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VAMPIROS DE SALEM (1979) - SÉRIE REVIEW

O início do fim

Em uma igreja, um homem e um menino, Ben Mears e Mark Petrie, estão enchendo pequenas garrafas com água benta. Quando uma das garrafas começa a emitir um brilho sobrenatural assustador, Mears diz a Mark que "Eles nos encontraram novamente". Sabendo que uma presença maligna está por perto, eles decidem ficar para combatê-la.

Assim começa a primeira de várias adaptações de Stephen King para a TV no formato de série ou minissérie. Um formato natural, dado o tamanho de alguns livros do autor, bem como a quantidade de personagens interessantes para delinear.

Na sequência do prólogo, aparece um norte. E ele aponta para dois anos antes, quando a história começa. Ben Mears (David Soul) é um romancista natural da pequena cidade de Jerusalem's Lot - ou, como os habitantes locais a chamavam, Salem's Lot. Enquanto volta para casa em busca de inspiração para sua próxima obra, ele descobre que há um novo morador em uma casa que permaneceu vazia por décadas, um vendedor de antiguidades chamado Barlow. 

Nenhum dos habitantes da cidade conhece o tal Barlow, e sim o seu charmoso representante, Straker. Mas quando pessoas começam a morrer de repente, as coisas ficam ainda mais estranhas.

A origem do mal

A Hora do Vampiro, conhecido como "Vampiros de Salem", é um livro de horror escrito por Stephen King. Foi o segundo livro do autor a ser publicado. A história acompanha o escritor Ben Mears, que retorna à cidade de Jerusalem's Lot, no Maine, onde viveu dos 5 aos 9 anos. Ao chegar lá, ele descobre que alguns moradores estão se transformando em vampiros.

Stephen King se inspirou para escrever o livro quando pediu para sua turma de inglês ler "Drácula" e ficou curioso sobre o que aconteceria se os vampiros chegassem à América, especificamente a uma cidade pequena.

Além da história principal, a cidade é cenário de mais dois contos: "Jerusalem's Lot" e "A Saideira", incluídos na coletânea de contos "Sombras da Noite", publicada por King em 1978. O livro foi indicado ao World Fantasy Award em 1976 e ao Locus Award na categoria Melhor Romance de Fantasia de Todos os Tempos em 1987. King já afirmou em entrevistas que 'Salem's Lot era o seu livro favorito entre todas as suas obras.

O livro estabeleceu muitos elementos que Stephen King usaria em seus romances subsequentes. Ele se passa em uma pequena cidade no Maine, e muitas histórias posteriores aconteceram nas pequenas cidades de Derry ou Castle Rock. Ele apresenta um elenco muito maior de personagens do que Carrie, a Estranha (1976), e a maioria de seus livros posteriores teve um elenco grande. O personagem principal, Ben Mears, é um escritor profissional, e outro personagem principal, Matt Burke, é um professor. Muitos de seus personagens subsequentes eram um ou ambos. O próprio King teve os dois empregos.

Dando vida ao filme

O diretor George A. Romero foi originalmente abordado para dirigir uma versão para o cinema, mas após os anúncios de Drácula (1979) de John Badham e Nosferatu: O Vampiro da Noite (1979) de Werner Herzog, a Warner Bros. decidiu transformar Salem's Lot em uma minissérie de TV. Romero desistiu, sentindo que não conseguiria fazer o filme do jeito que queria com as restrições da televisão aberta.

Embora esta adaptação seja drasticamente diferente do romance em muitas áreas, principalmente na representação do vampiro chefe Kurt Barlow, Stephen King a aprovou. James Mason aproveitou a chance de interpretar um servo do mal, amando o roteiro. Isso foi uma sorte, pois ele foi a primeira escolha do produtor Richard Kobritz para o papel de Sr. Straker. Clarissa Kaye-Mason, que interpretou Marjorie Glick, era a esposa na vida real do ator.

Os atores Elisha Cook Jr. e Marie Windsor foram escalados como marido e mulher em Salem's Lot aproveitando a sintonia do casal em O Grande Golpe (1956), onde também interpretaram marido e mulher.

Stephen King tinha Ben Gazzara em mente quando escreveu o personagem "Ben Mears". Ele também disse que baseou a descrição de "Richard Straker" em seu romance em Donald Pleasence (o Dr. Sam Loomis de Halloween).

A intenção original era que a Warner Brothers transformasse o best-seller de King em um longa-metragem. Stirling Silliphant, Robert Getchell e Larry Cohen, mas nenhum foi capaz de capturar a essência do livro para uma duração menor. Eventualmente, o projeto foi entregue à Warner Brothers Television, onde o produtor Richard Kobritz sentiu que funcionaria melhor como uma minissérie de TV.

A fonte dos créditos do filme foi inspirada na fonte semelhante de Amor, Sublime Amor (1961), enquanto as transições de créditos foram influenciadas pelos créditos de abertura de Os Pássaros (1963), de James S. Pollak.

Larry Cohen escreveu o primeiro rascunho do roteiro do filme, mas o produtor Richard Kobritz disse que o roteiro era "muito ruim" e escolheu Paul Monash para escrever. Cohen tentou apelar para obter algum crédito de roteiro no filme, mas seu crédito de tela foi rejeitado. Cohen acabou dirigindo O Retorno a Salem's Lot em 1987, mas falarei sobre o filme noutra ocasião.

Dando vida ao fantástico

Antes do início das filmagens, foi decidido focar mais nos personagens e no drama do que na violência e na linguagem.

As cenas das crianças vampiras flutuando do lado de fora das janelas de suas vítimas foram parcialmente filmadas ao contrário para dar um efeito mais assustador. Além disso, os atores atuaram em um guindaste de lança em vez de serem suspensos em fios. O diretor Tobe Hooper decidiu inicialmente por essa abordagem como uma medida de economia de custos, mas ao filmar a cena em que uma criança voa por uma janela, ele percebeu que não teria sido possível realizar a cena com fios de qualquer maneira.

Jack Young foi o criador da maquiagem de vampiro que incluía lentes de contato brilhantes. Segundo Tobe Hooper, a maquiagem usada pelo ator Reggie Nalder frequentemente se desfazia, assim como as unhas postiças e próteses dentárias, e as lentes de contato ficavam fora do lugar. As lentes de contato só podiam ser usadas por até 15 minutos de cada vez antes de serem removidas para permitir que os olhos descansassem por 30 minutos.

Com o produtor Richard Kobritz buscando uma trilha sonora que fosse "boa, atmosférica e reminiscente dos clássicos de Bernie Herrmann", a música do filme foi composta e conduzida por Harry Sukman, que Kobritz descreveu como "um antigo colega e protegido de Victor Young". A trilha sonora de "Vampiros de Salem" é notável por ter sido o último trabalho de Sukman antes de seu falecimento em 1984. Em 2016, a Waxwork Records lançou a trilha em vinil pela primeira vez.

A fachada da Marsten House, era, na verdade uma construção em escala real erguida sobre uma casa menor já existente no topo da colina. O custo total para a produção construir essa fachada foi de aproximadamente US$ 100.000. Em 1979, com esse valor, seria possível construir uma casa inteira, incluindo os interiores.

A placa da cidade mostrada no filme indica que a população de Salem's Lot é de 2.013 habitantes.

Enquanto o começo e o fim do romance "Salem's Lot" acontecem no México, na minissérie o começo e o fim acontecem na cidade fictícia de Ximico, na Guatemala. "Ximico" é quase um anagrama direto de México.

O maior ponto de discórdia entre os fãs do romance e da minissérie é a representação de Barlow como um monstro sibilante semelhante a Nosferatu na adaptação, em contraste com o personagem falante e semelhante a Drácula do livro. Em uma entrevista com Richard Kobritz, foi revelado que a decisão de retratar Barlow como um monstro aterrorizante foi motivada pelo receio de que um vilão tradicional não fosse suficientemente assustador, especialmente após o lançamento do remake de "Drácula" (1979).

Inicialmente, Stephen King foi contra essa mudança, mas após ver as filmagens, não apenas ficou impressionado com a maquiagem e a atuação, mas também sentiu que isso aumentava o foco nos personagens principais.

Entre prós e contras, "Vampiros de Salem" é um marco dos filmes de horror, que combina os talentos de Tobe Hooper e Stephen King, preenchendo a lacuna entre os filmes no estilo Hammer dos anos 60 e os filmes modernos de vampiros. 

A fotografia reflete o ordinário transformado em extraordinário, com o clima ficando sombrio até o ato final na Mansão Marsten. Quando foi exibido na TV pela primeira vez, o aspecto do desconhecido é o que tornou a primeira metade tão assustadora. A publicidade da época não mencionava vampiros, então, se assistir ao filme sabendo disto, pode-se imaginar, realmente, qualquer narrativa.


Impacto

A produção influenciou o gênero de maneira importante, inspirando filmes de terror como A Hora do Espanto (1985) e as cenas de garotos vampiros flutuando do lado de fora das janelas foram referenciadas em Garotos Perdidos (1987). Foi também uma das principais influências para a série de TV de sucesso de Joss Whedon, Buffy, A Caça-Vampiros.

O roteirista Bryan Fuller afirmou que a cena em que um personagem é empalado nos chifres de um veado o inspirou a fazer uma cena semelhante em sua série de TV Hannibal de 2013 porque a cena original o assustou muito quando criança. 

A minissérie de terror de 2021 do cineasta Mike Flanagan, Missa da Meia-Noite, é inspirada tanto no romance quanto na minissérie. Como em Vampiros de Salem, ela gira em torno de uma pequena cidade onde um antigo morador retorna após um longo período de tempo. 

A chegada do novo morador estranho (na história de King, Straker, na série de Flanagan, o padre substituto) e a revelação de que a cidade está sendo infectada por vampiros. O vampiro mestre em Mass é modelado um pouco na versão da minissérie e também nunca fala. Os olhos dos vampiros também são retirados da minissérie.

Cortes

Salem's Lot foi ao ar originalmente como uma minissérie em dois capítulos, com o primeiro episódio sendo exibido em 17 de novembro de 1979 e o segundo na semana seguinte, em 24 de novembro de 1979.

Existem um total de 4 versões diferentes. A versão original da CBS transmitida, a versão retransmitida da CBS exibida um ano depois, a versão europeia lançada nos cinemas e a versão em DVD/Blu-ray. A versão original da CBS transmitida teve um total de 200 minutos, incluindo comerciais. A versão retransmitida da CBS exibida um pouco mais tarde foi editada para 150 minutos. 

A versão europeia lançada nos cinemas, que foi editada ainda mais para 112 minutos (e cortada para 1,85:1), não apenas omitiu um monte de cenas, mas também teve tomadas alternativas ligeiramente mais violentas de outras (como a cena  em que Sawyer força Crockett a colocar a espingarda na boca, na versão original para TV ele simplesmente a segura contra o rosto). 

Esta versão só foi lançada em VHS. Finalmente, há a versão em DVD/Blu-ray, que tem um total de 183 minutos. Esta versão contém a minissérie original não editada (sem comerciais), mas edita os créditos finais da parte 1, uma prévia do que aconteceria na parte 2, uma longa recapitulação no início da parte 2 e os créditos de abertura da parte 2 (que agora eram mostrados no início da parte um, pois tinham o nome de Reggie Nalder adicionado à lista do elenco, que não estava incluído nos créditos originais da parte 1). 

Então, esta versão, em vez de ser apresentada em seu formato original de duas partes, é mostrada como um filme de 3 horas de duração. Apesar disso, não há cenas reais editadas e ainda é a versão original não editada da CBS, como visto em sua transmissão original.

Guardo na lembrança o fato de que, a primeira vez que vi, foi a versão editada e por alguma razão que não lembro mais, achei fraca. Considerando que o mesmo ocorreu com The Tommyknockers (de 1993), que passou exatamente pela mesma situação (originalmente tinha 3 horas de duração, mas a versão que vi foi editada, com duas horas), posso desconsiderar e olhar somente para a versão integral.

Vampiros de Salem é um ótimo programa, que resistiu bem ao tempo. Mas sempre deve ser visto ou revisto, da maneira que é: uma obra para TV, com todas as limitações orçamentárias características. Se você não exigir muito, vai inclusive, se surpreender.


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