VAMPIROS DE SALEM: O RETORNO (1987) - FILM REVIEW
Retorno da Salem's Lot
Com aproximadamente 19 minutos de filme, o primeiro ataque dos vampiros acontece. Se não sair correndo da sala (ou desligar a TV) é porque você respeita as limitações impostas a um filme "B". E caso continue, a trama talvez tenha importância. Nela, Joe Weber, um antropólogo que trabalha na América do Sul, é chamado de volta aos Estados Unidos por sua ex-esposa, Sally, que o informa que seu filho adolescente, Jeremy, será internado em uma instituição psiquiátrica se Joe não intervir.
Joe assume a responsabilidade por Jeremy e decide voltar para sua cidade natal, Salem's Lot, Maine, onde ele é proprietário de uma casa de fazenda abandonada e decadente que herdou de sua falecida tia Clara. Sem o conhecimento de Joe, Salem's Lot é, na verdade, uma colônia de vampiros. Certa noite, um grupo de adolescentes é detido pela polícia, que mais tarde, juntamente com outros moradores da cidade, revelam sua verdadeira natureza ao se alimentarem dos jovens.
Sherry, uma das adolescentes, consegue se esconder em uma igreja antes de fugir para os arredores da cidade, onde acaba chegando à casa de Joe e Jeremy. Joe leva Sherry para encontrar o juiz Axel, o prefeito da cidade, e relatar o incidente. Durante um jantar na casa do juiz, Joe, Sherry e Jeremy são recebidos por vários membros da alta sociedade, incluindo Amanda Fenton, a jovem neta do médico da cidade.
Atendendo ao pedido da avó, Amanda leva Jeremy para um passeio pela cidade enquanto os adultos se reúnem. Quando Sherry reconhece um dos agressores na reunião, ela entra em pânico e é levada para outra sala, onde está prestes a ser morta. Para choque de Joe, o Juiz Axel revela que ele e os moradores da cidade são vampiros.
Retorno?
Há pontos fundamentais para compreender o filme. Primeiro, o diretor quis fazer sua versão da história, por tanto, não é uma continuação. A intenção dele foi muito interessante: usar a premissa de Stephen King de uma pequena cidade invadida por vampiros como uma plataforma para satirizar a presunção conservadora americana.
Porém, a execução é frágil, sem inspiração. O baixo orçamento justifica a falta de certos elementos, mas nunca a pobreza narrativa, que parece ter no vampiro o maior representante. Ele provoca risos involuntários, lembrando alguma figura que apareceria em um filme de Mel Brooks.
Durante a elaboração do roteiro, Cohen se inspirou na peça "Our Town" de Thornton Wilder e buscou reimaginar elementos familiares dos filmes de vampiros, retratando-os como típicos americanos de ascendência europeia, que fugiram de sua terra natal para fundar uma colônia na América no século XVII.
A ideia foi até boa, mas transformar os vampiros em uma espécie de imigrantes que sofrem preconceito acaba gerando um problema que ele esqueceu de resolver: como são vampiros e que vivem pacificamente e isolados, uma hora, ia faltar sangue, não é?
Larry Cohen, que escreveu e dirigiu este filme, estava na disputa para adaptar o original Os Vampiros de Salem (1979), baseado no romance de Stephen King, mas seu roteiro para a versão original foi rejeitado (com os produtores chamando-o de um dos piores roteiros que já leram). A Warner Brothers deu a Cohen outra chance com esta sequência, mas ela fracassou nas bilheterias, sendo retirada dos cinemas depois de apenas uma semana.
Cohen explicou posteriormente que o projeto do filme teve início quando ele abordou a Warner Bros junto com Andre de Toth, propondo a ideia de refazer "Museu de Cera" (1953). A Warner não demonstrou interesse nessa proposta. Entretanto, o estúdio estava interessado em que Cohen produzisse um filme para sua divisão de vídeo.
O diretor concordou em fazê-lo somente se a Warner financiasse dois filmes a serem filmados em sequência. A Warner aceitou essa condição. Os dois filmes resultantes foram "A Ilha dos Monstros" e "Os Vampiros de Salem, o Retorno". Ambos já possuíam um certo reconhecimento de nome, ideal para o mercado de vídeo direto.
"Sempre tive a intenção de incorporar humor ao filme, brincando com os elementos tradicionais dos filmes de vampiros. O público reconhece os aspectos da mitologia e compreende o significado, mas pessoalmente não sou um grande fã de filmes de vampiros. Acho-os, na verdade, bastante entediantes. Com o filme, busquei reavivar a lenda dos vampiros, transformando-os na raça mais perseguida da Europa."
Filmando (seu pior filme) os vampiros (que ele não gostava)
As gravações ocorreram em Vermont, especificamente em St. Johnsbury, bem como em Newbury e Peacham, durante o outono de 1986. Algumas cenas adicionais foram filmadas na cidade de Nova York.
Refletindo sobre a experiência de filmagem em Peacham, Cohen compartilhou: "Os moradores praticamente nos cederam a cidade inteira. Interrompemos as atividades normais por várias semanas. Dado que o filme tratava de vampiros, filmamos até altas horas da noite e envolvemos os habitantes locais como figurantes, e seus filhos desempenharam papéis de jovens vampiros." O diretor de fotografia responsável pela filmagem foi Daniel Pearl, conhecido por seu trabalho em "O Massacre da Serra Elétrica" (1974), dirigido por Tobe Hooper.
Mas voltando...
Com 49 minutos aproximadamente, quando Michael Moriarty e Samuel Fuller (sim, ele mesmo, o diretor de cinema que fez obras-primas como Agonia e Glória) começam a correr, de um lado para o outro na cidade, se inicia um verdadeiro show de horrores.
Nem filme amador é tão amador. Se não sair correndo da sala (ou desligar a TV) é por que você não tem absolutamente mais nada para assistir ou não resiste à curiosidade de conferir se algo pode melhorar. E caso continue, descobrirá que a trama não tinha qualquer importância.