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SOBRENATURAL - SAGA REVIEW

 

Sobrenatural.


É um mistério para mim como franquias persistem, mesmo tendo resultados inferiores a cada filme. De fato, parece uma missão impossível fazer continuações com qualidade superior (menos para Tom Cruise, claro). Caso raro ocorre com a saga Sobrenatural: ela mantém o nível, com apenas poucas variações.

Hora de rever a saga do garoto Dalton e família. Boa sessão:

🔷Sobrenatural  (2010).

A família Lambert, formada por Josh (Patrick Wilson), Renai (Rose Byrne) e os filhos Dalton (Ty Simpkins) e Foster (Andrew Astor), acaba de se mudar. Logo, uma das crianças entra em coma de forma inexplicável, o que faz os pais pensarem que a nova casa abriga algum tipo de espírito do mal. Mas eles logo se mudam do local e nos dias seguintes acabam descobrindo que o problema não estava na casa e sim no próprio filho.

Sobrenatural reúne os criadores de duas das séries de terror mais populares dos últimos tempos. O diretor James Wan é o responsável por Jogos Mortais (2004), enquanto o produtor Oren Peli dirigiu Atividade Paranormal (2007). E James Wan é um gênio em fazer dinheiro com orçamento reduzido. Ele filmou em apenas três semanas, com um orçamento de 1,5 milhão e fazendo o filme render mais de 100 milhões.

E ele consegue aproveitar o melhor do que já foi feito, dando identidade em sua obra. Nem todos percebem que durantes os créditos iniciais, quando aparece "Insidious" na tela, o som de violinos remetem à abertura de O Exorcista. 

A cena em que Rose Byrne sobe ao sótão, se assusta com os móveis, e de repente, há um clarão, foi retirado diretamente de O Exorcista, na cena em que Ellen Burstyn faz o mesmo. Em outro momento, Dalton acerta Specs (Leigh Whannell, um dos parapsicólogos presentes) no rosto, jogando-o do outro lado da sala, similar à cena de Linda Blair com Ellen.

Noutra ocasião que remete ao filme de Friedkin, a parapsicóloga (Barbara Hershey) chama atenção para algo errado com o menino no quarto. E quando eles sobem, o pai abre a porta, encontrando o quarto bagunçado. A situação é similar em O Exorcista, com sutis diferenças (o quarto de Regan está bagunçado, mas quem abre a porta é a mãe).

A própria ideia de uma família assombrada com um filho sequestrado por fantasmas, remete a Poltergeist. Mas após um momento de tensão, os dois cinegrafistas vão para a cozinha para se recuperar. Um deles deita a cabeça sobre uma bancada de azulejos brancos exatamente como a de Poltergeist. Ele então coloca um bife cru no rosto, uma homenagem à cena do bife rastejante no filme de Tobe Hooper.

A cena da sessão espírita, onde Elise tenta entrar em contato com Dalton  e Specs rabisca continuamente "Ajuda" em folhas de papel com giz de cera preto, é idêntica a uma cena de "A Troca" dos anos 1980, estrelado por George C. Scott. 

Conceitos Insidiosos

Certamente, "The Further" ou "O distante" é um conceito central na série de filmes. É retratado como um reino espiritual sombrio que existe ao lado de nossa própria realidade física. O Além é descrito como um plano de existência habitado por entidades malévolas, espíritos e almas perdidas. É um reino além do mundo dos vivos e do reino dos mortos, servindo como meio-termo entre a vida e a vida após a morte.

"O distante" é retratado como um reflexo distorcido do mundo físico. Os locais em The Further podem se assemelhar a lugares do passado ou do presente dos personagens, mas com um toque assustador e sobrenatural. Isso adiciona uma sensação de familiaridade misturada com uma atmosfera misteriosa e perturbadora.

A projeção astral é a capacidade de separar o espírito ou consciência do corpo físico e atravessar outros planos de existência. Nos filmes "Sobrenatural", personagens como Dalton e Josh Lambert projetam-se inadvertidamente astralmente e ficam presos no "O distante". Os espíritos no Além também podem interagir com o mundo vivo e possuir indivíduos.

Dentro do além, existem várias entidades malévolas e criaturas demoníacas que procuram prejudicar e atormentar os vivos. Essas entidades, como o Lipstick-Face Demon, a Noiva de Preto e KeyFace, são frequentemente descritas como seres poderosos e implacáveis ​​que atacam os vulneráveis.

O Além é também um lugar onde os espíritos podem ficar presos ou perdidos, incapazes de seguir para a vida após a morte. Esses espíritos aprisionados muitas vezes abrigam raiva, dor ou assuntos inacabados, tornando-os vulneráveis ​​à manipulação por forças mais sombrias. Os personagens podem encontrar essas almas atormentadas durante suas jornadas pelo Além.

A Porta Vermelha: nos filmes, é símbolo visual recorrente que serve como porta de entrada entre o mundo físico e o "O distante". A porta vermelha representa um portal que permite aos espíritos atravessar e interagir com os vivos. Muitas vezes é visto como um limite perigoso que deve ser evitado.

E por fim, Elise Rainier, uma médium que desempenha um papel significativo na navegação no "O distante". Ela possui a habilidade de se comunicar com espíritos e navegar no reino das trevas. Elise serve como guia e protetora para aqueles presos ou afetados pelo local.

James Wan fez um filme certo do sucesso, que termina com um gancho que nos leva diretamente a...

🔷Sobrenatural  -  Capítulo (2013)

Em uma franquia como Sobrenatural, seria natural explorar o passado dos personagens, principalmente do pai do garoto sequestrado no primeiro filme. Investigar nuances, motivações e mostrar consequências de tudo, quando colocado em perspectiva.

A história de Sobrenatural: Capítulo 2 acontece logo após os eventos do filme de 2010. Ela mostra, inicialmente, o passado de Josh e sua relação com a entidade (a noiva de preto) que o assombrava. Em contrapartida, continua do momento em que Elise é morta por um Josh possuído.

O filme flui de uma forma que parece parte do primeiro filme e não uma segunda parte. Um dos pontos fortes está em suas fortes atuações. O elenco, incluindo Patrick Wilson, Rose Byrne e Lin Shaye, apresentou atuações que transmitem com eficácia o medo e o desespero de seus personagens. 

A história também se aprofunda na mitologia estabelecida no primeiro filme, explorando as origens da assombração e fornecendo mais informações sobre o reino sobrenatural conhecido como “O distante”. 

Encontrei apenas dois pontos baixos no filme: o enredo do filme foi por vezes confuso, introduzindo múltiplas subtramas e reviravoltas que nem sempre eram satisfatórias. Outro ponto é o ritmo do filme,, com momentos de terror intenso, mas, em contrapartida, momentos em que a construção das cenas é lenta, dispersando a atenção.

Como o primeiro filme foi inspirado em Poltergeist: O Fenômeno (1982), este filme também compartilha algumas semelhanças com Poltergeist II: O Outro Lado (1986). Em ambos os filmes, o pai de família é possuído pelo espírito maligno de um idoso (a) louco (a). O filme também tem forte influência de "O Iluminado", com o pai sendo uma variação de Jack Torrance e o garoto, Danny. 

Quando Specs e Tucker entram na casa de Elise, há uma pintura tribal africana pendurada na parede. É a mesma pintura pendurada no escritório de Daniel em Atividade Paranormal 2 (2010) e na casa da Avó em Atividade Paranormal 3 (2011). Quando Lorraine tem os flashbacks hospitalares de Parker Crane é o mesmo hospital usado em Halloween II: O Pesadelo Continua! (1981). 

E um último detalhe, na cena final: quando Specs e Tucker chegam à porta de uma família aparentemente angustiada, uma menina (ninguém menos que a atriz Jenna Ortega) vê Elise agora em sua forma fantasma. Enquanto Specs e Tucker explicam aos pais quem eles são, Elise entra na casa e se aproxima de outra garota que está aparentemente em coma e começa a falar com ela. 

Ela então ouve um barulho e ao olhar para trás da garota, vê algo horrível e engasga. O som  que ela ouve é do demônio do primeiro filme, movendo suas garras. A cena é o prenúncio do terceiro filme, gerando uma grande expectativa, o qual falarei a seguir.

Aliás, toda a sequência é uma forma perspicaz de montar um trailer para o próximo filme, instigando o público a continuar fiel ao mundo insidioso criado pelo diretor. Considerando que com um orçamento de 5 milhões, o filme rendeu 161, o diretor sabe de fato, provocar o público.

🔷Sobrenatural  -  A origem (2015)

O filme anterior termina com um gancho que faria o público voltar no capítulo seguinte. E definitivamente, contar outa história neste terceiro filme é algo entre arriscado e um tiro no pé. Mas Sobrenatural faz uma aposta certa: mostrar ao mesmo público, que a saga não é apenas uma "rua" que leva a um ponto. É uma estrada que leva a diversas cidades. 

As hisrórias têm amplitude, extensão, densidade e abrangência. O filme começa com Quinn (Stefanie Scott) procurando ajuda de Elise para entrar em contato com a mãe que morreu de câncer. Elise então explica que parou de atuar como médium, mas tenta ajudar a garota. Porém, ela parece conectar acidentalmente a menina a uma entidade chamada "O homem que não respira".  

Quinn volta para casa e logo depois sofre um chocante acidente de carro que a deixa com as duas pernas quebradas. De volta para casa, a garota começa a ver um estranho ser que parece cada vez mais próximo e violento. 

Este terceiro filme não foi dirigido por Wan, pois ele estava ocupado dirigindo Velozes e Furiosos 7. E só para confirmar que o cara é mágico em fazer dinheiro, o filme, que nada tem a ver com sua filmografia (filme de ação, orçamento alto), rendeu 1 bilhão e meio e é a décima primeira maior bilheteria da história do cinema. Mesmo assim, ele faz uma breve aparição como diretor de teatro durante a cena do teste de Quinn. 

O roteirista e diretor Leigh Whannell disse que queria que "O homem que não consegue respirar" se parecesse com a vítima da preguiça em Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995). O mesmo ator, Michael Reid MacKay, foi escalado para o papel.

Aliás, Sobrenatural: A Origem é uma agonia. Poderia muito bem ser o subtítulo do filme. Ver impotência da menina desesperada, com as pernas quebradas, enquanto um fantasma se aproxima,  é agonizante. E de forma perspicaz, o diretor alterna momentos intimistas, com jump scares, que parecem progamados para assustar, não importa o quão preparado esteja. 

A cena em que Elise conversa com a mãe da menina por exemplo, é de uma sensibilidade tremenda. Foi uma forma de agregar camadas ao personagem, sendo que é um filme de horror, teoricamente com apenas a missão de assustar. De tão bela, a cena dá conforto para quem perdeu alguém, o que é raro em filmes como esse.

A ausência de trilha sonora em muitos momentos ou apenas pequenas pontuações, causa uma proposital imersão na históra. E a partir dela, temos empatia com os personagens e ao mesmo tempo, ficamos desprotegidos quanto aos sustos. E é dessa forma que horror se instala. 

E por fim, algumas referências interessantes:

O tapete do corredor do prédio onde os Brenner moram é fortemente inspirado no tapete do hotel The Overlook em O Iluminado (1980). Inclusive a cor das paredes. 

O momento em que Elise é atacada pela Noiva de Preto, ouvimos a impactante trilha de O Iluminado. 

Elise tem um cachorro chamado Warren. O nome é uma referência aos paranormais Ed Warren e Lorraine Warren, que apareceram no filme Invocação do Mal (2013), de James Wan, interpretado por Patrick Wilson e Vera Farmiga .

Já a mãe de Josh Lambert se chama Lorraine.

O caderno de anotações de Elise tem um boneco Billy, da série Jogos Mortais, desenhado.

Considerando que a intenção de Jason Blum, da Blumhouse, é fazer crossovers, podemos estar diante de um futuro Jogos Mortais sobrenaturais.

🔷Sobrenatural  -  A Última Chave (2018).

Um filme pode até ser bom, mas se a história não se vender, o boca a boca não acontece, e o filme que poderia ser inesquecível, se perde, enlatado num galpão, esquecido pelo tempo. A produtora Blumhouse é um dos casos de sucesso mais claros nos últimos tempos. Criada por Jason Blum, ela investe em longas de baixo orçamento, geralmente, de suspense ou terror, mas com grande potencial de bilheteria. 

Criaram pérolas, que se tornaram franquias do horror, como Atividade Paranormal, Uma Noite de Crime e Sobrenatural. E quando chegamos ao quarto filme da maratona, com Sobrenatural: A Última Chave, que até esse ponto, se tornou o maior sucesso da franquia, com um orçamento de 10 milhões e rendendo 167.

Na trama, Elise Rainier (Lin Shaye) é chamada para resolver o caso de uma assombração no Novo México. O que seria apenas mais um caso ganha ares especiais quando Elise descobre que a atividade sobrenatural está acontecendo justamente na casa em que ela passou a infância. 

Enquanto tenta resolver o caso do morador de sua antiga casa, ela será obrigada a confrontar vários fantasmas e demônios de sua infância, alguns literais. Ao lado de Specs (Leigh Whannell) e Tucker (Angus Sampson), Elise se depara com seu caso mais pessoal.

Mas no filme há um sensacional prólogo, mostrando a infância da personagem Elise, como ela lidava com suas visões e como seus pais, especialmente o pai violento, reagia ao dom da menina. 

A cena em que ela é punida, sendo colocada no porão, é de cortar o coração. Ainda que o horror reine durante toda sequência, a empatia que sentimos com a menina, nos faz pensar o quão terrível pode ser uma punição, vista da perspectiva de uma criança. 

E como os pais devem ter cuidado com suas reações, porque na maioria das vezes, os monstros são reais para quem os vê.

O prólogo se passa em 1953, quando Elise Rainier vivia com sua mãe amorosa, seu pai, que era um guarda penitenciário abusivo e seu irmão mais novo. Quando o pai tranca ela no tal porão,  ela é induzida por um demônio a destrancar a porta (vermelha), permitindo que ele escape.  E para a sua infelicidade, a mãe é morta no processo. 

Insidious

Traiçoeiro, enganador, pérfido, falso, infiel, traidor, desleal. Assim são os sinônimos da tradução literal do título principal dos filmes: Insidioso. E são apenas algumas poucas definições do mal que ronda Elise. E às vezes, ronda de forma tão atmosférica, que vemos fantasmas onde não tem. Se no filme anterior, os jumpscars eram precedidos de longos silêncios, aqui eles ocorrem de forma enganosa, por motivos que nossa mente criou. 

"Sobrenatural" mostra que o medo é o mais fiel amigo do mal. E que uma mente com medo, se torna traiçoeira, enganadora, insidiosa.

🔷Sobrenatural  -  A Porta Vermelha (2023)

Ao assistirmos Sobrenatural: A Porta Vermelha, a primeira situação que podemos imaginar é que o desgaste tomou conta da saga insidiosa. Principalmente por focar em um elemento presente desde o primeiro filme: a tal porta vermelha. Além do mais, continuações tendem a desgastar a ideia original. 

Mas o filme se prova com fôlego, principalmente ao olhar para seu próprio passado e estabelecer sua trama em consequências de atos. A trama de Sobrenatural: A Porta Vermelha volta a seguir a família Lambert, formada por Renai (Rose Byrne), Josh (Patrick Wilson, Foster (Andrew Astor), Dalton (Ty Simpkins) e Kali (Juliana Davies). Josh segue para o leste para deixar seu filho, Dalton, na faculdade. 


Dalton acabou de ingressar na faculdade, no entanto, o sonho do jovem logo se torna um pesadelo, e ele se dá conta de que ainda está muito longe de conseguir levar uma vida normal. Quando os demônios reprimidos de seu passado voltam repentinamente para assombrar os dois, ele e o pai são obrigados a retornar à macabra dimensão da Porta Vermelha, enfrentando uma série de novas e ainda mais terríveis ameaças e encarando seus medos mais profundos para, só assim, banirem seus demônios de uma vez por todas.

A história começa uma década após o capítulo 2, quando pai e filho, os projetores astrais Josh (Patrick Wilson) e Dalton (Ty Simpkins) escolhem ter suas memórias e de suas habilidades, eliminadas em um esforço para impedir as entidades famintas do "Distante" retornem. 


Mas embora Josh e Dalton não consigam se lembrar de nenhum detalhe específico, a cicatriz psicológica dos ataques do demônio fraturou sua família, com Josh em particular incapaz de expressar ele mesmo no meio de uma névoa cerebral cada vez maior. Dalton é igualmente assombrado, mas uma paixão pela arte, parece tê-lo mantido nos trilhos.

O filme traça um paralelo interessante com Doutor Sono. Em ambos os casos, Dalton e Danny Torrence cresceram e guardam seus demônios em baús, escondidos nas profundezas de suas mentes. E tudo fica mais curioso, se pensarmos que o segundo filme tem conexões profundas com O Iluminado.  A diferença é que "A Porta Vermelha"  é um elemento usado para o auxílio da jornada em direção à reconciliação entre Dalton e Josh, enquanto o  Hotel Overlook é um agente do caos, que separa Danny de Jack.


O ator Patrick Wilson, que interpreta Josh na franquia, fez sua estreia como diretor em Sobrenatural: A Porta Vermelha.Ao contrário dos demais filmes, este não foi escrito por Leigh Whannell. O responsável pelo roteiro foi Scott Teems, conhecido por filmes como Halloween Kills: O Terror Continua.

Considerando que o filme foi orçado nos tradicionais 10 milhões e rendeu 187 milhões, o maior sucesso da franquia até agora, é natural pensarmos que a franquia será mesmo explorada até o bagaço. E que ótimo, já que parecem saber o que estão fazendo.

E o público aprova.


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