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POLTERGEIST - SAGA REVIEW


Poltergeist

 

A desconstrução do ideal americano

Poltergeist é popular por muitos motivos, mas nunca pensamos sobre o que vemos ao redor.  O filme inciar com o hino nacional americano e uma televisão fora do ar, já diz algo além dos fantasmas que veremos a seguir. Para quem é da época, sabe que como aquela imagem remete a um transe. Eu mesmo cansei de olhar fixamente para ela. E justamente, o transe, move o ser humano a viver, se esquecendo de como foi a evolução de seu país, cidade, região ou bairro. 

E por trás de toda evolução do bairro que se passa o filme, há uma história sobre habitantes que ali residiriam. E foram expulsos, enganados, mortos, ou os 3 simultâneamente. E estou falando dos povos nativos norte-americanos. E viver longe da história, talvez leve a você construir sua casa em cima de um território que foi alvo de injustiças. 

Pode parecer aleatório, mas o tema é importante para o produtor Steven Spielberg, que realizou Into the West em 2005, que mostra a saga que acompanha a história de duas famílias, uma branca e uma indígena, mostrando personagens reais e fictícios e acontecimentos que cobrem o período de expansão dos Estados Unidos rumo ao Oeste, de 1825 a 1890.

🔷 Poltergeist - O fenômeno (1982)

A inspiração para a história vem de uma ocorrência real em Denver, Colorado. No final dos anos 1800, quando Denver estava em expansão, havia um cemitério onde o governo municipal queria construir um grande parque urbano. A cidade divulgou editais de licitação para realocação do cemitério e decidiu optar pelo menor lance. 

Com cerca de um terço do projeto, o empreiteiro percebeu que havia subestimado seriamente a oferta do trabalho e, resumindo a história, começou a mover apenas as lápides. Ele concluiu a obra e a prefeitura começou a construir a estrutura prevista, e já estava quase terminando, quando um dos funcionários da empreiteira entregou o jogo. 

O empreiteiro foi preso, mas o estrago estava feito. A cidade, não tendo condições de demolir tudo e desenterrar novamente o cemitério, deixou-o como estava e apenas finalizou o projeto, deixando as sepulturas sem identificação como estavam. O parque se chama Cheesman Park, e os túmulos ficam sob o Pavilhão Grego, na extremidade leste do parque, e se estendem ao sul até a 8ª Avenida.

E  não importa o quão fundo sejam enterrados os cadáveres, pois em algum momento, alguém mexerá na terra e eles aparecerão, como prenuncia a cena do passarinho, enterrado no jardim. E neste ponto, será obrigado a sair do transe. 

(Por trás do) Poltergeist

Na trama, uma família da Califórnia precisa lidar com acontecimentos estranhos e assustadores quando espíritos começam a se comunicar com eles através de um aparelho de TV. Os fantasmas parecem amigáveis no começo, mas ficam cada vez mais ameaçadores quando a filha mais nova do casal desaparece. Sem saída, os pais procuram a ajuda de um grupo de parapsicólogos liderados por uma médium para tentar recuperar a menina.

Ambos os terrores que atormentam Robbie vieram dos próprios medos de Steven Spielberg quando criança: o medo de palhaços e de uma árvore do lado de fora de sua janela. Spielberg contratou Tobe Hooper após ficar impressionado com seu trabalho em O Massacre da Serra Elétrica (1974).

Drew Barrymore foi considerada para o papel de Carol Anne, mas o produtor Steven Spielberg queria alguém mais angelical. No entanto, foi o teste de Barrymore para esse papel que lhe rendeu o papel de Gertie em E.T.: O Extraterrestre (1982).

Durante todos os horrores que ocorreram durante as filmagens de "Poltergeist" (1982), apenas uma cena realmente assustou Heather O’Rourke: aquela em que ela teve que se segurar na cabeceira da cama enquanto uma máquina de vento soprava brinquedos no armário atrás dela. A jovem atriz desmoronou. O produtor Steven Spielberg parou tudo, pegou-a nos braços e disse que ela não precisaria fazer aquela cena novamente.

Esqueletos humanos reais foram usados ​​na cena da piscina, pois a equipe decidiu que seria muito complicado e caro conseguir esqueletos falsos. JoBeth Williams não foi informada disso até o término da cena.

Em uma cena, Steve e Diane Freeling estão no quarto e assistem ao filme Dois no Céu (1943) que está passando na televisão deles. Este não é apenas um filme sobre uma pessoa morta que ainda está “por aí”; como são os espíritos deste filme, mas Steven Spielberg dirigiu o remake sete anos depois, e nomeou de Além da Eternidade (1989).

Esqueletos e antigos cemitérios profanados aparecem em outras produções de Steven Spielberg, incluindo Os Caçadores da Arca Perdida (1981) e O Enigma da Pirâmide (1985).

A lenda (que não é urbana)

Spielberg dirigiu Poltergeist. Ponto final. Tobe foi o "Aspone", que deve ter carregado água no set. Mas falando de maneira resumida: Spielberg estava envolvido em E.T. e em Poltergeist ao mesmo tempo (os filmes foram lançados com uma semana de diferença). E pelas regras do DGA, Spielberg não poderia dirigir os filmes ao mesmo tempo, por uma regra tipo o fair play do futebol..

Embora o crédito na tela vá para Tobe Hooper, Spielberg escalou o elenco, dirigiu os atores e projetou ele mesmo cada storyboard do filme (embora Hooper tenha afirmado que colaborou). A DGA abriu uma investigação sobre o assunto na época, mas acabou em Pizza.

E por falar nisto, há um ponto bizarro em um momento do filme.  Há um "jump cut" da cena em que Diane explica a Steven sobre a sensação que você tem quando o espírito o puxa pelo chão. A cena salta no meio da frase para a cena em que ambos estão na porta do vizinho, novamente no meio da frase. O motivo do corte foi porque na cena original, Steven diz que odeia a Pizza Hut. A cena foi editada (de forma bastante grosseira) depois que a Pizza Hut se ofendeu.

Mortes, desastres e fatos estranhos review

“Eles estão aqui“. Foi com esta frase que a atriz mirim, então com sete anos, Heather O´Rourke apresentou ao mundo um dos melhores filmes de fantasmas da história, Poltergeist – O Fenômeno (Poltergeist, 1982).

No filme, Steven (Craig T. Nelson) e Diane Freeling (JoBeth Williams), um jovem casal da Califórnia, juntamente com os filhos Dana (Dominique Dunne), Robbie (Oliver Robins) e a pequena Carol Anne (Heather O'Rourke), representam a típica família norte americana da década de 1980.

Tudo começa com a menina conversando com o aparelho de TV e móveis que se movem sozinhos, até que em uma noite, durante uma tempestade, Carol Anne desaparece dentro do armário de seu quarto. Por acaso, em um canal de TV sem sinal, a família pode ouvir sua voz e se comunicar com a garota. Os Freeling procuram uma equipe de parapsicólogos e uma poderosa médium para trazer Carol Anne de volta, mesmo tendo que enfrentar um mundo desconhecido, espíritos furiosos e manifestações demoníacas dentro da própria casa, que esconde um segredo terrível.

Vamos aos estranhos acontecimentos, que viraram um tipo de lenda urbana. Poltergeist se tornou um dos célebres filmes amaldiçoados na história do cinema.

Comecemos com as duas mortes mais significativas de pessoas envolvidas com o filme, a primeira é de Dominique Dunne, jovem atriz que fez o papel de Dana, filha mais velha da família Freeling. Em novembro de 1982, Dominique aos 22 anos foi morta por estrangulamento pelo namorado John Sweeney, um ajudante de cozinha que trabalhava no Ma Maison - um dos maiores restaurantes de West Hollywood. John era extremamente ciumento principalmente após o sucesso do filme. 

Quando ele começou a agredi-la, Dominique resolveu que era hora de terminar, mas Jonh não aceitou. Ele invadiu a casa dela e a estrangulou. John foi preso e condenado a 6 anos de prisão, mas ficou somente 3 anos. Para que os gritos de Dominique Dunne  não fossem ouvidos, o seu assassino colocou a trilha sonora de Poltergeist no volume mais alto. Acredite.

A segunda morte é de Heather O’Rourke, atriz que interpretou a pequena Carol Anne nos três filmes da série. Em 1987, ela foi diagnosticada como tendo a Doença de Crohn, sendo esta uma infecção gastrointestinal que afeta a parte inferior do intestino delgado (Íleo) e o intestino grosso (cólon), à menina foram receitados remédios muito fortes para o tratamento da doença, deixando ela com o rosto inchado, isso é perceptível principalmente no terceiro filme da série. 

Em 1º de fevereiro de 1988, com apenas 12 anos de idade, a jovem Heather sofreu uma parada cardíaca morrendo horas depois no hospital. Os familiares de O’Rourke entraram com uma ação contra o hospital, alegando que o diagnostico feito afirmando que ela tinha Doença de Crohn estava errado, na realidade ela sofria de um bloqueio no intestino e caso o bloqueio tivesse sido diagnosticado desde o começo, uma cirurgia teria resolvido todo o problema.

Além das duas mortes, houve acontecimentos estranhos com outras pessoas envolvidas com os filmes. Zelda Rubinstein, atriz que fez o papel da médium Tangina Barrons nos três filmes da série, contou que teve uma visão de seu cachorro vindo até ela e se despedindo. Horas depois, sua mãe ligou para ela e disse a Rubinstein, que seu cachorro havia falecido naquele mesmo dia.

E pior, durante uma seção de fotos promocionais para Poltergeist III, aparece uma estranha fumaça em uma das fotos, depois ela contou que a tal foto foi tirada no exato momento em que sua mãe morreu. 

Em uma das cenas mais assustadoras do filme original, o filho do meio da família é estrangulado por um boneco de palhaço. Foi revelado depois que o filme foi lançado que, durante a cena, um acidente aconteceu e Oliver estava sufocando de verdade. A equipe quase não percebeu que aquilo era real, já que a cena era, justamente, de um sufocamento. Por pouco Oliver não morreu.

Uma suposta explicação para as maldições que ocorreram com essa série de filmes, foi que os produtores teriam resolvido adquirir esqueletos humanos reais, pois sairia mais barato do que construir esqueletos falsos de plástico. Portanto teoriza-se que os espíritos das pessoas as quais os ossos pertenciam foram responsáveis pelas tragédias e fatos bizarros que ocorreram com as pessoas envolvidas com o longa. Tobe Hooper e Steven Spielberg nunca falaram no assunto.

O ator Julian Beck, que interpretava o reverendo Henry, morreu de câncer durante as filmagens de Poltergeist II. Já Will Sampson, que interpretou um índio nativo que ajudava a família no segundo filme, morreu um ano após as gravações por complicações em um transplante de coração e  uma severa subnutrição.

A atriz JoBeth Williams, que viveu a mãe da família do filme, relatou um fato bem estranho. Um dia, ela chegou em casa e todos os quadros de sua decoração estavam tortos. Ela os arrumou e, no dia seguinte, foi trabalhar normalmente. Quando voltou, os quadros estavam novamente fora do lugar e isso se repetiu diversas vezes. A atriz contou que não tinha como outra pessoa fazer aquilo.

Brian Gibson, diretor de Poltergeist II - O Outro Lado, também faleceu. E assim como os demais, ele sofreu com esta lenda também. A doença denominada sarcoma de Ewing é um tumor ósseo que vitimou o diretor em 2004.  O curioso é que a doença raramente acomete adultos; os seus maiores alvos são em jovens de 10-20 anos.

E por fim, o ator Richard Lawson, que atuou como Ryan no primeiro filme, era um dos passageiros de um acidente aéreo em que 27 pessoas morreram, ocorrido no dia 22 de março de 1992, logo após a decolagem. Bom, ele pelo menos sobreviveu. 

What a Freeling

Quando Carol Anne se senta em frente à TV na casa dos pais, a hora na TV mostra 2:37. Isto é uma homenagem ao quarto de hotel número 237 em O Iluminado (1980). Em 2018, Spielberg dirigiu Jogador Nº 1, filme que ele presta uma contundente homenagem a O Iluminado. Ele e Kubrick eram grandes amigos. Kubrick faleceu antes de levar um projeto pessoal ao cinema chamado A.I. Spielberg dirigiu, pouco tempo depois, o filme A.I., realizando o desejo do amigo. 

Outro momento em que O Iluminado é homenageado é quase no final, quando a mãe corre até o quarto. O longo corredor esta "carregado" de uma paleta de cores verdes, similar a encotrada no Hotel Overlook. Inclusive, o corredor parece alongado propositalmente para ficar semelhante. 

E um detalhe final: Stephen King foi abordado para escrever a história, mas acabou não acontecendo. De toda forma, sua marca está no filme...

🔷 Poltergeist II - O Outro Lado (1986)

A família Freeling se muda em uma tentativa de se recuperar do trauma causado pelo sequestro de Carol Anne (Heather O'Rourke) pela Besta. No entanto, ela não será descartada assim tão facilmente. Assim, a Besta reaparece como o Reverendo Kane (Julian Beck), um religioso que foi responsável pela morte de muitos dos seus seguidores. O objetivo da Besta é ter Carol Anne, mas para isto precisa ser mais forte que o amor de sua família, que se uniu a uma médium que já os tinha ajudado no passado e a um sábio índio.

O único membro da família ausente do filme é Dana, que segundo o roteiro está na universidade, mas uma cena explicando sua ausência nunca foi filmada. Dominique Dunne, como dito acima, foi assassinada por seu namorado John Thomas Sweeney (que mais tarde mudou seu nome para John Maura e desapareceu) pouco depois de "Poltergeist: O Fenômeno (1982)" estrear. 

Porém, no final das contas, nenhuma menção é feita a Dana no filme final, ou a ela estar na faculdade. Os cineastas decidiram retirar a personagem e não reformulá-la em respeito à falecida atriz e sua família. 

Julian Beck morreu de câncer no estômago logo após o término das filmagens. Várias falas de Beck foram dubladas na pós-produção pelo famoso dublador Corey Burton. De acordo com Burton, os editores de som fizeram um trabalho tão bom combinando seu trabalho de ADR com a desempenho original de Beck que, exceto por uma cena em que a voz de Kane soa um pouco diferente, nem ele consegue dizer quais falas são dele e quais são de Beck.

No primeiro filme vemos um pôster do Alien no quarto das crianças. Neste, o próprio Giger fez vários designs para o filme.

A volta dos mortos vivos

Sem o conhecimento da maioria do elenco e da equipe técnica, vários dos cadáveres eram esqueletos reais. Ao saber disso, a equipe exigiu a realização de um exorcismo no set para aliviar as tensões crescentes, o que aconteceu logo em seguida.

O exorcismo foi realizado por Will Sampson, que era um xamã na vida real. A segurança do estúdio foi instruída a deixar o set destrancado e desprotegido para que Sampson pudesse retornar no meio da noite para realizar o exorcismo.

O mal nos detalhes?

Há uma cena cruel no filme, protagonizada por Carol Anne e a avó. Durante um diálogo das duas, na cozinha, enquanto Carol desenha, ela diz para sua avó que não quer crescer. Não quer ser adulta. Quando lembramos que atriz faleceu pouco tempo depois, a sequência passou a ser premonitória.

Os filmes II e III seguem, de certa maneira, pequenas ideias do Exorcista II. O que não é bom. E em ambos casos, as sequências não se justificam a não ser pelo sucesso do original. 

Comparado ao primeiro filme, “Poltergeist II” tem um enredo menos convincente e coerente. É complicado e confuso, com certos elementos introduzidos que não acrescentaram muito à narrativa geral. 

O filme também dependeu muito de efeitos visuais para criar sustos. Esse uso excessivo de efeitos às vezes minou o suspense e a tensão que o filme tentava construir. Os personagens também não foram bem desenvolvidos, com arcos dos personagens pouco explorados ou desenvolvidos, levando à falta de investimento emocional na história.

E além de tudo, há a síndrome da sequência, algo comum na época. “Poltergeist II” sofreu com o desafio de corresponder ao sucesso e ao impacto de seu antecessor. Falhou em ambos.

🔷 Poltergeist III - Cresce o pavor (1988)

Conversar com o diretor Gary Sherman foi um grande prazer. Ele é simpático e atencioso. Gary me disse algo curioso sobre Poltergeist III: que ele adora os efeitos práticos criados para o filme, embora ele, como narrativa, seja o seu menos favorito dos que dirigiu.

Isto abre uma porta ao qual entramos facilmente por ela; que se o próprio diretor renega a obra, nossa opinião vai pelo caminho tendencioso da crítica destrutiva. Na trama do filme, Carol Anne tem agora 12 anos e mora com os tios em um prédio no centro de Chicago. Apesar da mudança, ela ainda vê aparições ameaçadoras nos espelhos do apartamento, particularmente o fantasma do cruel e perturbador Reverendo Kane.

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Não é dito, mas Carol Anne é uma Iluminada. E como sabemos, O Iluminado é o filme de Kubrick, baseado na obra de King, como dito mais acima. Dentro que do que foi falado, faz total sentido a personagem ser um portal aberto para o sobrenatural. E numa rápida avaliação de Poltergeist III, como continuação, o diretor busca se distanciar do primeiro, o que é louvável. O segundo filme tenta emular o primeiro, e este foi o seu maior erro. O terceiro traz identidade, mesmo que seja uma menos popular.

Gary empático... MGM, preocupada com retorno.

Após a morte de Heather O'Rourke em fevereiro de 1988, e depois que ela terminou seu trabalho no filme (entre abril e junho de 1987), foi decisão do diretor Gary Sherman arquivar temporariamente o projeto durante sua fase de pós-produção. Porém, devido à quantidade de dinheiro já gasto, a MGM insistiu que o filme fosse finalizado e lançado conforme previsto para junho de 1988 ou encontrariam outra pessoa para fazê-lo. 

Depois que o filme recebeu classificação PG da MPAA em novembro de 1987, o estúdio já havia decidido fazer com que Sherman refilmasse o final com mais cenas gráficas, a fim de “aumentar” a classificação para PG-13. 

O planejamento para esta refilmagem começou em dezembro de 1987 e continuou até janeiro de 1988, mas foi temporariamente suspenso quando O'Rourke morreu em 1º de fevereiro. Em março, o filme foi então "reeditado" e recebeu um PG-13 pela MPAA em abril de 1988. Na cena final, é uma dublê que vemos em cena. Observe que a atriz fica o tempo todo escondendo o rosto.

A aparência inchada de Heather no filme foi o resultado de um diagnóstico incorreto de sua condição médica, o que a levou a receber a medicação errada. Este medicamento específico fez com que seu corpo inchasse e seu rosto também ficasse inchado.

No início do filme, os personagens acreditam erroneamente que o tempo lá fora está frio. Quando descem dos andares superiores para o nível térreo, porém, descobrem que, na verdade, está bastante quente. Este fenômeno climático variando dos andares superiores para os inferiores ocorre no Hancock Center devido à altura do edifício. Os moradores costumam ligar para os porteiros do saguão antes de sair de seus apartamentos para saber como estão as condições no nível do solo.

Percebendo desde o início que o CGI assumiria eventualmente o controle dos processos de produção cinematográfica, Gary Sherman quis filmar Poltergeist III inteiramente sem qualquer CGI, usando efeitos práticos. Ele levou um ano inteiro planejando todas as cenas.

A falta de financiamento para o filme comprometeu a história e, infelizmente, pelo menos 10-15% do roteiro nunca foi filmado (o roteiro original tinha 117 páginas, o que poderia ter sido um filme de 2 horas). O diretor achou que o filme era muito curto. 

Isso ocorreu devido a restrições orçamentárias e, portanto, 17 páginas do roteiro do filme nunca foram filmadas, explicando por que algumas partes do filme parecem inacabadas ou apressadas. Os editores tiveram que costurar uma história vagamente coerente com as poucas filmagens que tiveram para trabalhar.

Uma curiosidade aparentemente acidental. No primeiro filme, temos o pôster do Alien (de 1979), no segundo, a arte conceitual dos monstros é do Giger. Aqui, o ator principal é Tom Skerritt, o Dallas do primeiro Alien. E no início do post, falei sobre a relação entre Poltergeist, Kubrick e Stephen King. Aqui temos Nancy Allen, par de Skerritt no filme. Em 1976, ela fez Carrie - A Estranha, baseado na obra de... Stephen King.

Originalmente havia planos para Craig T. Nelson retornar para um Poltergeist 4, mas a morte de Heather, o escândalo da mídia que se seguiu sobre a maldição Poltergeist que ofuscou praticamente o resto do filme, as mortes recorrentes de atores envolvidos na série de filmes e o decepcionante retorno de bilheteria de Poltergeist III: O Capítulo Final (1988) dissuadiram os produtores de continuar a franquia, que acabou terminando com 3 filmes. 

E quando esgotam-se as continuações, já sabemos o que aparece pelo caminho: um remake, que veio somente em 2015.

Mas antes de finalizar, fica uma reflexão: o primeiro filme foi planejado para Carol Anne morrer e eles falarem com seu espírito. Isso foi mudado para o seu sequestro. No filme seguinte, novamente ela é sequestrada, mas não antes de dizer que não queria crescer. No terceiro filme, a paranormal diz, após o novo sequestro da menina, que "eles" querem ela jovem ainda. 

Unindo isso ao fato de que no primeiro filme (lançado em 1982), há um pôster com a visível data de 1 de fevereiro de 1988 (dia da morte de Heather), podemos concluir que o efeito Poltergeist que queria ceifar a vida da personagem passou para o lado de cá das telas e o fez assim que lançaram o filme. 

Ou estava escrito que ela teria este destino e o filme, na realidade, são sinais que poderiam orientá-la a se desviar. Mas agora, nunca saberemos, não é?

🔷 Poltergeist - O fenômeno (2015)

Sempre que um remake de um clássico é anunciado, a palavra sacrilégio parece fazer parte da mesma frase. Eu costumo dizer que o remake, na pior das hipóteses, joga luz no clássico e isto é benéfico de muitas maneiras. Não só para revisitarmos, mas até edições melhores costumam surgir no mercado, com melhor imagem.

No caso de Poltergeist, o remake, a melhor forma de assistir ao filme é dissociá-lo do clássico. Talvez como um filme de horror comum, daqueles que pipocam na TV toda semana. Fazendo isso, tira um peso da produção, que jamais busca ser memorável. 

Na história, a família Bowen acaba de se mudar para uma nova casa. O pai, a mãe e os dois filhos parecem se adaptar bem ao novo lar, até começarem a perceber estranhas manifestações em casa, atingindo principalmente a filha pequena. Um dia, ela é sequestrada pelas forças malignas, fazendo com que os pais procurem a ajuda de especialistas no assunto, para recuperar a criança antes que seja tarde demais.

O motivo da mudança é claro: o pai perdeu o emprego, e a crise não permite manter os custos de uma casa grande. Por isso, o filho dorme no sótão e o casal tolera os defeitos estruturais do imóvel. 

Aliás, há muitas mudanças em todo filme, inclusive nos nomes. Na versão original de 1982, o nome do irmão é Robbie, enquanto nesta versão é Griffin. Esta é homenagem a Dominique Dunne, que interpretou a irmã mais velha, e que foi assassinada após o lançamento de Poltergeist: O Fenômeno (1982). O nome do irmão dela é Griffin Dunne, mais conhecido por Um Lobisomem Americano em Londres (1981).

As homenagens diretas mais evidentes ao original incluem: Maddy dizendo "Eles estão aqui" ; enquanto segura a televisão (o mesmo é feito por Carol Anne no original), objetos são puxados em uma determinada direção, a árvore ganha vida e o cadáver emergindo de um buraco no chão na entrada da garagem no final (espelhando uma cena do original onde esqueletos emergem de uma piscina).

Numa tentativa forçada de capitalizar a atenção que o primeiro filme ganhou, o diretor Gil Kenan afirmou que a casa onde eles filmaram é mal-assombrada. Talvez não no sentido fantasmagórico, mas de incompetência: mal... assombrada.

Este é o segundo filme do diretor Gil Kenna sobre uma casa mal-assombrada e contendo alguma forma de maldade, sendo o primeiro, A Casa Monstro (2006). Aliás, sua filmografia como diretor é bem pequena, o que geralmente é algo negativo para um filme do peso como Poltergeist.

O filme apresenta atores notáveis ​​​​como Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt e Jared Harris. Ainda que a versão de 2015 homenageie o filme original, ela também incorpora efeitos visuais modernos para aprimorar os elementos de terror.

Embora os personagens do filme de 2015 tenham sido retratados por atores talentosos, o desenvolvimento dos personagens foi relativamente fraco. A ligação emocional com a família Bowen não funciona nunca, resultando em falta de empatia com os acontecimentos. E isso ocorreria, mesmo que não fosse um remake.

Outro grave problema: certas cenas icônicas do filme original, como o boneco do palhaço ou a televisão com estática, foram recriadas sem qualquer impacto, levando a uma sensação de decepção ou oportunidades perdidas.

É um filme de terror razoável, mas esquecível, que indico para os fãs do gênero. 

Mas para quem viveu o evento "Poltergeist" nos anos 80, este é um péssimo remake.


 

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