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ANNABELLE - SAGA REVIEW

  


Annabelle.


A boneca do capiroto Annabelle é o tema do post de hoje. Conheça sua história (real), a ficcional, adaptações e invenções. 

Boa sessão:


🔷 Annabelle (2014)

O filme recapitula o início do primeiro Invocação do Mal para nos introduzir ao universo de Annabelle, primeiro spin-off da saga. E fazendo um adendo: quando um personagem secundário ganha um destaque fora do normal, normalmente ele ganha seu próprio veículo para tentar repetir o sucesso do original. Na história recente da TV por exemplo, Better Call Saul conseguiu obter um reconhecimento que parecia impossível, já que ela vem de Breaking Bad. 

Mas continuando a história do filme...  

Em 1967, John e Mia Form estão esperando seu primeiro bebê. John (Ward Horton) encontrou o presente perfeito para sua futura esposa, Mia (Annabelle Wallis): uma rara boneca antiga com um lindo vestido. Mia fica bastante contente com seu presente, porém, sua animação com a boneca não duraria muito tempo. Certa noite, sua casa é invadida por membros de uma seita satânica que, buscando completar um ritual, atacam violentamente o casal. Após derramarem sangue, os cultistas são detidos. O que o casal não contava é que, mesmo depois de um tempo, as consequências dessa invasão continuariam a aterrorizar suas vidas, principalmente quando ocorrências sobrenaturais, envolvendo a boneca, passam a permear a vida de Mia.

Este início guarda um eco dos assassinatos chocantes da atriz Sharon Tate e amigos. Para quem não se lembra, nos primeiros minutos da madrugada do dia 9, a mando de Charles Manson, um grupo de seus seguidores, todos eles jovens entre 20 e 23 anos, formado por Charles "Tex" Watson, Susan Atkins, Patricia Krenwinkel e Linda Kasabian, invadiu a casa na Cielo Drive e massacrou seus moradores. Parent foi morto a tiros quando saía da casa e deu de frente com o grupo que entrava e Tate, Sebring, Folger e Frykowski assassinados a tiros e facadas na sala da residência e nos jardins. Sharon Tate foi assassinada com 16 facadas, várias delas na barriga. Ela estava a dias de ganhar o bebê. 

Os nomes dos personagens 'Mia' e 'John' referem-se aos atores principais de O Bebê de Rosemary (1968): Mia Farrow e John Cassavetes. Este filme também é sobre um jovem casal próspero em um apartamento de luxo tendo um bebê em combinação com satanistas buscando mãe e filho. O barulho frequente dos vizinhos em um apartamento adjacente é uma referência ao mesmo filme.

Eles chamam sua filha recém-nascida de Leah, que é o nome de um dos vizinhos que Rosemary e Guy conheceram em seu novo prédio. Ambos os filmes também incorporam uma cena dramática envolvendo um elevador. O Bizarro é que Annabelle se passa em 1969, ano do assassinato da atriz Sharon Tate, que por sua vez, era casada na época com Roman Polanski, diretor de O Bebê de Rosemary.

A atriz e apresentadora Ellen DeGeneres morava no apartamento usado no filme. Ao promover Annabelle (2014) em seu show, ela explicou que: "O apartamento do filme foi meu primeiro apartamento para onde me mudei em Los Angeles. Isso foi o prédio onde eu morava, onde eles filmaram o filme. Eu estava assistindo: 'Isso parece familiar', e era o meu prédio. Era assustador naquela época também."

Os noticiários vistos na TV e o culto ao qual Annabelle Higgins pertence, 'os discípulos do carneiro' evocam o "pânico satânico" que ocorreu entre o final dos anos 70 e meados dos anos 90. Onde muitos comentaristas sociais, políticos e religiosos da época, acreditavam que os cultos satânicos iriam efetivamente dominar a América. No entanto, como sugere o policial, eles não eram tão difundidos quanto todos acreditavam.

O primeiro filme do diretor John R. Leonetti lançado nos cinemas desde Mortal Kombat: A Aniquilação (1997), que foi lançado 17 anos antes deste filme. O diretor também é diretor de fotografia de Brinquedo Assassino 3 (1991),  sobre um boneco assassino chamado Chucky. Porém, a cena do elevador foi dirigida pelo produtor James Wan. 

Simbolismos

Mia sempre se veste de verde durante todo o tempo em que sua casa está assombrada pela boneca Annabelle, siimbolizando a intenção do culto: renascimento. Em contraste, ela está vestindo tons azuis antes do ataque, que demonstra força diante dos maus espíritos. E finalmente, ela usa tons marrons ou neutros após o clímax, mostrando a resiliência da personagem.

Quando Mia está tentando escapar do demônio no depósito do porão, ela aperta o botão do elevador 3 vezes para chegar ao 6º andar. "666" é comumente conhecido como o "número da besta" e está associado ao diabo ou Satanás nas crenças cristãs.

Coincidentemente, Annabelle é o primeiro nome da atriz que interpreta Mia.

A história real de Annabelle 

Rageddy Ann – a boneca  Annabelle é uma boneca de pano, com cabelos feitos de fios de lã vermelha. Idealizada pelo escritor Johnny Gruelle, elas foram criadas em 1915 juntamente com uma coleção infantil que Gruelle escreveu e ilustrou para crianças.

Ele criou essa boneca para sua filha Marcella, quando ela lhe trouxe uma boneca de pano sem rosto. Ele então desenhou o  nariz de triângulo vermelho, olhos expressivos e um sorriso simples. O nome veio de um livro de poemas do autor Whitcomb Riley, compilando o nome de dois poemas “The Raggedy Man” e “Little Orphant Annie”. Marcella morreu aos 13 anos depois de ter sido vacinada na escola contra a varíola sem o consentimento de seus pais.

Autoridades culparam um problema pré-existente no coração da menina, mas seus pais culparam a vacinação. Gruelle se tornou um opositor à vacinação, e a boneca Raggedy Ann foi usada como um símbolo do movimento anti-vacinação.

Em 1970, a mãe de Donna comprou uma antiga boneca Raggedy Ann. A boneca foi um presente para sua filha em seu aniversário. Donna, na época, era uma estudante na faculdade, preparando-se para formar em enfermagem e residindo em um apartamento minúsculo com sua companheira de quarto Anngie (uma enfermeira também).|

Contente com a boneca, Donna a colocou em sua cama como uma decoração e não lhe deu maior atenção até alguns dias mais tarde. Com o tempo, Donna e Angie notaram que parecia haver algo de muito estranho e assustador com a boneca. Aparentemente, ela movia-se sozinha, num primeiro momento com movimentos relativamente imperceptíveis, como uma mudança de posição, mas com o tempo, as mudanças se tornaram mais bruscas.

Donna e Angie vinham para casa e encontravam a boneca em uma sala completamente diferente da que a haviam deixado. Às vezes, a boneca era encontrada de braços e pernas cruzadas no sofá, outras vezes era encontrada na posição vertical, em pé, encostada em uma cadeira na sala de jantar. 

Várias vezes Donna colocava a boneca no sofá antes de sair para o trabalho, e quando voltava para casa encontrava a boneca de volta em seu quarto sobre a cama com a porta fechada. Depois de um mês, a boneca não só se mexia, mas começou a escrever. Mensagens como “Ajude-nos”, “Ajude Lou” apareciam escritos em papel pergaminho à lápis…

Mas Donna não tinha esse tipo de papel em seu apartamento, então de onde vinha isso? Uma noite ao voltar para casa percebeu algo errado com a boneca. Ela não estava apenas em um lugar diferente de onde ela a tinha deixado, mas existia um mal naquele lugar, uma sensação de frio inexplicável… Quando pegou a boneca, ela viu que nela estava um liquido vermelho respingado no seu peito e em seu vestido.

Não aguentando mais a situação, optaram por procurar uma médium. Na sessão com essa médium, as duas amigas ficaram conhecendo o espírito de Annabelle Higgins, que era uma menina de 7 anos que foi morta e teve seu corpo encontrado onde foi construído o prédio em que Donna morava. 

Pela médium, ela disse que se sentia à vontade com Donna e Anggie e que queria continuar com elas e se sentir amada. Por compaixão pelo espírito de Annabelle, Donna resolveu deixar Annabelle onde estava… Mas logo descobriria que não era uma boa idéia.

Um amigo das duas moças, Lou, nunca gostou da boneca, e disse que ela carregava o mal. Ele pediu para Anggie e Dona se livrarem dela, mas pelo apego não deram ouvidos e isso foi um erro; Lou tinha um pesadelo recorrente em que parecia acordado, mas não conseguia se mexer, só que dessa vez tinha sido diferente. No sonho, ao olhar para baixo, em seus pés viu a boneca Annabelle, que veio ate seu peito e começou a estrangulá-lo, ele apagou e quando acordou, estava certo que teria que se livrar daquela coisa. Preparando-se para uma viagem no dia seguinte, Lou e Angie estavam olhando mapas sozinhos em seu apartamento.

O lugar estava em silêncio. De repente, sons de gritos altos vindos da sala de Donna despertaram o medo de que alguém poderia ter entrado no apartamento. Lou, determinado a descobrir quem ou o que estava ali, foi caminhando calmamente para a porta do quarto. Ele esperou que os ruídos parassem antes de entrar e acender a luz.

A sala estava vazia, exceto por Annabelle que estava jogada no chão, no canto. Lou vasculhou a sala procurando por sinais de uma entrada forçada, mas nada estava fora do lugar.

Porém, conforme ele se aproximava da boneca, teve a nítida impressão de que alguém estava atrás dele. Ao se virar rapidamente, percebeu que não havia mais ninguém lá. Logo em seguida, em um flash, ele se viu agarrando seu peito, se encurvando de dor, com cortes e sangrando. Sua camisa estava manchada de sangue e ao abrir a camisa, lá no seu peito, estavam o que pareciam ser sete marcas de garras distintas, três na vertical e quatro na horizontal, todas estavam quentes como queimaduras.

Essas marcas se curaram quase imediatamente: no dia seguinte, já estavam bem fracas e no segundo dia, já haviam desaparecido completamente. Donna finalmente estava disposta a acreditar que o espírito na casa não era o de uma menininha, mas um espírito não-humano e demoníaco por natureza. Depois da experiência de Lou, Donna sentiu que era hora de procurar aconselhamento realmente especializado e entrou em contato com um padre episcopal chamado Padre Hegan.

Padre Hegan sentiu que era uma questão espiritual e que precisava entrar em contato com uma autoridade maior na igreja, então ele contatou o Padre Cooke, que imediatamente contatou os Warren. Ed e Lorraine Warren imediatamente tiveram interesse no caso e entraram em contato com Donna a respeito da boneca. Os Warren, depois de falar com Donna, Angie e Lou, chegaram à conclusão imediata de que a boneca em si não era de fato possuída, mas manipulada por uma presença não-humana.

Espíritos não possuem objetos inanimados, como casas ou brinquedos, eles possuem pessoas. Um espírito não-humano pode vincular-se a um lugar ou objeto e isso é o que ocorreu no caso Annabelle. Este espírito manipulou a boneca e criou a ilusão de que ela estava viva, a fim de obter reconhecimento, chamar a atenção. Na verdade, o espírito não estava pretendendo ficar ligado à boneca, ele estava tentando possuir um hospedeiro humano.

O espírito ou, neste caso, um espírito demoníaco não-humano, estava essencialmente na fase de infestação do fenômeno. Ele começou a mover a boneca pelo apartamento por meio de teletransporte para despertar a curiosidade dos moradores na esperança de que eles lhe dariam atenção. E deram. Cometeram o previsível erro de chamar um médium ao apartamento para se comunicar com ele. 

O espírito não-humano, agora capaz de se comunicar com o médium, explorou as vulnerabilidades emocionais das moradoras fingindo ser uma inofensiva menininha perdida, a qual, durante a sessão, foi dada a permissão (por Donna) para assombrar o apartamento. Assim como um espírito demoníaco é negativo, assim também são os fenômenos causados por ele, claramente negativos.

Ele despertou o medo através dos movimentos estranhos daquela boneca, trouxe a materialização de perturbadoras mensagens manuscritas, as gotas simbólicas de sangue na boneca, e por último, chegou a atacar Lou, deixando nele a marca simbólica da besta. A próxima etapa da infestação do fenômeno teria sido uma possessão humana completa. Se essas experiências durassem mais duas ou três semanas, o espírito iria se apossar totalmente, isso se não prejudicasse ou matasse um ou todos os ocupantes da casa.

Na conclusão da investigação, os Warren consideraram oportuno ter uma recitação de uma bênção de exorcismo pelo Padre Cooke para limpar o apartamento. “A bênção episcopal da casa é demorada, um documento de sete páginas que é claramente de natureza positiva. Ao invés de expulsar especificamente entidades malignas da habitação, a ênfase é voltada para encher a casa com poderes positivos e de Deus.” (Ed Warren). 

A pedido de Donna, e como uma precaução adicional para que os fenômenos não ocorressem na casa novamente, os Warren levaram a velha boneca de pano junto com eles quando saíram. Padre Cooke, embora desconfortável com seu papel de um exorcista, concordou em realizar o ritual de exorcismo de sete páginas, uma doutrina que ele recitou em todo o apartamento até o ponto em que os Warren estavam confiantes de que a entidade não mais residia lá.


Eles concordaram em levar a boneca de pano de volta para casa com eles. Antes de ir, Ed colocou a boneca no banco de trás do carro e concordou que não iria dirigir pela interestadual, no caso de o espírito não-humano ainda residir com a boneca. Suas suspeitas foram todas confirmadas, os Warren sentiram-se como objetos de um ódio vicioso. Então, em cada curva perigosa o carro patinava e morria causando falha na direção hidráulica e nos freios, repetidamente, o carro beirava a colisão.

Ed então parou o carro, foi até o banco de trás e pegou, em sua bolsa preta, um frasco de água benta e encharcou a boneca fazendo o sinal da cruz sobre ela. Os distúrbios pararam imediatamente e os Warren chegaram em casa em segurança. Após os Warren chegarem em casa, Ed sentou a boneca em uma cadeira ao lado de sua mesa. 

A boneca levitou várias vezes no início, em seguida, ela parecia cair inerte. Durante as semanas que se seguiram, no entanto, a boneca começou a aparecer em várias salas da casa. Quando os Warren saíam e deixavam a boneca trancada no edifício exterior, eles muitas vezes voltavam e quando abriam a porta da frente encontravam a boneca sentada confortavelmente em cima de cadeira de Ed. A boneca também mostrou um ódio por clérigos que vieram até a casa.

Em uma ocasião, o Padre Jason Bradford, um exorcista católico, chegou a casa. Ao ver a boneca sentada na cadeira, ele pegou e disse: “Você é apenas uma boneca de pano, Annabelle, você não pode machucar ninguém”, e jogou a boneca de volta na cadeira, nesse ponto Ed exclamou: “Isso é uma coisa que é melhor você não dizer.” 

Ao sair, uma hora mais tarde, Lorraine pediu encarecidamente ao padre para que tomasse muito cuidado ao dirigir e que ligasse para ela quando chegasse a casa. Lorraine previu tragédia para este jovem sacerdote, mas ele teve de seguir o seu caminho. Poucas horas depois, Padre Jason ligou para Lorraine e explicou que seus freios falharam quando ele entrou em um cruzamento movimentado. Ele foi envolvido em um acidente quase fatal que destruiu seu veículo.

Este foi apenas um dos muitos eventos que ocorreram durante os próximos anos. Os Warren têm uma caixa construída especialmente para Annabelle dentro do Museu Ocultista, onde ela reside até hoje. Desde que a caixa foi construída, Annabelle parece não mais se mover, mas ela é tida como responsável pela morte de um jovem que veio para o museu em uma moto com sua namorada. 

O jovem, após ouvir o relato de Ed sobre a boneca, desafiadoramente foi para cima e começou a bater sobre a caixa insistindo que, se a boneca podia deixar marcas nas pessoas, então ele queria ser marcado também. Ed disse para o jovem: “Filho, não faça isso. Você precisa sair” e o colocou para fora do prédio. No caminho para casa, o jovem e sua namorada estavam rindo e zombando da boneca quando perderam o controle da motocicleta e o rapaz bateu com a cabeça em uma árvore. 

O jovem foi morto instantaneamente, mas sua namorada sobreviveu e ficou hospitalizada por mais de um ano. Quando perguntado o que aconteceu, a jovem explicou que eles estavam rindo da boneca, quando perderam o controle da motocicleta. Ed avisa você para não desafiar o mal, que nenhum homem é mais poderoso do que Satanás.

Voltando ao filme

Quando Annabelle é mostrada sendo comprada pela mulher no brechó no final do filme, a câmera gira pelo cenário e mostra uma boneca Raggedy Ann, o modelo idêntico ao do caso real. E olharmos a boneca, percebemos porque certas histórias precisam ser adaptadas, já que ninguém se assustaria com uma versão brega da Emília do Sítio do Picapau Amarelo.

🔷 Annabelle 2 - A Criação do Mal (2017)

Cada filme é um mistério a ser descoberto. Não só pelo fato de que não foi assistido, mas uma obra que merece ser vista e só então julgada. É comum julgarmos continuações, rotulando de oportunistas. E um spin-off é, segundo esta ideia, mais oportunista ainda. O que dirá a continuação do spin-off?

O que nos leva a Annabelle - A Criação do Mal. Na trama, 12 anos após a trágica morte de sua filha, um habilidoso artesão de bonecas e sua esposa decidem, por caridade, acolher em sua casa uma freira e uma dezena de meninas desalojadas de um orfanato. Atormentado pelas lembranças traumáticas, o casal ainda precisa lidar com um amedrontador demônio do passado: Annabelle, criação do artesão.


A Mullins Toy Company vem trazendo alegria e diversão para seus filhos há mais de vinte anos. Nossas bonecas são feitas com o mesmo amor e carinho que seus pequenos, a garota dará quando abrir a caixa e ver pela primeira vez seu novo melhor amigo. Confie em nós, ela nunca vai querer deixá-lo ir! Afinal, estas não são apenas bonecas... São memórias em formação! - Compre um hoje! - Casas de bonecas em breve!

A construção do mal

David F. Sandberg inicialmente relutou em dirigir o filme, devido à sua antipatia geral por sequências de terror. Ele mudou de ideia quando ficou claro que faria uma independente, sem grandes obrigações de conectá-la a quaisquer outros filmes, além de algumas breves referências a eles (como Valak na foto das freiras).


E ele fez um trabalho brilhante. A estética do filme, remete a obras como A Espinha do Diabo. O acidente no início é chocante, pois quase vemos a menina tocar no carro. E trazer um grupo de crianças e adolescentes para um ambiente de horror, é uma crueldade tão grande quanto fazer de uma delas impossibilitada de correr quando vê um fantasma. 

Invocando o mal

O filme apresenta um elenco forte, incluindo Stephanie Sigman como Irmã Charlotte, Talitha Bateman como Janice, Lulu Wilson como Linda e Anthony LaPaglia e Miranda Otto como Samuel e Esther Mullins, o fabricante de bonecas e sua esposa.

O roteiro foi escrito por Gary Dauberman, que também co-escreveu o roteiro do primeiro filme “Annabelle”. Dauberman esteve envolvido em vários outros projetos de terror, incluindo escrever e dirigir “Annabelle 3” e co-escrever “A Freira”.

Os eventos do filme acontecem antes do primeiro filme da franquia, “Invocação do Mal”. Porém, é recomendável assistir ao primeiro filme “Annabelle” antes deste para entender melhor o contexto e a conexão entre os dois filmes.

O filme explora temas de luto, perda e as consequências de interferir no sobrenatural. Ele investiga as lutas emocionais dos personagens, especialmente dos Mullins, enquanto eles lidam com a trágica perda de sua filha e a presença assustadora que se segue.

Este capítulo recebeu críticas positivas por seus sustos eficazes, cenário atmosférico e atuações fortes. Foi elogiado por sua capacidade de criar tensão e uma constante sensação de pavor ao longo do filme.

O seu sucesso levou ao desenvolvimento de filmes spin-off centrados em outras entidades sobrenaturais introduzidas no universo. Esses filmes incluem “A Freira”, que se concentra na personagem freira demoníaca de “Invocação do Mal 2”, e “A Maldição da Chorona”, inspirado no folclore mexicano.

O mal estabelecido

O filme jamais se perde em jumpscares ou rasas construções de personagens. Tudo em cena remete a perigo, desconforto, e iniciar o filme com uma morte de uma criança, manda um recado para o público: ninguém está seguro. As crianças, invariavelmente, fazem o que sabem fazer melhor: explorar o ambiente movidas pela curiosidade.

A sequência da escada, por exemplo, é uma aula para qualquer filme "A Hora do Pesadelo". E finalizar com a menina sendo jogada do alto, é de uma coragem fundamental para a construção do clima de horror. Na realidade, o que ocorre com o passar do tempo com tal menina é uma tortura emocional e psicológica (como vemos na cena do celeiro) tão forte que poucas vezes tive a satisfação de presenciar no cinema.

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E o mal retornará

Costumava ser uma regra bastante confiável do cinema que as sequências de filmes de terror eram inferiores ao original. E se o original já foi criticado, melhor fugir. Este Annabelle  tem o que faltava tão claramente no primeiro filme: uma linguagem visual forte. Sandberg e sua equipe fazem um trabalho maravilhoso ao criar tensão em um ambiente limitado, forçando nossa perspectiva permanecer nas jovens aterrorizadas. 


O diretor sabe que o medo se manifesta principalmente no desconhecido. Ele sabe que ao mostrar a você uma porta aberta para uma sala escura, seus olhos ficarão fixos naquela escuridão, procurando movimento nas bordas da moldura, olhos brilhantes, o que quer que seja. Se ele colocar Annabelle em segundo plano, ninguém está prestando atenção ao primeiro plano. 

O filme sabe como provocar o medo. A certamente, vai ajudar muitos a perderem o medo de sequências de horror, afinal,  cada filme é um mistério a ser descoberto.

🔷 Annabelle - De volta para casa (2019)

Annabelle 3: De Volta Para Casa, retoma, pela segunda vez, a cena em que os Warrens ficam com a boneca, fazendo dele o ponto de partida da trama. Para impedir que Annabelle cause mais estragos, os demonologistas Lorraine e Ed Warren levam para casa a boneca possuída e a trancam num armário, protegida por um vidro sagrado. 

Quando Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) deixam sua casa durante um fim de semana, a filha do casal, a pequena Judy Warren (McKenna Grace), é deixada aos cuidados de sua babá (Madison Iseman). Mas as duas entram em perigo quando a maligna boneca Annabelle, aproveitando que os investigadores paranormais estão fora de jogo, anima os letais e aterrorizantes objetos contidos na Sala dos Artefatos dos Warren. 

Homem-Aranha - De volta para casa

Em uma cena, lá pelos 50 minutos, Judy está assistindo a um game show quando um casal ganha uma viagem para Las Vegas e uma boneca Raggedy Ann. Em todos os filmes, a verdadeira boneca Annabelle aparece de alguma forma. O filme é dedicado a Lorraine Warren (retratada no filme por Vera Farmiga ) que faleceu dois meses antes do lançamento do mesmo.

A armadura de samurai que aparece no museu dos Warren é baseada no guerreiro demoníaco da mitologia japonesa, o Oni, que com o Barqueiro, é a segunda entidade da mitologia que aparece.

O Barqueiro é baseado na divindade mitológica grega de mesmo nome: que transporta almas através do rio Estige até o submundo, cobradas com moedas de ouro específicas. As moedas também aparecem com destaque como o artefato na casa de Warren que convoca a entidade Barqueiro.

Aliás, os artefatos principais do Museu dos Warren no filme são: A armadura do Samurai, a pulseira do enlutado, o macaco dos pratos, as moedas do barqueiro, o vestido de noiva, a televisão do futuro, a máquina de escrever, o piano, as máscaras variadas, o livro Black Shuck, o cata-vento do galo, a caixa música de Rory e a boneca Annabelle. Cada objeto tem seu próprio espírito, criando uma variedade de ameaças sobrenaturais para os personagens. 

A Pulseira do Enlutado e a televisão aparecem como os únicos artefatos com possíveis conotações positivas: Lorraine exibe a pulseira no final do filme, informando a Daniela que com o uso adequado tem correspondência com sua mediunidade para se comunicar com seu falecido pai. A televisão prevê eventos com antecedência, mas por sua vez exibe eventos simples além de fenômenos sobrenaturais negativos.

Pontos positivos:

As atuações, principalmente de Mckenna Grace como Judy Warren, Madison Iseman como Mary Ellen e Katie Sarife como Daniela. Eles são jovens talentosos que trouxeram profundidade e autenticidade aos seus papéis.

O filme homenageou os clássicos filmes de terror como Poltergeist e incorporou elementos apreciados pelos fãs do gênero. Inspirou-se em filmes de casas mal-assombradas do passado e incluiu referências a figuras icônicas do terror, como a Noiva e o Cão de Baskervilles.

Annabelle 3  explorou a jornada emocional da filha dos Warren, Judy, enquanto ela enfrentava os perigos trazidos por Annabelle. O filme enfatizou a importância dos laços familiares e a força do amor e da coragem diante de ameaças sobrenaturais.

Ele também trouxe mais detalhes sobre o museu de artefatos dos Warren, introduzindo vários objetos e espíritos assombrados que adicionaram profundidade à mitologia geral.

Homem-Aranha - Longe de casa

Annabelle apareceu em dois filmes da DC Comics, Aquaman (2018) e Shazam! (2019). Em troca, algumas histórias em quadrinhos da DC, como edições de O Demônio e Monstro do Pântano, aparecem neste filme. Observe também que quando Lorraine pega a Pulseira do Enlutado no final, o artefato cilíndrico próximo a ela é a chave holográfica Atlante de Aquaman (2018). O diretor de Invocação do Mal é o mesmo de Aquaman.

O personagem Anthony Rios foi criado baseado no marido de Judy na vida real, Tony Spera. Embora ela e Spera só tenham se conhecido na idade adulta, o diretor Gary Dauberman pediu permissão para criar o personagem valentão para servir potencialmente como um interesse romântico para Judy se a série continuar a seguir sua personagem à medida que ela cresce.

McKenna Grace substituiu Sterling Jerins como Judy Warren. Jerins interpretou Judy nos dois primeiros filmes Invocação do Mal e já havia cansado do papel quando a produção começou. Mas Jerins acabou interpretando Judy novamente dois anos depois no terceiro Invocação do Mal.

Samara Lee e Lou Lou Safran são os únicos integrantes do elenco que retornaram de Annabelle 2: A Criação do Mal (2017). Onde Lee repete seu papel como Bee, enquanto Safran aparece como Rebecca, uma nova personagem.

E achei bastante curioso o filme mostrar fantasmas que estavam presos e confinados em um mesmo local, serem soltos e assombrarem, pois é uma história muito similar a Caça-Fantasmas. E McKenna Grace, a Judy, fez a neta de Egon Ghostbusters - Mais Além, dois anos depois.

Ou seja, o filme mirou em Poltergeist e acertou em Caça-Fantasmas. Apesar de adorar os dois clássicos dos anos 80, a proposta do filme era outra. Ou pelo menos deveria. E certamente, reside aí o grande problema do filme: ausência de senso de perigo.


Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


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