERS: TRANQUEM SUAS PORTAS (1993) - SÉRIE REVIEW

 

Tommyknockers

Quando assisti Tommyknockers em VHS pela primeira vez, fiquei incrédulo diante de uma confusão narrativa que não fazia o menor sentido. Vinte anos depois, descobri que aquela era uma versão editada e ao assistir à produção completa, como foi concebida, a percepção mudou completamente.

Dividida em duas partes, a minissérie tem início na serena cidade de Haven, Maine. Neste local, residem indivíduos como a escritora Bobbi Anderson (Marg Helgenberger), companheira do poeta alcoólatra Jim “Gard” Gardner (Jimmy Smits). A família Brown também faz parte desse cenário, composta por Bryant (Robert Carradine), que gerencia um restaurante ao lado de sua esposa Marie (Annie Corley), juntamente com os filhos Hilly (interpretado por Leon Woods) e Davey (Paul McIver), além do avô EV (E.G. Marshall). 

O elenco se completa com o xerife Ruth (Joanna Cassidy), o carteiro Joe Paulson (Cliff De Young), casado com a oficial Becka (Allyce Beasley) e envolvido em um caso com a colega Nancy Voss (Traci Lords). A trama toma um rumo intrigante quando Bobbi descobre um cano oculto na mata e, movida pela curiosidade, começa a escavar, revelando uma imensa estrutura.

A origem do mal

"The Tommyknockers" é um romance de ficção científica de 1987 escrito por Stephen King. Embora mantendo sua marca registrada do terror, este livro representa uma incursão de King no gênero da ficção científica. A história se desenrola na cidade de Haven, no Maine, onde os habitantes gradualmente sucumbem à influência de um objeto misterioso descoberto enterrado na floresta.

King, por outro lado, tem sido crítico em relação a este trabalho, descrevendo-o como "um livro horrível" devido ao seu vício em drogas durante o processo de escrita. No entanto, ele reconhece o potencial da trama, afirmando: "Há realmente um bom livro aqui, por baixo de toda a energia espúria que a cocaína fornece. Eu deveria revisitar esse universo e escrever o que ele merece."

Metáforas para o domínio do vício podem ser encontradas ao longo do livro. De acordo com Stephen King, "The Tommyknockers" é uma alegoria para suas próprias batalhas pessoais com o abuso de substâncias. O personagem Jim Gardener é amplamente baseado em King. Ele atribui a premissa básica ao conto "A Cor que caiu do espaço" de HP Lovecraft. 

No romance, a nave alienígena é descrita como se parecendo com um disco voador clássico. Quando chegou a hora de filmar, a nave foi redesenhada para parecer mais futurística para evitar que o filme parecesse "exagerado".

Kingverso da loucura

Quando a xerife Ruth Merrill está procurando Davey Brown na floresta, ela é abordada pelo cachorro de Bobbi Anderson. Ela comenta que ele está agindo como "Cujo". Esta é uma referência a outra obra de Stephen King, também adaptada para o cinema.

Já Butch Dugan e seus representantes mencionam ser da cidade de Derry, Maine. Derry é o cenário da minissérie "It" (1990), "It - A Coisa" (2017), It – Capítulo Dois (2019), It: Welcome to Derry (série de 2025) além do filme "O Apanhador de Sonhos"(2003). Lawrence Cohen, que escreveu o roteiro de "The Tommyknockers", escreveu anteriormente a minissérie It.

A personagem Becka Paulson e seu marido adúltero Joe eram de um conto original de Stephen King chamado "The Revelations of Becka Paulson". King gostou tanto da história que acabou escrevendo-a no romance The Tommyknockers. O conto em si seria mais tarde filmado para um episódio da atualização dos anos 90 da série de TV The Outer Limits com Catherine O'Hara no papel de Becka.

Quando os dois garotos estão andando pela floresta onde a nave espacial está, e um garoto conta ao outro que sua mãe lhe disse que era ali que os índios Micmac costumavam ficar. Os índios Micmac são os mesmos de "Cemitério Maldito", de Stephen King, onde eles enterravam os mortos.

O cenário de Tommyknockers é a vila fictícia de Haven Falls, Maine. O nome da cidade aparece em outras obras baseadas em King, mais notavelmente na série de TV "Haven" (2010-2015).

Além disto, há pelas menos duas cenas que remetem à Comboio do Terror (que King dirigiu), sendo uma delas quase idêntica, envolvendo uma máquina de refrigerantes.

Tommyknocker

Quando assistir à minissérie, certamente ficará imaginando de onde saiu este nome estranho e pouco sugestivo.

O Knocker, Knacker ou Tommyknocker (nos EUA) é uma criatura lendária subterrânea, semelhante a um gnomo, presente no folclore da Cornualha e Devon. Sua contraparte galesa é o coblyn. Este ser está associado ao duende irlandês, ao kloker de Kent e ao brownie inglês e escocês. Descrito pelos habitantes de Cornwall como uma figura pequena de 0,61 metros de altura, com uma cabeça desproporcionalmente grande, braços longos, pele enrugada e bigodes brancos, o Knocker veste uma versão em miniatura do traje típico de um mineiro e costuma pregar peças, como furtar ferramentas e alimentos dos mineiros.

Uma interpretação sugere que os Knockers são espíritos associados às minas, possivelmente os espíritos dos mineiros judeus que trabalharam nas minas nos séculos XI e XII. Outra perspectiva é que eles representam os espíritos daqueles que pereceram em acidentes nas minas. Como gesto de gratidão e para evitar possíveis perigos futuros, os mineiros costumam deixar a última porção de seus deliciosos pastéis nas minas para os Knockers.

Durante os anos 1820, mineiros imigrantes vindos do País de Gales e da Cornualha trouxeram consigo relatos dos Tommyknockers e suas travessuras de roubar itens para o oeste da Pensilvânia. Os mineiros da Cornualha, altamente requisitados após as corridas do ouro e da prata, levaram essas histórias para o Colorado, Nevada e Califórnia. Estes seres subterrâneos tornaram-se parte integrante do folclore dos mineiros em toda a região oeste dos Estados Unidos, tendo influenciado não apenas os mineiros de origem cornish.

Efeito do tempo

É estranho como certas obras parecem datadas. Tommyknockers nem é tão antigo, mas parece feito em outra era. Em certo momento, o cara (Cliff De Young) que trai a mulher (Allyce Beasley no melhor estilo "dona de casa") com ninguém menos que Traci Lords, umas das atrizes pornôs mais conhecidas da época, diz para a moça algo como "Isto foi bem criativo, para uma mulher".

Mesmo com estes diálogos incômodos, o que me impressiona é como a produção parece velha. Para efeito comparativo, Um Tira da Pesada é de 1984. John Ashton (que faz o Targart), aqui parece bem mais novo, quando na realidade, é quase 10 anos mais... "experiente".

Durante os anos 90, houve um aumento significativo no número de adaptações de minisséries baseadas no trabalho de Stephen King, impulsionado pelo sucesso de 'It' em 1990. Com os direitos do romance nas mãos do estúdio de TV ABC, o escritor Lawrence D. Cohen, conhecido por suas adaptações de 'Carrie' e 'It', juntamente com o diretor de 'Cujo', Lewis Teague, foram incumbidos de trazer a história extraterrestre de King para a telinha. Sob pressão do estúdio, eles foram obrigados a iniciar as filmagens da minissérie em outubro de 1992, com prazo de conclusão em maio de 1993.

Para reduzir custos, a produção foi transferida para a Nova Zelândia, onde enfrentaram desafios adicionais devido a uma equipe inexperiente. Após apenas dois dias de filmagem, Teague foi demitido devido a seu ritmo lento e por exceder os limites estabelecidos para uma minissérie. 

Ele foi substituído pelo diretor de TV John Power. Os problemas persistiram, com reescritas de última hora em um roteiro já incompleto, resultando em longas horas de trabalho para o elenco e a equipe, incluindo finais de semana e dias extras, a fim de cumprir os prazos apertados de produção.

Apesar de terem conseguido concluir as filmagens dentro do prazo de 60 dias estabelecido, os desafios enfrentados tiveram um impacto negativo na qualidade geral da produção.

Não há como negar que 'The Tommyknockers' é uma minissérie de qualidade questionável. Porém, levando em conta que é uma adaptação de um livro que até mesmo o próprio King descreve como "horrível", quase parece que estava destinada ao fracasso desde o início. Ainda mais com os desafios enfrentados durante a produção como demissão do diretor.

No entanto, no livro existem várias ideias que poderiam ser exploradas de forma eficaz em um contexto mais contemporâneo. Basta alguém inspirado para fazer. 


Agora pense num detalhe: se o filme, com 3 horas e a história toda fazendo sentido, já não é bom, imagine a versão cortada em 1 hora? Ela é tão odiável que você acaba gostando mais desta integral que deveria...




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