ALIEN - SAGA REVIEW
Texto: M.V.Pacheco
Revisão: Thais A.F. Melo
Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante…
A minha querida sessão de filmes chamada Tela Quente estreou, num distante 7 de março de 1988 exibindo o inédito filme O Retorno de Jedi. Naquele mês, também foram exibidos os filmes Os Caçadores da Arca Perdida, Rocky III e Alien, o Oitavo Passageiro, nos dias 14, 21 e 28, respectivamente. E foi a minha primeira vez com cada obra.
Uma memória jamais apagada, mas que hoje vou registrar aqui, como um documento do tempo passado e, ao mesmo tempo, uma constatação de que amo Alien desde os 12 anos, e ter entrevistado Yaphett Kotto, o "passageiro" Parker, só estreitou minha relação com o filme.
🔷Alien, o 8º passageiro (1979)
E revendo hoje, para o post, tive um novo olhar desta obra-prima. Logo em seus primeiros minutos, percebi um sutil aceno a preocupação do roteiro em colocar o perigo de tratar a máquina como "um de nós". A nave que responde por MU/TH/UR, mas é "carinhosamente" chamada pelos membros da tripulação de MOTHER, a Mãe, para a nave em que eles faziam uma viagem, os tira da hibernação, e os direciona a investigar o sinal vindo de um planeta.
E durante uma discussão sobre irem ou não investigar, Ash, o androide, pontua que se eles não forem, perdem os benefícios financeiros do trabalho. Como sabemos, três astronautas vão ao tal planeta investigar o sinal, um alienígena gruda no capacete de Kane (John Hurt), e eles retornam à nave.
A ponderada Ripley (Sigourney Weaver) os alerta sobre o risco de entrarem na nave sem saber do que se trata o ser, e se nega a abrir a porta. Mas quem o faz de forma inadvertida? Ash, o androide.
O próprio diretor Ridley Scott trabalha o tema novamente no filosófico Blade Runner, mostrando o quão humanos podem ser os androides e, ao mesmo tempo, tão perigosos como o homem. Inicialmente, o diretor de Alien, o 8º Passageiro seria Walter Hill, que posteriormente desistiu do projeto, abrindo espaço para a contratação de Ridley Scott.
"No Espaço Ninguém Pode Ouvir Você Gritar."
Nas ilustrações originais de HR Giger que inspiraram o visual do Alien, a criatura tinha olhos. Para o filme, Giger insistiu que a criatura não tivesse olhos, dando assim a aparência sombria de uma fera fria e sem emoção que caça pelo cheiro.
Foi o artista conceitual Ron Cobb quem teve a ideia de que o Alien deveria sangrar ácido. Isso aconteceu quando Dan O'Bannon (roteirista) bateu em uma parede com o roteiro sobre como lidar com a última metade do filme. Ele precisava de um bom motivo para os membros da tripulação não apenas atirarem na coisa e matá-la, mas ainda assim não torná-la um monstro indestrutível que não pode ser morto. O sangue ácido foi a ideia que resolveu esse problema.
De acordo com Yaphet Kotto, Ridley Scott disse-lhe para irritar Sigourney Weaver fora das câmeras, para que houvesse uma tensão genuína entre seus personagens. Kotto se arrependeu, porque gostava muito de Weaver. (Leia a entrevista completa com ele aqui).
Para fazer com que o gato Jones reagisse com medo ao Alien que descia, um pastor alemão foi colocado na frente dele com uma tela entre os dois, para que o gato não o visse a princípio. A tela foi então removida repentinamente para fazer Jones parar de avançar e começar a sibilar.
No filme há uma conexão interessante com Os Caçadores da Arca Perdida. Há um gato em Alien chamado de Jones (e apelidado de Jonesy). É o mesmo apelido de Indiana Jones. O curioso é que Harrison Ford, no ano seguinte, fez Blade Runner, dirigido por Ridley Scott, de Alien, como sabemos. E fica mais interessante ainda quando lembramos que Indiana é o nome do cachorro que o pai tinha.
Ridley Scott cita três filmes como influências formadoras de seu filme: Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança (1977) e 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) por sua representação do espaço sideral, e O Massacre da Serra Elétrica (1974) pelo seu tratamento do horror. Star Wars foi dirigido por George Lucas, produtor e roteirista de Os Caçadores da Arca Perdida.
No roteiro original de Dan O'Bannon e Ronald Shusett, os nomes dos personagens eram Standard, Roby, Broussard, Melkonis, Hunter e Faust (não havia o personagem Ash). Walter Hill e David Giler odiavam os nomes e os mudou várias vezes durante as revisões. Eles finalmente escolheram Dallas, Ripley, Kane, Lambert, Parker e Brett, e adicionaram Ash.
O roteiro de O'Bannon e Shusett também trazia uma cláusula indicando que todos os personagens são "unissex", o que significa que poderiam ser escalados como homens ou mulheres. Consequentemente, todos os personagens são referidos apenas pelo sobrenome (Dallas, Kane, Ripley, Ash, Lambert, Parker e Brett), e os poucos pronomes específicos de gênero (ele ou ela) foram corrigidos após a escalação. No entanto, Shusett e O'Bannon nunca pensaram em escalar Ripley como personagem feminina.
Este filme foi originalmente planejado para terminar com Ripley escapando da Nostromo em sua nave e o Alien morrendo a bordo. Ridley Scott achou esse final muito simplista, então ele negociou com o estúdio um orçamento adicional de meio milhão de dólares e uma semana de filmagem para adicionar um "quarto ato" ao filme, mostrando como o Alien havia se guardado a bordo da nave de fuga.
Scott inicialmente imaginou um final muito sombrio, onde Ripley tenta expulsar o Alien, mas a criatura volta para a nave; Ripley o arpoa, mas não faz diferença: ele corre em sua direção, atravessa sua máscara e arranca sua cabeça. Ele então se sentava em sua cadeira e começava a imitar a voz do capitão Dallas, dizendo: "Estou desligando, espero que a rede me atenda."
A Twentieth Century Fox não ficou muito satisfeita: segundo Scott, enquanto apresentava a ideia por telefone, houve um silêncio longo e desconfortável. Dentro de quatorze horas, um executivo do estúdio chegou, ameaçando demiti-lo imediatamente, a menos que ele mudasse o final para um em que o Alien morreria. Scott admitiu mais tarde que permitir que Ripley vivesse foi o melhor final.
Aliens, O Resgate (1986)
Sai de cena o clima de horror de Alien e entra o cinema bélico azulado de James Cameron. Na trama, depois de um sono de cinquenta e sete anos, Ellen Ripley (Sigourney Weaver), a única sobrevivente da tragédia espacial, descobre que o local onde tudo ocorreu com sua nave foi colonizado por humanos. Inicialmente relutante, ela aceita retornar para enfrentar seu pior pesadelo e tentar salvar as setenta famílias que lá habitam.
Cameron ousa em muitos pontos. Até mesmo ao trazer um novo alien preso no rosto de uma vítima, uma nova cena de pessoas saindo da hibernação, uma nova cena de jantar com os tripulantes e um androide entre o grupo. Mas ele consegue fazer o seu cinema, colocar novos elementos, e não parecer uma cópia.
Depois do sucesso repentino de O Exterminador do Futuro (1984), James Cameron estava em alta, mas queria muito fazer essa sequência de Alien, o 8º Passageiro (1979), um de seus filmes favoritos. Um projeto arriscado, dada a popularidade do filme, mas Cameron disse mais tarde que estava tão feliz que nunca considerou que poderia ser um suicídio profissional.
Sai de cena o clima de Rambo, em que ele precisa sobreviver na floresta, entra Rambo II - A Missão, em que ele vai para guerra. Um detalhe: James Cameron roteirizou Rambo II.
Sigourney Weaver inicialmente hesitou muito em repetir seu papel como Ripley. Ela havia rejeitado inúmeras ofertas da Fox Studios para fazer qualquer sequência, temendo que sua personagem fosse mal escrita, e que uma sequência abaixo da média pudesse prejudicar o legado de Alien, o 8º Passageiro (1979).
No entanto, ela ficou tão impressionada com a alta qualidade de James Cameron, no roteiro - especificamente: o forte foco em Ripley, o vínculo mãe-filha entre sua personagem e Newt, e a incrível precisão com que Cameron escreveu sua personagem, fizeram ela finalmente concordar em fazer o filme.
É claro que ela ficou desapontada quando Cameron teve que encurtar o filme e cortar a cena em que Burke traz a Ripley a notícia de ter perdido sua filha, pois esta morreu (o que Weaver sentiu que teria completado o círculo do vínculo mãe-filha com Newt), mas esta cena foi posteriormente restaurada na edição especial.
A “edição estendida” inclui dezessete minutos de cenas extras: Ripley discutindo sobre sua filha com Burke; Ripley é rebaixado pelo conselho; os pais de Newt descobrindo a nave alienígena abandonada em LV-426; um passeio pelo Sulaco antes do despertar dos fuzileiros navais; Hudson se gabando de seu armamento.
Ripley hesita antes de entrar no complexo de colônias do planeta; armas sentinelas robóticas repelindo dois ataques alienígenas; os fuzileiros navais teorizando sobre um líder alienígena como a fonte dos ovos; e Hicks e Ripley trocando nomes. Também foi incluída uma cena no LV-426 onde uma criança anda em uma roda-gigante semelhante à usada em O Exterminador do Futuro (1984), também dirigido por James Cameron.
A frase de Bishop sobre ele ser incapaz de ferir uma pessoa ou permitir que alguém se machuque é uma paráfrase das Três Leis da Robótica de Isaac Asimov, mais especificamente a Primeira Lei: "Um robô não pode ferir um ser humano nem, por inação, permitir um ser humano sofra algum mal." (a Segunda Lei é: "Um robô deve obedecer às ordens dadas por um ser humano, exceto quando isso entrar em conflito com a Primeira Lei; a Terceira Lei é: "Um robô deve proteger sua própria existência, exceto quando entrar em conflito com a Primeira ou a Segunda Lei)''. Asimov eventualmente introduziu uma Lei "Zeroth": "Um robô não pode ferir a humanidade nem, por inação, permitir que a humanidade sofra danos."
O truque com a faca realizado por Bishop (Lance Henriksen) é uma homenagem ao filme "Dark Star" (1974), em que um truque semelhante com a faca foi realizado por Boiler (Cal Kuniholm). Dark Star, que foi co-escrito e estrelado por Dan O'Bannon, que também escreveu a história e o roteiro do Alien original (1979).
O conceito dos Aliens se reproduzindo por meio de uma Rainha que põe ovos (semelhante a muitos insetos) foi ideia de James Cameron. Na verdade, contradiz um conceito de Alien, o 8º Passageiro (1979), onde o Alien transforma um dos humanos em um ovo e, assim, continua o ciclo de vida por conta própria (esta cena foi filmada e excluída da versão original, mas reinserida na versão do diretor de Alien).
Cameron admitiu mais tarde que estava ciente desse conceito de transformação de ovos ao fazer Aliens, mas achou-o muito restritivo e, como essa era uma intenção dos escritores originais que nunca foi explicitamente estabelecida, ele optou por seguir seu próprio plano. Desde então, os fãs criaram teorias de que os Aliens normalmente podem se reproduzir por meio de uma Rainha, mas um único Alien isolado pode criar um ovo de emergência por conta própria se a sobrevivência de toda a espécie estiver ameaçada.
Mas isso não importou para o público. E Aliens é abertamente conhecido como uma continuação que supera, em alguns pontos, o original.
🔷Alien³ (1992)
É curioso os filmes da saga, ainda que sejam continuações, tem identidade visual completamente diferente. Neste novo episódio, nos deparamos com uma fotografia que remete a um ambiente sujo, pueril, abandonado. Na trama, após os eventos de Aliens, O Resgate, a tenente Ripley (Sigourney Weaver) vai parar em um planeta que, na verdade, uma colônia penal de segurança máxima, onde todos os internos são assassinos e estupradores.
Lá não existem armas e é um lugar totalmente isolado do mundo civilizado. Dentro deste contexto, o alienígena volta a atacar, matando tudo que se move, mas com uma misteriosa diferença: ele não ataca a tenente Ripley.
Alien³ foi o primeiro filme de David Fincher como diretor. Vários roteiros para o terceiro filme da série Alien foram escritos e enviados para a 20th Century Fox, produtora da série. Em vários deles a ação se passava no planeta Terra e em um deles a Tenente Ripley passava a maioria da trama em coma. A atriz Sigourney Weaver, que protagoniza Alien³, é também produtora executiva do filme.
A certa altura, David Fincher teve a permissão negada pelos produtores do filme para filmar uma cena crucial na enfermaria entre Ripley e o Alien, onde este último se aproxima ameaçadoramente de Ripley. Contrariando as ordens, Fincher pegou uma câmera de Sigourney Weaver e filmou a cena mesmo assim. Essa cena não aparece apenas na versão final, mas também aparece com destaque nos trailers, e muitos a consideram a cena mais icônica do filme.
O processo de produção do filme foi tão caótico e sua recepção por fãs e críticos tão desfavorável que quase encerrou a carreira de David Fincher antes que ele tivesse a chance de ganhar impulso como diretor. Mas dois acontecimentos acabaram salvando Fincher: a primeira foi que Sigourney Weaver publicamente (e muitas vezes com raiva) ficou do lado de Fincher contra a 20th Century Fox, dizendo aos jornalistas que o estúdio havia tomado decisões que resultaram em uma situação impossível para o jovem diretor, e que ele teria uma excelente carreira se lhe fosse dado mais chances.
A outra é que o produtor Arnold Kopelson não respeitava a gestão da Fox. Weaver tinha razão, lógico e o filme seguinte do diretor foi Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995). Hoje Fincher é um dos diretores mais respeitados de sua época.
O diretor original de Alien, o 8º Passageiro (1979), Ridley Scott, recusou a chance de dirigir. Scott e mais tarde Renny Harlin. Eles queriam que o terceiro filme explorasse a origem dos Xenomorfos. Este conceito foi considerado muito caro por David Giler e Walter Hill, uma vez que a maioria do trabalho de efeitos especiais na época ainda tinha que ser feito praticamente em vez de imagens geradas por computador, então Scott recusou-se a retornar e Harlin mais tarde desistiu do filme. Scott finalmente realizou seu desejo com os filmes Prometheus (2012) e Alien: Covenant (2017) .
Sete milhões de dólares foram gastos em cenários que nunca foram usados graças ao roteiro em constante mudança, antes mesmo do início das filmagens. Com o prazo se aproximando, sempre que o diretor David Fincher ligava para o escritor Rex Pickett para discutir seu progresso no roteiro, ele deixava o telefone tocar duas vezes, desligava e ligava novamente, para que Pickett soubesse que era Fincher e não o estúdio que o estava assediando com mais informações e demandas por mudanças.
Parte do design de HR Giger para o filme envolvia um alienígena parecido com um puma com garras. Os produtores também o instruíram a fazer designs mais sexy, então ele criou o desenho de um alienígena, que, de perto, tinha lábios de mulher. Uma de suas ideias envolvia o alienígena beijar as vítimas e matá-las dessa forma (ideia que mais tarde foi utilizada no filme A Experiência (1995), outra criação de Giger).
O diretor David Fincher chegou a visitá-lo em Zurique com pedidos de novos designs. No entanto, Giger acabou sendo enganado em favor de Tom Woodruff Jr. e Alec Gillis, que foram responsáveis pela criação dos efeitos práticos, e vieram com seus próprios designs (que ironicamente se basearam nos esboços de Giger).
Stan Winston foi convidado para trabalhar neste filme, mas não estava disponível. Em vez disso, recomendou Tom Woodruff Jr. e Alec Gillis , dois ex-trabalhadores de seu estúdio que haviam acabado de abrir sua própria empresa, a Amalgamated Dynamics
Durante as filmagens, o roteiro ainda era constantemente reescrito, com novas versões enviadas por fax para o estúdio quase diariamente. O elenco e a equipe filmavam frequentemente uma cena e descobriam no dia seguinte que ela já havia sido descartada.
David Fincher disse em uma entrevista anos depois: "Tive que trabalhar nele por dois anos, fui demitido três vezes e tive que lutar por tudo. Ninguém odiou mais do que eu; até hoje ninguém odeia mais do que eu". Ele citou a interferência constante do estúdio durante a produção e, na verdade, saiu quando o estúdio rejeitou sua versão inicial e ordenou extensas refilmagens.
Michael Biehn afirmou em uma entrevista que ficou profundamente magoado por não ser convidado a retornar como Cabo Dwayne Hicks, seu personagem de Aliens, O Resgate (1986), mas ainda mais porque o filme começou com Hicks sendo morto imediatamente após escapar com os outros sobreviventes no final do filme anterior.
Ele disse que não se importava com a morte de Hicks em si, mas se opôs à maneira descuidada como eles fizeram isso neste filme. Portanto, ele recusou dar permissão do estúdio para usar um boneco do cadáver à sua imagem, mas permitiu-lhes o uso de sua fotografia. Carrie Henn, por outro lado, aceitou mais a morte de seu personagem Newt, simplesmente afirmando "A vida continua".
Lance Henriksen apenas concordou em repetir seu papel como Bishop como um favor pessoal a Walter Hill. Até hoje, Henriksen disse que não gosta do filme por ser um filme niilista, embora tenha se divertido "muito" fazendo-o.
O diretor ficou emocionado ao trabalhar com o diretor de fotografia Jordan Cronenweth, que havia colaborado com o diretor de Alien, o 8º Passageiro (1979) Ridley Scott em Blade Runner: O Caçador de Androides (1982).
No entanto, Cronenweth sofria da doença de Parkinson que começou a afetar seu trabalho, apesar de ser assistido por seu filho Jeff Cronenweth (morreu em 1996). Ele foi substituído duas semanas após o início das filmagens por Alex Thomson, que havia filmado A Lenda (1985), de Scott.
Apesar de sua produção como dito problemática e de uma recepção morna dos críticos, o filme foi um sucesso comercial, recuperando aproximadamente duas vezes seu orçamento em receitas de bilheteria (orçamento de 65 milhões, e faturamento perto de 160 milhões).
Fato que mostra a força e popularidade do personagem.
🔷Alien - A Ressurreição (1997)
O Corporativismo sempre foi a questão que norteava a trama de Alien. No primeiro filme era mais sutil, porém depois ficou evidenciado que a história sempre girou em torno do homem querer estudar o espécime e pagar com a morte alheia.
Mas o que esperar de um Alien com sua atriz principal morta, mas presente, dirigido pelo realizador de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001) e Delicatessen (1991) e roteirizado pelo diretor de Vingadores (2012) e Vingadores - Era de Ultron (2015)?
No filme anterior, a tenente Ripley (Sigourney Weaver) se matou para não permitir que o governo levasse um monstruoso alienígena para o nosso planeta. Mas, após 200 anos, em uma nave espacial, ela acorda e descobre que cientistas a clonaram e conseguiram com sucesso retirar a rainha dos alienígenas de seu corpo.
A intenção é ter um exército de aliens que, acreditam eles, possam controlar. Durante este processo o DNA da tenente é misturado com o da rainha, o que faz com que o clone de Ripley desenvolva algumas características alienígenas. Os pesquisadores começam a criar os aliens, mas estes logo escapam, provocando terror e morte.
Como a nave está rumando para a Terra, eles precisam ser detidos o quanto antes, principalmente pelo fato da rainha ter tido uma nova ninhada, que poderá significar o fim dos humanos. Neste contexto, apenas a tenente e alguns contrabandistas, que se encontram na nave naquele momento, podem impedir esta tragédia.
Sigourney Weaver acertou o arremesso de basquete na meia quadra com sucesso após 3 semanas de prática, orientada por um treinador. Sua taxa de conversão durante esse período foi ótima, mas a distância foi muito menor do que seria na cena real. Quando chegou o dia de filmar, o diretor Jean-Pierre Jeunet queria que a bola caísse de cima, em vez de esperar que Weaver acertasse ela mesma o arremesso.
Weaver insistiu que ela mesma poderia fazer. Mesmo assim, foram necessárias intermináveis tentativas para completar a façanha. Jean-Pierre Juenet já estava a um passo de desistir e usar CGI… Mas Weaver finalmente conseguiu, porém, o elenco começou a aplaudir, desviando o foco da cena. Os editores analisaram e decidiram que havia espaço suficiente para o corte.
O estúdio queria cortar a cena anterior ao encontro de Ripley com a rainha alienígena devido a sua natureza bastante sexual. Eles decidiram mantê-lo quando Sigourney Weaver ameaçou não promover o filme caso a cena fosse cortada.
Os nomes dos androides nos filmes Alien seguem um padrão: em Alien, o 8º Passageiro (1979) , é Ash (A); em Aliens, O Resgate (1986) e Alien³ (1992) é Bishop (B); em Alien, a Ressurreição (1997) é Call (C); e em Prometheus (2012) é David (D). E dentro da franquia, o que isso significa?
Nada.
Não está claro como os cientistas do Auriga obtiveram amostras do DNA de Ripley de Fiori 161, o planeta prisão onde Ripley morreu em Alien³ (1992). No final do filme anterior, Ripley cometeu suicídio pulando em uma fornalha gigantesca. O chumbo derretido na fornalha gigantesca teria vaporizado o sangue e o DNA de Ripley quando ela caiu na fornalha gigantesca com a rainha alienígena recém-nascida.
No entanto, o Dr. Gediman (Brad Dourif) menciona amostras de sangue resfriado de Fiori. É possível que ele se referisse a amostras de sangue de Ripley retiradas da tela pelo Dr. Clemens (Charles Dance) enquanto ele a tratava, ou que ela tenha sofrido pequenos ferimentos durante a luta final com o Alien e deixado manchas de sangue pela área...
O filme terminou originalmente com Betty pousando na Terra e Ripley e Call vendo as ruínas de Paris. A cena foi filmada, mas a ideia foi abandonada para o lançamento nos cinemas. Quando Jean-Pierre Jeunet foi convidado para criar uma Edição Especial do filme, a ideia foi retomada e os efeitos visuais da cena finalizados.
Para o bem e para o mal, cada diretor teve liberdade de colocar sua marca em cena. Mesmo que o estúdio tenha causado tantos problemas na execução do terceiro filme ou que este quarto tenha sido ponto de discórdia entre o diretor e o roteirista. E ao colocar suas visões particulares em cena, deu às obras: identidade.
Gostemos ou não.
Sua figura é vista como uma divindade do fogo, além de ser um mestre artesão. Segundo o mito, ele era um titã que, por roubar o fogo dos deuses e entregá-lo à humanidade, foi severamente castigado por Zeus. Conforme a lenda grega, Prometeu e seu irmão Epimeteu eram titãs encarregados de criar os mortais, tanto animais como seres humanos.
O Prometeu de Scott é um alienígena, mas sua função é a mesma, ainda que o faça de forma acidental. Na trama do filme, Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) são exploradores que encontram a mesma pintura em várias cavernas na Terra. Com base nisto, eles desenvolvem uma teoria em que a pintura aponta para um lugar específico do universo, que teria alguma relação com o início da vida no planeta.
A dupla convence um milionário, Peter Weyland (Guy Pearce), a bancar uma cara expedição interestelar para investigar o assunto. Desta forma, Elizabeth e Charlie entram para a tripulação da nave Prometheus, composta pelo robô David (Michael Fassbender), a diretora Meredith Vickers (Charlize Theron), o capitão Janek (Idris Elba), entre outros.
Todos, com exceção de David, hibernam em sono criogênico até que a nave chegue ao objetivo, o que acontece em 2093. Encantados com a descoberta de um novo mundo e a possibilidade de revelarem o segredo da origem da vida na Terra, Elizabeth e Charlie não percebem que o local é também bastante perigoso.
Para o planeta alienígena, criaturas e tecnologia, o diretor Ridley Scott instruiu a equipe de design a buscar um visual que pudesse logicamente vir antes do Alien - O 8º Passageiro (1979) original e, portanto, não depender muito do artista suíço HR Giger. No entanto, quase todos os desenhos se inspiravam em vários designs não utilizados de Giger para Alien - O 8º Passageiro (1979).
No final, decidiu-se convidar o próprio Giger, que aprovou o uso de suas ideias antigas e deu informações adicionais sobre a engenharia reversa de seus designs originais para o novo filme. Mais inspiração veio dos trabalhos do artista russo Gutalin (Alex Kozhanov). Giger morreu devido a ferimentos relacionados a uma queda em 2014, tornando este o último filme relacionado à franquia Alien em que ele trabalhou.
Prometheus e não cumprius...
O filme sobra em elenco, direção, fotografia, direção de arte e cenários, trilha... mas peca lindamente na coesão.
Prometheus estabelece que o planetóide no qual o filme é ambientado se chama LV-223. O Alien de 1979, por sua vez, não dava nome ao planeta que era visitado pelos tripulantes da Nostromo. No entanto, a sequência Aliens, de 1986, informava que o nome daquele planeta do primeiro filme seria LV-426. Ou seja, presumivelmente no mesmo sistema que o planeta que aparece em Prometheus, mas um planeta diferente, no final das contas.
Trata-se, é verdade, de um bom argumento. Ora, se o cânone da série Alien já tinha estabelecido que o planeta que aparecia no primeiro filme se chamava LV-426, então, se os criadores de Prometheus quisessem ambientar o novo filme no mesmo planeta, seria natural que tivessem se referido a ele pelo mesmo nome.
Ao ambientarem o novo filme num planeta chamado LV-223, de fato parece que a intenção dos roteiristas é situar a história num local relativamente próximo ao planeta mostrado no Alien de 1979 - mas, ainda assim, um planeta novo e diferente.
Isso significa, então, que estamos definitivamente de acordo que Alien (1979) e Prometheus são ambientados em planetas diferentes? A resposta é, simplesmente, não. É o mesmo...
A história de Prometheus se passa no ano de 2093. Alien (1979) se passa em 2122 (quase trinta anos depois). E Aliens (1986) se passa em 2179, cinquenta e sete anos depois do primeiro filme. Ora, seria perfeitamente plausível que o planeta mostrado em Prometheus fosse chamado de LV-223 no ano de 2093 e, 87 anos depois, fosse conhecido como LV-426.
O fato de dois nomes tão semelhantes apresentarem diferenças pontuais, no espaço de tempo de quase um século que separa Prometheus de Aliens, poderia apenas significar que o planetóide foi renomeado à medida que o mapeamento do espaço foi se tornando mais detalhado no universo da série. É claro, e eu não nego, que estipular que se tratam de planetas diferentes aparentemente seria uma solução mais fácil. Mas convém lembrar dos seguintes problemas:
Se o planeta de Prometheus de fato não é o mesmo planeta de Alien, então por que Prometheus faz questão de mostrar a nave alienígena - idêntica à encontrada em Alien - caindo na superfície e ficando exatamente na mesma posição da nave encontrada em Alien? Por que o roteiro de Prometheus terminaria com uma nave alienígena derrubada na superfície do planeta, se isso "nada tem a ver" com a nave alienígena derrubada encontrada na superfície do planeta de Alien?
Se o planeta de Prometheus não é o mesmo de Alien, por que Prometheus faz questão de copiar o clima inóspito do planeta mostrado em Alien? Se a ideia de que os dois filmes se passam no mesmo planeta é confusa e incoerente, a ideia de que seriam "planetas diferentes" não torna esse queijo suíço menos furado.
O roteiro de Prometheus, no que diz respeito à continuidade com Alien, simplesmente não tem salvação, conforme demonstrarei: a teoria que tenta salvar o roteiro de Prometheus sugere que, quando houve o primeiro contágio do vírus desenvolvido pelos Engenheiros (fatos mostrados em Prometheus), um desses Engenheiros teria escapado de LV-223 e caído em LV-426.
Esse seria o Engenheiro (o famoso "Space Jockey") encontrado pelos tripulantes da Nostromo em Alien. Como se vê no clássico filme de 1979, pelo peito arrebentado do cadáver, se supõe que ele acabou infectado pela criatura que tradicionalmente chamamos de "alien" (também conhecido popularmente como o "xenomorfo").
Esse descontrole da arma biológica dos Engenheiros em LV-223 e a consequente fuga de um dos Engenheiros para LV-426, por óbvio, teria ocorrido milhares de anos antes dos eventos de Prometheus. Vale lembrar que os Engenheiros encontrados mortos em Prometheus estariam mortos "há cerca de dois mil anos", segundo um dos personagens da trama. Do mesmo jeito, o Engenheiro/Space Jockey encontrado em Alien estava fossilizado - ou seja, estava morto há muito, muito tempo...
Do mesmo jeito, o Engenheiro/Space Jockey encontrado em Alien estava fossilizado. Essa teoria que tenta salvar o roteiro de Prometheus sugere que, quando houve o primeiro contágio do vírus desenvolvido pelos Engenheiros (fatos mostrados em Prometheus), um desses Engenheiros teria escapado de LV-223 e caído em LV-426.
Esse seria o Engenheiro (o famoso "Space Jockey") encontrado pelos tripulantes da Nostromo em Alien. Como se vê no clássico filme de 1979, pelo peito arrebentado do cadáver, se supõe que ele acabou infectado pela criatura que tradicionalmente chamamos de "alien" (também conhecido popularmente como o "xenomorfo").
Acontece o seguinte: antes dos eventos mostrados em Prometheus, não existia, em LV-223, a criatura que chamamos de "alien" ou "xenomorfo". O que existia, isso sim, era uma arma biológica (o líquido negro) que causa mutações em outras formas de vida. Interagindo com formas de vida locais e infectando os próprios Engenheiros, o líquido negro liquidou seus próprios criadores.
Mas e o xenomorfo? Como ele surge? Ora, Prometheus estabelece que "o alien" surge através do seguinte procedimento: primeiro, o andróide David infecta o arqueólogo Charlie Holloway com o líquido negro, misturando a substância numa bebida ingerida pelo personagem.
Depois disso, Holloway fez sexo com sua esposa, a Dra. Elizabeth Shaw. O resultado dessa transa com o infectado Holloway é que a Dra. Shaw fica grávida de uma criatura alienígena semelhante a um polvo - os produtores de Prometheus chamam essa criatura de Trilobite.
Quem viu o filme sabe que a Dra. Shaw remove o Trilobite cirurgicamente de dentro dela, mas o bicho continua vivo. Ao final do filme, já bastante crescido, o Trilobite infecta o último sobrevivente da raça dos Engenheiros em LV-223. Infectado, o Engenheiro, depois de um certo tempo, tem seu peito arrebentado pelo nascimento do primeiro Alien.
Vale lembrar: tudo isso é mostrado em Prometheus, ou seja, se passa 30 anos antes dos eventos do filme de 1979. Ora, mas se o primeiro "alien" surge durante os eventos de Prometheus, como aquele Engenheiro que teria "fugido" para LV-426 (milhares de anos antes dos eventos de Prometheus) poderia ter morrido por estar infectado por um alien/xenomorfo? Como a sua nave, em LV-426, poderia estar repleta de ovos de alien (como sabemos, só a Rainha-Alien é capaz de colocar ovos)?
Situar o Engenheiro/Space Jockey em um planeta diferente daquele mostrado em Prometheus não muda o fato de que o xenomorfo surge durante os eventos de Prometheus, 30 anos antes dos eventos do primeiro filme da série Alien - e que, portanto, seus descendentes não poderiam ter ido parar em LV-426 milhares de anos antes dos eventos de Prometheus.
A única (e ridícula) explicação possível é de que haveria outro Engenheiro vivo em LV-223 durante os eventos de Prometheus (embora não mostrado no filme em nenhum momento) e que, depois do fim da história do filme, ele teria acordado, saído de LV-223 e caído em LV-426, tendo sido infectado pela recém-nascida espécie do xenomorfo.
Daí, no espaço de três décadas, o corpo do Engenheiro de LV-426 teria fossilizado dentro de sua própria espaçonave. Parece ridículo? Bom, é porque é ridículo mesmo! Mas seria a única explicação possível, caso fosse de fato possível salvar o roteiro de Prometheus.
Outra das inconsistências do roteiro é nunca definir qual é o foco da trama. Quando estamos começando a nos habituar com a ideia dos engenheiros, o filme introduz o líquido negro como arco principal, quando estamos tentando entender o que ele significa, o roteiro deixa que a tal infecção causada por este líquido seja o foco, até que de repente é a gravidez de uma das personagens que assume o centro do palco, só para no final um personagem supostamente morto retornar tomando a trama para si.
E em todos estes arcos, o único que tem um começo, meio e fim compreensíveis é o da gestação inesperada que acaba junto com o filme, que em um último plano revela os verdadeiros porquês desta superprodução.
E finalmente, alguns pontos isolados:
Por que uma espécie alienígena altamente evoluída precisa se sacrificar para compartilhar o DNA num planeta (no caso insinuam ser a Terra)? Ou seja, foi uma punição ao Engenheiro com o DNA humano se formando acidentalmente. O roteiro dá a entender que as mensagens na caverna são dos engenheiros???!!! Que querem fazer contato... para então, ao fazer contato, serem hostis...
Uma missão científica que custou ‘um trilhão de créditos’, anos viajando pelo espaço e a super mega nave não tem naves auxiliares para descer numa lua completamente desconhecida. Até o programa espacial da NASA, da década de 1960, tinha.
Ou o que dizer dos cientistas altamente treinados e qualificados que removem o capacete em atmosfera alienígena. Em momento posterior, vem a pérola “a contaminação pode ter sido pelo ar”. Ou do piloto que vê uma nave alienígena e chega a conclusão, no olhômetro, que não é uma nave de combate e, portanto, não revidará um ataque suicida (usando a própria nave como arma).
O Geólogo com tecnologia avançadíssima para mapeamento da caverna (que é uma nave alienígena) se perde. E não dá para justificar que foi interferência da tempestade, porque posteriormente ele consegue manter contato com a nave durante a tempestade.
E o Biólogo que vê, pela primeira vez na história da humanidade, uma espécie alienígena viva e começa a brincar com ela?
Além disto, não dá para aceitar que os Engenheiros criaram o ser humano acidentamente, para depois, zilhões de anos e evoluções depois, matá-los. Considerando a própria evolução da Terra, e os estágios que passamos, por que eles não nos dizimaram quando éramos um número pequeno de seres? Tinha que deixar recado no mural do finado Orkut, para quando evoluirmos e acharmos (nesta ordem inclusive), irmos atrás para limpar a besteira que os Engenheiros fizeram, ou seja, nós mesmos.
Como diria Mussum... prometheus e não cumprius...
🔷Alien Romulos (2024)
Um novo filme do Alien é uma tentativa de dar vida a algo imortal. E estamos diante de uma Pandemia hollywoodiana de legacy sequels, que é um tipo de filme que combina elementos de continuação e reboot para retomar marcas e quem sabe, ter sucesso financeiro com os fãs nostálgicos.
Alien Romulos já entra em campo perdendo, pois dois conceitos são pré-estabelecidos: ou ele vai fazer feio, ou vai honrar o original, mas consequentemente, ser uma sombra. E sombra, como sabem, desaparece na luz, por tanto, na melhor das hipóteses, o filme nasce sem vida própria, respirando por aparelhos.
Na história, um grupo de jovens colonizadores espaciais se aventuram nas profundezas de uma estação espacial abandonada. Lá, eles descobrem uma forma de vida aterrorizante, forçando-os a lutar por sua sobrevivência.
Rômulo e Remo
Assim como Nostromo, Prometheus, Covenant, Alien Romulos tenta buscar identidade através do nome da nave, que remete à lenda romana de Rômulo e Remo, uma das histórias mais conhecidas da fundação de Roma. Segundo a lenda, Rômulo e Remo eram irmãos gêmeos e filhos de Marte, o deus romano da guerra, e da princesa Reia Sílvia.
A história narra que os bebês foram abandonados à sua sorte e deixados à beira do rio Tibre para morrerem. No entanto, foram salvos por uma loba que os amamentou e cuidou deles. Mais tarde, foram encontrados por um pastor chamado Fáustulo, que os criou como seus próprios filhos.
Quando cresceram, Rômulo e Remo decidiram fundar uma nova cidade. No entanto, não conseguiram concordar sobre onde deveria ser o local exato. Para resolver a disputa, eles consultaram os deuses por meio de presságios e pressentimentos.
Rômulo viu doze abutres voando sobre sua cabeça, enquanto Remo viu seis. Rômulo foi proclamado vencedor e escolheu fundar a cidade no Monte Palatino. Remo, descontente com a decisão, zombou do início da cidade, pulando sobre suas muralhas. Rômulo, enfurecido, matou Remo, tornando-se assim o primeiro rei de Roma e dando seu nome à cidade.
Essa lenda é considerada uma explicação mítica para a origem de Roma e serve como um fundamento para a história e a identidade do povo romano.
No filme, Romulo e Remo são revelados como as duas metades da estação espacial Renaissance, com a segunda metade do filme ocorrendo na Romulus; isso explica o logotipo da nave de um lobo em pé sobre duas crianças pequenas.
Barrados no baile
A ideia de um filme Alien centrado em personagens mais jovens foi inspirada por uma cena deletada de Aliens: O Resgate (1986) que mais tarde foi restaurada na Edição Especial. Fede Alvarez explicou: "Há um momento em que você vê um bando de crianças correndo pelos corredores desta colônia. E eu pensei: 'Uau, como seria para essas crianças crescerem em uma colônia que ainda precisa de mais 50 anos para se terraformar?' Então, lembro-me de pensar: 'Se eu algum dia contar uma história naquele mundo, definitivamente me interessaria por essas crianças quando elas chegassem aos vinte e poucos anos.'"
Portanto, Fede fez um filme sobre um bando de adolescentes que antes que ficassem de castigo um dia inteiro como Clube dos Cinco (1985), resolvem curtir a vida adoidado num "clube de cafajestes" cheio de Aliens pronto para destruir todos. Funciona? Lindamente.
Para se situar, a cronologia da franquia Alien é a seguinte: Prometheus (2012) se passa em 2093; Alien: Covenant (2017), em 2104; Alien - O 8º Passageiro (1979), em 2122. Alien: Romulus (2024), em 2142; Aliens: O Resgate (1986) se passa em 2179. Alien³ (1992) em 2179; e finalmente, Alien A Ressurreição (1997),2381.
Embora Alien: Isolation (2014) não seja um filme, os eventos do jogo (que ocorrem em 2137, cinco anos antes de Romulus) são considerados oficialmente parte do cânone Alien, e o diretor Fede Alvarez reconheceu a influência estética do jogo em seu filme, incluindo as estações de comunicação "Emergency" que serviam como pontos de salvamento no jogo.
Tyler também traz consigo um conjunto de sinalizadores semelhantes aos que Amanda pode encontrar em Isolation, e até os usa para distrair alguns facehuggers devido ao calor do sinalizador, assim como Amanda pode usá-los para distrair os xenomorfos a bordo de Sevastopol.
Fede Alvarez jogou o jogo na época em que O Homem nas Trevas (2016) foi lançado e, mais tarde, disse: "Eu estava jogando e percebendo o quão aterrorizante Alien poderia ser se você voltar a esse tom."
O diretor revelou também que a personagem grávida de Isabela Merced, Kay, foi inspirada em Dina de The Last of Us Part II (2020), que a atriz foi posteriormente escalada para interpretar na segunda temporada de The Last of Us (2023).
Dando vida à morte
O diretor Fede Alvarez procurou a equipe de efeitos especiais de Aliens: O Resgate (1986) para trabalhar nas criaturas. Cenários físicos, criaturas práticas e miniaturas foram usados sempre que possível para ajudar a fundamentar o trabalho posterior de efeitos visuais.
Os efeitos práticos de criaturas animatrônicas do filme foram criados em colaboração entre as empresas de efeitos especiais Legacy Effects e Studio Gillis, ambas selecionadas devido à história anterior de sua equipe com a série Alien. Legacy Effects é o sucessor do Stan Winston Studios, que trabalhou também em Aliens: O Resgate (1986), enquanto o Studio Gillis é o sucessor do Amalgamated Dynamics, que trabalhou em Alien 3 (1992), Alien A Ressurreição (1997) e os dois filmes Alien vs Predator.
O diretor selecionou um tom laranja como a cor definidora do filme, divergindo dos tons azuis dos filmes Alien anteriores. Essa escolha teve como objetivo dar ao filme uma identidade visual distinta, mantendo uma conexão com a estética estabelecida da franquia.
Andy (David Jonsson), sendo um modelo sintético antigo e ultrapassado, tem um defeito que faz seus dedos tremerem; em Aliens: O Resgate (1986), Bishop disse que os modelos sintéticos mais antigos costumavam ser "um pouco instáveis".
Homenagens
Um elemento de design notável no filme é o rifle de pulso, que mescla recursos do lança-chamas Alien - O 8º Passageiro (1979) original e do rifle de pulso Aliens: O Resgate (1986). Este design híbrido reflete a intenção do filme de misturar elementos de ambos os filmes, criando algo familiar, mas novo para refletir que este filme se passa entre esses dois filmes.
O recurso de mira automática não é uma adição completamente nova à tradição Alien: na edição especial de Aliens, o Soldado Hudson já mencionou um "feixe de partículas de mira independente", e as Smart Guns carregadas por Vasquez e Drake usam sistemas de mira assistidos por infravermelho que podem detectar inimigos automaticamente. Pode-se presumir que o rifle de pulso de mira automática de Rain é um precursor inicial dessas armas.
Na sequência em que Tyler, Bjorn e Andy fazem um tour pela estação Renaissance reativada, "The Entry of the Gods into Valhalla" de Wagner de "Das Rheingold" é ouvida sobre o áudio introdutório explicando que a estação foi nomeada em homenagem a Romulus e Remus. Isso remete a Alien: Covenant (2017), quando Peter Weyland ativa David pela primeira vez e pede que ele toque Wagner, escolhendo "The Entry of the Gods into Valhalla".
Quando o computador da estação reinicia, você pode ver que é um MUTHR9001, uma referência ao HAL9000 de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968). A ideia para o monstro final do filme foi derivada de uma carta que o escritor Dan O'Bannon enviou ao designer HR Giger durante a produção do filme original.
Ja na cena em que Rook menciona a malfadada expedição de Prometeu, o tema de Elizabeth Shaw em Prometeu (2012) se sobrepõe à sua exposição. A camuflagem da temperatura dos personagens para passar pelos facehuggers foi inspirada em O Predador (1987), que é um alien com histórico de conflitos com os Aliens.
A aparição póstuma de Ian Holm aqui como o oficial de ciências Rook ecoa sua aparição como Ash em Alien - O 8º Passageiro (1979), mas também a interpretação de Lance Henriksen do oficial de ciências Bishop em Aliens: O Resgate (1986). Tanto Rook quanto Bishop têm nomes de peças de xadrez, e ambos têm apenas uma parte superior do corpo funcional após um encontro violento com um Xenomorfo.
O rosto do descendente humano-Xenomorfo foi projetado para ter semelhança com os Engenheiros de Prometheus (2012) e Alien: Covenant (2017), a fim de ajudar a preencher a lacuna entre a série principal e as prequelas.
Quando Kay está trancada em uma câmara com um Xenomorfo, e Rain está implorando para Andy destrancar a porta, a nave Narcissus de Ripley é mostrada atracada no fundo. Isso significaria que quando a equipe Weyland-Yutani pegou o alienígena ejetado no começo do filme. Eles também resgataram Ripley e Jones, e os mantiveram no Romulus por algum tempo.
Já na cena em que Rain desce de volta pelo poço do elevador para resgatar Andy ferido perto do final do filme, sua silhueta, postura e andar combinam perfeitamente com os de Ripley quando ela entra na colmeia alienígena para encontrar Newt no final de Aliens: O Resgate (1986).
Em uma de suas últimas transmissões, o androide Rook diz a Rain e Andy: "Não posso mentir sobre suas chances, mas vocês têm minha simpatia". Esta foi a fala final de Ash em Alien - O 8º Passageiro (1979), que tem a mesma aparência e modelo de Rook.
E para finalizar, o filme incorpora, brilhantemente, pistas visuais do primeiro Alien em sua primeira hora de projeção e do segundo filme na metade final. Isto é uma alusão de que tanto James Cameron quando Ridley Scott estiveram envolvidos na concepção de alguns ideias.
Plagiarus praepotens
O resultado de Alien Romulos é surpreendente, até financeiramente. Se estivéssemos nos anos 70, estaríamos testemunhando o nascimento de um clássico. Mas como estamos em 2024, é apenas uma belíssima sombra da obra-prima de Ridley Scott. E sombra, como sabem, desaparece na luz.
Porém, como disse Ash, não posso mentir, o filme tem minha simpatia.